Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 8
Capítulo 8




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- Muito bem, garota, levanta a bunda a daí, que é a sua vez. – Justin a cutucou de leve no meio das costas, e Marie gemeu.

- Não é, não, preparei o café ontem. – Sorriu pra dentro do travesseiro e escondeu o rosto.

- Sabe que eu te amo, mesmo sendo uma mentirosa? Fui eu quem preparei o café ontem, e dois dias antes, e mais quatro dias antes. Na verdade, acho que você está me devendo três dias seguidos.

- É mentira! – Ela riu.

- É, nada. Estamos numa democracia! – Justin também ria, e tentava virar o corpo despido que amava, pra tentar lhe enxergar o rosto.

- Não gosto de democracia.

- Azar o seu. Quero café, rabanada e ovos.

- E seu eu não preparar o café?

- Então hoje você dorme no terraço.

- Eu sabia, devia ter trazido Margaret.

- Que beleza, ela sabe cozinhar?

- Melhor do que eu.

- Ótimo, vamos mandar que se mude ainda hoje para cá. – Ele rolou na cama com um sorriso de satisfação. – Enquanto isso, levanta da cama e me alimente.

- Você é completamente mimado.

- E adoro ser.

- Vai engordar. – Ficou sentada na beira da cama, olhando para o corpo dele, que não tinha nada de gordo. – Além disso, ovos não fazem bem, contém carboidratos ou colesterol, ou coisa assim e... – Ele apontava pra cozinha com a cara emburrada de mentirinha, e Marie se levantou. – Odeio você.

- Eu sei.

Rindo, ela sumiu na cozinha. Estavam juntos à duas semanas – um momento; uma vida. Dividiam as tarefas e o preparo da comida. Uma velhinha engraçada vinha duas vezes por semana fazer a limpeza, mas Justin gostava de fazer as coisas por si mesmo, e Marie descobriu que gostava de partilhar essas coisas com ele. Iam ao mercado, faziam o jantar, e arrancavam ervas daninhas do meio das flores no terraço. Ela o observava enquanto examinava os catálogos dos próximos leilões, e ele a observava desenhar, ou trabalhar com tinta pastel ou a óleo. Era a primeira pessoa a quem ela permitira ver o seu trabalho em andamento. Liam livros de mistério, viam televisão e davam passeios de carro; caminharam na praia, uma vez, à meia-noite, e duas vezes foram passar a noite na casa dele em Carmel. Ela foi a outra vernissage na galeria dele, e o acompanhou numa visita a um artista novo, fazendo-se passar por sua mulher. Era como se nada tivesse existido antes, e nada fosse existir depois. Eles tinham apenas o tempo e a vida que compartilhavam. Marie pousou a bandeja com o café dele e o jornal.

- Sabe de uma coisa? Gosto de você, gosto de verdade.

- Estava com medo de que a “democracia” fosse te cansar?

- Talvez. – Sentou-se com um dar de ombros feliz. – Eu não cuidava de mim mesma, ou de outra pessoa, de uma maneira prática, à muito tempo. Sou responsável por todos, mas acho que à anos não preparo um café da manhã, ou faço qualquer outra das coisas que temos feito.

- Não gosto de depender de outras pessoas, como empregadas. Basicamente, gosto de uma vida muito simples. – Ele se inclinou pra beijar-lhe a ponta do nariz, depois recostou-se nos travesseiros com o café que ela prepara ainda esperando na bandeja. – Eu te amo, Marie. – Sorria maliciosamente. – Agora, quando é que você vai assinar com a galeria?

- Vai voltar ao assunto de novo? Então é disso que se trata, você apenas quer que eu assine com a galeria. Eu sabia! – E riu enquanto ele se desviava do travesseiro que ela jogou em cima da sua cabeça.

- E então? Funcionou?

- Claro que não! Vai ter que fazer coisa melhor!

- Melhor? – Olhou pra ela maliciosamente e deixou de lado a bandeja. – O que exatamente quer dizer com “melhor”? Eu... – Colou seus lábios ao dela e buscou seu corpo com as mãos. – Melhor...? – Agora ambos riam.

Foi só meia hora mais tarde que se soltaram e recobraram o fôlego.

- E aí, foi melhor? – Perguntou Justin.

- Muito.

- Ótimo. – Olhou pra ela, feliz, de onde estava deitado. – Agora, vai assinar?

- Justin... – Pousou a cabeça no peito dele e o olhou com um pequeno bocejo. – Quem sabe se você fizer tudo isso de novo...

- Marie! – Rolou pra cima dela, cobrindo-lhe o corpo com o seu, agarrando-a pela garganta, “ameaçadoramente”. – Quero que assine comigo! – Trovejou.

Ela sorriu, docemente.

