Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 4
Capítulo Quatro




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Como sempre, Draco não gostava de atrasos e prezava a pontualidade, deste modo, exatamente ao meio dia e meia ele estava estacionado na frente do prédio de Hermione. Pôde vê-la pela janela do apartamento, o prédio era baixo e Hermione morava em um dos primeiros andares, não era difícil vê-la. Buzinou e ficou olhando quando ela se afastava da janela, não demorou e ela se encontrava sentada ao seu lado, desta vez parecendo muito mais confortável que na primeira vez que andara com ele.

Isso se devia ao fato dela não ter mais o que esconder, não queria que Draco lhe desse caronas, nem que soubesse onde morava, mas ele já havia feito isso e não havia como mudar.

- Então você vai dizer o que queria conversar comigo? – ela perguntou olhando-o ansiosa.

- Não sabia que você era tão curiosa – ele riu concentrado na direção, mas pela visão periférica podia vê-la muito bem. E ela estava linda, ao jeito dela, linda.

- Eu não sou – Hermione se apressou em falar. De fato não era, mas algo no modo como Draco dissera que era importante o que tinham para conversar, até no modo como ele a olhava de lado naquele instante lhe dizia que havia algo realmente significativo a ser considerado.

Além do mais, ela odiava esperar.

- Então você vai falar ou não? – ela perguntou depois de alguns minutos de silêncio.

- Quando chegarmos, nós conversamos – ele respondeu e ela se ajeitou em seu lugar, já havia percebido que quando Draco dizia algo, tinha de ser do jeito dela. E por mais que odiasse isso, não havia nada que pudesse fazer.

Ele entrou em um prédio muito elegante, mas isso não surpreendia Hermione, afinal ele tinha dinheiro, então o mínimo era morar em um lugar muito bom. O caminho até o elevador foi em silêncio, e a subida até a cobertura não foi diferente, o que só despertava a curiosidade da castanha, que estava a todo momento observando-o, buscando por algum gesto que delatasse o que Draco tinha em mente, mas ele era neutro.

- Droga – Hermione xingou baixo, esperando que ele não ouvisse. Ele era bom mesmo em disfarçar qualquer emoção.

O apartamento era bem mobiliado, meio neutro como ela já imaginava, havia poucos objetos de decoração, mas era um ótimo apartamento. Imaginava que a vista deveria ser ótima, ainda mais naquela cidade de poucos prédios, e todos baixos, certamente Draco morava no maior e mais alto deles.

- Foi meu apartamento no tempo da faculdade – ele comentou vendo como ela observava cada canto. – Achei que seria melhor conversarmos aqui, se não se importa – ele sabia que o que tinha a propor não era fácil de ser digerido, muito menos de ser aceito, e preferia evitar que Hermione surtasse ou fizesse algum escândalo estando eles em algum lugar público. Isso só prejudicaria as coisas.

- É um belo apartamento – ela elogiou e ele assentiu, sabia que era. Havia investido para que fosse assim. – É uma amiga sua? – Hermione perguntou olhando para o porta retrato preto que se encontrava sobre um balcão. Era um dos poucos que havia no apartamento, na foto estavam ele e Annelise.

- É minha Irmã – ele respondeu com um sorriso cínico, deixando claro a ela que havia entendido qual a suposição que Hermione havia feito.

E não poderia culpá-la. Sendo Annelise tão loira quanto ele, mas de olhos claros, um rosto delicado e sempre sorridente, não poderia se considerar mais diferente de sua irmã, tendo ele um cabelo platinado, ainda mais claro que o de Annelise, os olhos de um tom cinza muito incomum e o semblante sempre sério, Draco não era constantemente visto sorrindo, e preferia que fosse assim. Mesmo que se passasse por frio, era melhor do que ser julgado fraco por aqueles que logo seriam seus companheiros no parlamento, e ele bem sabia que de críticas eles estavam cheios, não precisava acrescentar mais um motivo a lista.

