Mirrors And Shadows - Sequel To Ls escrita por Laradith


Capítulo 10
DEZ




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Exclamações, tanto de alívio quanto de surpresa, encheram a Corte.

As de surpresa eram, obviamente, por causa da gravidez de Tasha. Mesmo tendo assassinado um monarca, ainda existiam pessoas que a apoiavam. Balancei a cabeça brevemente em ultraje e me foquei novamente no julgamento. Pela minha visão periférica, vi Christian pálido, mas não demonstrava surpresa. Ele já sabia que sua tia seria condenada.

- Natasha Ozera é considerada culpada pelo assassinato de Tatiana Ivashkov, e, de acordo com as leis Moroi sobre traições, sua pena será a execução. – A voz de Lissa ainda estava clara, embora seu rosto tivesse uma expressão fria. Esse olhar sem piedade dela me fazia hesitar, lembrar do que o espírito era capaz.

Quando algumas pessoas se levantaram e protestaram abertamente, o martelo do juiz soou alto demais na sala, quando ele o bateu na mesa. – Ordem!– ele gritou.

A multidão se calou o bastante para que Lissa continuasse. – Porém,devido a gravidez de Natasha, ela será mantida sob custódia até que a criança nasça.

- Com todo o respeito, Vossa Majestade - Sr. Prites disse - e depois que o filho nascer, o réu será executado?

- A decisão já foi tomada - Lissa concluiu. – Nenhum protesto mudará o que 11 famílias reais decidiram. Além disso, a punição faz jus ao crime, Sr. Prites. Se for um ato pequeno e insignificante, então assim será a punição. Caso contrário...

 Ela não precisava terminar a frase, e todos sabiam disso. O juiz então liberou as pessoas do tribunal, e dois guardiões levaram Tasha de volta a sua cela, onde ficaria por um bom tempo. Observei-a ir, sem falar nada por um momento. Se não tivesse fugido com Dimitri e Sydney, então eu seria a acusada. E como eu não seria capaz de inventar uma gravidez, estaria morta em menos de um mês. Pensar em tudo isso em menos de um minuto me fez pensar no quanto me sentia grata por Abe ter me arrancado daquela prisão.

Levou mais de trinta minutos para que todos saíssem da sala, sendo Lissa uma das primeiras. Comecei a segui-la, mas quando vi Christian se levantar, ainda pálido, e ir embora sem olhar para trás. Puxei o braço de Lissa, e falei quietamente no seu ouvido. – Sua decisão foi sensata, Liss, mas... Acho que você precisa conversar com Christian.

Ela olhou para seu namorado, já fora do tribunal, e assentiu. – Eu esperava isso... só quero convencê-lo que eu não pude evitar.

- Acho que não é esse o problema, Liss. Ele só está chateado pelo o que aconteceu, não com você.

Ela pareceu pensativa por um momento, mas quando outro de seus guardiões a chamou, eu disse que cuidaria para que tudo fosse organizado, e ela foi conversar com o juiz sobre Tasha, dar uma palavra com os representantes das 11 famílias, e, provavelmente, procurar Christian.

Quando Lissa saiu, direcionei os guardiões aos postos do lado de fora da sala do tribunal até a multidão se dispersar. Antes de ir atrás de Lissa, eu tinha procurado por Adrian, mesmo sendo estúpido da minha parte, porque queria conversar com ele. Depois de me defender e praticamente salvar a minha pele de mais acusações, Adrian não sairia dessa corte sem me enfrentar. Não encontrei, porém, nem o casaco dele, e estava óbvio que ele estava me evitando.

Depois de ficar com Dimitri, eu quebrei o coração de Adrian, e ele basicamente jogou tudo isso na minha cara na ultima vez que nos vimos. Com essa conversa – ou confronto, provavelmente – eu queria ficar em território neutro com ele. Eu sabia que seria difícil e quase impossível, mas estava disposta a tentar. Nosso passado romântico de lado, Adrian tinha sido um bom amigo, e eu sentia falta dessa amizade, mesmo ele flertando comigo a cada segundo possível.

Tirando Adrian da minha cabeça – já que procuraria por ele mais tarde pela Corte – fui até onde Dimitri estava, junto com outro guardião, e fiquei ao seu lado. Sua expressão estava fechada, mas eu pude ver como ele estava cansado, e o quanto a situação e o julgamento de Tasha o afetavam. Dimitri era amigo de Tasha, e, como sempre, eu nunca conseguia imaginar pelo o que ele devia estar passando.

