Piratas do Caribe: o Tesouro Maldito. escrita por Milly G


Capítulo 20
A batalha de cada um


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoinhas ~
Me desculpem novamente pela gigantesca demora para atualizar essa fic, mas estou tendo problemas sérios em escrevê-la, ainda mais agora que faltam dois ou três capítulo para o final. Espero que não tenham desistido dela, porque eu também estou me esforçando para finalizá-la. Contei com a ajuda de pessoas realmente perturbadas para escrever esse capítulo, então espero que gostem =)
::ENJOY::



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Escuridão. Não havia mais nada. Independente do quanto abrisse os olhos, não enxergava nada.

      É claro.

      Tocou a venda que cobria seus olhos. Aquilo devia estar horrível. Ela tentava ignorar o medo e a dor enquanto ocupava sua mente pensando no quão difícil seria esconder uma cicatriz como aquela.

      Seus dedos tremiam e todo seu corpo doía. Sua cabeça latejava a ponto de quase não conseguir formar pensamentos coerentes. Ela precisava ter certeza de que aquilo não fora em vão.

- Brooke... – a voz de Catherine saiu rouca e quase inaudível.

       Tentou se levantar, mas o navio balançava bem mais do que o normal, o que a deixou intrigada. Cambaleou até atingir algo que achava ser uma mesa, derrubando algumas coisas no chão. Tremia inteira, queria gritar por ajuda, de qualquer um, mas sua vez estava tão destruída quanto o resto de seu corpo.

      Uma chuva forte havia começado. Por isso o navio balançava tanto.

- Ótima hora para enfrentarmos uma tempestade. – ela bufou, cravando as unhas na mesa de madeira para se equilibrar.

- Catherine?

      A mulher ergueu a cabeça abruptamente ao escutar a voz, com o coração disparado. Alívio. Finalmente, alguma “luz”.

- Brooke? Nós estamos no Pearl, não é? Você está bem? – a loira disparava perguntas, estendendo o braço na tentativa de alcançá-la.

- Catherine, sou eu, Angélica. – a pirata segurou a mão erguida a sua frente, fazendo-a sentar-se novamente na cadeira onde dormia. – Nós estamos no Pearl, e ela está bem.

- Você e os outros também?

      A morena engoliu em seco, lembrando-se da figura ensanguentada de Jack. O pirata recebera os devidos cuidados e não parecia mais correr risco de vida, mas sem dúvida não iria se recuperar tão rapidamente. Não achava a força do capitão realmente significativa, ainda mais com Barbossa estando de posse da espada de Zeref, mas ainda tinha a incômoda sensação de desvantagem.

- Vai ficar tudo bem. – disse ela depois de um tempo, suspirando.

- Jack e Barbossa estão bem?

- Você não está se preocupando demais para alguém que estava contra nós? – ela ergueu uma sobrancelha.

- Angélica, olhe para mim. Eu me coloquei na frente de uma inimiga para protegê-la de uma fera mitológica. Não ficaria um pouquinho indignada em saber que a pessoa se feriu mesmo depois disso?

     A latina observou-a por alguns segundos. Independente dos esforços de Catherine, alguém de fato de ferira. Isso pareceu intensificar a sensação ruim que Angélica estava sentindo já há algum tempo.

- Barbossa está bem. – disse ela por fim, baixinho.

- E Jack? – ela continuou a indagar, sem poder ver o misto de emoções no rosto da pirata.

- Ele... vai ficar bem.

- O que quer dizer? – Catherine apertou o braço de Angélica, aflita.

      Angélica trincou os dentes e esfregou os olhos para afastar as lágrimas que insistiam em surgir. De alguma forma, sentia-se mal por tudo o que havia acontecido. Ela havia perdido o boneco, e mesmo que inicialmente aquilo não fizesse diferença nenhuma para ela, o desespero a tomou quando pensou na ideia de Jack... morrer. Quer dizer, aquele era seu objetivo. Teria sido uma vitória fácil. Mas... talvez não estivesse pronta. Ainda. Certamente não iria desistir de sua vingança.

      Mesmo que, naquele momento, tudo em sua mente se resumia a... remorso.

