Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 4
Capítulo 4




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capítulo 4:

 

– É, talvez eu tenha... – Respondi enquanto tentava abrir o boxe. Essa escola é muito velha e os banheiros menos utilizados ainda não foram reformados. Por causa disso, sempre acaba acontecendo de alguma porta emperrar e alguém ficar preso.

 

– Saia logo daí... Eu não posso voltar para a aula sem você, já que estou atrasado por sua causa. Você tem um bilhete da enfermaria, eu não. – Certo, isso explica muita coisa. Realmente não tinha como ele ficar preocupado comigo ou coisa do tipo. Ele veio atrás de mim porque eu tenho que dizer ao professor que ele estava me ajudando.

 

– Eu estou preso! – Constatei depois de tentar abrir a porta pela quinta vez sem sucesso.

 

– Com tanto lugar para você ter uma crise, teve que escolher logo esse? – Disse com a voz um tanto cansada, obviamente irritado.

 

– Foi o lugar vazio mais próximo que eu consegui pensar... – Respondi já desistindo de abrir a porta e abaixando a assento do vazo para usá-lo de cadeira.

 

– É, já deu para perceber que pensar não é o seu forte... – Senti a voz dele ficar cada vez mais distante. Ele estava indo embora? E me deixando sozinho!

 

– Você vai me deixar aqui? – Perguntei desesperado. Ele tinha razão quando disse que meu forte não é pensar, porque na pressa de encontrar um buraco para chorar eu me esqueci completamente de que eu morro de medo desse banheiro.

 

– Vai me dizer que você está com medo? – A voz ainda vinha de mais longe, provavelmente já estava na porta.

 

– Sim... – Murmurei, já segurando o choro que queria descer novamente. Às vezes surpreendo a mim mesmo com minha estupidez.

 

– E o que você quer que eu faça? – Perguntou irritado. Não me surpreende que ele já esteja com raiva de mim. Eu mesmo estou com raiva de mim. – Se afaste da porta. – Disse autoritário.

 

– O que você está pensando em fazer... – Não tive tempo de terminar a frase, pois ouvi um forte baque contra a porta e me encolhi próximo à parede. Logo ouvi outro baque e depois um estalo. A porta estava aberta.

 

– Ai meu ombro... – Gemeu Charlie massageando o local que foi de encontro com a porta.

 

 

– Por que você fez isso? Podia ter matado nós dois! – Respondi me sentando novamente no assento da privada, para me recuperar do susto.

 

– Você é muito mal agradecido, moleque. Já é a segunda vez que eu te salvo hoje, está me devendo. Ou por acaso você queria ter ficado sozinho aqui até o fim do dia quando alguém escutasse os seus gritos? – Perguntou sarcástico.

 

– Não... – Fui obrigado a concordar com ele. – Mas se essa porta estivesse trincada a força do atrito poderia ter causado uma pequena combustão e a porta teria explodido e os nossos restos mortais estariam espalhados no chão e a nossa vida seria contada em algum documentário do Discovery Channel como a de uns garotos da Malásia onde isso já aconteceu... – Completei, disparando a falar.

 

– De onde você tira essas coisas? – Perguntou, não mais irritado, se divertindo com a minha preocupação.

 

– Eu sempre tive insônia, então eu ficava assistindo TV de madrugada... – Quando eu tinha dez anos um médico já achou que eu tinha alguma doença de nome complicado que eu não me lembro, não que eu só tinha uma gripe muito forte mesmo, então eu tomei remédio errado por quase seis meses antes dos exames de sangue mostrarem que ele estava errado. Os remédios tinham muita cafeína, então eu passava noites e mais noites em claro assistindo o Discovery Channel, que era o meu único canal na época, já que eu tinha deletado sem querer todos os outros pelo controle remoto. Mesmo depois de parar de tomar os remédios ainda fiquei um bom tempo acordando às três da manhã, pelo hábito.

 

Mas certos detalhes não necessitam serem ditos em voz alta, principalmente quanto se quer manter uma imagem. Isso se eu ainda tiver alguma imagem para manter.

 

– Acho melhor nem perguntar o resto da história... – Graças a Deus que ele disse isso, se não eu não ia agüentar e ia falar besteira de novo. – Agora é a aula do Joseph, não é? – Perguntou pensativo, mudando de assunto.

 

-É. – Joseph é o professor mais antigo e mais chato da escola. Ele não chega a ser velho, deve ter uns trinta anos, porém, tirando o diretor (que está nos atormentando desde a pré-história) quase todo ano trocam os funcionários, então trabalhar aqui há cinco anos pode ser considerado muito.

 

 Até que ele é bonito, mas é difícil reparar em seus olhos azuis, já que está sempre carrancudo. Chegar atrasado na aula dele é cometer suicídio!

 

– Acho melhor a gente esperar pelo Erick... – Constatou Charlie, enquanto se sentava na pia.

 

Erick é o extremo contrário de Joseph. Ele só dá aula aqui há dois meses, desde que a antiga professora de biologia se aposentou, mas não existe nenhum aluno que não o conheça ou que não o ame. Isso devido ao fato de ser a maior biba assumida que qualquer um já tenha visto. No primeiro dia ele estava com uma blusa azul-bebê escrito “Sweet Angel” em glitter. No segundo ele estava com um óculos de armação rosa com brilhantes. E assim por diante.

 

No começo ele era muito zoado, mas depois todos chegaram à mesma conclusão: Tinha que ser muito macho para andar daquele jeito em público e com o nariz arrebitado. E realmente ele ficava bem daquele jeito, isso ninguém podia negar.

 

– Mesmo o Erick não é tão legal assim. Nós vamos levar no mínimo uma suspensão... – Disse preocupado. Já havia reparado que se tinha passado duas aulas e faltava pouco para acabar a terceira, mas ainda não tinha pensado no que aquilo significava. Matar aula no telhado é uma coisa, lá não tem ninguém, mas matar aula no banheiro é outra bem diferente. É a pior burrada que alguém pode cometer. Se bem que, se tratando de mim, já era o esperado.

 

– Isso se nos pegarem. – O sorrido sádico que se formou em seus lábios eu nem sei como descrever. Mas uma coisa eu sabia: Estava ferrado.

 

 

Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Oie gente, eu queria pedir para vocês lerem a minha outra fic que é em parceria com minha miga Isah, "Dando uma de Robert".