Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 24
Capítulo 24




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- O que o médico disse hoje? – Marie já estava na cama quando Mike chegou. – Tudo bem?

- Falou que pra quatro meses, estou muito pequena, mas acha que seja o sistema nervoso e o peso que perdi. Quer que eu volte daqui a duas semanas, pra poder escutar o coração do bebê. – Mas Mike não pareceu preocupado com as notícias. – Como foi seu dia?

- Cansativo, mas temos um novo caso. – Parecia satisfeito.

- Onde?

- Em Amsterdam, mas vou dividi-lo com Jim Sullivan. – Olhou pra ela com um sorriso. – Eu disse que não ia ficar fora o tempo todo, não cumpri a palavra?

- Totalmente. – Ela também sorriu. Á dois meses que Mike estava em casa, e não tinha se mexido. Nem mesmo uma viagem de fim de semana a Paris. Não que aquilo agora tivesse importância. De alguma forma, ela se sentiria aliviada, mas ele lhe dissera que a história com a tal garota tinha acabado. – Mas não tem motivo pra você não aceitar o caso. Quando será o julgamento?

- Provavelmente não até junho, bem depois da chegada do bebê. - O bebê. Ainda não parecia real. Não pra ela, apenas para Mike. – Quer comer alguma coisa? Vou descer. – Olhou pra ela do vão da porta, novamente com aquele sorriso terno. Só no que pensava agora era no filho deles, e no bem-estar dela, relacionado com a criança. Às vezes aquilo a emocionava, geralmente a irritava. Sabia que não tinha nada a ver com ela, tinha a ver com o bebê, com o seu herdeiro.

- O que vai comer, picles e sorvete?

- O que prefere, Marie?  Caviar e champanha?

- Basta umas bolachas.

- Que coisa sem graça, espero que o bebê tenha um gosto melhor.

Voltou dali a alguns minutos, com bolachas pra ela e um sanduíche pra ele.

- Nem morangos, nem pizzas? – Era a primeira vez em meses que ele via o seu senso de humor, porém ela tivera um dia agradável. Depois da sua visita ao médico, foi almoçar com Kim. Kim estava a ajudando a manter a sua sanidade, nesses dias estranhos e solitários. E Marie podia contar-lhe como sentia saudade de Justin, ainda estava esperando que essa dor passasse. Até agora, não dava sinais de querer diminuir.

Mike estava prestes a lhe oferecer uma mordida do seu sanduíche, quando o telefone tocou. Ele pegou o telefone e cruzou o quarto até uma cadeira. Marie voltara a ler o seu livro. A conversa parecia chata, e Mike aborrecido. Depois de algum tempo, ele desligou o telefone com um suspiro, e não notou que Marie o observava.

- Cliente desapontado?

- Nada que eu não possa resolver.

- Existe alguma coisa que você não possa resolver?

Ele sorriu, observando os olhos dela.

- Espero que não.

Estava na cama dali a meia hora; Marie estava acordada ao seu lado.

- Mike?

- Sim?

O quarto estava escuro.

- Algum problema?

- Não, claro que não. Que problema poderia ter?

- Não sei. Aquele telefonema... Será que você devia estar viajando mais do que está? – Mas ela já sabia a resposta.

- Devia, mas posso dar um jeito. Não quero que você fique sozinha.

- Eu ficaria bem.

- Eu sei, mas enquanto eu não tiver que ir, não irei.

- Obrigada. – Era o primeiro pensamento gentil que tinha em relação a ele em meses, e Mike fechou os olhos por um momento enquanto ela tocava as costas da sua mão. Queria abraçá-la, beijá-la, mas não podia mais. Não agora.

- Não se preocupe, Marie, tudo vai dar certo. – Deu-lhe um tapinha na mão e se virou para o canto mais afastado da cama.

                                                   ***

- O que Mike está fazendo hoje?