      A insanidade da tripulação do Black Pearl estava começando a afetá-la.

- Angélica? – Catherine insistiu, apertando seu braço novamente.

      A morena então arregalou os olhos, percebendo que não respondera a pergunta.

- O Jack... – ela procurou pelas palavras certas, mas não sabia exatamente como organizá-las.

      E isso estava preocupando Catherine.

- Ele morreu?!

- Não! – Angélica pulou, rindo nervosamente – É claro que não. É do maldito Sparrow que estamos falando.

- Então onde ele está? Está chovendo, mas mesmo assim eu poderia ouvir seus berros de sempre...

- Ele está na cabine. Brooke está cuidando dele. Aliás, sua protegida não sofreu quase nenhum arranhão.

- Ele está ferido?

- Sim. – ela baixou os olhos. Por minha causa.

      Xingou-se de novo. Não deveria estar se sentindo culpada. Estava na porcaria do Pearl exatamente para isso.

      Seus pensamentos se dissiparam quando Catherine segurou sua mão com força. A venda cobria seus olhos, mas sabia que, se pudesse vê-los como antes, eles estariam opacos. Já a vira fazer isso com Brooke uma vez, e dessa vez não foi menos estranho.

- Há um ódio profundo em você, mas suas ações ainda são incertas, pois não sabe o que fazer com toda essa carga. Há um outro sentimento também... Você é uma pessoa boa, mas ferida. Bastante magoada. Não quer ficar sozinha, por isso agarra-se à lembrança que tem de seu falecido pai...

      Angélica puxou a mão bruscamente, massageando os dedos que estavam esbranquiçados devido à força com que a loira os apertava.

- Já basta, médium. – grunhiu, irritada. – Não se meta assim nos problemas dos outros.

- Está buscando vingança pelos motivos errados, Angélica. Não sei se pude ver direito, mas seu pai... Quem ele é?

- Edward Teach.

- Ah claro – ela pigarreou. – O Barba Negra.

- Ele era meu pai, de qualquer forma! – gritou. – Eu estava disposta a me sacrificar por ele, e Jack estragou tudo! Ele o matou!

- Sim, eu também o vi em suas lembranças. Jack salvou sua vida na Fonte. – Catherine podia sentir a raiva da mulher faiscar. – Angélica... Seu pai não era uma boa pessoa. Alguém pela qual se vale a pena morrer... Diferente de você. Veja, um bom pai nunca deixaria sua filha morrer em seu lugar...

- Não ouse dizer que Jack salvou minha vida. Ele a arruinou. – Angélica deu uma ultima olhada para ela, quase feliz por esta não poder ver seu rosto, antes de se levantar para sair. – A tempestade está piorando. Esta conversa termina aqui.

***

- Jack? – chamou Brooke ao entrar na cabine do capitão, encharcada. – O que está fazendo?

- Trocando... – ele grunhiu, tentando enfaixar o abdome com uma atadura cinzenta. Seu rosto contorcia-se de dor, mostrando que ele não tinha habilidade alguma naquilo.

- Espere. – ela suspirou, puxando uma cadeira para sentar-se ao lado dele. – Eu faço isso.

- Desde quando é médica, Pepper? – ele sorriu, vendo a ruiva tirar rapidamente a atadura mal colocada. O ferimento até que não estava tão ruim, se fosse para levar em conta que fora costurado por um homem com alguns dedos faltando. Sequer sabia o nome dele, mesmo sendo parte da tripulação.

- Tive que aprender a ser. – disse ela em voz baixa, franzindo a testa quando todo o navio sacodiu. Jack estava inquieto com aquilo, mas ambos sabiam que, por hora, não havia nada que ele pudesse fazer. – Quando as coisas... complicaram.

      O pirata a olhou por um momento, esperando que prosseguisse, mas parecia que esta não iria fazê-lo. Achou melhor não insistir.

      Ficaram em silêncio por alguns minutos enquanto Brooke prendia a faixa, com uma expressão neutra, mas seus olhos estavam perdidos. Como se lembrasse de algo muito distante.

- Levaram tudo o que eu tinha. – disse ela de repente, com a voz embargada. – Minha mãe foi morta quando eu era pequena, mas ainda me lembro claramente. Piratas.

