Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 4
Capítulo 4




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Quando o telefone tocou ela já estava no estúdio, olhando de longe para a tela, tentando avaliar o seu trabalho da manhã. Era um vaso de tulipas largando as pétalas numa mesa de mogno, contra um fundo de céu azul, entrevisto por uma janela aberta.

- Marie?

Ficou atônita ao ouvir a voz dele.

- Justin? Como conseguiu o meu telefone? – Sentiu um queimor subir-lhe pelo rosto, e ficou instantaneamente com raiva de si mesma pelo que sentia. – Kim?

- Claro! Falou que se eu não expusesse o seu trabalho, ela sabotaria a nossa conta.

- Oh, meu Deus! – Riu, enquanto ficava mais corada ainda.

- Não, ela só falou que você era muito boa pintora. Que tal trocarmos o meu Wyeth por um dos seus trabalhos?

- Você é maluco, e Kim também.

- Porque não me deixa julgar por mim mesmo? Será que eu posso passar por aí por volta do meio-dia?

- Hoje? Agora? – Lançou um olhar ao relógio e sacudiu a cabeça. Já passava das 11:00. – Não!

- Eu sei, você não está pronta. Os artistas nunca estão. – A voz era meiga, como fora na praia.

Ela fitou o telefone.

- Verdade, não posso. – Era quase um sussurro.

- Amanhã? – Não fazendo pressão, mas firme.

- Justin, juro... não é isso. Eu... – Gaguejou, e ouviu a risada dele.

- Por favor, eu gostaria mesmo de ver o seu trabalho.

- Por quê? – Sentiu-se burra por ter feito a pergunta.

- Porque gosto de você. E gostaria de ver o seu trabalho. É simplesmente isso, não faz sentido?

- Mais ou menos. – Não sabia o que mais dizer.

- Está ocupada para o almoço?

- Não, não estou. – Soltou um suspiro.

- Não fique tão desanimada. Prometo não jogar dardos nas suas telas, pode confiar em mim.

Estranhamente, confiava. Tinha algo a ver com o jeito como ele falava, a expressão dos seus olhos, que ela recordava.

- Acho que confio. Está bem, então, meio-dia.

Justin Bieber sorriu consigo mesmo, enquanto desligava.

                                       ***

Chegou pontualmente ao meio-dia, com um saco de pãezinhos, meia dúzia de pêssegos, além de uma garrafa de vinho branco.

- Isso serve? – Perguntou, espalhando as suas “riquezas” sobre a mesa dela.

- Muitíssimo bem, mas você não deveria ter vindo. – Parecia desalentada enquanto olhava pra ele por cima da mesa. Usava um jeans e uma camisa respingada de tinta, o cabelo preso num coque frouxo. – Detesto ser posta em xeque. – A expressão dela era perturbada, enquanto o observava, e por um momento ele parou de ajeitar as frutas.

- Você não está sendo posta em xeque, Marie. Queria mesmo ver o seu trabalho. Kim diz que você é boa, você sabe que é boa. Disse-me na praia que a pintura era a sua vida, ninguém pode brincar com isso. Eu não tentaria. – Fez uma pausa, depois continuou, com mais suavidade. – Você viu alguns dos quadros que adoro no chalé de Carmel. Eu os curto. Isso é algo que você curte. Se você gostou do meu Wyeth, fico feliz, mas se não gostou, isso não muda em nada a beleza dele pra mim. Nada que eu vir mudará o que você faz, ou o quanto lhe importa. Ninguém pode alterar isso.

Ela assentiu calada, depois caminhou lentamente para a parede onde 20 telas estavam encostadas, escondidas e ignoradas. De uma em uma ela as foi desvirando, sem dizer nada, olhando apenas para o que fazia. Não olhou para Justin até que ele finalmente falou:

- Pare. – Ergueu os olhos, surpresa, e o viu apoiado à mesa dela com uma expressão nos olhos que não compreendia. – Sentiu alguma coisa quando viu o Wyeth? – Perscrutava o rosto dela, olhando-a bem nos olhos.

Ela balançou a cabeça.

- Senti muita coisa.

- O quê?

Ela sorriu.

- Primeiro, surpresa ao me dar conta de que estava na sua casa. Mas depois, uma espécie de assombro, uma alegria ao ver o quadro. Senti tudo que acho que o Wyeth queria me dizer. Por um momento, fiquei fascinada pelas suas palavras.

- Como eu estou pelas suas. Tem idéia do quanto colocou nessas pinturas, ou de como são lindas? São incríveis, Marie. Não sabe o quanto são boas? – Sorria pra ela, que sentiu o coração bater com força no peito.

- Eu as amo, mas isso é porque são minhas. – Ela agora estava radiante. Ele lhe dera o presente máximo, e ela sabia que falava sério, cada palavra. Fazia tanto tempo que alguém não via o que ela pintava... e se importava.

- Não são apenas suas, são você. Mostre-me mais!

Mostrou a ele todas as telas. Quando acabou, quase exultava de prazer. Justin gostava delas, adorava-as! Compreendia o trabalho dela. Tinha vontade de jogar os braços ao redor do pescoço dele e rir. Justin abriu a garrafa de vinho.

