Coalescência escrita por Lany


Capítulo 13
O Tempo Poderia Parar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai dedicado a Anyy que me ajudou muuuuito. Obrigado a todas.
Boa Leitura!



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-Sou... Sou um vampiro.  –Sussurrou! Afastei-me subitamente encarando os olhos de ouro liquido que fitava-me apreensivo.

 Cambaleei para trás com o peso de suas palavras sobre mim. As mãos presas em meu próprio cabelo apertavam a cabeça tentando por em ordens minhas ideias.

Sou um vampiro, vampiro, vampiro, monstro, Sou um vampiro, vampiro, demônio, monstro, Sou um monstro, vampiro, demônio, demônio, demônio chupador de sangue, um vampiro, um monstro...

Balancei a cabeça inúmeras vezes, querendo espantar, calar todas as vozes que gritavam dentro de mim.

-Fala alguma coisa! –Suplicou ele dando um pequeno passo em minha direção. Recuei.

 Abrir a boca, as palavras escaparam. Voltei a abrir só para no mesmo instante fecha-la novamente, repetir o movimento algumas vezes, no entanto não pareciam existir palavras certas para aquele momento.

-Eu nunca, nunca a machucaria. –A voz firme, porem baixa escapou entre seus lábios com tanto obsecração que mais parecia uma oração.

   Um pânico, um medo, um pavor insano perdurou entre nós... Um medo que emana dele e abraçava meu corpo como se realmente pertencesse a mim, e talvez pertencesse.

 Voltei a mover os lábios, na tentativa – Falhada – de dizer-lhe que eu acreditava em suas palavras, acreditava nele. Que ele poderia contar comigo daqui para frente pois ele não só me confidenciou seu segredo eu também entregaria em suas mãos o que sempre procurei proteger e guardar. Eu lhe contaria, lhe mostraria quem é Mary Alice Brandon...

 No entanto não fui capaz de verbalizar meus pensamentos, fui incapaz de proferir qualquer som.

 Meus dedos escorregaram para a fila de botões do grosso sobretudo.

-O que você... –Jasper balbuciou o cortei com um sigiloso “Shiiiiii”

 O pesado tecido escorregou pelas laterais de meu corpo. Suspirei, sem a menor vontade de fazer suspense e a fim de acabar com a agonia palpável que cortava o curto espaço entre nós.

 Os olhos curiosos do louro que até poucos dias me intrigavam estavam vidrados em mim, observando minuciosamente cada centímetro de pele que era exposto. Por fim, o casaquinho preto deslizou por meus brações e se juntou ao pequeno monte de tecido no chão.

O vento úmido, carregado de espanto e curiosidade soprou e fez com que as arvores a nossa volta oscilassem silenciosas.

-Alice o que... –Disse ele tentando se aproximar, ergui os braços para frente, em um claro sinal que ele deveria ficar onde estava.

-Ainda não!

 Jasper esperou pacientemente enquanto meus dedos trêmulos brigavam com as amarras e fivelas que sustentavam as asas junto de meu corpo. Antes que o trabalho estivesse concluído o estranho par de asas agitaram-se atrás de me e desenrolaram-se, rasgando o resistente suporte de couro e mostrando meu verdadeiro Eu para ele.

 Soltei o ar que só agora perceberá que segurava com tanta veemência.

A face de Jasper era um misto de emoções, seus olhos presos no arco-íris de tons lilás e roxo que sustentava.

-Asas? Você tem asas? –Engoliu em seco, se recuperando do choque mais rápido do que eu.

 Assenti. Nossos olhos se encontrando com uma cumplicidade singular.

-Sou uma adolescente que controla –Jasper prestava total atenção em mim, incentivando-me a continuar. -Ou tenta controlar os elementos, tenho visões, vislumbres do futuro, posso voar... –Suspirei e disse por fim:

-Sou uma fada!

 Os lábios dele curvaram-se para cima em um meio sorriso. Aquele sorriso, tão misterioso e ao mesmo tempo sincero, que apenas ele era capaz de fabricar, aquele sorriso que me deixava tonta, sem chão, sem ar, que fazia-me esquecer até dos mais tenebrosos medos e inseguranças.

-Lembra quando nos encontramos aqui! –O louro disse simplesmente, como se as declarações que tanto nos perturbava não existissem mais. Como se não existisse mais nada além de nós.

-Como esquecer?

 Aproximou-se juntando nossas palmas, seus olhos fecharam-se lentamente enquanto sua boca pousou um delicado beijo em minha mão.

-Você deveria ter medo.

-De você? –Conti uma gargalhada. -Impossível.

-Eu sou um ser sem alma. –A seriedade tomou seu rosto.

-Seus olhos brilham com sentimentos, suas palavras chegam ao coração. Acredite você tem uma alma, e ela é tão vivida e bela quanto você.

-Como pode dizer isso, vida! Eu necessito de sangue pra me manter...