      Jack permaneceu quieto, observando o rosto da garota fixamente.

- Nós tínhamos uma taverna em St. Lucius. - continuou. – Aquilo estava sempre cheio, e minha mãe tinha muito trabalho. Eu não me importava com aquilo, era sempre festa, ela me contava tantas histórias sobre piratas, e ouvia algumas até mesmo dos que apareciam por lá. Mas a realidade é que as garçonetes não são mais bem tratadas do que suas amigas meretrizes. As vezes é até pior. – ela respirou fundo e continuou. – Um pirata a matou... por não querer dormir com ele. Cortou sua garganta. – se Brooke fosse o tipo de garota que irrompia em lágrimas na frente dos outros, Jack talvez a teria confortado. Mas ela apenas continuou falando, com os olhos turvos e a expressão endurecida de ódio. – Nunca vou esquecer. Tive que limpar tudo depois, me desfazer do corpo... Sozinha. Meu pai era um bêbado qualquer. Sem dúvida não era melhor do que o homem que a matara. Ele não se importava conosco, ou pelo menos comigo. Ele devia amar muito a minha mãe, pois a dor da perda foi tão insuportável que ele não conseguia olhar para mim. T-tão... Tão insuportável, que ele me vendeu. Eu não pude sequer protestar ou...

      O olhar de Jack a fez perceber que tinha ido longe demais. Apenas calou-se e se certificou de que as ataduras estavam presas adequadamente. 

- Pronto. – ela pigarreou, forçando um sorriso. – Volto para trocá-las depois. Tente não fazer isso sozinho, pode abrir os pontos.

- Pepper. – Jack a chamou antes que pudesse sair, fazendo-a para e olhá-lo sobre o ombro.

      Ele estendeu uma garrafa de rum para a garota, os olhos brilhando com o que ela achou ser... compreensão.

- Essa não é a resposta para seus problemas, mas pelo menos ajuda a suportá-los. – um sorriso surgiu no canto de seus lábios. – Confie em mim, love.

      Brooke retribuiu o sorriso e pegou a garrafa. Jack era orgulhoso demais para dizer o que queria, mas a ruiva entendeu. “Vai ficar tudo bem”, era o que aqueles olhos diziam.

- Está bem, capitão.

      Ela virou a garrafa com gosto, deixando o líquido descer queimando em sua garganta, e seu sorriso durou mais alguns segundos. Só alguns. Não podia sorrir quando o Pearl estava a ponto de ser despedaçado.

      Ondas gigantes sacodiam o navio, e o céu negro piscava com os clarões dos raios. Por um momento, sentiu-se de volta ao seu pequeno bote, quando foi pega por uma tempestade exatamente como aquela.

- Barbossa! – gritou, indo até o capitão que girava o leme furiosamente. – O que diabos está havendo?!

- Cassandra, senhorita! A vadia sabe que falta pouco para ter sua cabeça arrancada! – respondeu o homem com entusiasmo, e o navio sacodiu novamente.

- Mexam-se! – gritava Angélica no convés, dando ordens à tripulação. – Estão esperando serem levados pelas ondas?! Andem!

      Brooke percebeu que aqueles dois pareciam extremamente determinados, o que a deixou ansiosa. Estavam tão famintos pelo poder que arriscariam tudo naquilo...?

- Barbossa – chamou, desnorteada. – Por que está fazendo tudo isso? Que motivos tem para ajudar Jack?

- E quem disse que estou fazendo isso por ele, garota? – o pirata deu sua típica risada insana. – Quero o coração de Cassandra sob minhas botas por motivos próprios.

      A ruiva ergueu uma sobrancelha, mas na verdade não estava surpresa. Só não entendia o que o capitão fazia no Pearl, uma vez que ouvira mais de uma vez que o Queen Anne’s Revenge tinha Hector Barbossa como novo capitão. Porém aquele não era o momento para histórias. Barbossa estava com o Pearl sob perfeito controle e parecia gostar muito disso.

      De repente algo entrou em seu campo de visão. Em meio à chuva forte, Brooke viu cabelos dourados.

- Catherine. – ela balbuciou, correndo até a moça em desespero.