Eu conseguiria ficar tão calma se fosse Lissa que tivesse assassinado Tatiana?pensei. Eu sempre fui a impulsiva, e nessa situação, não seria diferente. Não sabia o que faria se estivesse no lugar de Dimitri, mas ficar calma? Nunca. Vai contra os princípios de Rose Hathaway.

- Ei - murmurei, pegando no braço dele e o virando para que ficássemos frente a frente. – Você está bem?

Dimitri suspirou, e deu de ombros. – Só... foi mais difícil do que eu achava que seria. – E lá estava. Por mais que ele tentasse esconder isso de mim, podia ver a dor em seus olhos castanhos.

Apertei seu braço suavemente, e o levei até um jardim ao lado do tribunal, geralmente usado quando, durante os julgamentos, havia algum tipo de recesso. À sós, finalmente, eu fiz a única coisa que podia ajudá-lo. Passei meus braços ao redor do seu pescoço e o abracei gentilmente, tentando oferecer pelo abraço tudo que não conseguia por palavras. Dimitri colocou um braço ao redor da minha cintura e o outro nas minhas costas, me mantendo praticamente grudada a seu corpo, como se precisasse do contato.

- Ela era minha amiga, Rose, mas fez a única coisa que destruiu essa amizade. Ela tentou tirar a sua vida, e por isso, não posso perdoá-la. – Sua voz estava perto do meu ouvido, e eu percebi que seu abraço não era de necessidade. Ele me segurava protetoramente contra si, como se Tasha pudesse sair da prisão agora mesmo e tentar me matar de novo.

Eu entendia porque Dimitri estava agindo assim, mas o gesto – e as palavras – ainda foram fortes o bastante para fazer meu coração se apertar. Abracei-o mais forte, sem dizer nada, porque ambos sabíamos que o momento não precisava disso.

***

Nos dias que se passaram depois do julgamento de Tasha, o clima na Corte foi de tenso para fofoqueiro. Nas ruas, as Moroi da realeza – e até as comuns – comentavam sobre a gravidez fortuna de Tasha, como essa tinha sido sua única via escapatória da morte. Várias vezes ouvi especulações sobre quem seria o pai, mas, felizmente, nenhuma voz pareceu sugerir Dimitri. Achei que as mulheres Moroi não falavam o nome dele quando eu estava perto, por saberem do nosso relacionamento.

Mesmo assim, me fez querer arrancar os olhos delineados de cada uma.

Tasha foi mantida presa, em boas condições. Ela era alimentada a cada dois dias, em pequenas porções, para que sua magia não voltasse. Se ela recuperasse o controle sob o fogo, os guardas do lado de fora de sua cela não teriam muitas chances antes de virarem fumaça.

Com a prisão da assassina de Tatiana, eu esperava que as coisas voltassem mais ou menos ao normal, como geralmente acontecia.

Foi a única coisa que não aconteceu. Os opositores a Lissa pareceram crescer ainda mais, motivados pela revolta sussurrada da realeza em relação as reuniões que se seguiam no Conselho. Protestos ocorriam frequentemente nos prédios administrativos, tanto de opositores quanto da multidão. Os guardiões reais eram forçados a formar uma barreira em frente a porta, ou o povo provavelmente entraria ali e exigiria mudanças.

Mais de uma vez, Dimitri ajudou na contenção dos protestantes. Eu queria me juntar a ele, mas, por ordens de Hans, eu deveria ficar ao lado de Lissa. Com o número de opositores aumentando, também aumentava a possibilidade de um ataque à rainha. E, nem se o inferno congelasse, eu ia deixar algo acontecer com Lissa.

Por isso meu tempo livro era dedicado à proteção da minha melhor amiga. Fiquei ao seu lado quando ela aparecia em publico, quando andava pela Corte, ou até mesmo quando ia almoçar. Meu trabalho como Guardiã Real exigia minha atenção o dia toda, e eu mal tinha disposição para ficar com Dimitri, nem quando íamos dormir. Nossas agendas eram trocadas na maioria das vezes, por isso nosso relacionamento acabou se reduzindo à encontrões breves em corredores. Eu sentia meu coração se apertando cada vez que não podia abraçá-lo ou beijá-lo, mas não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso.

E os sonhos continuaram.

