N. 3ª Pessoa

Os dois garotos fitavam o homem de barba mal feita que pensava seriamente no que acabaram de dizer.

— Vocês tem alguma prova disso?

— Tenho certeza que se eles tivessem se perdido no mar ou se afogado, vocês os teriam encontrado, pois eu sei que recursos é o que não falta. — Disse Logan.

— E se não encontrassem o corpo deles, acho que teriam encontrado a lancha com facilidade. — Completou Sterling.

— O que vocês estão querendo dizer com isso? Que os dois podem estar vivos?

— É isso mesmo. — Falou Logan.

— Isso é impossível. Nunca que conseguiriam sobreviver mais de um mês perdidos no mar.

Nunca diga nunca. Pensou Sterling se lembrando do seu companheiro de chalé. Jamais desconfiou que aquele nerd era na verdade um cantor mundialmente famoso.

— E se eles não estivessem no mar? — Sterling levantou uma questão importante naquele argumento todo.

— Onde estariam então? — O homem se inclinou na direção dos garotos.

— Eu e o Sterling estávamos pensando muito nisso antes de vir aqui falar com você. — Logan tirou do seu bolso um mapa de bolso, não muito grande, mas com todas as regiões da America. — Estamos aqui certo? — Disse ele colocando o dedo em Baltimore. — E você já notou esses pontinhos pretos? — Ele apontou para pequenos pontos que eram quase invisíveis no mapa, como se fosse pequenos grãos de sujeira. — Percebe que esse pontinho é o mais próximo daqui?

— Então vocês acham que eles estão perdidos em uma ilha?

— Isso mesmo. Vocês já procuraram por lá?

— Não, porque a Julia...

— Esquece a Julia. — Falou Sterling irritado e agora o homem de barba mal feita não os intimidavam mais. — Acabamos de dizer que ela mentiu e você ainda vai continuar seguindo as indicações dela? Você é ou não o comandante destas buscas?

— Eu sou, mas...

— Mas nada... É você que manda e não a Julia. Pensa no que acabamos de falar e vê como nosso argumento é bem melhor do que o dela.

— Vocês têm razão. Hoje mesmo começaremos as buscas.

Estava muito tarde da noite, mas mesmo assim Logan e Sterling não foram embora para ter certeza se as buscas seriam mesmo feitas.

Melanie’s POV

Quando acordei vi David pilotando a lancha. Justin ainda dormia no meu colo, pois o sol ainda nem tinha nascido. Eu não consegui voltar a dormir, meus pensamentos estavam a mil. Ao mesmo tempo eu estava feliz e triste. Era confuso dizer qual dos dois sentimentos se apoderava de mim.

— Não consegue dormir? — Perguntou David sem olhar para mim. Ele não tirou os olhos do mar à sua frente.

Como ele sabia que eu tinha acordado? Nem tinha feito nenhum barulho.

— É.

— Também não, seu namorado ronca muito.

Dei um riso do seu comentário, pois era o contrario, ele é que roncava e não o Justin.

Algum tempo depois eu ouvi um som que não parecia ser da lancha. Algo alto, como um...

— Helicóptero. — Falou David completando o meu pensamento.

— Onde? — Perguntei olhando para o céu e bem mais à frente eu o vi.  — Será que estão à nossa procura?

— Não sei, eles tinham encerrado as buscas quando afirmaram que estavam mortos.

Justin se mexeu em meu colo e abriu os olhos lentamente e se levantou espreguiçando-se.

— Que barulho é esse? — Perguntou sonolento.

— Um helicóptero. — Respondi sorrindo.

— Sério? — Ele sorriu e olhou para o céu e viu o helicóptero vindo em nossa direção.  — Eles nos acharam.

— Vou acelerar a lancha. Estamos chegando na praia. — Disse David.

Do nada eu fui impulsionada para trás e cai quase batendo minha cabeça. Justin caiu em cima de mim rindo.

— Seu gordo.  — Resmunguei.

— E você também não é nada magra. — Disse se levantando e me ajudando a ficar de pé.

— Ta me chamando de gorda? — Perguntei erguendo as sobrancelhas.

— Não, que isso.

— Temos companhia gente. — Gritou David e mais à frente tinha duas lanchas enormes e Jet skis vindo em nossa direção.

David pilotava a lancha muito rápido e eu tive que segurar num apoio para não cair novamente, Justin fez o mesmo. Depois de alguns minutos estávamos bem próximos dos Jet skis.

