Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Grandes revelações nesse capítulo.
Boa leitura!



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Sozinha no seu quarto, Marie tirou lentamente o vestido e ficou se olhando no espelho. Era bonita. A pele do seu rosto era fresca e esticada, o pescoço tinha a curva graciosa de um cisne, os olhos eram grandes, os seios eram firmes, as pernas longas e grossas, os quadris pequenos. A moça que ela vira tinha o brilho, o glamour e a excitação de uma amante, não havia como discordar disso. Era isso o que ele queria, então? Era o que fazia a diferença? Ou era porque era francesa, da raça dele... Ou talvez fosse apenas porque a amava. Queria lhe fazer todas essas perguntas, queria escutar todas as respostas dele... Se fosse voltar pra casa. Não queria esperar a noite toda pra perguntar, mas estava evidente que ele e a moça iam curtir a noite. Podia estar amanhecendo antes dele chegar em casa, alegando que estava envolvido em negociações intermináveis. Subitamente ficou se perguntando quantas das suas histórias tinham sido mentira, à quanto tempo isso durava. Apoiou a cabeça no encosto da cadeira e fechou os olhos para protegê-los da luz baixa. Por que ele continuava com o casamento? Tivera a oportunidade perfeita pra abandonar Marie em Paris, pra lhe dizer que era o fim de tudo. Por que não o fez? E então, ela entendeu. O bebê. Era isso o que ele queria, um filho. Então, sorriu consigo mesma. Era engraçado, na verdade. Pela primeira vez nos seus quase 6 anos juntos, ela estava por cima. Tinha a única coisa que ele queria. O filho dele. Podia ter tido um filho com a garota, já que aparentemente continuava com ela também, mas por algum motivo, não tinha tido. Aquilo a divertia. De um certo modo, ela o mantinha preso, pela garganta. Podia deixá-lo, ou ficar, podia fazê-lo pagar, talvez até pudesse forçá-lo a se livrar da moça. Ele fez com que ela pensasse que o caso deles tinha terminado, mas era evidente que não. Com um suspiro, sentou-se ereta na cadeira e abriu os olhos. À anos demais que vinha vivendo de olhos fechados. Saiu do quarto e desceu as escadas da casa às escuras. Foi pra sala de visitas, sentou-se no escuro e ficou olhando as luzes da rua. Seria estranho não estar mais ali, deixar essa casa... Deixá-lo. Seria assustador ficar sozinha, não ter ninguém pra cuidar dela, ou da nova criança. Tudo seria apavorante e novo, mas seria limpo. Não seria solitário, da mesma forma... Não seria uma mentira. Ficou sentada ali, sozinha, até o amanhecer, esperando por ele. Tinha tomado a sua decisão. Passava das cinco quando ouviu a chave dele na fechadura. Caminhou pra porta da sala de visitas e ficou parada ali.

- Boa noite. – Falou ela. – Ou será que devo dizer bom dia?

A primeira luz do dia manchava o céu de laranja e cor-de-rosa, não havia neblina. A primeira coisa que notou nele era que estava bêbado.

- Já está acordada? – Tentou ficar firme, mas caiu pra frente, e se apoiou nas costas de uma cadeira. Parecia pouco à vontade de ter que estar conversando com ela. – É muito cedo, Marie.

- Ou muito tarde. Se divertiu muito?

- Claro que não, ficamos sentados na sala da diretoria até as quatro horas, e depois tomamos alguns drinques, pra comemorar.

- Que maravilha! – A voz dela era como gelo. – O que estavam comemorando?

- Um novo... Negócio. – Parecia satisfeito, e sorriu pra ela. Marie não retribuiu o sorriso.

- Era um casaco muito bonito. – As palavras caíram entre eles como pedras.

- O que quer dizer com isso?

- Acho que você sabe muito bem o que quero dizer.

- Não está fazendo sentido. – Mas os olhos dele pareciam desviar-se do olhar dela.

- Está, sim. Eu te vi hoje à noite com a sua amiga. – Parecia de madeira, parada ali, e ele não disse nada.

