O dia seguinte foi estranho, meu corpo ainda ardia e meu coração doía, mas esqueci de tudo que vi, caminhando para fora da casa sem nem ao menos tomar café, tinha visto vovó e mamãe paradas conversando na sala de estar, que me olharam curiosas o que ignorei seguindo em frente, precisava respirar.

Peguei meu carro vendo os olhares dos seguranças para mim, um deles em especial. Ignorei a todos e segui para o lugar como planejado, estava tudo praticamente igual, mas a única pessoa que me conhecia realmente apareceu quando corri para abraçá-lo, precisava de apoio e ele era a pessoa perfeita pra isso.

– Daniel. – sussurrei prestes a chorar.

– Conte tudo. – disse ele abraçando-me fortemente – Eu estou aqui, sempre estarei.

Chorando contei tudo a ele, Daniel sempre foi meu irmão e agora que Clara estava longe só ele me sustentava, Daniel Dark era meu irmão de alma e coração. Ficando perplexo com que contei ao longo da conversa, chorei tudo que tinha pra chorar e prometi a mim mesma que nunca mais faria isso por homem algum, só que não esperava que meu coração obedecesse a regras da mente.

Depois de conversar com Dark e reencontrar as meninas escutar todas as novidades voltei pra o Chateau para almoçar, tinha algo estranho estavam armando algo pelas minhas costas e eu não gostava disso. Parecia estar escondendo algo de mim, e diga-se que poderia estar cheirando tramóia no ar. Almocei calmamente visivelmente desconfortável por dentro, seria e controlada por fora, mamãe e Charlotte conversavam animadamente quando Dorian passou de relance pela sala de jantar, seus olhos cravaram em mim, mas ignorei e voltei à atenção para a sobremesa que me deixava sem fome, o celular anunciou uma nova mensagem seguida de outra, nem deu tempo de ler quando começou a tocar anunciando a ligação.

– Sim? – disse levantando sem nada comer – Ô droga!

– Sim, droga mesmo. – riu a outra pessoa na linda – Já era pra você ter me atendido antes.

– Desculpe não sabia que faria isso. – suspirei saindo da mesa vendo a cara dos outros olharem pra mim especulativos – Que faz?

– Nada, pensando em você. – disse sensualmente – Que tal um passeio?

– Agora?

– Nada melhor do que começar com o pé direito essa nova caminhada não acha? – riu de forma brincalhona.

– Onde? – sorri sedutora.

– Tem um parque novo na cidade, que tal algodão doce?

– Claro! – disse alegre, eu amo algodão doce – Vou me trocar e a gente se encontra lá.

– Ok. Estou te esperando. – riu ele desligando.

– Vejo que tem um encontro. – disse Charlotte dando o ar de sua graça – Com quem seria?

– Harry. – sorri olhando o celular – Vou ter um dia doce!

– Então o que espera? Vá se trocar criança divirta-se. – recomendou sorrindo.

Corri escada à cima com rapidez quase caindo no percurso de tanta euforia, faz tempo que não vou a um parque de diversão, e isso melhoraria meu dia.

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Comecei a rir quando saímos do brinquedo, Harry estava branco como papel e parecia que ia desmaiar a qualquer minuto, nunca pensei que um homem como esse tinha pavor de brinquedos, principalmente esse que virava de cabeça pra baixo e dava varias voltas no ar, era tão simples.

– Nunca mais entro em uma coisa dessas. – sussurrou Harry tentando manter o controle.

– Não seja medroso, foi legal. – sorri vendo sua cara se contorcer – Vamos de novo?

– Ficou louca? Quer me matar de vez? – questionou sentando em um banco.

– Quer que alguma coisa?

– Meu orgulho de volta. – disse serio fazendo-me rir sentando ao seu lado.

– Não seja dramático. – sorri beijando seu rosto – Vou pegar meu algodão doce que você me prometeu.

– Você me fez ir a todos os brinquedos do parque, quase me matou agora a pouco e quer algodão doce? O que mais quer? – perguntou abismado.

– Nós não fomos ao barco do amor, e ainda não comi maçã do amor. – comentei levantando – E você tinha prometido o algodão doce.

– Você parece criança às vezes. – comentou levantando e caminhando ao meu lado ainda estava pálido, mas parecia firme, por fora.

– Que bom isso mostra que não estou velha e ranzinza. – sorri puxando-o pela mão – E é bom ser criança novamente.

– Pra você, eu nunca fui a todos esses brinquedos na minha vida, quando era criança brincava na equitação e com os carrinhos de corrida. – sussurrou passando a mão pelo cabelo.