Eles fizeram sinal para seguirmos em frente e foi o que David fez. Agora passamos por uma das lanchas e eu vi de relance Logan e Sterling. Eles estavam sorrindo.

— São eles! — Logan gritou apontando e eu sorri.

Depois David diminui a velocidade e parou.

— Chegamos. — Falou sorrindo.

Tirei minhas mãos do apoio e me ergui para visualizar melhor a praia do acampamento.

Eu chorei. Não consegui segurar. Só não sabia se chorava de felicidade completa, porque eu ainda estava insegura.

Senti os braços do Justin me envolver e ele também chorava. Nós dois nos abraçamos bem fortes.

Enfim, voltamos.

Saímos da lancha depois de David e Logan e Sterling saíram da lancha em que estavam antes mesmo dela chegar na praia, eles molharam suas calças e vieram andando na água no mar ao nosso encontro.

Eu corri até eles ignorando a água com areia nas minhas pernas.

Abracei primeiro o Sterling que estava mais na frente.

— Eu sabia que estava viva. — Falou ele enquanto me abraçava.

— Pensei que estivessem se esquecido da gente. — Disse chorando mais ainda.

— Nunca nos esquecemos de vocês. — Agora quem disse foi o Logan.

Eu parti meu abraço com Sterling e o abracei.

— Sabíamos o tempo todo. Sentíamos isso.

Olhei para o lado enquanto abraçava o Logan e vi Sterling abraçando o Justin.

— Quem diria que Drew Rebeib seria Justin Bieber. — Falou Logan e Justin sorriu para ele vindo em sua direção abraçá-lo.

Olhei para trás e vi Zac vindo em nossa direção. Ele estava correndo.

— Eles estão vivos! — Disse ele quase gritando.  — Não acredito.

— Pode acreditar. — Falou David. — Você tinha razão filho.

— Agora vocês precisam ir para um hospital. — Falou um dos policiais a nossa volta.

— Hospital? — Perguntei confusa. — Estamos muito bem.

— Fique tranqüila Mel, eles apenas querem ver se estão bem e saudáveis. Afinal, passar mais de um mês perdidos em uma ilha não é qualquer um que sobrevive. — Falou David sorrindo.

N. 3ª Pessoa

— Alô? — Falou Pattie ao atender o telefone. Estava em clima de luto total. Quase não comia e estava cheia de orelhas, seu rosto não era mais o mesmo, ela estava morrendo por dentro. Seu único filho se fora.

— Patricia Mallete?

— Sim, quem fala?

— Aqui é o comandante das buscas. Temos uma noticia sobre o acidente do seu filho.

— Acharam o corpo dele?

— Sim achamos e também o da garota. Na verdade os dois não estão mortos.

— Não? — Perguntou Pattie se levantando num pulo do sofá.

Todos rapidamente a olharam. Todos os dias Jeremy e Erin iam até a casa de Pattie para consolá-la, até porque os dois sofriam muito, principalmente Jeremy. A pequena Jazmyn e o pequeno Jaxon sentiam a tensão na família e não conseguiam fazer nada, a não ser sentar no colo do pai ou da mãe e chorar. Chaz, Chirs, Caitlin e Ryan iam todos os dias também, os quatros sentiam pela perda, principalmente Chaz que se culpava a cada segundo. Selena de vez em quando aparecia, pois estava cheia de trabalho, mas estavam até pensando em cancelar alguns de seus shows por causa da sua falta de disposição. Scooter fazia o máximo que podia para estar presente, mas desde a morte de Justin, todos começaram a pressioná-lo com o trabalho perdido.

— Eles foram encontrados em uma ilha. Estão agora no hospital, sendo medicados. Seu filho não morreu.

— Repete, por favor. — Pattie estava com um sorriso enorme e as lágrimas não parava de cair.

— Seu filho está vivo.

Ela soltou o telefone o deixando cair no chão e olhou para todos na sala que a olhavam confusa.

— O Justin está vivo! — Anunciou quase gritando de felicidade.

— Você tem certeza do que acabou de dizer? — Louse perguntou enquanto segurava firme o telefone.

— Absoluta. Ela está no hospital agora, sã e salva. Sua filha não morreu.

— Graças a Deus. — Ela olhou para seus parentes que a fitavam sentados no sofá.