Algumas vezes eu acordava durante a noite, coberta de suor e respirando rapidamente. Em outras, lágrimas corriam pelo meu rosto quando me dava conta de que os pesadelos tinham acabado. Nesse ponto, estava grata por Dimitri quase não dormir comigo, porque ficaria preocupado quando percebesse que os sonhos não paravam de vir.

Geralmente, eu sonhava com Victor me torturando ou matando as pessoas que eu amava na minha frente. Em outras, era Dimitri, com seus olhos vermelhos e sem piedade, me despedaçando lentamente enquanto eu gritava sem parar. E tinha aquelas noites em que eu sentia que estava caindo em um precipício escuro e sem som – exceto pela minha respiração – e não conseguia parar. O jeito que ficava indefesa frente a isso me desesperava mais do que as constantes torturas, e uma vez, acordei gritando.

E em todos esses sonhos, havia sempre uma risada quando eu gritava de dor e sucumbia a morte. Eu sentia que conhecia aquele riso de algum lugar, mas era impossível de identificar porque a dor me consumia.

Eu não sabia o que fazer para impedir esses pesadelos, mas assumi que a preocupação constante com Lissa e Dimitri, a carga emocional que Christian trazia toda vez que conversava com ele, e a prisão de Tasha, me deixaram cansada e propensa a esse tipo de coisa.

Pelo menos, era o que eu dizia a mim mesma toda noite, antes e depois de ir para a cama.

Adrian não apareceu de novo, e cada vez mais, eu ansiava um tempo a sós com ele. Eu queria me redimir, queria me desculpar por tudo que tinha feito, mas sua ausência e a minha falta de tempo estavam dificultando as coisas. Até cheguei ao ponto de perguntar a Hans se ele tinha visto Adrian por aí, e a resposta foi curta e grossa.

Eu não ia com a cara de Hans, e ele não ia com a minha. Até aí, tudo bem, mas estávamos em conflito constante, ele tentando me irritar e fazer alguma coisa para provocar um erro, e eu tornando sua vida mais desconfortável ainda. Dimitri e os outros Guardiões tentavam nos acalmar sempre que íamos ao ponto de gritar com o outro, e funcionava, mas eu tinha a impressão de que em breve, essa racionalidade não ia ser o necessário.

Mesmo Adrian não sendo visto pela Corte, o julgamento de Daniela prosseguiu, uma semana e meia depois do de Tasha. Eu estava certa de que Adrian iria ao julgamento da sua própria mãe, e não errei. Lá estava ele, sentado no fundo do tribunal, observando tudo atenciosamente, mas sem chamar a atenção. Seu cabelo estava bagunçado propositalmente, e ele vestia um casaco de caxemira.

Quando entrei no tribunal para ficar ao lado de Lissa, seus olhos me seguiram, mas não disse uma palavra para mim. Se pudesse, eu iria até ele, mas o julgamento acabou começando, e eu perdi minha chance.

Como no de Tasha, todas as evidências foram apresentadas, e as poucas testemunhas prestaram depoimento. Daniela tinha sido inteligente ao roubar os registros dos alquimistas, e não deixou muitos rastros, mas havia o bastante para incriminá-la. E Damon Tarus estava lá, defendendo-a.

- O Príncipe Dragomir a tinha mandado manter a informação em sigilo, Meritíssima. – ele disse em um dado momento.  – Lady Daniella apenas honrou o pedido do príncipe. Não pode puni-la por manter um segredo.

A juíza lançou um olhar penetrante para Damon. – Não temos provas disso. Palavras não provam nada, elas podem dizer tanto a verdade quanto mentira. Além disso, ela deveria ter avisado quando a futura rainha tinha se candidatado para as eleições.

Damon continuou a insistir, mas nada adiantou. Ela foi considerada culpada por perjúrio e roubo, e sentenciada a seis meses de trabalho comunitário. E mesmo sabendo que ela tinha se livrado de ir para a cadeia com seu status e influência, ela ainda protestou.

Eu vi o rosto de Adrian se fechar completamente quando Lissa pronunciou o destino de Daniela, e eu não pude evitar sentir pena dos dois. Ela só havia feito isso para proteger seu filho, e mesmo seu método sendo inadequado, eu conseguia entender seus motivos.

Dimitri, Mia e Christian também estavam no julgamento, mas não tive tempo de falar com eles, já que cheguei em cima da hora. No geral, Daniela se defendeu e quase obteve sucesso, mas as evidências, embora mínimas, eram bem substanciais.

