- Não precisa ter medo de mim. – a mulher que agora eu intitularia de mãe se aproximava do fundo do beco, aonde eu estava.

- Se eu não preciso ter medo, porque escolheu esse lugar e não outro para me encontrar? – respondi, enquanto receosamente não saia do lugar.

- Tenho que te explicar algumas coisas sobre mim. Coisas que você não entenderia com 4 anos, e que eu não consigo simplesmente guardar. Não consigo acreditar que te encontrei depois de tanto tempo, minha filha. – ela andou até mim enquanto naquele olhar que eu apenas me lembrava vagamente estava uma expressão dócil, maternal.

- Papai sempre disse que você estava viajando e que não iria voltar. – eu me lembrei amargamente de Justin perguntando aonde estava minha mãe e eu não tendo o que responder. – Nos momentos que eu mais precisei de uma amiga, você não estava lá. Você estava fugindo da sua família com um cara qualquer.

Ela ficou paralisada enquanto aquelas palavras escapavam de minha boca, parecendo nunca ter ouvido aquilo.

- Ele te disse isso? Seu pai disse que eu o abandonei para ficar com outro homem?

- Não só disse, como provou. Você acabou de provar... eu tenho um irmão, não tenho? Isso só significa que você estava traindo ele desde antes de eu nascer. – mais palavras ofensivas saltaram sem permissão, enquanto eu respirava com dificuldade aquele ar denso que agora nos rodeava. O frio ainda era cortante; me encolhi mais ainda.

- É totalmente o oposto. Não fugi de seu pai para ficar com outro homem. Fugi da minha família original para ficar com seu pai.

- Você o que? – perguntei aterrorizada enquanto não conseguia acreditar.

- Porque você acha que Zac é mais velho que você? – ela tentava explicar. – Eu havia casado cedo demais com um homem que eu não amava porque minha família insistia muito. Fiquei casada por 2 anos, até que engravidei e tive Zacharias. Foi aí que conheci seu pai. Eu o amava tanto,verdadeiramente, e ele me convenceu a fugir com ele quando engravidei novamente de você.

- Quer dizer que você era casada quando engravidou? Isso é totalmente...

- É a prova de que não se pode fazer nada quando não se é feliz em um casamento. – ela me interrompeu e continuou a contar. – Fomos para Boston antes do seu nascimento, e moramos lá até que minha família começou a me procurar, e me achou... Foi o pior dia da minha vida, aquele que eu sabia que teria que abandonar vocês para voltar para minha antiga vida infeliz.

Eu estava tentando processar toda aquela informação enquanto ela andou até mim e colocou suas mãos em meus braços, me olhando.

- Eu nunca, nunca mesmo, quis abandonar seu pai e você. – passou a mão por meu cabelo. – Nós éramos tão felizes e de repente tudo não era mais perfeito. Eu voltei para NY, voltei a morar com Roberto aprendendo a conviver assim, até que mudamos da casa dos meus pais para Atlanta a 9 anos.

- Você nunca quis saber nada sobre mim? Sobre meu pai? – uma lágrima agora escorria de meu rosto.

- Escute, Suzanna. Assim que saí de nossa casa, seu pai jurou que eu não ficaria sabendo mais nada sobre você. Ele nunca entendeu a liderança que meus pais tinham sobre mim e sobre minhas decisões, e eu sabia que ele não entenderia. Mas o destino se encabe de fazer o melhor, e foi isso o que ele fez. Como você veio parar aqui?

- Nos mudamos para Stratford assim que você foi embora. Conheci pessoas que me fizeram sorrir e que me fizeram acreditar que você tinha apenas ido fazer uma viagem, e assim foi com Justin. – continuei contando tudo sobre as brigas com meu pai, sua nova mulher, o jeito como qual eu me sentia sobre Biebs e sua carreira. Era como se ela nunca tivesse me deixado, até que eu me lembrei da hora.

- Eu tenho que ir, mãe. – Fiquei receosa ao dizer essa palavra. – disse que voltaria já, mas se passaram 45 minutos...

- Não tem problema, querida. – ela limpou as lágrimas de meu rosto enquanto eu a abraçava. – a sorveteria fica ali na esquina e você é amiga de Zac... Seu irmão.

- Não posso nem acreditar que eu tenho um irmão mais velho. – eu dei uma risada. – Tchau, mãe.

Fui andando pela calçada pensando sobre tudo o que eu havia dito, quando vi uma pequena roda de meninas na calçada do prédio.

- Você também canta? Caramba, isso é muito legal. – uma das garotas que estava sentada disse.

- Você pode assinar o meu gesso do braço? Vi seus vídeos no youtube. – outra perguntou, enquanto observava.

No centro, estava Justin com seu violão, enquanto assinava algumas agendas e tocava algumas músicas.

- Vou fazer tudo isso, só me dêem algum tempo, e...

- Oi, amor. – disse teatralmente, decidindo fazer uma pequena cena quando o ciúmes vinha a tona. – Já vi que fez sucesso por aqui também.

- Ahm, amor? – Justin respondeu, entendendo logo depois. – Ah, oi amor. Já estava subindo, ainda bem que chegou.

As garotas lançavam olhares curiosos, alguns até com certa fúria, enquanto eu ia para a entrada e Biebs pegava em minha mão, a outra com o violão.

- Amanhã eu termino de assinar, e, ahm... obrigada. – ele sorriu.

Subimos as escadas novamente enquanto a felicidade irradiava de Justin. Eu percebi o quanto aquilo era bom, pois agora era oficial: ele estava conquistando fãs.