Desligou o telefone sem nem se despedi. Esqueceu disso, pois agora o que importava era que Melanie estava viva.

— Aconteceu algo? — Perguntou Ashley. Ela ainda estava triste com a morte da amiga que até desistiu da viagem que faria para Las Vegas.

— Melanie está viva pessoal!

Melanie’s POV

Depois dos exames médicos, nada foi constatado no meu e no Justin também. De dentro do hospital podia ouvir a multidão do lá de fora.

— Eles são rápidos. — Disse enquanto espiava pela janela.

— Já me acostumei com isso. — Ouvi a voz do Justin perto de mim.

Estávamos no corredor do hospital, sentados em um dos sofás de couro. Haviam fechado o hospital só para mim e o Justin, ninguém mais entrava e saía daquele local, só funcionários e mesmo assim eram confiscados e tudo mais. Parece que tinha muita gente do lado de fora tentando invadir o hospital e tinha também os pacientes internados que era exceção.

— Sabe, estava me perguntando... Será que vamos ficar juntos? — Disse o olhando.

— Claro que sim, porque não? — Justin disse me abraçando de lado.

— Porque você é famoso e não mora em Nova York e ainda por cima tem namorada, que não sou eu.

— Ser famoso não vai me impedir de te ver muito menos por eu não morar em Nova York, as suas férias ainda não acabaram esqueceu? Ainda falta um mês e alguns dias.

— Eu sei, mas... E a Selena?

— Eu vou terminar com ela.

— Você tem certeza que quer fazer isso? Sabe, eu não gostaria  que meu namorado ficasse perdido com uma garota em uma ilha e depois terminasse comigo pra ficar com a garota.

— Nosso namoro não estava bem, eu ia terminar com ela antes desse incidente.

— Promete que vai ficar comigo?  — Perguntei o abraçando bem forte.

— Eu prometo. — Falou e depois colocou sua mão em meu queixo levantando meu rosto em sua direção.

Selemos nossos lábios dando inicio a um longo beijo. Passava as mãos em seu cabelo como se não quisesse nunca que ele me soltasse. Não era um beijo apaixonado, eu sentia um pouco da insegurança dele e da minha também.

— Eu te amo.  — Dissemos juntos ao mesmo tempo depois de partir o beijo.

Ouvi passos vindo do corredor e depois uma mulher não muito alta de olhos azuis veio correndo na nossa direção. Justin rapidamente se levantou do sofá e correu ao seu encontro.

— Justin!

— Mãe!

Os dois se abraçaram e pareciam nunca mais querer se soltar um do outro. Ambos choravam enquanto sorriam e falavam coisas indecifráveis para mim que estava longe.

Escutei mais passos e vi uma mulher alta e loira dos olhos verdes sorrir para mim.

— Mãe! — Disse quase gritando.

Me levantei rapidamente do sofá e corri ao seu encontro. Ela fez o mesmo.

Assim que a abracei senti uma felicidade enorme em vê-la novamente. Estava chorando junto com ela.

— Pensei que nunca mais a veria. — Disse ainda a abraçando.

— Eu também... Ah filha, como é bom saber que você está viva.

— Eu sei. — Falei e ri.

— Fiquei desesperada quando falaram que havia morrido. Foi um choque para todos.

— JUS! — Ouvi uma voz fina gritar. Uma garotinha passou por mim e minha mãe correndo na direção do Justin.

— Jazmyn. — Justin a pegou no colo e começou a gira-la.

Depois um homem forte passou por nós sorrindo e fui na direção do Justin. Ele foi o único que não correu, mas mesmo assim chorava como todos naquele corredor.

Aquela era a família do Justin. Senti uma pontada de tristeza ao lembrar que não tinha meu pai para me abraçar. Ele morreu muito novo.

— Melanie sua vaca! — Ouvi uma voz conhecida no final do corredor.

— Ashley minha cachorra! — Falei sorrindo e corri para abraçá-la.

Foi hilário. Ela ficou me balançando enquanto me abraçava, quase caímos.

— Nunca mais me faça passar esse susto de novo. — Falou ela dando um tapa no meu braço.

— Nunca mais. — Repeti a abraçando mais uma vez. — É bom vê-la novamente.

— Eai, como é ficar perdida com o Justin Bieber? — Sussurrou ela em meu ouvido.

Limpei minhas lágrimas sorrindo e dei risada da sua pergunta.

— Só você mesmo.