- Eu podia te dizer que ela estava de passagem, - olhou pra ela – mas não vou. Está sendo difícil pra mim, minha mãe... E estou preocupado com você...

- Ela agora está morando aqui? – Marie estava implacável, com aqueles enormes olhos verdes.

- Não, está aqui à algumas semanas.

- Que ótimo, e eu devo aceitar isso como parte do meu futuro, ou você vai acabar fazendo uma escolha? Imagino que ela te faz as mesmas perguntas. Na verdade, no momento, acho que a escolha poderia ser minha.

- Poderia, - ele pareceu vacilar de novo, depois endireitou bem o corpo – mas não vai ser, Marie. Você e eu temos muita coisa em jogo.

- O quê? – Mas sabia o que ele queria dizer. Após essa noite, o bebê era dela. Não deles, dela.

- Sabe o quê, o nosso filho. – Tentou parecer meigo, mas conseguia apenas lançar um olhar feroz. – Ele significa tudo pra mim, pra nós.

- Nós? Sabe, Mike, nem mesmo acredito que exista um “nós”. Existe apenas um você e um eu, mas não existe “nós”. O seu único “nós” é com aquela moça. Pude ver isso no seu rosto, essa noite.

- Eu estava bêbado. – Por um momento, o desespero penetrou nos seus olhos. Marie viu, mas não se importava mais.

- Você estava feliz, você e eu não estamos felizes um com o outro à anos. Eu ia te deixar no fim de semana após a morte da sua mãe. Se não tivesse descoberto que estava grávida, eu teria feito isso. E agora é o que eu vou fazer.

- Não vou deixar, você vai morrer de fome! – Ele agora estava zangado, e havia uma luz maldosa brilhando nos seus olhos.

- Não preciso de você pra sobreviver. – Eram palavras firmes, e ambos sabiam disso.

- O que vai fazer pra comer? Pintar? Vender os seus desenhos para as pessoas na rua? Ou voltar para o seu amante?

- Que amante? – Marie sentiu como se tivesse levado um tapa.

- Pensa que eu não sei? Faz discursos sobre as minhas... Atividades... Mas não é nenhum modelo de pureza.

- O que quer dizer? – Ela ficou subitamente pálida.

- Exatamente o que pensa que eu quero dizer. Fui embora pra Atenas e você teve o seu casinho. Não sei com quem e não me interessa, porque você é a minha mulher e esse é o meu filho. Sou dono de vocês dois, está me entendendo?

Tudo dentro dela pegou fogo.

- Como ousa falar assim comigo? Pode ter sido meu dono antes, mas não é meu dono agora, e jamais será dono dessa criança.

Ele lhe lançou um sorriso malvado, da escada.

- Você não tem escolha, a criança é minha... Minha porque eu quis aceitá-la, ser o pai dela, manter você apesar do que fez. Mas nunca se esqueça de que eu sei. Você não é melhor do que eu, mas lembre-se – os olhos dele se estreitaram, e cambaleou de novo – sou eu quem vai evitar que seu filho seja um bastardo. Vou lhe dar o meu sobrenome, porque eu o quero, e não porque seja meu.

- Então o bebê não é seu, Mike? – A voz de Marie era como gelo calculado. Ficou imóvel, observando Mike.

- Não.

- Como sabe?

- Porque a mulher de quem você tem tanta raiva é diabética, e se eu a deixasse grávida, isso poderia matá-la. Fiz uma vasectomia, à vários anos. – Ficou olhando pra Marie, satisfeito com a revelação, enquanto Marie se apoiava, atordoada, nas costas de uma cadeira.

- Por que está me contando tudo isso?

- Porque estou cansado das suas mentiras, da sua cara patética, e da sua sensação de usada e abusada por mim. Te fiz um favor, Marie, fiquei com você e seu filho. Agora ele se foi, e você não tem mais pra quem correr. Você é minha.

- Pra ser tratada por você como bem entender, não é, Mike? – Os olhos dela lançavam chamas, mas ele estava bêbado demais pra notar.

- Isso mesmo. E agora, eu quero que vá com o meu filho dormir. Eu te vejo pela manhã. – Subiu as escadas, totalmente inconsciente dos efeitos da sua admissão.

