Meu corpo queimava era como se estivessem perfurando minha pele novamente, pesadelo, meu pesadelo real. Aqueles homens rindo de mim enquanto maltratavam minha pele, queimava meu corpo, a dor era insuportável, mas meus gritos não saiam, apenas gemia de dor... Quando meus olhos se abriram para a realidade.

Estava nos braços da minha mãe, ela chorava comigo, meus braços estavam marcados por manchas roxas, meus pulsos com curativos e meu corpo em chamas pela dor das lembranças, apertei ainda mais minha mãe junto a mim, tinha que esquecer o que aconteceu, mas era difícil.

-        Shiiii... Vai ficar tudo bem filha, tudo bem. – acalentou acariciando meu cabelo.

-        Sinto dor, dói mãe. – sussurrei chorando mais – Dói tanto.

-        Vai passar querida, vai passar.

-        Desculpa. – chorei olhando-a com os olhos molhados – Por tudo, desculpe por tudo que eu fiz.

-        Shiiii... Tudo bem pequena, você é minha filha e eu te amo. – beijou minha testa.

-        Eu também te amo, mamãe. – sussurrei fechando os olhos novamente.

Depois disso o tempo passou lentamente, toda noite nessa semana que passou tive meus pesadelos, os mesmo sempre, em todos eu era torturada, maltratada e antes de morrer de dor acordava gritando e chorando, minha vida estava... Morrendo.

Ian sempre estava do meu lado, ajudando no que era possível enquanto ainda estava debilitado, Harry também tentou fazer de tudo para voltar mais cedo de Mônaco, mas o dever de príncipe real fazia com que sua volta atrasasse mais um pouco, Rich ficou afastado apenas visitando de vez em quando parecia que eu havia feito algo de errado pra ele, mas fora ele que estava com a outra há dias antes de Ian e Paul aparecer, eu não estava errada, ele sim.

Agora estava eu sentada no jardim do Chateau esperando o chá da tarde, pensava no que tinha acontecido naquela tarde, nas pessoas que... No que disseram pra mim antes de matarem aqueles que me seqüestraram. Você quer?

Eu queria, mas não podia, nunca poderia eu acho. Voltei minha atenção para Dorian que me observava de longe, seu olhar preocupado podia se avistar ao longe, estar preocupado comigo fazia-me sentir mais feliz.  Senti alguém se aproximar fazendo meu corpo retesar, ficando tensa quando fecharam meus olhos com as mãos, estava prestes a gritar quando escutei sua voz, seu cheiro.

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-        Voltei pra ti. – sussurrou em meu ouvido fazendo-me sorrir.

-        Harry! – disse vendo-o dar a volta e ajoelhar-se a minha frente – Você voltou!

-        Pra ti, sempre pra ti. – beijou meus lábios com carinho – Estive muito longe de ti nesse tempo difícil, peço desculpas.

-        Você não tem culpa, ninguém tem. – sussurrei tocando seu rosto – Que bom que esta aqui.

-        Eu amo você. – disse deixando-me sem palavras.

Sem palavras ele apenas me beijou, tocou meus lábios com carinho, saudade e... Amor. Entreguei-me ao beijo, sentir seu carinho por mim em seus macios lábios, eu gostava dele, não era amor... Ainda. Mas esse sentimento era forte, apaixonante...

Afastamos nossos lábios apenas deixando as testas encostadas, ele era um anjo, meu anjo... Sorri para ele tocando seu rosto com cuidado, eu aprenderia a amá-lo.

Dois dias depois minha viagem estava marcada pra assistir a um torneio da realeza, onde os príncipes e princesas disputavam uma fraternidade, e eu como ainda estava na linha da realeza fui obrigada a ir, arrumei minhas malas à contra gosto, já fazia mais de duas semanas que tudo havia acontecido graças aos céus que os ferimentos tinham sido superficiais e não deixariam marca nos braços nem nas pernas, eu estava nova em folha novamente. Dizem que vaso ruim não quebra, então deve ser difícil de me matar.

Olhei-me no espelho fazia quanto tempo que não ia a uma igreja? Quanto tempo sem me confessar? Era hora de apresentar-me ao padre, o fazer escutar minhas dores e lamentações, confessar meus segredos e medos, esta decidido, eu iria a uma igreja, confessar meus pecados. Acho que era melhor levar uma listinha...

Respirei fundo pisando com o pé direito na grande igreja, ó céus isso era ridículo da minha parte, mesmo assim eu entrei. Era totalmente ornamentada, cheio de anjinhos e santos pra todo lado, uma santidade e tanto, mas não podia criticar eu era católica e como a própria dona Claudia havia dito – Você foi batizada em uma igreja de Deus, servirá a ele como o supremo criador. Pra mim tudo parecia baboseira naquela época, mas agora acho que preciso de Deus antes de tudo, precisava rezar pela minha alma pecadora e fadada ao castigo.

Ajoelhei-me em um banco olhando a imagem de uma santa, se não me engano era Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, um país onde o samba era o som da gente. Agora estava implorando pra esquecer tudo, voltar a ter minha vida normal como adolescente revoltada, mas o que adianta, pode fazer pedidos, mas os santos não podem fazer milagres como voltar ao passado, e eu não podia mais voltar pra minha antiga vida...

-        Moça. – chamou alguém me fazendo olhar-lo – Deseja alguma coisa?

-        Sim padre, preciso me confessar. – sussurrei com os olhos baixos – Preciso muito que me escute.

-        Claro criança, venha. – estendeu sua mão como gesto de conforto.

Eu precisava disso, e ele me entendeu ate o fim. Confessei o que me afligia medos e preocupações, segredos e saudades. Percebia o quanto o padre ficava admirado com meus segredos, que nesses momentos ele sempre arregalava os olhos em espanto, e nos momentos onde contava minhas tristezas ele apenas tocava minha cabeça e dizia palavras de solidariedade e conforto.

Limpei minhas lagrimas recebendo a benção divina estava em paz com o coração, com a alma. Dei o primeiro passo pra fora da igreja, respirando aliviada, era hora de se preparar pra uma grande viajem de princesa.

Caminhei distraidamente para onde havia estacionado meu BMW, não reparei quando era seguida de perto por uma moto preta, quando escutei um assovio fechei a cara, quem era o idiota que estava me perturbando?

-        Eu mereço! – reclamei encarando o filho da mãe – O que você quer?

-        Você. Serve? – riu Rich estacionando a moto.

-        Não. Não serve e larga do meu pé. – chiei brava.

-        O que fazia na igreja? – sorriu curioso.

-        Não te interessa! – esbravejei começando a andar novamente.

-        Não me parece que essa seria uma roupa apropriada para entrar em uma igreja. – riu de novo olhando-me de cima a baixo.

-        Não tem nada de mais na minha roupa. – disse olhando-me também.

Minha roupa não tinha nada de mais, era normal como estava vestida, meu costumeiro gosto por caveiras com certeza estava estampado em meu look de hoje, mas eu vestir com isso não era nenhuma ofensa a Deus, era?

(Look) http://www.bymk.com.br/looks/1739468/dark-sexy

-        Não me perturbe mais. – reclamei abrindo a porta do carro.

-        Isso vai ser impossível Eva, nós vamos nos ver o torneio inteiro. – sorriu colocando a moto do lado do carro, esticando o corpo pro lado encostou-se na minha janela – Nós homens vamos ganhar o campeonato, e aquela fraternidade vai ser nossa.

-        Isso é o que veremos. – desafiei arrancando com o carro.