E no restante do dia, o único assunto que era comentado pela Corte inteira era sobre o julgamento de Daniella. Mas outra bomba também foi largada um pouco mais tarde: a gravidez de Tasha.

Os médicos tinham confirmado que ela realmente estava grávida, para a minha surpresa. Eu colocaria minha cara a tapa sobre isso. Podia apostar que ela estava falsificando toda essa história. Ainda assim, foi dado 99% de certeza que ela estava grávida.

Tasha estando grávida soltou outra onda de protestos pela Corte. Agora, os comuns e nobres não queriam mesmoque Lissa executasse uma mulher grávida. Eles aparentemente tinham esquecido que aquela era a assassina de Tatiana. Sendo nobre ou não, era óbvio que os Moroi contra o governo de Lissa estavam pegando qualquer coisa como desculpa para uma revolta.

E mais uma vez, todos os Guardiões tiveram que se focar nos conflitos internos. Isso dava várias oportunidades aos Strigoi, e eu viva constantemente com o medo de que fossemos atacados. Com o perigo de uma guerra civil explodir, quase não conseguia ver Dimitri, Mia, Jill, ou até Christian. Eu sempre ficava do lado de fora de reuniões administrativas, ou protegendo Lissa.

As semanas caíram em uma rotina cansativa. Acordar, se arrumar, ir até Lissa, protegê-la... Tudo isso ouvindo protestos e gritos do lado de fora. Era exaustivo.

Eu pude perceber que a cada dia, o espírito atingia Lissa cada vez mais, até que o humor dela estava tão ruim quanto o meu. Falar com Christian a ajudava um pouco, mas sabíamos que uma hora não seria o bastante. Ela quebraria, e nem mesmo Christian poderia ajudar.

***

- Tem certeza que quer fazer isso, camarada? – eu perguntei, erguendo uma sobrancelha. Provocar Dimitri era um ritual no nosso treinamento, algo como se aquecer ou prender o cabelo. Me ajudava a relaxar, e observar o meio-sorriso que ele me dava definitivamente me deixava de bom humor.

Depois de vários dias sem se falar por causa da loucura na Corte, Dimitri tinha trocado de turno com um dos Guardiões, e convenceu uma colega minha a me liberar por 3 horas. Ele então me levou até o ginásio da Corte, que era parecido com o de St. Vladimir, só infinitamente melhor.

- Por que está fazendo isso? – eu tinha perguntado. – Você acha que não sou capaz de me defender?

Ele havia erguido uma sobrancelha, daquele seu jeito irritante. – Muito pelo contrário. Eu quero um tempo a sós com você, Roza. Sinto sua falta. E treinar um pouco pode ajudar os dois.

Não falei mais nada depois disso, porque me sentia do mesmo jeito.

- Com medo, Rose? – ele murmurou, suas palavras me fazendo voltar para o presente. Ele estava andando de um lado para o outro, seus olhos nunca deixando seu inimigo.

- Essa palavra não existe no meu vocabulário. – murmurei, e ele bufou.

Realmente, nesse contexto, medo era algo que não se aplicava. Lutar e simplesmente liberar a frustração com Dimitri era algo bom, e que não fazíamos há muito tempo. Nossas lutas em St. Vladimir me deixavam com saudade daquela época, onde tudo era mais fácil, e ao mesmo tempo, mais difícil. Afinal, nosso relacionamento era proibido naquela época.

Dimitri suspirou. – É sempre sábio adicionar palavras novas ao seu vocabulário.

- É hora de começar a lição então, Sr. Yoda.

Ele revirou os olhos, e começamos a circular o outro, lentamente. Já tínhamos nos aquecido, e meus músculos estavam tensos, preparados para a luta. Dimitri estava do mesmo jeito. Depois de algum tempo pensando onde atacar primeiro, desferi um chute direto do seu lado direito. Ele pulou para trás, sem quebrar o passo, e respondeu se aproximando do meu corpo rapidamente, lançando uma série de socos e chutes que mal consegui desviar.

Meus braços e pernas arderam onde os golpes atingiram, mas me abaixei quando Dimitri tentou acertar minha cabeça. Me apoiando no pé esquerdo, movi minha perna direita em um arco rente ao chão, mas ele pulou antes da rasteira acertá-lo.

Levantei bruscamente, com o punho preparado, e direcionei-o nas suas costelas. Dimitri agarrou meu pulso, e me puxou contra o seu corpo. Pressionada contra as suas costas, meu pulso preso na minha frente, e seu braço ao meu redor, eu fiquei instantaneamente alerta da nossa proximidade.