Marie estava livre.

                                                          ***

A porta dos fundos da casa, por trás da cozinha, tinha sido trancada, e ela tinha a chave. Ligara pra Kim e pediu-lhe para alugar um carro, explicaria mais tarde. O equipamento no seu estúdio coube facilmente em 3 caixas, as fotos e álbuns em 5, os quadros estavam todos empilhados junto da escada dos fundos. Seis malas estavam à espera pra serem arrumadas. Marie pegou o telefone e pediu a Margaret que viesse ajudá-la, não ia fazer isso sozinha. Estava trabalhando no estúdio desde as seis, e eram quase nove horas. Sabia que Mike já tinha saído de casa; não a seguiu até o estúdio, depois que ela saiu do quarto deles, e o silêncio na casa tinha sido assustador. Tinha suas roupas, e as jóias, que também ia levar, iria vendê-las pra comer até achar um emprego. Estava levando todos os seus quadros, não significavam nada pra ele, e também podia vendê-los. O resto podia ficar com ele, podia ficar com tudo. Destrancou a porta do estúdio e caminhou pela sala. E se ele ainda estivesse lá? E se soubesse o que ela ia fazer, e quando? Mas agora não importava, não poderia detê-la. O bebê não era dele, era de Justin, e ele soubera o tempo todo, mas agora não tinha mais importância, nada mais tinha.

- Margaret, ele...? – Não sabia direito o que dizer.

- Saiu para o escritório às oito e meia. – Os olhos de Margaret estavam marejados de lágrimas. – Srta. Walters, você não vai... Ah, não nos deixe, não vá embora... – Eram as palavras que deviam ter sido ditas por Mike, mas estava bêbado demais a noite passada pra agir segundo os seus temores. Devia ter imaginado que, se fosse dormir e a deixasse se esconder no estúdio, poderia voltar pra casa com uma bela jóia, um pedido de desculpa, uma mentira, e tudo ficaria bem de novo. Não dessa vez.

Marie abraçou Margaret.

- Preciso ir, mas você virá me visitar.

- Verdade? – A mulher parecia arrasada.

Marie sorriu pra ela, por entre as lágrimas. Agora estava chorando por si mesma, não por ele. A campainha da porta tocou enquanto estavam terminando a segunda mala. Marie deu um pulo, assustada, e parecia que Margaret ia entrar em pânico, mas Marie desceu correndo a escada e descobriu que era Kim.

- Peguei o maior carro que tinha, parece um barco. – Tentou sorrir, mas viu que Marie não estava com disposição. Estava com olheiras, os cabelos bagunçados e com os olhos vermelhos. – Parece que foi uma noite e tanto.

- O bebê não é dele. – Foi a primeira coisa em que pôde pensar pra dizer, e subitamente estava sorrindo pra Kim. – É do Justin, e eu estou tão feliz.

- Ah, meu Deus! – Kim não sabia se ria ou chorava, mas se sentiu imensamente aliviada. Marie estava livre. – Tem certeza?

- Absoluta.

- E você vai embora?

- Vou, agora.

- Por causa do bebê?

Marie começou a subir as escadas.

- Isso, e todo o resto. Está acabado.

- Vai contar ao Justin? – Mas era uma pergunta boba, sabia que Marie ia contar. Sabia, até ela sacudir a cabeça. – Por que não?

- Pra quê? Pra eu correr da casa de Mike para a dele? Pra ele também cuidar de mim? Eu o deixei, Kim. Voltei pra Mike e nem lhe contei que estava grávida. Que direito eu tenho de ligar pra ele agora?

- Mas você vai ter um filho dele, qual outro direito que precisa?

- Não sei, só sei que não vou procurá-lo.

- Então o que está fazendo? – Kim agarrou o braço dela enquanto subia as escadas.

- Indo embora daqui. Vou achar um apartamento e cuidar de mim mesma.

- Qual é, quer parar de bancar a orgulhosa? Como vai comer?

