- Bom dia, amor. É hora de acordar. – a voz de Justin vinha de perto, brincalhona, enquanto eu esfregava os olhos tentando desembaçar a visão.

- Ah, oi. Bom dia, amor. – eu dei risada e olhei para cima, onde a cabeça de Biebs pendia da cama.

- Da onde você tirou aquela idéia, mesmo? Foi ciúmes, eu tenho certeza.

- Nada a ver. Foi só uma tentativa de fazer você subir para o prédio. – eu corei, mentindo, e me sentei na cama, tirando os cobertores de cima.

- É, queria eu que fosse ciúmes. – ele desviou o olhar rapidamente enquanto eu ficava mais envergonhada. – Minha mãe veio avisar antes de sair que Scooter ligou desesperado dizendo alguma coisa sobre “pessoas interessadas em você” e que vai vir me buscar em pouco tempo. Você vai junto novamente, né?

- Vou. Não tem nada pra ficar fazendo aqui, a não ser ficar lembrando de que amanhã eu fico mais velha. – suspirei enquanto pegava uma toalha e a roupa que eu iria usar.

- Ei, você não disse quem era ontem no encontro. Fiquei preocupado, você demorou. – ele disse, descendo da cama com um pulo e se apoiando no guarda roupa.

- Era quem eu estava esperando. Minha mãe. – parei, me lembrando da noite passada, quando descobri a verdade por trás de minha família. – ela me contou tudo o que eu não sabia. O meu pai mentiu todo esse tempo, ainda não consigo acreditar.

- Você ta brincando, né? Quer dizer que... Zac é seu irmão? – ele abriu a boca. – caramba, isso significa que ele não vai mais ficar babando em você.

- Nossa, para com isso. – eu ri e joguei a toalha para ele a fim de arrumar a minha cômoda. – ele é meu meio-irmão. Antes de se “casar” com meu pai, ela era casada com um outro homem. Os pais dela a forçaram a fazer isso, e então ela engravidou de meu pai e fugiu. Mas ela já tinha outro filho.

Eu peguei a toalha novamente e fui para o banheiro, fechando a porta, mas Justin não parou de me fazer perguntas e conversar comigo, até eu terminar o banho e vestir roupas limpas. Saí e caminhei para a cozinha, onde Pattie não estava.

- Ela foi novamente procurar trabalho pela vizinhança. Parece que a situação não continua boa. – parecendo ler meus pensamentos, ele me respondeu, enquanto eu pegava uma tigela e enchia de cereal com leite.

- Meu pai continua mandando a ajuda, não continua? – me preocupei e por um momento parei de levar a colher até a boca. – não pode ser que ele tenha parado, não posso viver aqui sem despesas...

- Claro que continua, Su. É que ela precisa continuar trabalhando, de um jeito ou de outro... não é bom para ela ficar em casa. – Justin me acompanhou, pegando uma tigela e enchendo de cereal. Nós comemos rapidamente enquanto o carro de Scooter já buzinava do lado de fora.

Peguei meu celular e andei até o hall com Justin, depois de trancar a porta, quando me surpreendi com uma carta do lado de fora da porta. Peguei o envelope, que se parecia com um convite, até ler a frente do mesmo; era endereçado a mim com uma letra a mão.

- O que diz aí? – Biebs disse enquanto colocava a chave em um dos suportes, enquanto eu ficava parada, lendo e mentalizando o que era aquilo.

Era o convite do casamento de meu pai com Mary. O destinatário estava escrito a mão, com uma letra feminina; Eu já podia imaginar a futura esposa de meu pai escrevendo docemente o convite para a sua querida nova enteada. A data marcava fevereiro, e era apenas isso: um convite normal, para uma pessoa normal, sem bilhetes ou recados.

- É... pelo jeito eles se mudaram para Boston mesmo. – Justin olhou para o local de onde foi enviado, que marcava uma rua desconhecida. Peguei o convite e coloquei de volta no vão da porta, enquanto eu andava até o carro com a porta aberta.

Scooter nos esperava com um sorriso enquanto nós fechávamos as portas de seu conversível, agora com o capô abaixado, quando resolveu nos dizer o que estava se passando.

- Justin Timberlake se interessou por seu talento. – ele foi direto enquanto Justin parecia não acreditar.

- Ele o quê? Você endoidou? Como é que ele foi descobrir...

- Bieber, você não é mais um desconhecido. Vai dizer que as pessoas não te reconhecem na rua? Seus vídeos no youtube são a maior febre... eu disse que iríamos trabalhar duro daqui por diante. E vamos para o estúdio agora. Quero começar a gravar algumas letras que eu já tenho arquivadas.

- Vou começar a gravar músicas hoje? Isso é demais. – Scooter interrompeu Justin, que parecia agitado.

- Não é brincadeira. Agora você deve prestar atenção: sei que você é hiperativo, mas temos que ser cuidadosos com isso, estamos lidando com a mídia. – ele desligou o rádio do carro enquanto acelerava. – ela te engole vivo se não for muito devagar com um artista.

Ele estacionou naquele mesmo estúdio do dia anterior, que eu soube logo ser o estúdio não só de Mama Jan, mas de todos os artistas que eram daquela gravadora. Desci e timidamente fui até a porta, junto de Scooter e Justin. Ele nos levou até uma sala no fundo do local, no fim de um longo corredor cheio de portas. O lugar estava empoeirado, mas continuava sendo requintado, com ar condicionado e grandes poltronas.

- Você nunca esteve em um estúdio antes, então terei que treinar você antes. – e então ele começou a fazer vários testes com Justin enquanto eu observava-o tirar várias pastas de um arquivo, procurando pela certa.

- Podemos começar por essa... apenas um teste. Favorite Girl?

- Pode ser. Quero gravar Common Denominator... é uma música que eu escrevi para o festival da cidade. – ele olhou para mim enquanto eu abaixava a cabeça e corava pela segunda vez no dia. – escrevi-a para uma garota e eu gostei muito dela. Foi o primeiro vídeo que postei.

E assim o dia passou rápido dentro daquela sala: Justin cantando partes da música, parando e voltando a gravar. Outras vezes ele tocava violão ou então ouvia os efeitos e decidia qual colocar em cada música, enquanto eu saía para comprar comida na esquina ou simplesmente trazer café. Parecia ser um dia exaustivo para ele, eu podia perceber o cansaço e ao mesmo tempo excitação em cada gesto.

- Gostei da segunda música que gravamos. One time... o que achou, Suzzie? – Scooter dizia enquanto Justin pegava suas coisas, se preparando para irmos embora. – eu podia pegar ela para ser hit.

- É, seria legal. – eu sorri enquanto Biebs me abraçava pela cintura ao deixarmos o corredor. Fomos direto para saída, quando fiquei surpresa com aquela figura já conhecida presente. Era Usher, que esperava sentado em uma daquelas poltronas a nossa presença.