- Desculpe – ela respondeu com a bochecha corada.

Ele andou para a sacada, que era muito espaçosa e onde havia uma mesa posta para duas pessoas.

- Sente-se – ele puxou a cadeira para que ela ficasse confortável, com um sorriso tímido Hermione se sentou, e tinha de confessar que nunca havia se sentido tão tímida na vida.

Dali podia ver mesmo toda a cidade, e um pouco mais além, observando os campos verdes que cercavam a cidade, e a longa estrada que dava em direção a Londres. E também, um pouco mais para o lado, podia ver o enorme campus que se estendia da Universidade de Cambridge. Observá-lo fez com que sentisse mais uma vez derrotada, precisaria de pelo menos mais uns três anos para conseguir bancar os primeiros custos da faculdade, o que não lhe dava garantia nenhuma de que aguentaria até o final.

Logo maneou a cabeça decidida a não deixá-lo perceber como Cambridge a afetava.

Mas ele percebeu, e ver como Hermione olhava com tanta admiração para o grande campus e o prédio principal da Universidade que se erguia de forma imponente, fez Draco ter uma cartada nas mangas. Sabia que ela precisava de dinheiro, e agora estava ficando claro o porquê.

Algo em Cambridge a afetava, e julgando pela idade dela, certamente era o fato de não poder estar lá.

- Pretende ir para Cambridge? – perguntou ele, temendo ter sido muito indelicado, mas sabendo que se não tocasse no assunto logo, a oportunidade desapareceria.

- Um dia – ela respondeu não querendo se prolongar no assunto, era provável que começasse a chorar se tivesse de explicar o porque de não estar cursando a faculdade.

- É muito boa – comentou Draco assentindo. – Cursei direito, e fiz algumas matérias extras de economia e administração – havia certo orgulho em sua voz, que se devia ao mérito de conseguir se formar em Cambridge.

Nunca havia sido um bom aluno, e seu pai parecia desapontado com ele quando o ensino médio acabara. Mas no dia de sua formatura, vendo o desgosto no rosto dos pais pelas notas que havia tirado, naquele dia Draco jurou que iria para Cambridge e que seus pais iriam se orgulhar. E havia sido exatamente assim, ele se formara com méritos, méritos esses que pretendia fazer os homens do parlamento engolirem cada vez que o desrespeitassem por sua falta de idade e experiência.

A faculdade havia sido a primeira coisa que Draco fizera por si próprio, e a sensação de orgulho próprio que sentira ao se formar não seria substituída tão cedo.

- Pretendo fazer direito – Draco a ouviu dizer, fazendo-o sair de seus devaneios. – Mas tive que adiar por um tempo... – ali estava a certeza que ele vinha buscando. – A vista daqui é muito bonita – comentou ela, buscando mudar de assunto.

- Realmente Draco concordou parado ao seu lado, se virou apenas um pouco, apontando na direção que ela olhava. – Dá inclusive para ver a minha casa daqui – ele riu, não pretendia ficar se exibindo para ela, mas também não esconderia as coisas. – Digo, a casa dos meus pais.

Ele apontou para um vasto terreno além das estradas que levavam a caminho de Londres, podia-se vagamente ver que a uma longa distância um grande casa, na espécie de um castelo, se erguia.

- Ela sempre foi um pouco exagerada em relação ao tamanho da casa – ele deu de ombros e se sentou em sua cadeira, de frente para Hermione. Com descaso apoiou os braços sobre a mesa e se pôs a observá-la.

Naquele dia ela estava mais maquiada que de todas as vezes em que a vira, mas ainda assim, era uma maquiagem leve que a deixava com o rosto mais iluminado e tinha um aspecto natural, nada exagerado como Pansy costumava usar. O cabelo ondulado caia sobre os ombros e sua roupa era bonita, modelava seu corpo sem parecer vulgar. E ela usava calças, pensou Draco com um riso divertido. Não conseguia nem se lembrar da última vez em que saíra com alguma mulher que usasse algo mais comprido que um palmo.

Ela era realmente diferente de todas as outras... E observá-la deste modo o fez pensar, até acreditar, que poderia dar certo.

- Você tem mais irmãos? – perguntou ela o observando com minúcia. Qualquer pergunta era melhor que o silêncio, e de verdade se sentia intrigada, e de certo modo até atraída para o mistério que parecia ser a vida de Draco Malfoy.

Havia pesquisado sobre ele, era inegável, mas em cada reportagem que via só havia artigos promíscuos vinculando-o a outras mulheres, mulheres essas de todas as idades e de todos os lugares. Esse fora um dos principais motivos para deixá-la tão ansiosa, e ao mesmo tempo amedrontada, sobre o tal almoço que ele lhe convidara. As reportagens mostravam um homem que nem de longe fazia seu tipo, e que ela certamente não faria o tipo também. E depois de se pegar atraída por ele, constatar que não fazia seu tipo havia de certo modo doído.

Mas então ali estava ela em seu apartamento, que mesmo bem decorado não possuía traços femininos, não havia indícios de que estivera ali com várias mulheres como as reportagens mostravam. E fazer essa nova constatação lhe deu esperanças – para o que exatamente ela não saberia dizer, mas podia afirmar que a fez se sentir mais segura sobre estar ali.

- Meu pai bem que gostaria – ponderou ele com certo pesar – mas não, somos só eu e Annelise.

- Pelo menos você teve uma irmã – comentou Hermione sem nem pensar. Era algo que sempre havia pedido aos pais, mas nunca haviam atendido esse pedido. – Eu sempre fui só eu – deu de ombros.

- Bom, digamos que eu nem sempre fui um bom filho – ele deu de ombros – então acho que meus pais gostariam que Annelise fosse um homem, tiraria algumas responsabilidades de cima de mim.

Ela havia lido sobre isso também, sabia que a família Malfoy fazia parte do parlamento britânico, e que Draco seria o próximo a assumir a posição. Realmente, se tivesse um irmão talvez conseguisse que o outro assumisse o cargo, mas não seria possível.

Com certa surpresa, Hermione observou enquanto alguns poucos empregados serviam o almoço. Não havia visto nem ouvido nenhum deles, e de repente ali estavam lhe servindo. Olhou para Draco, mas para ele isso certamente era algo rotineiro, ser servido, não se preocupar com nada que envolvesse algum trabalho braçal – e ela não havia esperado mesmo que fosse diferente.

A comida cheirava deliciosamente bem, e Hermione se deliciou provando uma comida italiana. Fazia tempo que não comia algo tão bom, principalmente pelo fato de ter sempre que cozinhar, e sua especialidade não era assim tão diversificada. Assim como sua vontade, gostava de fazer pratos rápidos e que baratos, tinha de economizar no que pudesse.

Durante toda a refeição trocaram poucas palavras sobre assuntos aleatórios, fazendo uma irritação crescer nela mesclada com a curiosidade, que estava sempre presente ao se tratar de Draco Malfoy. Afinal ele ainda não dissera o que queria com ela, e isso a estava consumindo.

Um vinho tinto foi servido, e ele bebia tranquilamente deixando claro que o álcool não o afetava – mas é claro que não, pensou Hermione com um suspiro, no primeiro dia que o conhecera ele havia pedido uma vodca que só o cheiro a deixava virada, e nele não tivera efeito. Um vinho não devia lhe fazer nem cócegas... Mas com ela a situação era diferente, se acabasse bebendo mais do que devia, preferia nem imaginar em como acabaria.

Havia se embebedado uma vez e acabara com uma ressaca e um enjôo tão fortes que a fizeram jurar nunca mais repetir a experiência. E certamente ela não iria querer repetir isso estando próxima de Draco – não responderia por seus atos, e isso a fazia ficar ainda mais acanhada.

Uma sobremesa deliciosa foi servida, um pudim que ela adorava, e se deliciou ainda mais ao comer. Mas sempre manteve a pose, comendo em pequenas colheradas, não querendo parecer extasiada – que era exatamente como se sentia.

Quando tudo foi retirado da mesa, Hermione se relaxou um pouco na cadeira e voltou a observá-lo. E ele a observava de volta.

- Está bem – ela disse revirando os olhos depois de alguns minutos de silêncio. Sabia que essa sua ansiedade e curiosidade o divertiam, mas naquele momento não podia evitar. – Diga de uma vez o que quer comigo.

Ele franziu o cenho fazendo de conta que não a entendia. A verdade é que havia passado toda a refeição pensando em como poderia lhe dizer o que pretendia, o plano que havia bolado e que por mais que parecesse simples, envolvia muito mais do que ele gostaria. Envolvia muito mais dela, principalmente, e Draco por um momento temeu que ela não estivesse preparada para tanto.

Por mais que parecesse uma mulher bem resolvida e independente, o modo como se portara durante o almoço, o tilintar de seu salto num tique nervoso e a ansiedade, só mostravam a ele que nesse campo ela não tinha nem um quinto da experiência que ele já havia tido com as mulheres... Isso o fez considerar se não estaria pedindo demais dela. O que era bem provável.

- Como? – ele perguntou afastando um pouco sua cadeira da mesa, recostando-se e estendendo um pouco as pernas, a fim de parecer mais relaxado e despojado, tentando mascarar todo o nervosismo que sentia por dentro.

Ser um Malfoy nesse ponto o ajudava, pois desde novo havia tido de aprender a mascarar suas ações e reações, caso contrário seria massacrado no parlamento. Naquele momento estava sendo muito útil todos os esforços.

- Você realmente me chamou aqui só para eu agradecer por ter me ajudado no pub? – ela perguntou com um tom de desdenho que o fez rir. E a risada dele era o que ela precisava para confirmar. – Além do mais eu andei sabendo da sua reputação, Draco Malfoy – o divertimento na voz dela, mesmo que mascarado, o fez não se sentir alarmado. – Você não perderia várias noites naquele pub sem movimento a troco de nada.

- Realmente – ele riu dando de ombros. Maneou a cabeça fazendo-a rir também. – Eu queria mesmo falar com você sobre um assunto.

- Um assunto? – ela perguntou ficando séria de repente, arqueou uma sobrancelha enquanto o encarava fixamente.

- Isso – ele deu de ombros e se endireitou na cadeira, cruzando as mãos sobre a mesa a procura do melhor modo de falar com ela.

Como dizer o que tinha em mente sem parecer que esteve invadindo a vida dela?

- Na verdade é mais uma proposta – ele completou fazendo-a assentir para que ele prosseguisse. Odiava balbuciar, mas a frase simplesmente não se formava.

- Sobre? – ela questionou com o cenho franzido.

Então aquele era o momento de falar tudo.

- Primeiro – disse ele ficando o mais ereto possível. – Prometa que vai me deixar falar e explicar antes de dizer qualquer coisa...

- Tudo bem – ela concordou mais pela ansiedade que pelo compromisso de não se pronunciar antes do que deveria.

- Então, você sabe que sou um Malfoy e que minha família ocupa um cargo de respeito no parlamento – ele começou fixando o olhar no dela, precisava se concentrar e não balbuciar. – E meu pai não é mais nenhum garoto, na verdade ultimamente ele andou bem doente, passou vários dias ausente do parlamento, agora está de volta e tudo mais, mas sua saúde não está cem por cento, e por não ser mais jovem, a situação se complica. Não é nada complexo demais, só que a vida agitada e estressada estão atingindo ele, tudo que foi acumulado através dos anos está batendo a porta agora, por isso logo devo ser eu a assumir o parlamento, já passei dos vinte um há algum tempo, então não há nada que me impeça legalmente.