Sua respiração passou suavemente pelo meu pescoço quando ele se inclinou. – Aprendendo sua lição? – ele sussurrou no meu ouvido.

- Acho que preciso de uma segunda explicação - respondi, e pisei em seu pé com força, pegando-o de surpresa. Ele recuou, e foi tudo que eu precisava.

Tirei meu punho do seu aperto, e, levando meu braço para trás, dei um cotovelada em seu estômago. Dimitri arfou em surpresa, mas não teve tempo de desviar disso. Dessa vez, a minha rasteira funcionou, e assim que Dimitri atingiu o chão, cai em cima dele, sentando em cima das suas pernas e apertando seus ombros contra o chão duro do ginásio. Ele pegou nos meus quadris para me rolar e ficar por cima, e subitamente eu percebi a posição que estávamos.

A luta parou por uns segundos, e a minha hesitação foi o que me derrubou – figurativamente. O que me derrubou literalmente foi a força de Dimitri. Ele me rolou para o chão e ficamos exatamente do mesmo jeito de antes – só que eu estava em baixo agora.

- Nunca deixe o prazer te distrair, Rose - ele zombou, com a voz grossa por causa do treino. Seu corpo contra o meu mandava pequenos choques elétricos por todos os lugares onde ele me tocava. Devia ser ridículo me sentir desse jeito perto de Dimitri, mas só fazia a atração aumentar.

- Sério? – respondi – Vou me lembrar disso quando estivermos na cama.

O olhar que ele me deu disse exatamente que aquela filosofia de vida não se aplicava na cama. Eu sorri internamente, e tentei libertar os meus pulsos, que Dimitri segurava acima da minha cabeça. Alguns fios de cabelo estavam caídos em seu rosto. – Não tente - ele murmurou reprimindo um sorriso. – Você perdeu.

- Nunca - foi o que eu disse antes de me erguer o máximo do chão possível, tendo em vista seu corpo em cima do meu, e pressionando meus lábios no seu pescoço. Ele congelou, exatamente como eu esperava.

Sua força me segurando não diminuiu, mas eu suprimi uma onda de prazer feminina enquanto passava meus lábios pelo seu pescoço, queixo, até os lábios... e percebi com satisfação como seus músculos ficavam mais tensos ainda com cada toque.

- Quem perdeu agora? – eu sussurrei contra sua pele.

- Você joga sujo.

- Sempre - respondi.

Ele finalmente afrouxou a pressão nos meus braços, mas ao invés de jogá-lo no chão e continuar o treinamento, passei minhas mãos pelos seus ombros e o puxei para mim, beijando-o duramente. Seus beijos foram igualmente apaixonantes, e eu me permiti aquele momento durar por alguns segundos.

Então, sai de seus braços, e me levantei, estralando meu pescoço e revigorada com o que tinha acabado de acontecer. – Segundo round - eu disse. – Você não achou que ia se livrar tão facilmente, não é?

Dimitri balançou a cabeça, um meio sorriso caloroso iluminando seus olhos castanhos. – É por isso que eu te amo. Mesmo depois de ser incapacitada, ainda quer retaliação. Isso é tão... Rose Hathaway.

- Não pense que algumas palavras poderão te tirar dessa, camarada. Agora o negócio é sério. – Eu respondi, mesmo meu coração tendo dado uma pirueta dentro do meu peito.

Dimitri se posicionou mais uma vez. – Eu nunca duvidei disso.

Eu me lembrava como em St. Vladmir todos o chamavam de Deus por causa de sua reputação. Mesmo sendo novo para um guardião, ele já tinha matado muitos Strigoi e era completamente letal em batalha. Nenhum oponente era páreo para Dimitri, ele vencia todos.

Entretanto, era diferente comigo. Nossas habilidades eram diferentes no começo, mas agora, lutávamos tão bem quanto o outro. Nossas lutas demoravam mais de vinte minutos cada, já que eu conhecia todos os movimentos de Dimitri, e ele, todos os meus. Não era somente um treino, era um jogo de graciosidade, força e precisão.

Três rounds depois, e eu percebi que meu corpo não podia ficar mais dolorido. Minhas mãos e cotovelos doíam por causa dos golpes que eu dei em Dimitri, e minhas pernas tremiam de exaustão. Geralmente, eu não ficava tão quebrada assim depois de praticar com ele. Quando Dimitri me derrubou no tatame pela décima sexta vez – literalmente – eu pedi um descanso, e começamos a arrumar as coisas.

