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A TV exibia essa mesma propaganda a 30 minutos enquanto eu continuava imersa em pensamentos sobre o meu último sonho, misturados com a dúvida sobre a surpresa, quando a porta abriu e Justin entrou por ela, vestido de terno e gravata. Parecia parte de um quase-sonho que eu estava tendo, e eu não entendi quando o mesmo estendeu a mão para mim, me levantando.

– Mas o que ta acontecendo? – eu perguntei, não entendendo, porque afinal de contas ele não dizia nada.

– Parte da surpresa. Não estrague, por favor... só me dê sua mão.

Olhei desconfiada a ele quando me levantei, segurando em sua mão, e vi que a casa estava vazia. Pattie não estava mais lá e em um canto estavam algumas malas para desfazer. Me olhei no espelho e soltei um gemido de desgosto.

– Meu vestido... todo amassado. Me dá um minuto, eu tenho que arrumar. – passei a mão apressadamente após tentar dar um jeito em meu cabelo, e voltei a segurar na mão de Justin, descendo as escadas. A mesma limousine nos aguardava, mas a diferença é que Scooter a dirigia, e do lado estava o mesmo homem da manhã, Kenny.

– Hmm... como foi no estúdio? – eu perguntei, e Justin soltou um riso abafado.

– Acha mesmo que estávamos no estúdio? – ele me ajudou a entrar no carro e passou novamente o braço em minha cintura após entrar e fechar a porta.

– Justin, por favor, espere até a... hmm... noite acabar. Não a desarrume. – Scooter olhou por entre o vidro e deu risada, enquanto Justin sorria. – Você está linda, Suzzie. Pattie acertou no vestido.

– Ahm... – eu corei. Parecia que todo mundo sabia sobre mim e Biebs. – obrigada. É realmente bonito.

Ao contrário da manhã, ninguém me forçou a colocar uma venda. Eu pude desfrutar do interior da limousine, que disponibilizava bebidas em um frigobar e vários aperitivos, como morangos com chocolate. Eu decidi não comer, ao contrário de Bieber, que devorava todos com facilidade.

– Nós vamos jantar ou algo assim? – eu perguntei a ele, enquanto o mesmo colocava outro morango na boca.

– Não shei nada shobre isho... – eu ri de sua dificuldade em falar com a boca cheia. – Desculpa. Não é educado falar com a boca cheia, eu sei. Você vai ver o que é quando chegarmos lá... e além disso, estamos quase chegando. – Ele apertou sua mão em meu ombro e sorriu, tomando cuidado para não amassar o vestido, e eu me senti segura, como sempre me sentia após ele ser carinhoso comigo.

O carro estacionou e eu ouvi os passos de Scooter dando a volta para abrir a porta. Apertei a mão de Justin ao reconhecer a fazenda em que tomamos café, agora decorada de pequenas lamparinas roxas acesas. Desci do carro com a ajuda de Justin, que ficou ao meu lado enquanto Kenny conversava com Scooter e os dois seguiam um caminho. Fomos por esse também, enquanto eu ficava mais nervosa e entendia o que eles haviam armado para mim.

– Surpresa!

E de repente, eu avistei todas as pessoas importantes na minha vida na frente de uma faixa enorme escrita “Feliz aniversário, Suzzie”. Estavam todos com roupas de festa: os avós de Justin, a família toda de Caitlin, Ryan, Chaz, minha mãe e Zac. Várias pessoas que até o momento eu desconhecia também estavam espalhadas pela grande área em que se estendia a festa, e até mesmo Usher e Mama Jan estavam presentes, além de várias outras personalidades que vi no estúdio em que fui com Justin.

Eu abraçei todos os que me parabenizaram gentilmente e me demorei mais com meus amigos e de Justin. Eu sentia falta deles, mesmo fazendo pouco tempo que não nos víamos.

– Não desconfiou de nada? – perguntou Caitlin quando a abraçei. – Por não termos ligado para te parabenizar ou algo assim...

– Pra falar a verdade, fiquei um pouco decepcionada. Mas, caramba, eu não imaginava isso. – uma mão passou pelas minhas costas e eu vi Zac ao meu lado, enquanto Caitlin se afastava. Eu havia quase me esquecido do meu novo-irmão mais velho.

– Oi, maninha. – ele soltou um riso baixinho e me abraçou. – Isso soa estranho. Acabamos de nos conhecer e somos irmãos. Enfim... feliz aniversário de 15 anos. Se precisar de alguém para dançar a valsa, estou disponível... aliás, você está linda.

– Ahm, obrigada. – eu sorri e desviei o olhar. – Mas acho que já tem um candidato ao posto, sabe como é. – apontei a cabeça para Justin, que lotava seu prato com comida do Buffet fino. Ele olhou de volta para mim e sorriu, acenando.

– Ah, sim, seu namorado. – Zac deu um sorriso distorcido e soltou meu braço. – Ei, acho que vou comer algo.

– Tudo bem. Mas ele não é meu namorado. Justin é e sempre foi meu amigo...

– Conheço os olhares de pessoas apaixonadas. Relaxa. – ele piscou e se distanciou de mim, indo para a mesa de comida também. Eu continuei o olhando e me questionando se estaria tão óbvio assim o meu envolvimento com Biebs.