- Reuniões de negócios, como sempre. – Marie sorriu pra Kim. – Está com clientes da Europa aqui, nunca o vejo. – Era a primeira vez que permitia que Kim a arrastasse pra jantar fora. Marie não ia a parte alguma à meses. Tinham ido ao Trader Vic’s. – É gostoso sair de casa. – E ali ela não tinha medo de se deparar com Justin, sabia que ele detestava lugares como esse.

- Como se sente?

- Nada mal. É difícil acreditar que já estou com quase cinco meses. – Mas, finalmente, estava começando a aparecer uma mínima barriguinha no vestido de seda.

- Quer um chá de bebê? – Perguntou Kim, olhando pra ela com um sorriso.

- Um chá de bebê? – Exclamou Marie, revirando os olhos. – Meu Deus, Kimberly, claro que não! O que vai fazer no Dia de Ação de Graças? Alguma coisa especial?

- Nada demais, vou jantar com uns amigos, e você?

- O de sempre, nada. – Marie deu de ombros. – Mike vai estar trabalhando.

- Quer vir comigo?

- Não, provavelmente vou conseguir arrastá-lo pra jantar fora em algum lugar. Um restaurante ou um hotel não é o que se chamaria de um jantar de Ação de Graças, mas serve. E pelos menos não vamos ter que comer sanduíches de peru durante duas semanas. – Mas, subitamente, pegou-se imaginando o que Justin ia fazer. Talvez iria pra Carmel, ou quem sabe ainda estava no Leste. Não quis perguntar a Kim.

A conversa passou para outros assuntos. Eram 22:30 quando elas finalmente se levantaram, um pouco cansadas, muito cheias, e tendo passado uma noite muito agradável sem nenhuma tensão.

- Posso te convidar pra ir tomar um drinque? – Perguntou Kim, mas não parecia com cara de quem queria prolongar mais a noite. E Marie estava cansada.

- Um outro dia, ainda estou naquela fase em que me sinto cansada o tempo todo.

- Quando é que para o cansaço, se é que para?

- Geralmente aos quatro meses, mas parece estar se arrastando. Estou com quatro e meio, e ainda sinto sono o tempo todo.

- Então aproveite e fique feliz por não trabalhar.

Mas não estava feliz, gostaria de trabalhar, iria lhe dar algo em que pensar, enquanto não pintava. Ainda não conseguia começar o seu trabalho. Algo a detinha cada vez que se sentava em frente às telas, e seus pensamentos se dirigiam para Justin, ou se pegava entrando em pânico quanto ao bebê. Horas se passavam enquanto ela não fazia outra coisa, a não ser ficar sentada. Trouxeram o carro de Kim até a porta, e elas entraram nele.

- Vou ter que desistir de andar de carro com você, daqui a uns meses. – As suas pernas estavam quase encostando no queixo e ela ria, assim como Kim.

- É, acho que você iria ter um trabalhão pra entrar nisso aqui com a barriga enorme. – As duas riram de novo e Kimberly arrancou, virando à esquerda pra sair de Cosmo Place, e depois para a esquerda de novo, até que virou bruscamente à direita na Jones para evitar uma construção que bloqueava a rua. – É melhor passarmos por Nob Hill. – Lançou um olhar a Marie, com um sorriso, e ficaram sentadas juntas, em silêncio.

Marie ansiava pela sua cama. Tinham parado num sinal quando ela os viu. No primeiro momento, se admirou de como aquele homem se parecia com Mike, e depois se deu conta que era ele. Kim olhou vivamente pra ela, depois na direção que estava fitando. Era Mike com uma mulher elegante envolta num magnífico casaco escuro peludo. Estavam abraçados, e ela parecia especialmente linda com os cabelos soltos e cheios, e um vestido vermelho vivo aparecendo pela abertura do casaco. Jogou a cabeça pra trás e riu, e Mike beijou-a na boca. Marie olhava fixamente. Quando a mulher se afastou, Marie viu quem era: a moça do aeroporto, aquela com quem o vira na noite da morte de Madame Duras. Sentiu que todo o ar fora expelido dos seus pulmões, até que teve que ficar arquejando pra respirar. Entraram no carro dele. Marie agarrou o braço de Kimberly.

