Dias de hoje:

Nick Bermanelly saiu da casa carregando os enormes espelhos com dificuldade. Toda a bagunça tirada da casa era depositada na varanda. Rique, o jardineiro, ajudava com os móveis pesados. Pouco a pouco a casa velha ia se tornando a pousada Bermanelly.

Nick parou e olhou para a casa com certo orgulho. Ele era um homem jovem, moreno e alto. Era um escritor de sucesso. Decidira comprar aquela velha casa longe da cidade para poder fugir das obrigações, ter um lugar tranquilo para escrever as novas histórias.

- Nick, onde encontro uma tesoura de jardinagem pra aparar o jardim? - perguntou Rique se aproximando.

- No depósito lá atrás. - respondeu. - Rique, Marry deu notícias?

- Não. Não se preocupe patrão, elas devem ter confundido o caminho, logo chegarão aqui!

- Tem razão.

Na estrada, Marry tentava ver o mapa. Não conseguia lembrar o caminho descrito por Nick no telefone.

- Dul, tenta encontrar o caminho pra mim. - disse ela entregando o mapa pra filha.

- Mãe, acho que já estou bem grande pra continuar sendo chamada de Dul. - reclamou a menina loira sentada no banco do passageiro.

- Mas era você que não gostava de Dulce, por isso te chamo de Dul. - responde a mãe sorridente.

- Mas agora eu já tenho dez anos, não fica bem ser chamada de Dul, prefiro Dulce, tudo bem?

- Tudo filha. Eu gosto do nome Dulce. Foi por isso que eu o escolhi. Porque você é meu docinho.

Marry era loira, seus olhos azuis eram sua maior arma de sedução. Estava indo para a pousada de Nick para relaxar da cidade grande. E também para não fazer desfeita ao convite do ex.

- Mãe, tem um posto de gasolina ali na frente. - disse Dulce olhando pela janela. - Pare lá e peça informação.

- Sim, preciso abastecer também.

O carro de Marry estacionou no posto. A mulher saiu. Não encontrou ninguém ali. Ela mesma abasteceu seu carro e depois continuou a procurar alguém para pegar informação. Dulce desceu do carro também.

- Preciso de ir no banheiro mãe. - a garota correu até o banheiro químico ali do lado.

Marry foi até o lava-jato do posto. Encontrou uma menina sentada, com uma capa vermelha que cobria se rosto.

- Oi, pode me dizer onde é a pousada Bermanelly? - perguntou.

A garota não respondeu.

- Você me ouviu? - perguntou novamente.

- Deixe a menina em paz, ela não gosta de estranhos. - disse um homem gordo na porta do lava-jato.

- Eu só quero uma informação, onde fica a pousada de Nick Bermanelly?

O gordo se aproximou e agarrou Marry pelo braço.

- Você é a mulher do Nick? Aquele merda? - gritou o gordo.

- Me solta, está maluco?

- Quem anda com merda se torna uma merda também senhorita! - disse o homem apertando mais o braço de Marry.

Dulce ouviu o grito da mãe e correu até a porta do lava-jato. Viu o gordo segurando Marry.

- Solta minha mãe! O que você vai fazer? - perguntou Dulce.

- Eu vou levar sua mãe lá pra trás, descer a calcinha da vadia... Depois que eu terminar o serviço, se ainda eu tiver com disposição, eu farei o mesmo com você também garotinha fedorenta!

Marry mordeu o braço do gordo. Ele berrou. No local da mordida começou a sangrar. Marry pegou Dulce pelo braço e a puxou para o carro. O gordo correu atrás delas.

- Voltem, eu vou matar vocês suas vadias! - gritou. - Volta, você não pagou a gasolina! - ele deu um soco no vidro da janela do carro, que se quebrou com a raiva do homem.

Marry acelerou o carro pra bem longe dali.

Nick ouviu barulho de carro lá fora. Correu até a varanda, era um táxi. Desceu uma mulher loira, muito atraente. O motorista desceu, pegou as malas da mulher e as colocou na escada.

- Obrigada. - agradeceu ela.

O motorista voltou pro táxi e foi embora. A loira subiu as escadas.

- Você deve ser o Nick!

- Sim, e você a Pammy?

- Prazer! - ela cumprimentou o rapaz com um aperto de mãos. - Espero não ter chegado muito cedo. Já está funcionando?

- Bom, agora que chegou a nossa primeira hóspede, sim. - ele sorriu.

- Nossa eu amei isso aqui. Muito tranquilo. Lá na cidade não se encontra isso.

Rique apareceu atrás deles. A lora o olhou de cima em baixo com certa malícia.

- Rique, esta é a atriz que te falei. Pammy. Pode ajudá-la com as malas? - perguntou Nick.

- Claro!

O jardineiro pegou as malas da loira e entrou. Ela o seguiu. Logo em seguida o carro de Marry estacionou na frente da pousada. Marry e Dulce desceram com um sorriso.

- Minhas garotas! - gritou Nick indo até elas e abraçando Dulce. - Marry demorou muito!

- Me perdi no caminho, aquela estrada é uma loucura.

- Por que o vidro da janela está quebrado?

- Nem me lembre. Parei em um posto de gasolina lá atrás e um homem gordo começou a gritar, disse que ia me estuprar, que eu era merda como você. Quem era ele? Você conhece aquele doente?

- É o Joseph. Ele estava usando esta casa ilegamente. Quando comprei mandei a polícia tirá-lo daqui, e ele ficou com raiva. Jurou vingança.

- Ele me assustou. - disse Marry.

- Esqueça isso, vamos lá pra dentro. Marry você não faz noção da bagunça que tiramos lá de dentro. Os espelhos estavam pintados de preto, todas as janelas pregadas com prego... deu um trabalho enorme. - disse ele.

Mais tarde, Dulce entrou no depósito atrás da casa. Viu várias coisas que Rique estava concertando. Encontrou também uma bicicleta vermelha, bem antiga mas em bom estado.

- Essa bicicleta é um modelo de 1953. - respondeu um garoto atrás de Dulce.

Ela se virou com um susto.

- Quem é você? Não pode entrar na propriedade do Nick, ele vai ficar bravo.

- Isso é só um depósito. Moro na casa ao lado. Meu nome é Math Jhonson.

- Que legal, não sabia que teria outras crianças aqui. Poderemos brincar juntos. - Dulce estendeu a mão para o garoto, mas ele não segurou.

- Vamos dar uma volta de bicicleta. Tem coisas bem legais mais além da cerca, posso te mostrar. - disse Math.

- Claro.

Dulce subiu na bicicleta. Math sentou atrás, e Dulce saiu do depósito pedalando em direção da estradinha de terra. Rique viu Dulce passar por ele, porém ela estava sozinha na bicicleta.