Capítulo 10- Profecia Dedo-Duro

POV Roselie

Não dormi durante a noite. Pensava constantemente no que teria de fazer naquele dia para fugir na missão com meus amigos, Klaus e a atrevida da “Thálha”. Não sei se aguentaria semanas na constante presença daquela idiota.

Enfim, acordei às sete horas, antes do café, já que Nico, Ally e Thalia sairiam às oito em ponto. O plano era de eu ir escondida até a Casa Grande e escutar a Profecia. Tomei um banho rápido e coloquei um short jeans e uma camisa, sempre tentando fazer menos barulho possível, pois queria evitar desconfortos acordando meus meio-irmãos. Engoli uma barra de cereais (adotei a dieta de Deméter), pois não iria tomar café, e mandei uma mensagem para o celular de Klaus, como havíamos combinado. Muita gente já tinha me avisado que celular era perigoso para Semi-deuses, pois atraem monstros, mas quem disse obedeço alguma coisa? Esperei alguns segundos e recebi uma mensagem de volta, confirmando o planejado.

Saí de fininho e fechei a porta sem fazer barulho. Carregava uma mochila com poucas coisas e uma bolsa menor com mais algumas utilidades. Corri até o Salão da Casa Grande. Quase fui pega por Quíron e Dioniso, seguidos de Nico. Me escorei na pilastra depois corri e me agachei perto da janela. Levantei a cabeça e pude ouvir a conversa perfeitamente.

– Oráculo! Venha até aqui, por favor! - Chamou Sr. D. , como sempre arrogante.

– Já estou indo. - Rachel veio andando lentamente, cumprimentou o deus e o centauro e abraçou o Semideus.

Meu coração se apertou, mas com certeza não era ciúmes. Não. Não passe por tudo de novo...

– Oi, Rachel. - Falou Nico, retribuindo o abraço. Que raiva!

– Querida, precisamos da Profecia. Nico precisa partir. - Disse Quíron.

Dioniso mastigava um chiclete o tempo todo, parecendo pouco ligar para a situação ocorrida há alguns dias.

– Tudo bem, vamos lá! - ela esfregou as mãos e recitou algumas palavras em grego antigo, evocando alguma alma ou espírito.

De repente, sua voz ficou grossa como se estivessem falando três Rachel’s. Seus olhos ganharam um maligno brilho verde e ele meio que flutuou no ar, sendo que sua coluna também curvou-se e seus dedos entortaram. Soltei um gemido de medo, o qual foi imperceptível e não chamou a atenção daqueles presentes na sala. A Profecia foi dita:

"Deve haver um equilíbrio entre a morte, a família e o céu,

Para que no Estado Natural possam encontrar

Aqueles que o Olimpo não se esqueceram de ajudar.

Os filhos da discórdia e os parentes da noite obscura,

Acompanharão a missão e poderão ajudar ou atrapalhar.

Na Grande Casa Escura encontrarão o seu valor

Mas na hora da decisão final, um sofrerá por amor.”

Rachel terminou de recitar a profecia e voltou a sua forma normal, de olhos, voz e estatura normais, e Nico soltou um baixo, porém perceptível “Puxa” em relação à ameaçadora na frase final. Eu quase soltei um também, afinal a profecia me entregava no verso “parentes da noite obscura”. Nico com certeza percebeu meu plano, era muito inteligente. Agora é que ia dar muita merda.

– Quíron, Lorde Dioniso, podem vir, por favor. A profecia já foi dita. - Nico disse, e agradeci aos deuses que eles não escutaram a profecia, ou teriam me descoberto. Peraí, Sr. D. é um deus. Ai, que merda, eu agradeci a ele, e agora ele sabe...

– Guardou a profecia, criança?

– Claro, Quíron!

– Então está pronto para partir. Boa sorte na missão. Volte vivo e com sucesso.

– Pode deixar! – falou o semideus já correndo. Ele ficava muito fofo assim... Ai, ai! Quer dizer... eu só... hum? Esquece!

Espera, eu tinha que chegar antes dele na van, ou não concluiria o primeiro passo da missão paralela. Mas eu tinha ajuda, né... Peguei o celular e enviei rápido uma mensagem.

POV Klaus

Recebi a mensagem de Rose e fiz o combinado, após avistar Nico subindo a colina, vesti as manoplas e encostei-as no chão. Concentrei minha mente e todo o meu poder de filho de Deméter e criei, surpreso com minha capacidade, um pequeno abalo sísmico que abriu uma fenda no chão e fez Nico cair.

Não pude deixar de soltar um riso abafado. Tomara que ele não tenha escutado, porém, sentia que havia sido descoberto, de alguma forma. Confesso que saí do arbusto com uma sensação vitoriosa, pois discuti com Roselie pensando que o “truque” não iria funcionar.

Mantive-me quieto, correndo até chegar perto o suficiente da van para ouvir a porta se abrindo e duas meninas saindo. Agachei-me rápido e me escorei sob um carro ao lado. Esperei calado e ouvi sua conversa.

– Niquinho, o que aconteceu?- ouvi minha garota toda cheia de melação com aquele moleque, o que me fez sentir muitos ciúmes.

– Nada, eu só tropecei, eu acho, e caí... - Agora ele já estava se levantando, ajudado por Allyson.

– Tinha que ser, não é? Não consegue se manter em pé e quer tentar derrotar monstros que querem te matar. – Grunhiu Thalia.

– Olha aqui, Thalia, engula o que disse porque você também teria caído se...

– Eu nunca caio, porque sou uma caçadora treinada para não se complicar com a perigosa vida que tenho.

Nico já ia responder a filha de Zeus, arrogantemente, mas Ally pediu, como sempre, calma.

– Por favor, Thalia, acalme-se. Entra na van e espera a gente cuidar desse tornozelo, tá?

Percebi que devia ter machucado feio o Nico. Senti pena dele, pois não era aquela minha intenção.

– Hum, não sei pra quê. - ela dizia isso num firme tom de reclamação, mas não andou até a van, acompanhou os dois.

– Oi, Klaus! Que susto!

Saí abafado de debaixo do carro e me deparei com nada mais nada menos, que ninguém.

Isso mesmo, ninguém... Estava alucinado, louco, só podia... Mas eu jurava ter ouvido uma voz feminina preocupada e depois um riso forte contra mim.

– Seu idiota, eu estou aqui! - ouvi Rose dizer, enquanto saía de trás de um arbusto cheio ao meu lado. Dei outro pulo, que fez ela rir ainda mais.

– Para de rir, ou vão nos descobrir.

– Acho que já estamos acabados, Klaus, a profecia nos desmascara.

–Tanto faz, entra aqui. - Chamei minha prima e entramos no compartimento traseiro da van, rapidamente.

Esperamos alguns minutos, quietos, até que os três entraram.

– Era uma coisinha de nada, viu?

– Esquece isso, Thalia! - disse Ally, quebrando o clima de tensão. - Nico, como foi a profecia? - agora ela e Nico ajustavam-se nos bancos da frente, pude ouvir os barulhos dos cintos se prendendo. Thalia já estava acomodada num banco a nossa frente.

Ally ligou o motor e deu partida na van. Assim que a van se mexeu, Nico a respondeu:

– Um pouco forte no final, não acha, Roselie?