Piratas do Caribe: o Tesouro Maldito. escrita por Milly G


Capítulo 15
Território desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Hellooooo! Alguém sentiu minha falta? *grilos ao fundo*
É, imaginei. ¬¬
Bom, me desculpem (se alguém percebeu) pela demora. Minha criatividade resolveu dar um rolê por aí esses dias. Enfim...
::ENJOY::



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Quando Brooke acordou, percebeu que Jack já não estava mais ali. Naturalmente.

     Sorriu, lembrando-se da noite passada. Então ele gostava dela, e não de Angélica. Ela mesma achava incrível ele tê-la convencido disso, mas de todo jeito acreditava. Os beijos de Jack pareceram-lhe suficientemente sinceros aquela noite.

     Saiu da cabine estranhando o modo como a tripulação estava agitada. Jack e Barbossa gritavam ordens no timão, mas o mais novo parou o que estava fazendo quando encontrou o lápis-lazúli dos olhos da ruiva.

- Bom dia, love. – murmurou ele com um sorriso, ciente do olhar de Angélica atrás de si, e agarrou Brooke pela cintura.

     Beijou-a com ardência, mesmo com o olhar de reprovação de Barbossa e a encarada venenosa de Angélica, que dava arrepios na ruiva. Mas mesmo assim ela retribuiu, esquecendo-se de tudo ao sentir os lábios quentes do pirata.

- Vadia... – ouviu Angélica sibilar quando ela passou marchando por eles, soltando fogo pelos olhos.

     Por cima do ombro de Jack, Brooke viu Barbossa sorrir levemente. Pelo menos ele e Jack tinham algo em comum: ambos detestavam a filha do Barba Negra.

- Estamos nos aproximando da ilha. – disse o capitão mais velho quando Brooke finalmente se desenroscou de Jack. – É bom que vocês dois não criem nenhum problema adicional ao que sem dúvida vamos arranjar ali. – ele apontou para a mancha negra pouco visível que ela presumiu que fosse a ilha.

- Essa tal de... espada de Zeref... – Brooke franziu a testa. – O que ela é, exatamente?

- A única espada capaz de matar os deuses. – disse Jack interrompendo Barbossa, que fez uma careta. – Cuja lâmina é tão afiada que poderia partir uma pessoa no meio com apenas um golpe.

     Barbossa revirou os olhos, debruçando-se no leme.

- A bússola esquisita do Sparrow não vai ser útil desta vez. – ele riu quando Jack o olhou irritado. – Quem vai nos guiar será... isso.

     Ele tocou a pedra pendurada no pescoço da ruiva, erguendo-a com a unha enorme.

- A Rapiat? – ela piscou. – Como ela pode servir como guia?

- É a resposta que queremos. Mas o que Calypso diz não deve ser ignorado.

- Calypso? – Brooke olhou para Catherine, que se debruçava na proa no navio tentando ver através da névoa.

     Barbossa assentiu, e o silêncio se estabeleceu no Pearl até chegarem na ilha.

     Ao atracarem, Brooke desceu hesitante do navio. Seu corpo se arrepiou quando os pés tocaram a areia, gelada e estranhamente escura. Olhou em volta, tentando conter o medo, percebendo que não havia cor na ilha. As rochas negras espalhadas pela praia eram cobertas de pedaços de madeira e outras coisas que Brooke recusou-se a tentar imaginar. As folhas das palmeiras eram cinzentas, secas, e o único som ali era o do vento e o ruído quase imperceptível das ondas.

- É impressão minha ou tudo aqui parece...

- Morto. – completou Angélica, aparecendo ao seu lado com um sorriso cheio de malícia. – Se a garotinha estiver com medo, pode ficar no Pearl.

     A ruiva revirou os olhos e lhe deu as costas, ignorando-a. Jack ia a frente, dando tapinhas em sua bússola de vez em quando.

- Jack, eu já disse que não é a sua bússola que irá nos seguir aqui. – murmurou Barbossa.

- Sim, mas para acharmos a espada, precisamos achar o velho Zeref, savvy? A espada deve estar com ele, com certeza.