- Vou pintar, trabalhar, vender as minhas jóias... Você vai ver. Vamos, tenho que terminar lá em cima.

Kim achava que largar Mike era a melhor idéia que Marie já tivera, mas que não ligar pra Justin era uma loucura. Margaret acabara de fazer a última mala, não havia nada no quarto, exceto as coisas que pertenciam a Mike. Levaram 25 minutos pra encher o carro, com Margaret chorando sem parar e Kim carregando todas as malas pesadas. Marie carregou apenas os seus quadros, que eram leves.

- Não mexa nisso! – Gritou Kim para Marie, quando ela ia levantar uma valise. – Você está grávida de cinco meses, sua tola.

Marie sorriu.

- Não, não estou. Provavelmente estou de quatro. – Então, as duas acharam graça. Marie tinha feito as contas de manhãzinha, enquanto limpava os seus pincéis, enrolava-os em jornal e os guardava. Ele lhe dissera que havia ficado grávida no final de junho, quando tinha partido pra Atenas, mas foi provavelmente no fim de julho, quando ela estivera com Justin. Isso também explicava porque o Dr. Jones não tinha ouvido os batimentos cardíacos até um mês depois que achava que devia ouvir, e porque estava tão pequena. E, também, porque ainda se sentia tão cansada. – Ah, meu Deus. – Subitamente ergueu os olhos pra Kim. – Hoje é o Dia de Ação de Graças?

- É.

- Por que não me falou?

- Pensei que soubesse.

- Você não devia ir pra algum lugar?

- Só mais tarde, primeiro, vamos instalar você direitinho. Pode dormir um pouco, e depois vamos nos divertir e jantar peru.

- Age como se estivesse planejando à semanas pra eu ficar. – As duas mulheres trocaram um sorriso enquanto enfiavam o último quadro na parte de trás do carro. – Vou ficar num hotel, sabe? – Falou com firmeza.

- Não, não vai. – Kim estava igualmente firme. – Vai ficar comigo, até estar pronta pra se mudar.

- Falamos sobre isso depois, agora, eu quero voltar lá dentro e verificar tudo.

- Alguma chance de Mike voltar? Afinal, é feriado.

- Não pra ele. – Então, deu um meio sorriso e sacudiu a cabeça. – Ação de Graças não é um feriado francês.

Kim assentiu e entrou no carro enquanto Marie desaparecia dentro da casa. Margaret estava na cozinha, e por um momento, Marie ficou a sós. Ela ficou parada no corredor, fitando a sala de visitas, olhando para os retratos dos ancestrais de Mike. Depois de 5 anos ela ia embora levando quase tão pouco quanto trouxera à sua chegada. Algumas caixas, algumas telas, as suas roupas. As roupas agora eram mais caras, e as jóias a manteriam viva. Os quadros eram melhores, o material de pintura de melhor qualidade, mas tudo ainda cabia num carro. Sentou-se à sua escrivaninha e tirou de uma gaveta um pedaço de papel. Pegou uma caneta, pensou por um momento, depois escreveu apenas umas poucas palavras:

                                                 Eu te amei, Mike.

                                                               Adeus.         

Dobrou a folha de papel, enxugou uma lágrima do rosto com as costas da mão, e deixou o bilhete grudado no espelho do corredor. Quando se virou, viu que Margaret a observava, as lágrimas escorrendo dos olhos. Marie não disse nada, apenas dirigiu-se pra ela, abraçou-a com força por um tempo, e, então, com as lágrimas escorrendo dos próprios olhos, caminhou para a porta. Disse uma só palavra enquanto saía, e disse-a tão baixinho que Margaret mal pôde escutar. Falou meigamente enquanto fechava a porta e sorria:

- Adeus.


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Notas finais do capítulo

Finalmente, hein. Acho que esse foi o capítulo que vocês estavam esperando desde o início da história.
E tá chegando ao fim, gente... Só tem mais 2 capítulos, e então termina. )))):
Mas então, o que acharam? E agora, será que ela não vai mesmo contar ao Justin? Ele precisa saber, não? Me mandem reviews, quero saber o que vocês acham.
Beijos e até a próxima!