Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 2
Capítulo 2




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capítulo 2:

 

– Eu não acredito! – Repeti pela enésima vez naquele dia.

 

– De qualquer jeito, eu não vou. Você sabe muito bem que eu não gosto daquela turma. – Respondeu também pela enésima vez naquele dia.

 

– Claro que você vai! Eu preciso que você seja meu espião e me conte depois tudo que aconteceu! – Depois que a aula acabou fomos ao telhado da escola conversar. Max não gosta muito daquele lugar, lá tem um quilo de poeira por milímetro quadrado e ele é alérgico, mas eu sempre venho aqui para pensar e acabo arrastando ele junto. Acho que eu sou o único que suporta esse local.

 

– Mas você não precisa ficar assim tão desanimado querendo que eu te conte como foi depois, ela pode acabar de convidando mais tarde, não pode? – Disse ele tentando me animar.

 

– Não pode não, eu sou estranho. – Respondi como se aquilo já não fosse obvio o suficiente. – E está tão na cara assim que eu estou deprimido com alguma coisa?

 

– Claro! Você não fez nada de extremamente constrangedor desde hoje pela manhã. – Nesse momento eu senti vontade de enfiar a minha própria cabaça na privada e dar descarga. Até o meu melhor amigo me acha idiota! Ta certo que eu realmente sou idiota, mas ouvir outra pessoa além de mim mesmo falando isso meio que é um balde de água fria muito grande. Faz isso parecer algo bem maior do que é de verdade. Ou talvez seja algo bem maior mesmo, apesar de eu nunca tinha percebido.

 

– Está vendo? É esse o meu problema! Ela me acha um idiota! – Falei com uma voz o mais próxima da séria que eu consegui. Só um idiota que nem eu, para querer rir da própria desgraça.

 

– Ela não te acha idiota, você é idiota! – Senti novamente aquela pontada estranha no peito.

 

– É... Se eu fosse mais parecido com o Charlie... – Até hoje o Max foi um dos meus únicos amigos de verdade, isso ainda porque sempre que nós brigávamos, eu ia correndo atrás dele pedir desculpas, para não ficar sozinho. Já o Charlie, tem a escola inteira lambendo o chão que ele passa, poderia ser amigo de qualquer um, mas mesmo assim está sempre sozinho. Eu não consigo entender isso de jeito nenhum.

 

– Nem pensar! Aquele cara é muito frio. Não tem nada a ver com você! Só de vê-lo eu sinto calafrios! – Disse Max enquanto abraçava o próprio corpo e fingia estar tremendo.

 

– Já me decidi! Em 30 dias eu tenho que deixar de ser idiota, ser convidado para a festa da Zoey e fazê-la gostar de mim! – Falei com muita convicção. Isso é uma promessa para mim mesmo!

 

Eu não sei se já mencionei, mas eu sou o maior cabeça dura da galáxia. Da ultima vez que cismei com alguma coisa – nesse caso aprender a tocar violino – só desisti quando a escola de música da cidade conseguiu uma liminar na justiça para eu me manter a pelo menos 10 metros do prédio. Mas isso já é outra história e é melhor eu não me desviar do meu foco.

 

– Okay, se você acha isso mesmo, não sou eu que vou te impedir. Só não reclame depois quando eu começar a chamar outra pessoa para o nosso ritual secreto de beber um copo de coca-cola sem gás misturada com xarope para tosse sabor morango antes de todas as provas!

 

– Não vale! Nós fazemos isso desde a oitava série! – Respondi indignado com a provocação.

 

-É, mas você não quer fazer nada idiota... Isso parece um pouco idiota... Não posso fazer nada...  – Continuou ele.

 

– Para isso eu posso abrir uma exceção! – Respondi rindo. Mas quando vi o sorriso que se abriu no rosto de Max, percebi aonde ele queria chegar com aquilo. Se for assim que ele quer jogar então é assim que vamos jogar. – Pensando bem... Acho que vou ter que desistir do ritual também... – Na mesma hora o sorriso dele deu lugar a uma expressão séria que eu nunca tinha pensado ver no rosto de meu amigo.

 

Acho que é porque isso era a prova de que eu estava falando sério. Não é fácil assim deixar de lado algo que você faz há anos. Provavelmente até esse momento, ele não acreditava que eu realmente ia seguir com essa idéia adiante.

 

– Tudo bem, pirralho! Mas vamos embora logo que está ficando tarde eu não quero perder o ônibus de novo por sua causa! Sabia que o próximo é só daqui à uma hora? – Falou Max voltando ao normal e fingindo indignação.

 

– Pirralho nada! Eu só sou cinco centímetros mais baixo do que você! – Respondi pegando minha mochila e indo em direção à porta, sendo seguido por Max.

 

– Posso almoçar na sua casa hoje? Eu sei que segunda é dia de macarronada especial da tia Érika... – Disse, lambendo os lábios e passando a mão na barriga de maneira cômica.

 

Aquele aproveitador! Estávamos conversando coisas sérias a menos de um minuto e ele já está tentando filar minha comida... Mas acho que eu o entendo, afinal, minha mãe definitivamente não sabe cozinhar, então segunda feira é o único dia da semana que ela se arrisca em ir para o fogão. No resto da semana eu e minhas irmãs temos que nos virar.

 

Ta certo que mesmo nas segundas ela não faz grande coisa, sempre é macarão. Ela começou com isso só porque eu odiava maçarão, então ela deu um jeito de me fazer gostar. Levou meses até minha querida mãe encontrar um modo de me fazer comer. Se estiver em marte, faça como os marcianos! Era esse o ditado? Se não for esqueçam... Mas de qualquer jeito, o macarão que ela inventou tem uma aparência estranha, um cheiro duvidoso e ingredientes até hoje desconhecidos, como tudo que eu mesmo cozinho. Mas deu certo. O que ela cozinhava antes parecia bom, mas tinha gosto de protetor solar (não perguntem como eu sei que gosto tem protetor solar!), já o macarão, apesar de parecer nojento, é muito bom!

 

Certo, acho que eu vou bater com a minha cabeça na parede até entrar em coma. Pelo menos já sei por onde vou começar para deixar de ser idiota: Nunca mais começar a divagar no meio do nada sobre macarão.

 

– Ei, terra para Jesse! Jesse responda! – Foi aí que eu percebi o Max parado na minha frente passando a mão na frente da minha cara tentando me acordar.

 

– Eu to bem, vamos logo! – Respondi e continuei a descer a escada, agora pulando de dois em dois degraus.

 

– Pelo visto eu me preocupei à toa, você continua o mesmo de sempre. – E eu não precisei me virar para ver que ele estava sorrindo.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo! o/
Obrigada pelas reviews, me animaram muito!