- Percebe o que isso significa, não é?

- O quê? – Perguntou, subitamente desconfiada, mas não muito.

- Que irei persegui-la até você assinar com a galeria, que tal?

Ela sorriu largamente pra ele, mas sacudiu a cabeça.

- Não posso.

- Porque não?

- Não é para o meu bico. – E Mike teria um ataque. Acharia comercial e vulgar, embora a Galeria Bieber tivesse a reputação de ser tudo menos vulgar, e a família de Justin tivesse uma boa fama no mundo da arte à anos. Tinha pesquisado a seu respeito quando voltara de Carmel. O avô possuíra uma das melhores galerias de Londres, e o pai de Nova York. Justin Bieber tinha carta branca no mundo da arte, mesmo aos 24 anos de idade. Ela também tinha lido isso. – Verdade, Justin, não posso.

- Não pode uma ova. Escute, não seja teimosa. Venha até a galeria e dê uma olhada. Vai se sentir muito melhor quando ver o que tem lá.

Ela riu. Sabia o que havia lá, também pesquisara sobre isso. Pissarro, Chagall, Cassatt, um Reinor muito pequeno, um esplêndido Monet, alguns Corots. Também alguns Pollocks, um Dali e um de Kooning cuidadosamente escondidos, que ele raramente expunha. Ele tinha o melhor. Além de alguns jovens artistas desconhecidos escolhidos a dedo, entre os quais queria incluí-la. O que mais ela podia querer? Mas o que diria a Mike? Tive que fazê-lo. Ele me pediu. Tive vontade...

- Não. – Ele simplesmente não compreenderia. – Você não entende.

- Tem toda a razão. – Estendeu para ela um pedaço de pão francês.

22 quadros espalhados pela sala, e ele adorara todos. Ela sorria amplamente enquanto pegava o pão das mãos dele.

- Tenho mais 30 no sótão, e 5 na casa de Kim.

- Que tal vir a uma vernissage que teremos amanhã à noite? Isso não fará mal nenhum, não é? Ou tem medo até mesmo disso? – Ele agora a estava atiçando, e ela não tinha certeza se estava gostando.

- Quem disse que estou com medo? – Mordeu um pêssego, e depois sorriu.

- E quem precisava dizer? Por que outro motivo não iria querer expor?

- Porque não faz sentido. – Mas a essa altura estavam ambos rindo, e tomando a terceira taça de vinho.

- Gosto de você, de qualquer forma. – Declarou ele. – Estou acostumado a lidar com malucas como você.

- Não sou maluca, só teimosa.

- E se parece exatamente com o meu Wyeth, também notou?

Os olhos dele atraíram-na de novo. Ele largou a taça. Ela hesitou por um momento, depois balançou a cabeça.

- Notei.

- Só que posso ver os seus olhos. – Fitou-os por um momento, depois desviou o olhar. Eram precisamente os olhos que ele sabia que a mulher no quadro teria. – Você tem lindos olhos.

- Você também. – A voz dela era como uma brisa suave na sala, e ambos se recordaram do seu passeio em Carmel.

Justin ficou calado por algum tempo, apenas olhando para os quadros dela. Marie queria lhe contar que Mike estava fora, que estava na Grécia, mas parecia uma traição. Por que lhe contaria? O que queria desse homem? Ele já lhe dissera que gostava do seu trabalho, o que mais podia pedir? Teve vontade de perguntar-lhe se era casado, mas isso também parecia errado. Que importância tinham essas coisas? Ele estava aqui por causa do trabalho dela. Não importava quão bondosos fossem aqueles olhos profundos, cor de mel.

- Sabe, – Ele olhou pesaroso para o relógio – detesto dizer isso, mas tenho que ir trabalhar. Tenho um encontro à 15:00 no escritório.

- Às 15:00? – Os seus olhos voaram para o relógio. Já eram 14:45. – Já? Como é que o tempo passou tão rápido?

Porém eles tinham examinado muitas obras dela. Marie se levantou com uma expressão de pesar nos olhos.

- Você virá amanhã à noite na vernissage? – Os olhos dele diziam que queriam que ela viesse. Ela não tinha certeza do porquê.

- Vou tentar.

- Por favor, Marie, eu gostaria muito. – Tocou-lhe o braço rapidamente, e depois, com um último sorriso apreciativo pela sala, saiu do estúdio e desceu correndo as escadas. – Posso achar o caminho, não se preocupe. Até amanhã!

As palavras dele foram sumindo enquanto ela desabava na poltrona branca confortável e corria os olhos pela sala. Não havia nenhuma tela de Mike. Por um momento totalmente desesperado, não conseguiu se lembrar do rosto dele.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos reviews, amores, mas ainda quero mais! Divulguem a história (:
O que estão achando? Será que ela vai aceitar o convite dele? O que será que vai acontecer? Hm, me contem o que vocês estão achando.
Tô amando tudo isso aqui, haha.
Até a próxima. ♥



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