Continuei andando pelo lugar, parando para cumprimentar Diane e Bruce e descobri que as malas para desfazer em nossa casa eram dos dois. Iriam passar a noite em casa, e voltar para Atlanta pela manhã. A cada detalhe percebido na festa era um susto: Scooter provavelmente teria desembolsado muito dinheiro para fazer aquilo, e eu me perguntava de onde viria tanto. Quando já estava perto da futura pista de dança, ainda cheia de mesas e garçons circulando, vi Justin e Usher conversando com o que pareciam pessoas importantes relacionadas a música. Resolvi me aproximar para ouvir a conversa, me escondendo por trás de um pilar.

– Estamos quase decididos de que vamos assinar com Island Def Jam. – Usher apoiava no ombro de Justin, que sorria para os profissionais. – Ele realmente tem talento, e já começou suas aulas de outros instrumentos que ainda não conhecia muito bem, sem contar que já gravou seu primeiro single... pronto para divulgar.

– Realmente, o garoto deve ter talento. – O homem mais velho aprovava com a cabeça – E tem data para começar?

– Na verdade – Justin começou a falar, sorrindo timidamente – Nós temos planos de apresentar hoje mesmo...

Então era isso? Justin iria se apresentar em minha festa? Então era esse o motivo de tantas pessoas do ramo musical.

– Ótimo – a mulher disse – estaremos aqui para assistir, Justin. – e os dois saíram, antes apertando a mão dele e de Usher. Decidi que era o momento de me aproximar enquanto via a trajetória dos dois empresários se afastando para perto de uma das várias mesas de comida.

– Ei, bobinha, eu vejo você. – Levei um susto quando senti dois braços em minha cintura, e quando olhei pro lado, Justin estava lá, rindo da minha expressão assustada.

– Não pode me assustar assim sempre. Se um dia eu morrer do coração, será culpa sua. – Eu emburrei e logo voltei a rir.

– Até que parte da conversa você ouviu, heim? – Ele largou minha cintura e ficou apenas segurando a ponta dos meus dedos, olhando para eles com medo de ter estragado a surpresa.

– Eu? Não ouvi nada. – Menti, desviando o olhar, e me focando em outra coisa. – Aliás, cheguei no final da conversa... vim tirar satisfações sobre como vocês fizeram tudo isso bem debaixo do meu nariz, sem que eu percebesse nada. – disse, apontando para toda a festa, e acrescentei. – E da onde saiu tanto dinheiro também... É quase impossível.

– Não podia simplesmente agradecer a minha genialidade e a de Scooter? - Ele sorriu, olhou pra meu rosto e logo depois para meu vestido. – E eu tenho que agradecer a minha mãe por comprar esse vestido, porque, caramba...

– Ei... – eu corei e empurrei ele, brincando. – Realmente é bonito. Mas eu já agradeci. Enfim, me deu fome... Vou comer, se não tiver mais nenhum compromisso marcado. Você vai?

– Sim, logo depois de perguntar porque seu meio-irmão olha tanto para nós dois... – Ele desviou o olhar para atrás de mim, aonde se encontrava Zac encostado na parede com um copo de ponche na mão, olhando diretamente para mim.

– Ahm, ele acha que nós dois somos namorados. – Olhei para baixo enquanto Zac virava as costas e ia embora, provavelmente intimidado por Justin.

– É. Nós não somos... – Ele deu um meio sorriso e voltou a passar os braços pela minha cintura, dessa vez indo com a boca até minha orelha. – Ainda... – e beijou perto do brinco que Pattie havia também me dado. Fiquei pálida só com a ideia de mais alguém ter visto isso, mas acabei sorrindo e me afastando rápido.

– É melhor irmos pegar comida logo. Apesar de já ter visto você comendo. – Fui me aproximando da mesa com Justin me seguindo, e a cada passo percebia o quanto aquele Buffet deveria ter custado caro. Chamas embaixo dos pratos continuavam mantendo a comida quente, enquanto várias pessoas se serviam dos diferentes tipos de opções. Olhei de volta para o lugar aonde estávamos e vi pessoas montando um mini-palco com holofotes e uma escada, e também estavam aguardando algum carro a mais chegar no estacionamento. Justin tentava ficar na minha frente, me distraindo.

– Ei, pra lá tem bem mais comida. Tem sushi, você sabe que eu amo sushi... Vamos lá pegar? – ele puxava meu braço. – ouvi dizer que também tem aquele prato com carne crua que você gosta e que eu acho nojento...

– É carpaccio... e que palco é esse que estão montando? – questionei-o olhando para seu rosto, mas acabei acompanhando-o para um lugar mais afastado, aonde a luz era baixa e várias lamparinas roxas com bexigas e faixas de cetim caíam pelas paredes.

– Não sei... provavelmente apenas alguma aparelhagem pro DJ. Já viu a sua mesa do bolo? – A cada lugar em que passávamos ele cumprimentava uma outra pessoa, geralmente, aparentando ser algum rapper da gravadora. Peguei minha comida, ainda tensa pelos olhares e por não saber o que era aquele carro que estava para chegar, mas logo ouvi a voz de Justin me acalmando.

– Ei, não fica assim. A noite é sua, Suzzie, e ela só está começando.

Voltei os olhos pro meu prato, e depois para ele, sabendo que tudo iria ficar bem.