-Eu daria até a ultima gota de meu próprio sangue se isso me garantir ficar com você. –Confessei contornando com o indicador as formas de seu rosto.

-Não seja tola! –Sorriu sem humor.

-Só... Só não me afaste.

 Jasper sustentou meu olhar, se alguém fosse capaz de parar o tempo, aquele era o momento perfeito.

-Lhe esperei durante séculos. –Confesso: foi impossível conter as lágrimas com a declaração.

-Perdoe-me.

-Fique comigo!

-Sempre.

 E finalmente seus doces lábios alcançaram os meus.

.*.*.*.

-Eu e minha família não nos alimentamos de sangue humano. –Os lábios de Jasper estavam tão perto que o hálito frio do mesmo causava-me arrepios.

 Passava das onze da noite, a Lua solitária e invejosa era a única testemunha de nossas declarações. Recostei-me melhor no peito de Jasper o encorajando a continuar.

-Nós caçamos animais.

-Bem... sinto um certo alivio em ouvir isso.

-Posso manipular e controlar as emoções a minha volta.

  A vergonha tomou meu corpo por completo... Ele sentiu tudo o que já sentir por ele? Raiva, Desejo, Afeto, Desejo, Medo, Desejo, Carinho...

-Você sempre foi um turbilhão de emoções, era preciso muito esforço para identificar a predominante.

-Faz sentindo! Sempre sentir que você detinha um poder sobre mim.

 Jasper acarinhou minhas asas, arqueadas porem expostas.

-Bom saber disso. –Brincou ele, depositando um beijo no topo de minha cabeça.

 Ele observava admirado as pequenas ondas, que eu criava no lago, as quais começavam a tomar forma.

-Como vai ficar daqui pra frente...-Cortei-me propositalmente, temendo parecer ridícula em perguntar, entretanto a curiosidade massacrava-me por dentro. –Quero dizer, agora que já sei... sobre você.

Jasper arqueou as sobrancelhas, visivelmente confuso.

-Promete não ri?

 Ele anuiu, a face iluminada com o brilho da lua. Me desvencilhei de seus braços e virei-me, encarando-o.

-Eu vi em um filme, uma historia parecida com a nossa. –Jasper esforçou-se para se manter serio. Engoli o constrangimento e prosseguir. –A mocinha descobre a verdade e a partir do dia da revelação ela se torna uma fiel escrava do vampiro com quem teve...

 Abaixei os olhos, fitando somente meus dedos brincado com a terra húmida, minhas bochechas arderam com a explosão de gargalhadas que encheram o ar.

-Você prometeu! –Deixei meus próprios risinhos entre as palavras.

-Confesso que ter você como uma fiel companheira é uma proposta tentadora vida. Mas, não posso e nunca a obrigaria a nada.

 Escondi meu rosto na curva de seu pescoço sentindo-me completamente idiota.

-Só pra constar, também não durmo em caixões ou nada do tipo. Eu simplesmente não durmo. –Conti a surpresa que sabia que ele sentia.

 Ele estava ameno, calmo, brincalhão... Um Jasper que nunca pensei ser capaz de existir.

-Não faço brotar flores, arvores ou nada do tipo. –Fitei seus olhos de ouro liquido, ambos compartilhando confidencias de uma forma tão graciosa que era impossível se preocupar ou se incomodar com o que era dito.

-Alho, crucifixo, água benta e estacas, nada dessas coisas funcionam comigo.

-Não uso e não tenho uma varinha de condão.

-Não vivo em uma absoluta escuridão.

-Eu não tenho um pó magico capaz de alterar meu tamanho.

-Eu não me transformo em morcego.

-Eu não conheço a sininho.

-Que? –Indagou ele, um largo sorriso moldando seu rosto perfeito.

 O tempo não parou, mas era como se tal ato fosse possível quando Jasper estava por perto. Só me dei conta de quão tarde era quando os faróis do carro se apagaram e o automóvel estacionou em frente a minha casa.

-Quer entrar? –Encostei as costas na porta do veiculo, pousando a cabeça no vidro escuro.

-Talvez mais tarde. –Jasper inclinou em minha direção.

 Nossos lábios brincando com uma certa familiaridade, depois de todos os beijos e caricias.

-Liz está mortalmente preocupada. –Disse ele com a testa encostada na minha. -E você tem visita.

 -Visita?

-Seth!

 Suspirei. O puxei para mais perto, prendendo nossos lábios com tanto fervor que o desejo chegava a ser palpável. As mãos de Jasper apertavam o couro macio do banco com tanta força que a qualquer momento seus dedos atravessariam o mesmo.

Seus lábios chegaram ao meu ouvido, um beijo foi depositado antes que ele sussurrasse:

-É melhor você entrar!

 Ele se afastou me passando o suporte –Rasgado– que só agora perceberá que ele havia trazido. O peguei, apertando a jaqueta de Jasper contra o meu corpo.

-Até breve. –Sair do carro, com um “Volte logo” implícito na despedida.

 Seguir com passos largos até a varanda. Todas as luzes da casa estavam acessas, girei a maçaneta, mal tendo tempo de fechar a porta atrás de mim e os braços de Liz me envolveram.

-Graças aos Deuses. –A face de vovó foi tomada por uma alivio evidente.

 Corri a sala com os olhos, encontrando um olhar triste e complacente sobre mim. Seth estava com os músculos trabalhados a amostra e vestia somente um short jeans surrado.

 Faz apenas poucos dias que não nos vemos, mas posso garantir: Ele faz mais falto do que eu estou disposta a aceitar.

-Você esta bem? Ele tentou alguma coisa? O que aconteceu? Se não fosse por Seth a essa altura eu estaria voando, vasculhando cada centímetro de Forks até encontra-la. –A preocupação de Liz era compreensível, no entanto agora que realmente conheci Jasper reprimir o impulso de girar os olhos em resposta as suas perguntas.

-Eu estou bem vovó, mais do que bem. –Seus olhos vasculhavam minuciosamente  qualquer tipo de anormalidade, quando eles pousaram no suporte que segurava com uma das mãos, logo em seguida voltou-se para a jaqueta de Jasper que continuava sobre meus ombros.

-Não! Você não fez isso. –Ela afastou-se subitamente. As mãos nas têmporas como se lá fosse o foco de uma grande dor.

-Vovó...

-Você contou não contou? Você falou a ele sobre nós. –Cortou-me. As formas de seu rosto mudando de alivio para indignação em menos de uma fração de segundo.

-Ele confiou em mim! Seria ridíc...

-Já posso começar a arrumar as malas? –Exasperou ironicamente, com as mãos para o alto.

-Liz! –Esforcei-me, juro que tentei não gritar. Mas era quase impossível tendo que aturar aquele comportamento infantil.

-Como você faz isso Alice? Ele é um vampiro. –A ultima palavra saiu amargurada, com nojo e ouvi-la daquela forma vinda de Liz foi como receber um soco no estomago.

 Mordi o lábio inferior com tanta força que por muito pouco, meus dentes não perfuraram a pele.

-Quer dizer que ser melhor amiga de um lobisomem está tudo bem pra você, já namorar um vampiro está fora de cogitação?

 Sabe aqueles momentos de raiva, que lhe consomem de tal forma que chega a ser impossível raciocinar? Eu vivi esse momento, não pensei ao pronunciar as ultimas palavras e o arrependimento veio assim que a frase foi concluída. O peso do olhar de Seth caiu mais uma vez sobre mim, dessa vez com mais intensidade. Eu o magoei, eu verdadeiramente o magoei. 

Liz murmurava algo como: Namorar? Ele? Um vampiro? Porem eu não prestava atenção, não ouvia e nem via nada a não ser os olhos derrotados do moreno que se levantava com tanta raiva que seria capaz de surrar até a morte o primeiro que ultrapassasse seu caminho. E só Deus sabe como eu queria ser esse primeiro.

Com minha visão periférica vi Liz se afastar em direção à cozinha, ela continuava a murmurar no entanto todos os meus sentindo estavam fixos em Seth.

-Desculpe... Eu não queria, eu... eu não devia... –Minha língua enrolou-se, atrapalhando-me ainda mais.

-Esperava mais de você. –Suas palavras foram lentas e dolorosas, deixando em mim feridas quase impossíveis de cicatrizar.

-Por favor, me desculpe. –Pousei minhas mãos em seu peito nu, o impedido de passar. -Não pretendia lhe ofender, muito menos machuca-lo! –As lagrimas traçavam corridas silenciosas por meu rosto. -Me perdoa. –A agonia e a dor estremeciam seu corpo. -Me perdoa.

-Tarde demais para isso.

-Seth! –Solucei. Seus olhos marejando com intensidade causava-me uma dor sobrenatural.

-Eu preciso de você. –Declarei. Deixando minhas mãos escorregarem por suas costas em um abraço terno.

-Por que você faz isso? –Seus braços enfim me apertaram contra si.

 Seu queixo foi delicadamente pousado sobre minha cabeça, enquanto descansava o rosto em seu peito.

-Dizer a verdade?

-Me dar esperanças!

-Eu sei! Eu sou a pessoa mais egoísta desse mundo. Mas por favor, por favor, por favor, por favor...

 Os braços de meu amigo envolveram-me com mais intensidade, vários e vários soluções escapavam de meus lábios no mesmo tempo em que as batidas frenéticas do coração de Seth enchiam meus ouvidos.

-Não se preocupe! Sou masoquista demais pra me manter longe.


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Notas finais do capítulo

Demorei mas não me atrasei ;)
Mais um capítulo escrito com muita dedicação e carinho pra vocês minhas bombonzetes de chocolates.
Espero que gostem, pois eu sinceramente estou amando cada comentário postado por vocês.
Obrigado mesmo.
Gostou? Comenta!
Amou? Recomenda!
Não agradou? Sinto muito, realmente é uma pena!
Bjoksss



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