- Ok.

- O quê? – Ele se sentou na cama, com uma expressão atônita.

- Eu falei ok.

- Está falando sério?

- Estou, ainda me quer? Para a galeria, quero dizer. – Abriu um sorriso e olhou pra ele indagadoramente. Talvez tivesse sido uma brincadeira o tempo todo.

Mas ele a olhava como se fosse maluca.

- Claro que quero, sua lunática! Você é a melhor artista nova em que botei as mãos em 5 anos!

Ela rolou para o lado de novo e encarou-o com um sorrisinho felino.

- Em quem você “botou as mãos” nos últimos 5 anos?

- Sabe o que quero dizer. Por exemplo, o August. – Ambos riram da idéia. – Está falando sério, Marie? Vai assinar? – Ela assentiu. – Não precisa, sabe disso. Eu te amo mesmo que você não me deixe expor o seu trabalho.

- Eu sei, mas venho olhando você trabalhar à semanas, e não agüento mais. Também quero ser parte disso, quero a minha própria exposição.

Ele riu.

- A sua própria, hein? Nada de outros artistas. Está bem, ganhou. Quando?

- Quando for conveniente pra você.

- Vou ver a agenda com Meg, talvez daqui a algumas semanas. – Atacou o café com um largo sorriso.

- Quer que eu prepare outra coisa? – Indagou, vendo-o devorar a rabanada gelada.

- Só o que você tem a fazer é me trazer os seus quadros e me deixar expô-los. De agora em diante eu faço o café, todos os dias. Não... Cinco dias por semana. Você fica com os fins de semana, pode ser?

- Maravilha. Eu sabia que haveria vantagens em ceder. – Puxou as cobertas até o queixo. – Justin, acha que eu estou fazendo a coisa certa?

Ele sabia o que vinha a seguir. As dúvidas estavam todas estampadas no rosto dela, mas não ia deixá-la recuar.

- Cala a boca. Se começar com isso, vamos fazer a exposição na semana que vem. Você é boa o bastante, você é fantástica. Pelo amor de Deus, Marie, você é a melhor artista jovem nessa cidade, provavelmente também em Los Angeles. Fica quietinha e me deixa preparar a exposição, ok?

- Tudo bem. - Durante algum tempo ela ficou muito quieta, pensando em Mike. Como poderia dizer a ele que finalmente tinha resolvido expor? Ou será que ele precisava saber? À anos que ele dissera a ela para pôr de lado seus sonhos sobre a arte, que ela não podia ser uma espécie de “pintora hippie”. Mas ela não era, caramba, e que direito tinha ele de...

- No que está pensando? – Perguntou Justin, ainda a observando.

- Nada de especial. – Sorriu. – Estava só pensando na exposição.

- Tem certeza? Estava com cara de quem estava prestes a ser espancada.

Ela soltou um suspiro, depois olhou pra ele de novo.

- Sentia como se estivesse. Estava pensando no que... no que dizer a Mike.

- E tem que dizer? – Justin parecia momentaneamente tenso.

- Provavelmente sim. Pode parecer loucura pra você, agora, mas não quero ser desonesta com ele. Não mais do que for necessário.

- Parece mesmo uma loucura, mas entendo o que você quer dizer. Ele não vai ficar satisfeito com a exposição, vai?

- Não, não vai, mas acho que devo dizer a ele.

- E se ele disser que não? – Justin parecia magoado, e Marie baixou os olhos.

- Não vai dizer.

Mas ambos sabiam que diria.

                                        ***

- Alô? – Marie atendeu ao telefone, sem fôlego, depois de ter subido as escadas do estúdio. Justin acabara de deixá-la em casa. Tinha prometido vir pra casa e escolher 25 dos seus quadros favoritos. Aquilo a manteria ocupada durante dias. Ainda não recobrara o fôlego e a princípio não reparara no zumbido de um telefone internacional.

- Marie Elizabeth?

- Mike! – Exclamou, fitando o aparelho espantada, como se ele fosse algum fantasma do passado.

- Não precisa ficar tão surpresa, não faz tanto tempo assim que nos falamos pela última vez.

- É que... Eu estava pensando em outra coisa.

- Algum problema?

- Não, claro que não. – De repente, o fato de falar de novo com Mike lembrou-lhe os seus deveres. Com Justin, pensava apenas nele e em si mesma. Pensava nos seus quadros e nas galerias, nas suas noites juntos, nas horas boas que curtiam. Mas a voz de Mike devolveu-a ao seu papel de esposa. Era como se, por algum tempo, ela tivesse se esquecido.

- O que você tem feito?

- Não muita coisa. – A voz de Marie era como gelo.

- Liguei uma vez; você não estava em casa.

- Comecei a pintar num estúdio.