- Acho que meu osso ficou moído - comentei, sorrindo levemente. Dimitri não levou a brincadeira tão a sério. Eu podia ver em seus olhos que ele odiava me ver machucada, mesmo sendo um treino comum.

A piada também não foi levada muito a sério por mim. Por dentro, eu fiquei imaginando como Dimitri estava tão forte desse jeito. Mesmo não percebendo, ele era capaz de desferir golpes absurdos. Tive certeza de que teria hematomas pela manhã. Claro que eu não falaria isso para ele – sua preocupação só aumentaria.

Mas enquanto arrumávamos o ginásio, tudo isso passou pela minha cabeça dolorida. De algum modo, parecia que Dimitri tinha mudado. O que gerou isso, eu não tinha certeza. Mas meu sexto sentido me avisava que havia algo de diferente nele.

- Isso foi... – Dimitri murmurou. – Revigorante.

- Yeah, eu sei como se sente - respondi. Peguei minha toalha, e passei-a na nuca. – Depois desse inferno, tudo o que eu precisava era queimar adrenalina.

Ele assentiu. – Principalmente se for com você.

Eu sorri. – Por que eu sou irresistível, certo?

- Parte do motivo. Mas treinar com você é sempre interessante. – Ele veio até mim, e colocou suas mãos nos meus ombros, massageando meus ombros. Pequenas pontadas de dor e alívio misturadas passaram por meus músculos, do tipo que só se tem com uma excelente massagem.

Sentamos no tatame, ele meros centímetros atrás de mim, enquanto eu praticamente me derretia. – Isso é tão bom - eu murmurei, minha voz baixa ecoando pelo ginásio.

Senti seu meio sorriso quando ele me empurrou levemente para frente e suas mãos passaram dos meus ombros para minha nuca, e seus dedos massagearam a região. Depois, pelas costas, descendo lentamente, milímetro por milímetro, em cada uma das minhas vértebras. Tremi de prazer, e sorri preguiçosamente. – Você é muito bom nisso. Já trabalhou no SPA da Corte?

- Não, embora tenham me oferecido algumas vagas - ele respondeu, com a voz leve.

- Oh, que absurdo. Esse povo não sabe reconhecer um bom profissional quando vêem um.

Ele riu suavemente. Quando suas mãos chegaram no fim das minhas costas, Dimitri colocou as duas mãos nas minhas costelas, e me empurrou para trás, para que eu ficasse apoiada em seu corpo. Então, ele pegou meus dois braços e os esticou para frente. Ambos ficamos na mesma posição, eu me aconchegando na segurança que sua proximidade trazia.

- Talvez eu queira ser um contratador privado - ele sussurrou no meu ouvido.

- Quanto você me cobraria? – perguntei dengosamente. Seu hálito quente contra meu pescoço me fez estremecer quando ele deu uma risadinha.

- A parte que vem logo depois da massagem – Ofeguei. – E eu estarei disposto a fazer o que você quiser, somente para você.

Eu virei meu rosto para a direita, para que minha bochecha tocasse seus lábios. – Fico feliz pelo privilégio.

E naquele momento, eu estava mesmo.

Spoilers do capítulo 11

#1 Jill cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. – Gotas de água ou um pescoço quebrado, o que você escolhe? Esse é o nosso futuro se não começarmos a lutar. 

#2 - Ele se inclinou, pairando em cima de mim. – Eu tenho uma outra coisa em mente. 

#3 Blake sorriu maliciosamente. – Poderíamos pular a fase da imaginação, e ir direto para a realidade. Eu sei que você quer. Dá para ver nos seus olhos. 


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Notas finais do capítulo

To de bico fechado em relação aos spoiler haha vou deixar vocês ficarem imaginando o que vai acontecer!

Espero que tenham gostado desse capítulo, apesar dele ser vbem curto. E que vocês tenham adorado esse treinamento dos 2 que a Bia escreveu,porque eu quase fiquei louca com esse Dimitri! *o*

E talvez já nesse final de semana a gente poste o 11,mas isso é claro,dependerá de vocês ;)Queremos ouvir o que vocês estão achando da fic e o que gostariam que tivesse! PS: só eu ou tem mais gente que não gostou desse novo layout do nyah que divide em abas? ta muito ruim =/

Enfim, leiam,comentem & recomendem!

- Feeh P.