- Vamos embora, por favor. Não quero que nos veja... Vai pensar... – Virou o rosto da janela, sem querer enxergar mais nada, e como que por reflexo Kim enfiou o pé no acelerador.

O carro sacolejou pra frente, e saíram a toda velocidade, enquanto Marie tentava acalmar a sua cabeça. O que significava aquilo? Por que a moça estava feliz? Era... Ele... Ela... Mas sabia todas as respostas, assim como Kim. Ficaram sentadas 5 minutos, caladas e de olhar fixo, dentro do carrinho vermelho. Foi Kim quem finalmente falou primeiro.

- Marie, eu... Sinto muito. Tem alguma coisa que... Merda! Não sei o que dizer. – Olhou pra Marie. Mesmo na escuridão, estava terrivelmente pálida. – Quer vir pra casa comigo até se acalmar um pouco?

- Sabe o que é muito estranho? – Virou-se pra Kim com aqueles imensos e luminosos olhos verdes. – Estou calma. Sinto como se tudo tivesse parado de repente. Todo o tumulto, confusão, medo e desespero... Acabou, teve fim. – Olhou pela janela para a noite nebulosa e falou com Kim sem se virar de volta. – Acho que sei o que vou fazer.

- O quê? – Kim estava preocupada com a amiga.

- Vou deixá-lo, Kim. – Por um momento, Kimberly não reagiu, apenas fitou Marie. – Não posso viver desse jeito pelo resto da minha vida, e acho que isso já dura anos. Eu o vi com ela em Paris... Na noite em que Madame Duras... Ela veio de Atenas com ele. O mais engraçado é que quando ele voltou em setembro, jurou que tinha terminado.

- Acha que é sério?

- Não sei. Talvez não tenha importância, o problema é que – finalmente voltou os olhos para a amiga – não é o bastante pra mim. Estou sozinha o tempo todo, não compartilhamos nada, e nem compartilharemos essa criança. Ele a tomará de mim. Por que devo ficar com ele? Por dever, por covardia, por algum sentimento maluco de lealdade que arrastei comigo ao longo dos anos? Pra quê? Você o viu hoje, Kim? Parecia feliz. Não tem esse ar comigo à quase 6 anos, e nem tenho mais certeza se algum dia teve. Talvez ela seja boa pra ele, talvez possa dar-lhe algo que nunca tive. Mas seja o que for, é problema dele, eu vou dar o fora.

- Por que não pensa um pouco no assunto? – Disse Kim, suavemente, e olhou pra Marie. – Talvez essa não seja a hora certa, talvez deva esperar até depois do bebê nascer. Quer ficar grávida e sozinha?

- Talvez você não tenha notado... Já estou.

Kim concordou, mas ficou com medo da expressão nos olhos de Marie. Nunca viu ali aquela determinação ardente, antes. Era assustadora. Finalmente, pararam diante da casa dela.

- Quer que eu entre?

Pelo menos sabiam que Mike não estaria em casa, mas Marie sacudiu a cabeça.

- Não, quero ficar sozinha, quero pensar.

- Vai falar com ele hoje?

Ela olhou para Kimberly por um longo tempo antes de responder, e dessa vez Kim viu a dor nos seus olhos. Estava doendo. Em algum cantinho dentro dela, ainda se importava.

- Talvez não, ele pode não vir pra casa.


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Notas finais do capítulo

E aí, como tá sendo o 2012 de vocês? Espero que ótimo.
Onde estavam meus reviews no capítulo anterior? Recebi só 3. Vocês têm noção disso? Não sei quantas leitoras tenho, mais sei que são bastante, e me pergunto: Cadê elas? Vocês parecem fantasmas KKK. Tá, não.
Espero que tenham gostado desse capítulo. E quero meus reviews, hein.
Beijos, até a próxima (: