Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 27
Capítulo Oito




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Hermione acordou contrariada, queria ficar dormindo um pouco mais. Cinco minutinhos, que fosse. Olhou ao redor, situando-se. Olhou para o lado da cama, estava vazio. Draco havia partido de madrugada, deixando-a dormindo. Sentiu-se só. Agora era assim, ele não estava por perto, sentia-se vazia, algo inexplicável. Jogou o lençol para o lado, foi até o guarda-roupa e suspirou. A quanto tempo não ia ao seu apartamento?

Flash Back.

- Eu ainda não consigo compreender o porquê de você não se mudar para cá de uma vez – disse Draco olhando Hermione escolher uma roupa em uma parte do guarda-roupa que já pertencia a castanha. – Você não tem necessidade de ter aquele apartamento.

- Eu não vou fazer isso, Draco – disse Hermione tirando um conjunto nude e estendendo na cama. – Eu não sei como será o futuro.

- Temos muitos anos pela frente, Hermione...

- Eu não quero correr esse risco – disse decidida, encarando Draco. – Eu não posso correr o risco de um dia você me largar e eu não ter onde cair morta, ou pior, ter que voltar para casa dos meus pais.

- Eu não vou fazer isso – disse enfático.

- Hoje não, mas e amanhã? Eu acho melhor não arriscar... pelo menos por enquanto.

Fim do Flash Back.

Hermione entrou debaixo do chuveiro, e deixou a água cair, sentiu os músculos relaxarem ainda mais. Tomar banho antes de ir para a faculdade a despertava e lhe dava ainda mais energia, apesar de estar sentindo mais sono do que o normal, ultimamente. Culpa dos milhares de trabalhos que tinha que fazer, e dar conta de eventos e mais eventos em que tinha que comparecer com Draco.

- Bom dia, Srta. – a empregada de Draco dava os últimos toques na mesa. – Precisa de mais alguma coisa?

- Obrigada, Maria. Não precisava ter colocado a mesa, eu tomava café na cozinha.

- Fiz questão, Srta. – Maria colocou a mão no bolso do avental e tirou um papel cuidadosamente dobrado. – O Sr. Draco pediu para eu entregar a senhorita.

- Que horas ele saiu?

- Por volta das 4 horas da manhã.

- E o que você fazia acordada esse horário da manhã, Maria? – perguntou Hermione curiosa.

- Eu sai para comprar verduras, legumes e peixes. É o melhor horário para fazer feira.

- Entendo. Então, vá descansar. Não se preocupe comigo, já estou de saída.

                A mulher saiu, deixando Hermione sozinha novamente. Pegou a chave do carro que Draco havia insistido em lhe dar. Não era luxuoso, exatamente como ela fez questão que fosse. Um carro simples e popular, que ela pudesse manter sem pedir dinheiro a Draco.

                Ao entrar no elevador, Hermione tirou a carta que Draco havia deixado com a empregada do bolso. Colocou o papel perto do nariz e pode sentir o cheiro do perfume de Draco. Um suspiro involuntário saiu de sua boca. Estava se tornando medíocre. Ele não a amava, e ela não podia sentir qualquer tipo de coisa por ele, não era questão de poder, era questão de dever. Não deveria sentir NADA por Draco. Com as mãos trêmulas, e um sorriso no rosto, abriu a carta de Draco.

Bom dia, Herms.

Me perdoe por não ter lhe acordado, mas você dormia tão profundamente que me faltou coragem para lhe despertar. Além do que, estava muito frio no horário em que eu acordei.

Fique aqui em casa enquanto eu estiver fora. Aqui é mais seguro, e mais confortável. Ficarei esperando por suas ligações. O melhor horário para conversarmos será entre as 6 e 7 horas da noite.

(Hermione bufou, porque sempre criava esperanças quanto a Draco? O que estava esperando? Que ele lhe fizesse juras de amor através de uma carta? Tolice a sua. Ele estava preocupado em não deixar que ela saísse do apartamento, onde poderia monitorar cada passo que ela desse.)

Você ficará bem aqui, Maria fará tudo o que for necessário. Qualquer problema que aconteça, não pense duas vezes antes de me ligar. Quanto aos paparazzi, tente agir da mesma maneira, sei que você irá conseguir passar por isso. É só tentar manter a calma, e o principal: Não converse com nenhum deles.

Ficarei por algumas semanas fora, há muito trabalho e muitos problemas para serem resolvidos. Tudo é muito mais complexo do que eu poderia imaginar. Espero poder estar em Cambridge logo. Te ligo assim que puder, mantenha seu celular sempre por perto.

Draco.”

                Por um momento pensou em amassar a carta e jogá-la fora. Seu humor andava meio instável nos últimos dias. Talvez a faculdade tivesse influência direta. Se Draco estivesse na sua frente, tinha quase a certeza que poderia estrangulá-lo.

                Ao sair da garagem viu um paparazzi se aproximando com uma câmera fotográfica nas mãos. Malditos. Estavam sempre por todas as partes, tão inoportunos. Colocou os óculos escuros que havia deixado no porta luva no dia anterior. Acenou cortesmente para o homem com a câmera, e acelerou o carro. Deveria tratá-los bem, mas tinha dias em que era quase impossível. Privacidade era algo que ela nunca mais iria ter em sua vida.

                Seu celular começou a tocar incessantemente dentro de sua bolsa. Com um olho no trânsito e outro na bolsa, conseguiu alcançar o aparelho com certa dificuldade. No visor apareceu o número da casa dos seus pais. Fazia alguns meses, desde que não falava com eles. Por opção própria, havia se desligado deles. Depois que começara a “namorar” Draco, as coisas haviam chego a um patamar insustentável.

Enquanto o celular vibrava no colo, Hermione entrou no campus e estacionou o carro na primeira vaga que surgiu a sua frente. Respirou fundo, e colocou o celular nos ouvidos.

- Alô.

- Hermione? – uma voz feminina invadiu os ouvidos de Hermione.

- Sim, sou eu – respondeu enfática.

- Por que você não nos entende mais?

- O que você quer que eu diga, mãe? Que eu, infelizmente, não quero o papai perto dos Malfoy?

- Hermione, seu pai...

- Eu não quero ele por perto mãe. Já tenho fama de golpista por causa dele, não quero que a situação piore, sim?

- Nós só queremos conhecer o seu namorado, Hermione – a voz da mulher chegou trêmula aos ouvidos da castanha. – Você não conseguiu perdoar seu pai ainda?

- Infelizmente não. Olha mãe, eu estou atrasada para entrar na aula... Mais tarde eu te ligo.

- Você não vai me ligar, eu sei disso – respondeu a mulher tristonha. – Mas não podemos continuar assim. Nós somos uma família, minha querida... Apesar de todas as dificuldades.

- Eu entendi. Eu te ligo, mãe. Beijos.

                Olhou por um instante para o celular, e sentiu-se ridícula. Por que punir seus pais daquela maneira? Já estava cursando a faculdade dos seus sonhos, não precisava mais puni-los, mas seu coração ainda tinha mágoa. Algo que não podia compreender. Só queria tempo o suficiente para poder aceitar os erros dos pais. Sentiu-se mal. Havia sido grossa e mal educada com a mãe. Leves batidas a tiraram de seus pensamentos. O cabelo cor de fogo de Ronald Weasley entrou em foco.

- O que estava fazendo ai dentro? – perguntou o ruivo quando Hermione abriu a porta do quarto. – Em que estava pensando?

- Minha mãe me ligou – respondeu Hermione fechando o carro. – Estávamos conversando.

- Achei que vocês não se falavam a algum tempo.

- Como você sabe disso? – questionou Hermione irritada. – Sua irmã já foi abrir a boca pra você?

- Calma, não foi nada disso. – disse Rony alarmado. – Eu ouvi a conversa de vocês algum tempo atrás – admitiu ele. – Está indo pra aula?

- Sim – respondeu mal humorada.

- Não me diga que ficou brava comigo! – disse o ruivo sorrindo. – Vamos, Mione, não seja assim. Não fiz por querer.

- Eu lhe conheço Ronald – disse ela cruzando o braço na frente do corpo enquanto andavam rapidamente pelo campus.

- Largue Draco – disse Rony parando, de supetão na frente da castanha. – Eu vou te fazer tão feliz quanto ele te faz.

- Rony, para, por favor. Já tivemos essa conversa – disse a castanha encarando o ruivo. – Nós somos amigos, Rony. Nos conhecemos a muito tempo, e eu não penso desse jeito em você – disse sincera. – Sei que dói o que eu estou falando, mas não posso deixar que você crie expectativas quanto a nós!

- Hermione...

- Rony, não torne essa situação difícil. Eu não quero perder sua amizade – disse a menina encarando os belos olhos azuis de Rony. – Tente compreender.

- Eu não vou compreender nada. Esse homem não te faz feliz – urrou o ruivo. – Você não percebe que ele não te ama?

- Rony, eu vou embora e peço que você não me siga – disse tentando manter-se calma. – Não quero perder a sua amizade.

                Hermione contornou Rony e seguiu em frente. Hoje não era o seu dia, definitivamente. Primeiro a carta de Draco, depois a ligação de sua mãe, e por ultimo o encontro com Ronald Weasley. Se não fosse tão certinha, teria voltado para o carro e partido em direção as colinas que havia ali perto da cidade. No final das contas, sua vida havia virado uma bagunça. Podia sentir,

                As duas semanas que se passaram foram lentas e entediantes para Hermione. Draco passaria ainda mais uma semana longe, e ela iria ficar ali, em Cambridge para tentar estudar para as provas que começavam a se aproximar. Abriu a porta do apartamento e sentiu-se mais solitária do que nunca. Estar ali sem Draco era terrível. Ligou a TV e tentou prestar atenção. Com alguma sorte, veria alguma reportagem sobre Draco e seus esforços para chegar ao parlamento.

Após meia hora de um programa de fofocas, onde seu nome e o de Draco haviam sido citados ao menos dez vezes, Hermione resolver desligar a TV. Eles eram a grande atração do momento, deixando o novo casal real em segundo plano. Nem os planos do casamento entre Annelise Malfoy e Harry davam tanta notícia quanto o namoro dos dois. Ao levantar-se sentiu uma tontura incômoda, iria marcar um médico assim que possível. Talvez estivesse com algum problema de pressão.

A campainha do elevador tocou, tirando Hermione do caminho da cozinha. Através da câmera pode ver um homem com uma enorme caixa nas mãos, parecia impaciente para entregar a encomenda.

- Boa noite, em que posso ajudar o senhor? – perguntou Hermione através do interfone.

- O senhor Malfoy mandou entregar isso a Srta. Granger – disse o homem mostrando a caixa para a câmera.

                Hermione abriu a porta do elevador, e o homem entregou uma caixa toda furada para a morena.

- Poderia assinar aqui?

- Claro.

                Com a caneta do próprio entregador, Hermione assinou a folha e pegou a caixa.

- Tenha cuidado com a caixa, Srta. – disse o homem antes da porta do elevador fechar.

                Hermione colocou a caixa vermelha em cima da mesa, e abriu o grande laço, que pela câmera do elevador não conseguiu distinguir. Ao abrir a caixa, deparou-se com um lindo filhote de Samoieda. Por várias vezes, Hermione vira aquela raça e quisera comprar, mas o preço sempre fora alto demais, e agora tinha um ali, bem a sua frente. Parecia uma bolinha de neve de tão branquinho e pequenininho que era. Tirou o filhote da caixa e colocou em seu colo.

                Nervosa, procurou um bilhete na caixa, e o achou preso na aba inferior. Era a letra de Draco, não havia duvidas quanto a isso. Com os dedos tremendo, abriu o envelope e tirou a carta.

“Herms,

Estou impossibilitado de sair de Londres, infelizmente. Há muito o que resolver e pouco tempo para isso. Espero não ficar mais muito tempo longe de você. Estou com saudades... e espero que, quando eu chegar, você esteja descansada o suficiente. Não irei largar você tão cedo.

(Hermione sorriu, se Draco estivesse ali, ele certamente já teria apanhado.)

Espero que você goste do presente. Foi difícil escolhê-lo em meio a tantos outros. Mas tenho certeza que é esse! Ele tem o seu olhar, pelo menos eu acho. Não dei um nome a ele... vou deixar que você o faça. Afinal, ele é seu. Um samoieda como você sempre quis!

Não se preocupe com as coisas do cachorro, você irá as encontrar todas na dispensa. Até uma caminha, que eu acredito que já esteja em nosso quarto.

Com Carinho,

D.M”

                Hermione olhou atentamente para o filhote que havia se aninhado em seu colo. Daqui alguns meses não iria conseguir pegá-lo no colo.

- Toy? – chamou Hermione, e o cachorrinho, que tinha um pouco mais de um mês levantou os olhinhos para encarar a nova dona. – Pronto, seu nome vai ser Toy! Espero que Draco goste – Hermione colocou o cachorrinho no chão, que receoso começou a explorar sua nova casa.

                Com o cachorrinho no colo, Hermione saiu a caça das coisas que Draco disse que estavam na casa. Com facilidade encontrou dois potinhos: o da ração e da água. No mesmo canto, estava a comida e um punhado de jornal. Agora restava ensiná-lo a fazer as necessidades no lugar certo.

                Hermione abriu o saco de ração, e o cheiro revirou seu estômago de uma maneira totalmente desagradável. Levaria Toy no veterinário em breve, e pediria para trocar aquela ração. Nenhum animal poderia gostar de uma comida com aquele cheiro. Ainda com o filhote no colo, Hermione carregou os dois potinhos para a área de serviço. A comida e o jornal iriam ficar ali. Voltou a dispensa e pegou o saco de ração, sentindo o estômago dar voltas.

- Toy, que ração mais fedida que arranjaram para você!

                Colocou o cachorrinho no chão e encheu metade do potinho com a ração, e a outra vasilha com água. O cachorrinho logo se pôs a comer a ração, parecia estar com fome. Hermione esperou que o pequeno cão terminasse de comer, para que ele pudesse segui-la. Draco adora surpreendê-la, e aquela fora uma das surpresas mais doces que ele poderia ter feito. Aquele apartamento já não iria parecer tão grande e vazio.

- Vamos Toy, você precisa conhecer a casa – disse Hermione ao cachorrinho. Sorriu ao perceber que o cachorrinho mal sabia andar.

                Olhou para o relógio, era cedo o suficiente para ligar para Gina. Queria contar a novidade sobre o cachorrinho para alguém.

- Gina? Estou atrapalhando alguma coisa? – perguntou Hermione ao notar a voz de Gina. – Eu ligo mais tarde...

- Não seja idiota. Você não me atrapalhou – disse a ruiva. – Aconteceu alguma coisa?

- Eu ganhei um cachorrinho... tem um pouco mais de 1 mês – Hermione sentiu-se envergonhada ao perceber que sua voz havia saído meio estridente.

- Oh meu Deus!! – exclamou Gina do outro lado da linha. – Quero vê-lo.

- Se quiser vir agora...

- Só vou me arrumar e já estou indo.

- Mas e o Harry? – perguntou Hermione meio sem graça. – Vocês sempre têm algo para fazer numa sexta feira a noite.

- Ora, não se preocupe. Harry viajou para a Escócia hoje, pela manhã, foi visitar os pais.

- Se quiser, venha dormir aqui – convidou Hermione alegre. – Draco não está, e vai demorar a voltar. Temos muito o que conversar.

- Me dê meia hora.

- Sem problemas, eu e o Toy estaremos esperando por você.

- Toy? Que lindo... certo, me aguardem! 

                Gina desligou o telefone, e Hermione foi arrumar as coisas. Seria bom ter Gina ali, pelo menos não se sentiria mais sozinha. Foi ao quarto, e com um sorriso no rosto, achou a caminha do cachorro posicionada, de maneira estratégica do seu lado da cama. Com os olhos atentos, Hermione olhava o cachorrinho que parecia ter ânsia de conhecer toda sua nova casa. Sentiu seu celular vibrar no bolso de trás da calça. Um sorriso bobo nasceu em seu rosto ao ler o nome de Draco no visor. 

- Oi...

- Como está o cachorrinho? – a voz rouca de Draco chegou aos ouvidos de Hermione provocando um arrepio instantâneo.

- O Toy, você quer dizer.

- Toy? Gostei do nome – disse ele. – Vocês dois estão bem? – havia algo na voz de Draco que Hermione não conseguiu decifrar.

- Estamos bem. Ele é lindo, Draco! Eu amei. Muito obrigada!                       

- Agora temos alguém para nos fazer companhia.

- Quando você volta?

- Essa semana, se der tudo certo – disse ele sério. – Quando eu voltar, ficarei por alguns dias aí. Qualquer problema, me ligue.

- Está tudo sobre controle. Esse final de semestre está me matando.

- Quando você menos esperar, estarei por ai para te ajudar – disse Draco sorrindo. – O que você vai fazer hoje a noite?

- Gina virá dormir aqui comigo. Ela quer conhecer o Toy, além do mais, queremos colocar a conversa em dia.

- Tenho que voltar para uma reunião que já dura algumas horas. – sua voz chegou cansada aos ouvidos de Hermione. – Amanhã, pela manhã, eu ligarei para saber como você está, e como o Toy passou a primeira noite.

- Certo. Ficarei esperando então – disse Hermione desanimada. – Boa reunião.

                Draco desligou o telefone sem muita vontade. Andava preocupado com Hermione, ainda mais por saber que algo poderia estar acontecendo sem que ela realmente percebesse. E se ela realmente estivesse esperando um bebê? Como iriam fazer? Deveria ter pensado melhor a respeito, antes de tomar uma atitude. Agora era tarde demais.

- Podemos continuar? – perguntou um homem visivelmente mal humorado ao ver Draco chegar.

- Claro. Onde está o príncipe? – perguntou o loiro olhando pela sala. – Não o vejo aqui.

- Ele ainda não chegou – respondeu o mesmo homem mal humorado.

- Então não podemos continuar – disse Draco ríspido. – Só terminaremos essa reunião com a presença do príncipe.

- Não tem necessidade de o príncipe estar presente – um dos parlamentares mais velhos respondeu para Draco. – Precisamos continuar.

- Pois não iremos continuar enquanto o príncipe não estiver presente. É de sumo interesse que ele esteja presente.

                Burburinhos começaram a correr pelo salão. Estava claro que aqueles homens não queriam a presença do príncipe. Afinal, se ele estivesse de volta, as coisas não andariam como eles queriam. Após alguns minutos de interminável espera, William entrou na sala, parecendo mais cansado do que o normal. Olhou todos os homens, e sentou-se na cadeira que era, por direito, sua.

- Espero não tê-los feito esperar muito – disse o príncipe olhando alguns homens em especial. – Vamos continuar.

                Com um aceno discreto, William agradeceu Draco, que apenas devolveu o gesto. Eram amigos, e aos poucos, estavam retomando a amizade que um dia fora rompida. As horas se arrastaram, e a reunião terminou quando a madrugada já ia alta. De modo displicente, Draco tirou a gravata, e seguiu calado pelos corredores do parlamento.

- Draco.

- Vossa Alteza – Draco cumprimentou William como mandava o protocolo. – Em que posso ser útil?

- Obrigado por segurar a reunião, meu amigo – disse William batendo nas costas do amigo.

- Não precisa agradecer. Posso te ajudar?

- Vá para casa – disse o príncipe sem rodeios. – Vá ver sua noiva. Quanto tempo você não volta para Cambridge?

- Quase um mês. – admitiu Draco, seus olhos brilharam em preocupação.

- Você quer conversar?

- Talvez.

- Vamos tomar um drink, você está precisando, meu caro.

                Ao chegarem no pub, os olhares se voltaram para os dois homens. Não era todos os dias em que se via o príncipe e futuro rei da Inglaterra, e um dos sucessores mais próximos do trono sentados em um bar, no meio de Londres. Sem jeito, uma das garçonetes se aproximou, as mãos tremiam, e os olhos iam de Draco para William na mesma velocidade.

- Nos traga duas cervejas, por favor. – disse Draco.

- Ma... mais alguma coisa?

- Por enquanto é só.

- Então, Draco, o que está acontecendo? – perguntou William ao ver a garçonete sair de perto. – Eu te conheço bem, meu amigo.

- Estou com um problema... um problema não confirmado.

- Então não tem com o que você se preocupar.

                A garçonete se aproximou com uma bandeja na mão com dois enormes copos de cerveja, e Draco não teve como não se lembrar de Hermione. Há muitos meses atrás havia lhe conhecido daquela maneira, em um bar. Era estranho como, em tão pouco tempo, sua vida tinha mudado tanto. Sentiu uma estranha sensação de vazio ao lembrar-se dela. A imagem de seu sorriso, do seu cabelo espalhado no travesseiro o deixou ofegante, e a sensação de solidão intensificou-se de maneira absurda.

- Você não está entendendo William.

- Eu vou entender se você me explicar – disse o homem dando um gole generoso na cerveja.

- Hermione pode estar grávida.

- Isso é um problema. Como isso foi acontecer?

- Bem, você não quer que eu te explique como isso foi acontecer, não? – perguntou Draco tentando parecer bem humorado.

- E o que você pensa em fazer?

- O que eu tinha em mente desde o começo: Me casar com ela.

- Essa criança pode prejudicar sua carreira no Parlamento – disse William cauteloso. – Mas eu posso e vou te ajudar.

- Não conte a ninguém sobre isso, William!

- Não irei contar a ninguém, nem mesmo a Catherine. Ficará entre nós dois.

- Eu não vou admitir um aborto – vociferou Draco.

- E quem pensou em aborto? – perguntou o príncipe indignado. – Se Hermione realmente estiver grávida, nós vamos arrumar o casamento o mais rápido possível. 

- E o que você tem em mente? – perguntou Draco sentindo-se mais calmo.

- Por enquanto nada – admitiu o príncipe. – Só me preocupo por saber quem são seus pais.

- Eles podem me deserdar?

- Quanto a isso fique tranquilo, eles não podem fazer isso. Mas você conhece sua mãe, fará um inferno na vida de vocês dois.

                Draco tomou um generoso gole de cerveja. Será que o tiro iria sair pela culatra? Não, tinha que confiar em si mesmo. Tinha que confiar que havia tomado a atitude certa, e que as coisas iriam tomar o rumo certo. Mas no final de tudo, o que aconteceria com Hermione? O que ela pensaria sobre isso? Ela teria que parar a faculdade para poder cuidar do filho. O que havia feito?

- O que foi, Draco?

- Eu deveria ter sido mais cuidadoso, William – murmurou o loiro. – Fico pensando em como Hermione irá lidar com essa situação, se ela realmente se concretizar.

- Por que não lidaria bem?

- Ela acabou de entrar na faculdade.