– Eu também sabia? Gostava de brincar como menino, depois que fui gostar de boneca e roupas, Clara que me fez gostar disso. – ri parando em frente ao vendedor de algodão doce – Era mais masculina do que feminina, pensava que boneca era pra fracotes, e carrinhos por fortes.

– Dois um rosa e um azul. – pediu ele tirando o dinheiro e pagando ao vendedor que passou o doce sorrindo pra nós – Obrigada.

– Ate. – sorri acenando pra o senhor enquanto caminhava de volta ao banco – Não acha esquisito eu ter gostado disso?

– Não, eu nunca entendi muito bem, mas as “garotas machas” como assim diziam meus colegas eram mais legais do que eles próprios. – reconheceu pegando minha mão.

– Hoje em dia tenho esse comportamento por causa da época de criança, tipo a garota rebelde e forte. – sorri comendo meu algodão doce – Vem.

– Aonde nós vamos agora?

– No barco do amor! – disse quando ele me abraçou concordando.

Andamos para o ultimo brinquedo do parque, era o lugar onde passávamos por tuneis com corações e muita pegação, pra isso que servia o túnel do amor, pra os namorados se agarrarem lá dentro sem ninguém ver. Sorri quando paramos em frente ao túnel, Harry havia pagado duas voltas só pra garantir, e agora estávamos esperando o carrinho chegar, só que pra nossa surpresa não eram simples pessoas se agarrando quando o carrinho parou na nossa frente, suprimi a risada pra não dizer que queria vomitar por ver uma cena tão escandalosa.

– Daniel Josef Dark! – disse alto prestes a rir.

– Ô droga! – gritou ele afastando-se dela – Eva?

– Não o coelhinho da páscoa! – reclamei vendo Sarah tentar se arrumar – Muito bonito os dois de pouca vergonha em um parque de diversões.

– Ta mamãe, não sabia que a senhora ia vir nos vigiar. – reclamou Sarah ainda corada pela pegação.

– Mamãe é a porra... – comecei quando Harry puxou minha mão – O que?

– Não os recrimine que nós vamos fazer pior. – disse ele deixando-me arrepiada.

– Ô droga! – resmunguei parando de respirar – Saiam os dois daí AGORA!

– Depois eu que sou a piriguete. – sussurrou Sarah saindo do carrinho com a ajuda de Dark.

– Vou fingir que não escutei isso, caso contrario já teria te jogado na água pra você aprender. – disse pra ela quando passei pra subir.

– Eva. – chamou Dark olhando-me serio agora – Você esta bem?

– Claro, nada que um dia no parque pra alegrar uma pessoa. – disse sinceramente.

– Depois que vocês saírem daí venha na sorveteria que tem aqui mesmo no parque, caso queriam ficar com nós o resto da tarde. – recomendou dizendo na verdade pra mais tarde conversarmos melhor.

– Certo, nós vamos mais tarde. – afirmou Harry sentando no brinquedo quando acenamos e o barquinho começou a navegar, virando-se pra mim ele disse rouco e sensual – Nossa vez.

Uou cara! Esqueci que ele tinha uma pegada de deixar qualquer uma sem ar, e, diga-se de passagem, que a ultima coisa que precisávamos era de ar, já que os beijos e sussurros eram eletrizantes nos tuneis escuros, nem víamos os corações e anjinhos com flechas nas paredes, apenas os lábios unidos, as mãos vagando pelos cabelos, cintura, costas e nuca, eram insaciáveis os beijos, as pegadas e as palavras sussurradas ao longo do caminho, e quando o barquinho parou na segunda volta eu estava descabelada, rosada e muito conturbada, ô fogo de Deus!

Depois de nos recompor fomos onde Dark e Sarah estavam, e nada melhor do que o resto da tarde passeando como casais felizes que estamos encontro de casais onde a namorada do meu melhor amigo irmão era a minha pior inimiga, e meu “namorado” o irmão da minha pior inimiga atual, e meu amigo e eu mais irmãos do que antes, umas confusões legais e emocionantes como sempre dizem minha bagunça é organizada, isso esta provado hoje nesse passeio doce.

Quando voltei pra casa horas depois o sol já tinha sumido no horizonte, e meu coração esta tranqüilo, em paz, Harry me fazia bem, e eu gostava desse bem. Sorrindo estacionei o carro na frente do Chateau e dei a chave pra Ackel que me esperava com olhar questionador, não dei à mínima, tirei o celular da bolsa quando ele começou a tocar. Advinha quem ligou?

– Que tal uma balada pra terminar bem à noite? – questionou ele rindo pra mim.

– Claro, por que não? – sorri entrando em casa – Aonde irá me levar príncipe aventureiro?

– Levarei-te nas nuvens. – disse Rich.

Essa noite promete ser eletrizante...