      Agarrou-a pelos ombros e virou-a para si, observando seu rosto. Haviam colocado um trapo velho para cobrir seu rosto, e ele não fora tirado. Podia ver a ferida avermelhada e inchada saindo pela lateral de seu rosto, até a orelha. Certamente não queria ver o que havia debaixo daquela venda.

- Brooke. – a loira segurou firme sua mão. – Que bom que está bem...

- Catherine, seus olhos! – ela gritou em pânico.

     Houve um silêncio absoluto entre elas depois disso, enquanto ouviam o som da chuva e os gritos da tripulação.

- Por que fez isso? – perguntou finalmente, afastando os fios molhados dos olhos.

- Não sei, na verdade. – a moça baixou a cabeça, fazendo o cabelo cair sobre seu rosto. – Só sei que, de repente, eu precisava fazer isso. Algo me disse que era importante.

- A ponto de arriscar a própria vida?!

- Eu sei, mas... Bem, Brooke, aconteceu. É um milagre eu estar viva, na verdade. – ela deu de ombros, tentando parecer mais forte do que acreditava ser.

- Eu lhe devo uma vida. – disse a ruiva com a voz fraca.

- Ah, por favor. – Catherine balançou a cabeça, e Brooke teve certeza de que ela teria revirado os olhos. – Sem clichê. Você me deve uma, tudo bem, mas nada tão profundo.

      Ela sorriu e um raio estalou no céu, trazendo-as de volta ao problema atual.

- O que está fazendo aqui, afinal? – perguntou, tentando tirar Catherine daquele tumulto.

- Posso ter irritado pra valer uma certa pessoa. – ela encolheu os olhos. – E... Tia Dalma, ou melhor, Calypso, parece ter algo a lhe dizer. – os olhos verdes da garota fixaram-se em Brooke. – Algo importante.

***

      Aquilo era realmente incômodo.

      Assim como os móveis dentro da cabine, indo pra lá e pra cá, Jack rolava pela cama, chegando a quase cair uma ou duas vezes. Podia ouvir Barbossa gritando lá e fora e isso o estava deixando agoniado. Quem ele pensava que era para tomar o controle do seu navio daquele jeito?!

      Levantou-se rapidamente, mas acabou indo ao chão assim que o Pearl sacodiu de novo. Bateu a cabeça em algo, mas não era isso que o preocupava. Girou e bateu com as costas no chão, sentindo uma dor lancinante em seu abdome.

- Maldição. – grunhiu, cambaleando para trás ao seu levantar.

       Viu seu reflexo num espelho manchado da cabine e fez uma careta. Ainda tinha uma lembrança clara de como conseguira cada um daqueles ferimentos, de como se superara mais uma vez. Tudo por causa de um maldito boneco, para o qual olhou com repulsa antes de sair. Tinha que ter certeza de que aquela coisa infernal estava em segurança.

- Que coisa. – Jack olhou frustrado para a tempestade caótica que ameaçava destruir o navio, mas não parecia nem de longe tão preocupado quanto o resto da tripulação. – Não posso fechar os olhos por dois segundos que todo o mundo desaba, isso é um fato.

      Ajeitou seu chapéu e foi até o leme, fulminando Barbossa com o olhar.

- O que pensa que está fazendo?!

- O que você pensa que está fazendo?! – rebateu Barbossa, arregalando os olhos claros. – Eu estou aqui, enfrentando uma tempestade com um navio que deveria ser meu, enquanto vossa senhoria descansa em sua cabine.

- Céus, Hector, não venha com essa. – Jack revirou os olhos, empurrando o mais velho e tomando o controle do leme. – Se me lembro bem, você realizou a proeza de perder o Pearl e o seu navio, Queen Anne’s Revenge, e foi encontrado por um benevolente homem conhecido como Capitão Jack Sparrow, cujo navio você voltou a se agarrar como um carrapato. Estou começando a achar que você é incapaz de viver sem mim. Isso me deixa lisonjeado, mas sinto lhe dizer que você não faz meu tipo. Ah, e será que devo lembrá-lo também de que perdeu seu ultimo navio para a fúria da mesma deusa na qual estamos no encalço?