Ela assentiu mostrando que estava acompanhando seu raciocínio.

- Mas nos últimos anos eu não fui um filho exemplar, mentira – ele revirou os olhos – fora a minha época de faculdade, e só devido as notas e não ao comportamento, eu nunca fui um filho exemplar; e o parlamento hoje é composto por vários homens mais velhos, alguns mais velhos inclusive que meu pai, e todos de um pensamento fechado e retrogrado, antiquado para a nossa época, mas que comprometem a minha posição – com um suspiro Draco fez uma pausa, tomando um gole de vinho para logo voltar a falar. – E se eu tivesse que assumir o cargo hoje ou amanhã seria uma vergonha para a família Malfoy, por isso eu fui intimado a contornar essa situação e mudar um pouco o meu comportamento.

- Tudo bem – disse ela se esquecendo da promessa e interrompendo antes do tempo. – Mas eu ainda não entendi a onde eu entro nessa história.

- Você prometeu – disse ele com uma sobrancelha arqueada. – Estou chegando lá.

- Ahm – ela ficou sem fala lembrando-se da “promessa”. – Vou ficar quieta – ele assentiu concordando com a ideia.

- Tendo eles um pensamento mais tradicional, certamente envolve compromisso, por isso o melhor meio de remediar essa situação é arranjando alguém para ficar ao meu lado – com os olhos arregalados, Hermione pareceu começar a perceber qual seria o seu ponto nessa história. – Meus pais já tinham alguém em mente, uma moça amiga de minha irmã que foi educada como deveria para assumir o cargo e mais todas as besteiras que eles dizem apreciar – ele bufou visivelmente contrariado. – E posso jurar que tentei, mas não há como se relacionar com essas garotas tão bem educadas que só fazem o que foram ensinadas para fazer – Hermione riu imaginando como seria Draco, sempre tão impositivo, com alguém que aceita tudo. Ele logo estaria entediado. – Eu logo estaria entediado – ela riu vendo-o verbalizar seu pensamento, mas parou rapidamente deixando-o continuar. – Por isso consegui fazer um acordo com os meus pais, tenho algumas semanas para apresentar a eles uma boa mulher que queira ser minha esposa, que não esteja interessada em meu dinheiro... E pelo amor de Deus, que não seja uma dessas garotas educadinhas demais com quem eles vivem querendo que eu me relacione. É nisso que você entra Hermione, eu quero que você aceite se casar comigo.

- E se eu não aceitar? – foi a primeira coisa que veio a mente de Hermione, mas logo ela corrigiu o pensamento. – E por que eu deveria aceitar? Não me leve a mal, Draco Malfoy, e pouco me importa ferir seu orgulho, mas certamente me casar não estava nos planos no momento.

- Acredite, não estavam nos meus também – ele respondeu com um pingo de ironia. – Por mim eu nunca me casaria, mas o parlamento faz questão, além do mais é a minha família – deu de ombros, isso significava tudo. Era a família dele. – E se você não aceitar, ou eu arranjo alguém decente rápido, ou vou ter que aceitar me casar com Pansy Parkinson – revirou os olhos em puro desgosto, gesto que não passou despercebido a Hermione.

- Tão ruim assim? – ela perguntou se sentindo mortificada.

Mas logo endireitou a postura e voltou a encará-lo. Essa não era a Hermione independente e decidida que deixara a casa dos pais para trás para tentar se ajeitar e ir a faculdade. Estava falando apenas como as mocinhas de contos de fadas que sempre sonhara em ser, como se Draco Malfoy fosse seu príncipe encantado.

Mas Draco poderia até ser um príncipe, mas não havia nada de encantado nisso. Pelo contrário, a situação parecia muito desagradável.

