O meu primeiro dia em Londres. Estava bastante chuvoso e frio lá fora. Anne e James ainda não tinham voltado. Harry estava no quarto, portanto, entreti-me a ver televisão. Adormeci.

Quando acordei, reparei que tinha um cobertor por cima de mim, impedindo-me de ter frio. Olhei o meu relógio, perto das seis em ponto.

Harry aproximou-se.

- Adormeces-te, decidi tapar-te, está um temporal lá fora. – Sentou-se no outro sofá.

- Ahm, obrigada. – Sentei-me no sofá. – Os teus pais ainda não chegaram?

- Não, eles ligaram e devido ao temporal, tiveram que parar na casa dos meus tios por hoje. – Informou-me. – Acho que vamos ter que nos desenrascar sozinhos. – Sorriu. – Daqui a pouco nem rede para os telemóveis temos, muito menos net no computador.

Então.. quer dizer, os pais dele não vêem. Vamos passar a noite sozinhos. Jantar sozinhos. Muito provavelmente sem rede nem televisão. Óh meu deus.

Assenti com a minha cabeça. – Então vamos ter que cozinhar?

- É, acho que sim, sem rede nem pizza podemos encomendar. – Riu-se.

Eu estava nervosa. Aquilo nunca me tinha acontecido em Portugal.

- Que tens? – Perguntou-me vendo o meu ar. – Estás a ficar pálida.

- Não é nada.. é que isto nunca me aconteceu. – Respondi.

- Não te preocupes, isto aqui acontece muitas vezes. – Sorriu. – Anda lá. – Puxou-me para a cozinha.

Cozinhar com ele não foi difícil, ele cozinhava mesmo bem, melhor que eu até. Assunto para a conversa também não faltou. Ele quis saber mais coisas sobre mim, como era a vida em Portugal e eu quis saber como era a vida aqui, as aulas e tudo. Descobrimos que também era muito provável eu ficar na turma dele, o que era bom, ao menos conhecia alguém.

Jantámos tranquilamente. Apesar de alguns trovões e da chuva que fazia lá fora.

- Espero que não fiquemos sem luz. – Disse ele.

- Esperas tu e eu. – Sorri, enquanto arrumava a cozinha.

Eu estava a lavar a loiça, enquanto ele a trazia; ele colocou-se por detrás de mim e eu virei-me acabando por o molhar.

- Óh desculpa. – Limpei-o.

- Não faz mal. – Riu-se. – Ahm, acho que já acabámos tudo.

- Finalmente, já.

Ficámos a olhar-nos; ele colocou as suas mãos na minha cintura. Olhei-o. Ele era apaixonante. Os olhos dele, os caracóis perfeitamente definidos, a sua boca. Ele aproximou os seus lábios dos meus mas eu parei-o. Era demasiado cedo, eu nem o conhecia bem, e eu tinha acabado de chegar.

- Desculpa.. – Disse ele.

- Não faz mal.. Isto é ainda é tudo novo para mim, não sei ao certo o que quero, desculpa. – Segui para a sala.

Ele sentou-se no outro sofá e ficámos a ver um filme, tivemos sorte em a televisão ainda estar a funcionar. No entanto a tempestade lá fora não me acalmava nada.

- Tens medo de trovões? – Sorriu.

- Não.. – Atirei-lhe uma almofada. – Não gozes comigo.

Ele desatou a rir, fazendo-me rir a mim também.

- Trancas-te as portas? – Perguntei pouco tempo depois.

- Sim, tem calma, isto não é uma cena tirada de um filme de terror. – Disse-me. – Eu já fiquei aqui em casa sozinho em dias de tempestade e ainda estou inteiro.

- Óh… - Disse por fim.

De repente, um grande estrondo, devido à força do trovão, ouviu-se. Dei um pulo e inconscientemente fui para o outro sofá e abracei-me ao Harry. – Caraças. – Disse com o coração a bater a uma velocidade anormal.

Harry olhou-me. – Calma. Tens mesmo medo. – Passou-me a mão pelo cabelo. – Está tudo bem.

- Pois, está bem. – Engoli em seco e encostei a minha cabeça ao ombro dele.

Ficámos assim a noite toda, a ver televisão. Depois de vermos o filme, vimos as notícias onde só falavam do mau tempo. Que novidade.

A seguir.. não me lembro de mais nada, adormeci.