      Barbossa rosnou e bateu em Jack com o ombro ao passar, fazendo o mais novo dar um sorriso triunfante.

      Olhou para além da proa, onde o mar se agitava de uma forma estranha. Aquilo não era um fenômeno natural, obviamente. As ondas pareciam se chocar e deixar um rastro de espuma que fazia o Pearl seguir aparentemente sozinho.

- Pode mandar quantas tempestades quiser, dona. – Jack riu desafiadoramente, e um raio estalou no céu em resposta. Seus pés mal se firmavam no chão, uma vez que todo seu corpo tremia de dor, mas, naquele momento, o capitão do Black Pearl estava mais determinado do que nunca.

      Ou pelo menos se esforçava para acreditar nisso.

- Vamos, seus inúteis! – ele gritou, girando o leme com toda a força. – Ainda tenho oceanos para controlar, quem lhes deu permissão para ficar de moleza?!

      Angélica, no convés, revirou os olhos. Preferia as ordens insanas de Barbossa aos comentários de Jack. Que este tivesse ficado em sua cabine, incapaz de se mover. Sentia uma raiva imensa, principalmente de si mesma, e precisava de alguém para quem direcioná-la.

- Não deixarei uma mulher tomar meu lugar nos mares, está ouvindo? – Jack berrava para o céu negro, enquanto correntes de ar eram direcionadas para ele, mas ainda incapazes de derrubá-lo.

      Como um grito de raiva, o mar se remexeu ruidosamente, formando uma onda gigantesca que cobriu todo o convés, derrubando grande parte da tripulação.

- Será que não consegue manter a boca fechada por um minuto, Capitão Jack Sparrow?! – gritou Angélica com escárnio depois de ser arremessada ao chão, desejando poder atirar lhe dar um tiro naquele instante.

- Não em momentos como esse, love. – Jack sorriu de forma estranha, mostrando os dentes de ouro com uma expressão sombria.

      A chuva aumentava cada vez mais, dificultando sua visão, assim como a dor, que parecia matá-lo a cada grito que cada. Mas não podia evitar. Naquele momento, estava fora de si. Cada centímetro de seu corpo ansiava pela adrenalina, e nada mais importava.

      Mas não podia deixar-se levar. Jack Sparrow conhecia a si mesmo, e aquela estranha alegria que ele raramente sentia – o desejo de enfrentar o inimigo pra valer. Sabia das consequências problemáticas que aquele estado de espírito causava.

- Você não é mais um adolescente, Jackie. – disse a si mesmo. – Contente-se em chegar à Ilha dos Condenados ainda com uma tripulação. – ele bufou, depois de ver alguns marujos serem levados embora pelas ondas.

- Estamos próximos daquela ilha infernal, não é mesmo parceiro? – indagou Jack quando Barbossa aproximou-se novamente.

- Aye. – os olhos dele se estreitaram. Se estes não o estivessem enganando, ele já podia ver a ilha através de sua luneta. – Mas então, o que será pior: chegar lá ou sair de lá?

- Paga pra ver? – Jack o olhos de soslaio, e por um momento, ambos trocaram o mesmo sorriso entusiasmado, mostrando que a paixão pelo impossível era a única coisa que os fazia suportar um ao outro.

***

- O que? – Brooke arregalou os olhos, colocando a mão na nuca instintivamente. Da ultima vez que falara com a feiticeira, fora colocada numa confusão que valeria não só a sua, mas as almas dos dois capitães também. Sequer sabia se sobreviveria à próxima batalha.

- Algo sobre Cassandra. Receptáculos. Como o ultimo de Calypso, ou Tia Dalma... Isso é tão confuso...! – ela pressionou a venda contra os olhos. – Pensei que estivesse cega, mas ainda vejo, Brooke. Coisas que não via antes.

- Eu não sei, é como se...

      Catherine se interrompeu ao ouvir Brooke ganir de dor.

- O que foi?!

- O colar... – ela arfou, afastando-o do peito. A pele borbulhava no local onde estivera a pedra. – E-Ele... queimou minha pele...

- O que está dizendo? – a loira franziu a testa, preocupada.

- Está quente! – Brooke jogou o colar no chão, desesperada. – Mas que diabos...