- E não pense que é a troco de nada – disse ele a encarando, o modo como falava era como se estivessem prestes a firmar um contrato. Que de certo modo era exatamente o que significava. – E o casamento também não teria que ser muito longo, apenas dois ou três anos, só o tempo necessário para melhorar a imagem da família Malfoy dentro do parlamento. Alguns eventos e ajustes podem dar conta disso – ela assentiu sem saber porque o fazia, estava perdida. – Não me leve a mal, mas foi depois de conhecer você que me surgiu a ideia, naquela noite no pub, na primeira noite em que entrei lá, havia acabado de receber a notícia de que minha nomeação para o parlamento deve sair em breve, esse ano provavelmente. Logo depois da notícia veio todo um sermão sobre responsabilidades e ser um péssimo filho, a vergonha da família Malfoy e blábláblá – ele disse com certo desdenho, como se isso não o incomodasse no mais mínimo. – Então, quando estava indo para a casa dos meus pais, me veio o pensamento de que poderia arrumar alguém, eu fui um orgulho para a família quando estive na faculdade, poderia voltar a agir assim, só precisava de alguém para ficar ao meu lado, e pensar em Pansy Parkinson me fez sentir vontade de vomitar.

Hermione fez uma careta, mas não o interrompeu.

- Não que ela não seja atraente, mas o jeito dela, o modo como foi ensinada a fazer só o que consta nas regras e tudo mais me deixa doente, é como ficar com alguma boneca ou um robô, sempre a mesma coisa. Então você me veio a mente, foi por isso que continuei voltando ao pub, ao não demonstrar nenhum interesse, o que devo admitir que feriu meu ego – isso a fez gargalhar – eu me dei conta de que não era em mim que você estava interessada, nem em meu sobrenome ou meu patrimônio, isso fez de você a escolha perfeita. Todas as noites eu buscava um motivo para fazê-la aceitar, pensei até em seduzi-la – os olhos arregalados de Hermione lhe disseram o que ela pensava da ideia, e não parecia agradá-la no mais mínimo. – Então hoje você me deu o motivo perfeito, você pode me ajudar e só eu posso ajudar você.

- Ajudar a mim? – ela perguntou com o cenho franzido.

Um arrepio percorreu seu corpo ao pensar no que ele poderia ter em mente. Mas de fato nada do que pensara se assemelhava a proposta que ele lhe fez:

- Eu posso pagar sua faculdade – declarou Draco Malfoy, atingindo-a no seu ponto mais fraco: Cambridge.

Por alguns minutos ela considerou a ideia, sabia que só um milagre poderia fazê-la pagar pela faculdade que tanto queria. E ao pedir um milagre, Draco Malfoy surgiu em sua vida. E aquela realmente era uma chance de ouro, uma chance única que lhe daria tudo que ela sonhava, além do mais o renome da família Malfoy poderiam ajudá-la a conseguir bons contatos. Parecia mesmo um sonho a proposta que ele lhe fazia... Mas ao mesmo tempo ia contra tudo que ela vinha considerando nos últimos meses.

Hermione era atraente, e mesmo que nem sempre se achasse assim, tinha de admitir ter certo charme. Esse mesmo charme já havia conquistado a atenção de outro homem, amigo de seu pai e muito bem dotado financeiramente, mas uma vez ela dissera que conseguiria ir para Cambridge por seu esforço, se seus pais não haviam se preocupado com isso antes, quando podiam, então agora ela daria um jeito de fazer acontecer, e aceitar a proposta de um homem mesquinho e arrogante não estavam inclusas.

Mas naquele momento, olhando para Draco Malfoy, tudo que podia pensar era que ele não possuía nada de desprezível, pelo contrário, ao chegar ali mesmo havia se dado conta de que ele a atraia realmente. Então aceitar essa proposta não seria tão ruim, ele realizaria o seu sonho e ela o ajudaria.

Além do mais, não seria para sempre.

- Não – ela maneou a cabeça e afastou sua cadeira, queria ir embora dali o mais rápido possível.

Mas não chegou nem a sala quando Draco a agarrou pelo braço, puxando-a para que se virasse e o encarasse. Podia ver em seus olhos o misto de surpresa e incerteza.

