Deitada em minha cama, observando meu quarto tão moderno e peculiar, as imagens me passavam pela cabeça, o dia ensolarado, o policial na porta de casa. Sinto muito, houve um acidente na estrada...
Seu pai estava desviando de um animal... Meus pêsames. As mesmas palavras vagavam pela minha cabeça, seguidas por imagens de mamãe no chão chorando descontroladamente, nunca poder ver o rosto de papai novamente, o caixão fechado descendo pelo buraco, o enterro chuvoso, dias de luto, vidas transformadas...

Uma batida na porta tirou essas imagens de minha cabeça, minha mãe acabara de entrar no quarto, os olhos vermelhos por chorar, acho que não estava contente em me contar toda a verdade, agora o que mais queria era sair e beber todas, mas não podia.

- Posso falar com você? – perguntou ela sentando no divã preto.

- Não tenho escolha. – reclamei encarando-a – Por que mentiu esse tempo todo? Tinha o direito de saber o que aconteceu com papai!

- Não podia contar, entenda foi o melhor para você. – sussurrou abaixando o olhar – Ele desejava deixá-la afastada de tudo.

- Não é o corpo dele que está no cemitério, não é? – gemi baixo – O corpo dele está em Gales, enterrado com os outros reis. Nós enterramos a quem no lugar?

- O caixão está vazio. Achamos melhor você não saber disso ate o momento certo, agora é á hora certa para te dizer toda verdade.

- E que verdade seria essa? Já basta saber que meu pai foi assassinado, que ele era rei, e que agora sou princesa, o que mais tem para abalar minha vida, mais do que já esta abalada? – suspirei pesadamente.

- Precisamos voltar para Gales. – sussurrou mamãe seria – Você precisa ter a educação de uma princesa, viver entre os seus.

- Como? Quer dizer que vou ter que abandonar a escola, meus amigos, minha banda... Minha vida!

- Na Inglaterra é sua vida, lá é o seu lugar. – disse minha mãe levantando-se – Dentro de três dias voltaremos para Gales, você estudara na melhor academia do país, Inglaterra será seu lar de agora em diante, estará preparada para ser a princesa que seu pai sempre sonhou em te ter.

Dizendo isso ela saiu do quarto me deixando abismada com a nova e mais monstruosa descoberta, ir embora. Vesti-me com minha jaqueta tirando o casaco leve sem mangas, abri a janela do segundo andar, a escada colada na parede leste era minha fuga favorita, precisava fugir para pensar, joguei minha bolsa pela janela me equilibrando para fora, desci pela escada coberta pelas plantas e flores pequenas, não dava pra pegar o carro iria fazer muito barulho o jeito era ir de a pé, mas aonde iria? Clara? Não ela estaria no shopping fazendo compras, Dark? Também não, estava em algum bar bebendo e rindo com os outros caras da banda de Erick, Erick! Aquele idiota! Nunca pensaria em ir visitá-lo. Só havia uma coisa a se fazer, o lugar certo para ficar.

O sol estava sumindo e mais tardar até a CIA estaria me procurando, precisava voltar para casa, no caminho de volta encontrei com todos aqueles carros negros, limusines da vovó, droga! O grande homem de terno preto saiu do carro, merda de pingüim carrancudo, Dorian Cales limpou seu terno caminhando até mim.

- Princesa sua avó está a sua procura. – disse ele sério como uma pedra.

- Aposto que está. – reclamei caminhando novamente.

- Venha, vamos levá-la para casa. – caminhou do meu lado, grudado em mim.

- Prefiro caminhar.

- Tenho que levá-la de volta, sua mãe está a sua procura. – grudou de novo.

- Preciso ficar sozinha. – rugi brava.

- Entre no carro princesa. – ordenou me fazendo virar para encará-lo.

- Cale a boca. – ordenei encarando-o.

- Isso não é um comportamento de uma dama. – me disse olhando profundamente.

- Eva! Eva! – gritou alguém atrás de nós.

- Droga! – sussurrei vendo Erick se aproximar – Vamos logo!

Com rapidez pulei dentro do carro trancando a porta ao passar, deixando Erick para trás, agora não era à hora de discutir um antigo relacionamento, não agora. Acomodei-me no banco tirando a jaqueta e as botas, agora estava com calor, merda. Merda. Merda. Quando deitei na grama, algo me pinicou nas costas, e agora estava doendo muito, levantei a blusa pronta pra tirá-la quando as mãos fortes e grandes do pingüim sem graça segurou minha blusa baixando-a.

-     O que pensa que está fazendo? – perguntou abismado.

-     Deitei na grama e algo me picou nas costas. – reclamei puxando a blusa pra cima, tirando-a – Olhe se tem alguma coisa.

-     Uma... Espinha. – disse ele acariciando minhas costas.

-     Tira logo. – chiei brava.

-     Acalme-se! – reclamou puxando a ponta afiada – Saiu.

-     Droga! Doeu! – gritei pulando longe dele.

Respirei aliviada pegando a blusa de volta, olhei atentamente Dorian, até que ele era gostoso. Os olhos escuros e corpo malhado chamavam atenção de qualquer mulher que o visse sem farda ou sem roupa, afastei esses pensamentos pecaminosos quando a limusine estacionou em frente à casa, terminei de me arrumar entrando na casa, já sabia o que me esperava, e estava certa. Minha avó e mãe estavam paradas junto ao hall me encarando e esperando explicações, explicações essas que não tinha vontade de falar.