                Pior do que pensar, era falar. Pela primeira vez na vida estava sentindo remorso por uma atitude sua, que, para piorar, havia sido cuidadosamente planejada. Quantas vezes havia tomado atitudes para seu próprio beneficio sem pensar se aquilo iria prejudicar outras pessoas? Olhou para William a sua frente, até ele, que julgava ser seu melhor amigo, havia sofrido com seu egocentrismo absurdo.

- Agora é tarde demais para se lamentar, Draco – disse William visivelmente embriagado. – Mas pense assim, será uma bela criança.

- Disso eu tenho certeza – respondeu o loiro sorrindo. – Hermione é uma mulher linda.

- Com certeza. Muito melhor do que qualquer uma daquelas modelos que você já ficou.

- Também não é assim.

- Claro que é assim. Todas elas eram burras como uma porta – o príncipe riu. – Hermione não tem nada de burra, além de ser uma mulher deslumbrante.

Deslumbrante. Aquilo ecoou na cabeça de Draco. Hermione era realmente uma mulher maravilhosa, mas, além disso, Hermione era interessante. E o tinha cativado de uma maneira que ninguém jamais havia conseguido. O pior foi perceber que realmente sentia falta dela. Sentia uma imensa falta de acordar com ela, ao seu lado, de tomar café da manhã com ela, de pegá-la na faculdade... de discutir com ela por qualquer besteira.

- E o solteiro mais cobiçado da Inglaterra foi definitivamente fisgado – disse William como quem narra um jogo de futebol. – Isso é muito engraçado.

- Eu vou te levar pra casa – disse Draco mudando de assunto. – Vou pagar a conta e já volto.

- Está com medo de admitir que está apaixonado por ela, Sr. Malfoy?

                Draco arregalou seus enormes olhos cinza ao escutar aquelas palavras saírem da boca do homem a sua frente. Soou tão natural que aquilo o pegou desprevenido. Aquilo não poderia estar acontecendo. Era certo que havia se apegado a Hermione, a convivência havia causado isso, mas paixão? Não, aquilo estava fora de cogitação. Apaixonar-se por alguém era perigoso demais, e apaixonar-se por alguém como Hermione requeria todo cuidado, ainda mais, numa situação como a deles.

- Vou pagar a conta – disse Draco sorvendo o último gole da cerveja. – Me espere aqui.

                Algum tempo depois, Draco finalmente conseguiu entrar pelos portões do fundo do Palácio sem despertar muita atenção. William estava largado ao seu lado, no banco do passageiro. Queria ver como iria levá-lo para dentro.

- Sir Malfoy – um dos guardas do palácio bateu no vidro do carro. – Precisa de ajuda?

- Com certeza – disse o loiro, saindo do carro. – Preciso que você leve o príncipe para dentro. Eu não vou poder levá-lo.

- Irei levá-lo com segurança. Não se preocupe. – disse o guarda.

- Draco – disse William mole. – Se quiser, pegue o meu carro, você chegará lá mais rápido.

- Vou pensar – disse Draco enquanto jogava o peso de William para os ombros do guarda. – Espero que você não tenha uma ressaca muito grande amanhã – disse o loiro rindo.

- Já me conformei, vou acordar com uma ressaca terrível – disse o príncipe rindo. – Quem não vai gostar muito é a Kate.

- Boa noite, William - disse Draco rindo.

Ao entrar no carro, Draco parou por um momento para pensar no que William havia dito. Não precisava do carro de William, poderia muito bem ir dirigindo o seu. Acelerou e rapidamente, estava pegando a estrada. Com alguma sorte, chegaria a tempo de levar Hermione para almoçar. 


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Notas finais do capítulo

n/a: já devem estar pensando "lá vem ela com historinhas de novo", sei que parece sacanagem, mas o mundo conspira contra. motivo do atraso? meu computador estava dando um puta erro por motivo nenhum, aparentemente = passou a semana no técnico ._.
mas agora está de volta o//
não respondi aos reviews ainda, mas já li todos e agradeço, continuem comentando viu? :D
beijos e até o próximo