- Não pode pintar em casa? – Mike parecia irritado e confuso.

Marie fechou os olhos.

- Achei um lugar onde é mais fácil para eu trabalhar. – O coração dela disparou, ao pensar em Justin. E se Mike pudesse ler os seus pensamentos? E se soubesse? E se alguém os tivesse visto juntos? E se...

- Com nós dois fora de casa, não sei por que não pinta aí mesmo. E que frenesi repentino é esse pelo trabalho?

- Que “frenesi”? Estou pintando como sempre.

- Marie Elizabeth, juro que não estou entendendo. – Mas o tom no qual disse essas palavras subitamente atingiu-a como uma bofetada na cara.

- Curto o meu trabalho.

- Não vejo por que precisa chamá-lo de “trabalho”.

- Chamo de trabalho porque é. Vou fazer uma exposição numa galeria no mês que vem. – A voz dela era desafiadora, e sentia o seu coração disparar cada vez mais. Ele não respondeu.

Então:

- Você o quê?

- Vou fazer uma exposição numa galeria.

- Sim. – Havia um tom maldoso de divertimento na voz dele, e por um momento ela o odiou. – Bem, pode ser que te faça bem.

- Pode ser que faça.  – Filho da mãe... Ele nunca compreendia!

- É necessário provar a sua opinião com uma exposição? Por que não dispensá-la? Pode trabalhar no outro estúdio, e deixar por isso mesmo. – Obrigada, papai.     

- A exposição é importante pra mim.

- Então, pode esperar. Falamos sobre isso quando eu voltar.

- Mike... – Estou apaixonada por outro homem... – Vou fazer a exposição.

- Ótimo, mas espere até o outono.

- Para quê? Pra você me convencer a desistir quando voltar para casa?

- Não farei isso, vamos conversar sobre o assunto, então.

- Isso não pode esperar, eu já esperei demais. – Era uma conversa ridícula. – Você vença o seu caso em Atenas; eu farei o que for preciso com a minha arte, e nos veremos no outono.

- Esse é o seu jeito de me dizer “não se meta com o que não é da sua conta”?

- Talvez seja. – Sentiu-se subitamente tão corajosa, como não se sentia à anos. – Talvez cada um devesse fazer o que é necessário pra si, agora. – O que você está fazendo? Está dizendo a ele...

- Bem, de qualquer forma, é necessário que você atenda o seu marido, e o seu marido está necessitando ir pra cama, então por que não deixamos isso de lado durante algum tempo? Falaremos de novo daqui a alguns dias, está certo? Nesse meio tempo, nada de exposição, ok?

Teve vontade de ranger os dentes. Ela não era uma criança, e ele era sempre o mesmo. Do jeito dele, sempre do jeito dele. Mas agora chega, pensou.

- Entendo, Mike, mas não concordo.

- Você não tem escolha. – Não era do gênero dele ser tão óbvio. Marie se deu conta de que devia estar muito cansado. – Deixe pra lá. – Mike falou. – Desculpe, conversamos outra hora.

- Ótimo. – Ficou calada no seu estúdio, esperando, imaginando o que ele diria.

E ele disse:

- Boa noite. – E desligou.

Boa noite. E dessa vez ela não se dera ao trabalho de dizer que o amava. “Nada de exposição”. As palavras ecoavam na sua cabeça. Soltou um forte suspiro e desabou na sua poltrona. E se o desafiasse? E se fizesse a exposição assim mesmo? Poderia fazer isso com ele? Consigo mesma? Era corajosa o suficiente pra seguir em frente e fazer o que queria? Por que não? Ele estava fora, e ela tinha Justin. Mas não era pelo Justin, era por si mesma. Olhou ao seu redor por um longo momento, sabendo que a sua vida estava de cara para aquelas paredes, escondida em telas que ninguém vira, nem veria, a não ser que ela fizesse o que sabia que tinha que fazer, agora. Mike não podia impedi-la, e Justin não podia fazer com que ela se decidisse. Tinha que fazê-lo, agora. Tinha, por sim mesma.


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Notas finais do capítulo

Olá, gente! O que vocês tão achando? Preciso melhorar? Aceito sugestões, hein :)
Queria pedir desculpas por não ter postado sábado, eu esquecei D: Mas agora eu postei, e espero que vocês gostem!
Se manifestem, ok? Me mandem reviews, falem comigo pelo twitter, qualquer coisa! Eu quero conhecer vocês, saber quem lê e gosta da minha fanfic. Eu escrevo pra vocês, nunca esqueçam.
Quem aqui vai no show do Justin? Me digam onde! Eu vou ir no de POA-RS :) Tô muito ansiosa, haha.
Reviews são SEMPRE bem-vindas, obrigada ♥



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