- Por quê? – ele perguntou puxando-a para mais perto. Precisava se certificar de que ela estaria perto e não iria embora, não sem se explicar.

- Você disse que aceitaria a minha decisão – ela respondeu desviando do olhar dele, não aguentaria ficar olhando-o e lhe dizer não. Ele era atraente demais para resistir, e a proposta era mais atraente ainda.

- Eu não disse que não aceito – ele respondeu. – Só quero saber o por que da sua decisão.

- Eu tenho princípios Draco, quando sai de casa disse que iria pagar a faculdade dos meus sonhos com o meu trabalho, pode levar anos, mas foi uma promessa que eu fiz a mim mesma e que pretendo cumprir. Além do mais todos esses anos eu vi que casamentos não funcionam, e eu definitivamente não nasci para depender de um homem, muito menos de alguém como você – ela apontou.

- Como eu? – ele perguntou com uma sobrancelha arqueada, sentia-se ofendido.

- Não me leve a mal, Draco, mas não sou o tipo de mulher que você iria querer. Sou teimosa, independente e cabeça dura, exatamente o tipo de mulher que não combinaria com esse seu humor, você disse que aceitaria a minha decisão, mas não a aceita de verdade! Eu não o conheço de verdade, Draco Malfoy, mas conheço homens como você, e eu não lutei pela minha liberdade para acabar presa em um casamento.

- Eu posso lhe dar alguns dias para pensar – Draco ponderou, encarando-a fixamente. – E é exatamente por ser quem você é, que você se torna o tipo perfeito de mulher. Não sou homem de aceitar ter uma mulher subordinada – ele retrucou. – Gosto que me desafiem, que me provoquem, e você, Hermione Granger, tem feito isso desde o primeiro dia que eu a vi – soltando seu braço, Draco lhe sorriu mais uma vez. – Vou ligar para você essa semana, e conversaremos novamente.

Ela não se dignou a responder, sabendo que não havia espaço para isso naquela sentença. Ele iria ligar para ela e encontrá-la, ponto final. Também não se deu tempo para questionar onde ele havia conseguido o seu número, ele era Draco Malfoy, e seu sobrenome era sinônimo de poder. O que Draco queria, ele conseguia... Exceto ela. Ou talvez não.

- Vou esperar você ligar – ela esperaria porque se encontrava tão incerta que sabia que se ele mudasse um ou outro argumento ela logo cederia e lhe diria que sim, aceitava casar com ele.

Vê-la ir embora depois de lhe dizer não por uma questão de princípios só fez Draco ter certeza de que havia escolhido certo. Qualquer outra mulher não perderia a oportunidade de se ver bancada por uma família nobre e poderosa de Londres. Mas não, Hermione Granger tinha seus princípios, seu orgulho próprio e era independente, além de teimosa, e havia lhe dito não.

Assim que a porta bateu se sentiu ofendido por isso, nunca uma mulher diria não a um pedido de casamento seu. Por isso tinha de admitir que Hermione estava certa, ele disse que aceitaria sua decisão porque julgava que ela iria mesmo aceitar. Sabia que não seria fácil, que precisaria argumentar e lhe contar tudo, talvez até mais do que pretendia de início, mas nunca imaginou que a resposta final fosse não.

Era inacreditável, só assim Draco poderia descrever aquele momento.

O final de semana estava chegando, então daria esses poucos dias para que Hermione pensasse e ponderasse sobre a sua proposta, porque ele tinha certeza que a havia abalado ao falar de Cambridge, e na segunda feira voltaria a ligar para ela, e então sim a resposta seria definitiva, não importava qual fosse.


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Notas finais do capítulo

n/a: meu dia de postar, aeww.
então gente, estão gostando? :)
ainda tem bastante coisa pra acontecer, então, se alguém tiver sugestões deixem nos reviews, ok?

beijos e daqui a 15 dias a Dani posta para vocês! :*