- Você está bem?

- Acho que sim... – ela pôs a mão no peito, sentindo a pele ceder sob seus dedos. Ela sem dúvida não estava bem. – Seria uma boa hora para Tia Dalma, ou Calypso, ou seja lá o que for, aparecer. Estou precisando de respostas.

- Não sei como invocá-la. – disse Catherine com pesar. – Me desculpe.

- Não se preocupe. – a pirata respirou fundo, tentando ignorar a dor. – Temos outras coisas com que nos preocupar.

      Ela assentiu, mas algo lhe dizia que não estava tudo bem. Se era mediunidade ou simples intuição, não importava, mas novamente sentia aquela urgência em ajudar a garota.

- Brooke. – ela murmurou quando a ouviu abrir a porta da sala de mapas.

- Está tudo bem. – disse a ruiva um segundo antes de seus olhos perderem o foco, obrigando-a a segurar-se na maçaneta para não cair.

      “O que está havendo...?”, pensou, sentindo o peito arder novamente, com se algo rastejasse por dentro dela. Porém, aquilo não durou mais do que alguns segundos, sumindo como se nunca tivesse surgido.

      Fechou a camisa até a gola, escondendo a ferida que ainda latejava, e voltou a enfrentar a chuva torrencial do lado de fora.

      Surpreendendo-se ao ver quem controlava o leme.

- O que pensa que está fazendo? – berrou, e por um momento sua voz soou mais alto que os trovões.

      Marchou até o timão, sem saber se sentia entusiasmo ou preocupação ao ver o sorriso feroz nos lábios de Jack.

- Jack, o que está fazendo aqui? – ela segurou seu braço, fazendo-o se virar para olhá-la.

- O que esperava, love? Que eu ficasse na cabine como um bom garoto? – ele indagou transbordando sarcasmo. – Não posso apenas assistir enquanto meu precioso Pearl desliza diretamente para a perdição.

      Mais do que tudo, ele amava aquele navio, Brooke concluiu o óbvio com um suspiro. Mas naquele ritmo, Jack não aguentaria até chegarem à Ilha.

      E talvez nem ela, pois ainda trincava os dentes de dor com a pele queimando sob o tecido esfarrapado da camisa.

- Onde está a pedra? – ele estreitou os olhos de repente, analisando a garota com dificuldade em meio a tanta chuva.

      Ela arquejou, com as mãos buscando o colar inconscientemente. Então lembrou-se que o havia derrubado no chão alguns minutos atrás.

- O-O colar...

      Com a testa ainda franzida, Jack afastou os cabelos ruivos sobre o ombro da garota, vendo em seu peito veias arroxeadas surgindo de um ferimento horrível, que pareciam se estender a cada segundo.

- O que é isso...?

      Os olhos azuis da moça quase saltaram de seu rosto. Não sabia como os botões haviam se soltado, e nem como aquela coisa estava pior do que vira há poucos segundos.

- O que é isso, Pepper? – perguntou ele de novo, e ambos olharam-se com a mesma expressão preocupada.

- E-Eu não sei... – ela tentou fechar novamente os botões, com os dedos trêmulos.

      Jack abriu a boca para falar algo, mas então o Pearl sacodiu violentamente, e um raio atingiu o mastro principal, partindo-o no meio.

- Pro chão! – gritou, saltando por cima de Brooke para protegê-la.

      Pedaços de madeira voaram em seu rosto, fazendo alguns cortes mínimos, quando o mastro de espatifou no convés.

- Saia daqui. – ordenou Jack, ajudando-a a se levantar. – Vá para o porão e fique lá.

- Até parece. – a ruiva deu uma risada sarcástica, limpando os pedaços de madeira da camisa. – Eu não permitiria algo tão injusto quanto um homem lutando contra uma mulher.

- Péssima hora para bancar a feminista, love. – o pirata a olhou exasperado. – Que besteiras está dizendo agora?

- Estou dizendo – ela respirou fundo, endireitando os ombros – que esta luta também é minha. 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Como sempre digo, essa caixinha abaixo serve tanto para elogios quando xingamentos, críticas, sugestões ou ameaças de morte. Sintam-se à vontade ^^
Bjos ;*



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