     Barbossa suspirou, desviando com o sabre as folhas enquanto adentravam a floresta densa que se estendia a frente deles.

- É bom que esteja. – resmungou. – Quero sair desta droga de ilha o mais rápido possível.

 ***

     Não devia fazer nem uma hora que estavam andando, mas o corpo de Brooke já estava coberto de suor, e esta se coçava descontroladamente.

- Isso aqui não tem fim?! – reclamou ela, dando um tapa em um inseto enorme e colorido que pousara em seu ombro. Ele se quebrou ruidosamente, soltando um líquido esverdeado.

- Paciência, love. – disse Jack, pegando o inseto e jogando-o na boca. – O maldito Zeref não está escondendo uma coisa qualquer, mas, com a minha bússola, achá-lo será a parte mais fácil.

     A ruiva fez uma careta, enojada, vendo Jack mastigar o inseto enquanto falava.

- Você é nojento.

- Obrigado. – ele sorriu.

     Brooke acelerou o passo, ficando ao lado de Catherine, que arregalava tanto os olhos que eles pareciam quase sair das orbes. 

- Algum problema? – perguntou ela, e a loira deu um pulo quando Brooke tocou seu ombro.

- N-Não sei. – gaguejou. – E-Eu não gosto desse lugar... Sinto que alguma coisa vai...

- Ei. – chamou Angélica, que estava na frente, apenas um pouco atrás de Barbossa. Ela segurou o que parecia ser um fio de ouro. – O que é isso?

- Angélica. – advertiu Jack, que estava atrás de Brooke e Catherine.

- É um fio de ouro, e não está aqui a toa. Talvez ele nos leve até esse tal de Zeref... – disse ela, seguindo curiosamente o curso do fio.

- Angélica. – repetiu Jack, entre dentes.

- O quê? – ela se virou para ele, irritada.

- Solte isso. Agora. É uma armadilha, minha querida burrinha.

     A morena bufou, sem querer obedecer Jack, mas hesitou em arriscar. Tentou então soltar o fio, mas este havia se enrolado em seus dedos como uma... como uma cobra.

- Já mandei você soltar isso! – reclamou o pirata, indo até ela.

- Eu não sou surda! Mas não quer soltar! – rebateu ela, sacudindo a mão freneticamente.

- Não! Pare! Não puxe...

     Um barulho fez todos se calarem, e o som do chão se quebrando sob eles levou o horror aos olhos dos dois piratas.

     E também das garotas, que tiveram a infelicidade de estar perto demais dos dois idiotas.

- Maldição. – murmurou Jack.

     Barbossa olhou pasmo quando uma cratera abriu-se no chão atrás de si, levando Jack e as três garotas para baixo, aos berros. O buraco de fechou no instante seguinte, como se nem ele nem os quatro nunca tivessem estado ali.

     Suspirou, revirando os olhos.

- Mestre Gibbs! – berrou, vendo o pirata aparecer correndo com mais cinco ou seis homens, que haviam ficado para trás,

- Aye, capitão?

- Temos um problema.

- Onde está Jack? – ele olhou em volta.

- Esse é o problema.

     Brooke gritou, arrastando as costas numa parede de terra que parecia levar a uma queda sem fim. Havia se agarrado instintivamente a Catherine, que conseguia berrar ainda mais que ela.

     Quando finalmente caiu, ouviu um gemido dolorido, sem saber de quem era. Bateu com a testa, e parecia ter caído sobre algo... quente.

- Foi... uma boa aterrissagem... madame? – gemeu Jack, cujas costelas estavam sendo esmagadas pelo peso da ruiva, mas sorriu sedutoramente para ela.

     Ela sorriu de volta, desculpando-se, e saiu de cima dele. 

- Você está bem, Catherine? – perguntou ela.

- Sim. – ela cambaleou ao se levantar, tirando a poeira da roupa.

- E você, Angélica? – perguntou ela de má vontade.

- Achou que quebrei alguma coisa. – ela fez uma careta, mesmo aparentando estar bem.

- Então fique aí e morra. – disse Jack, puxando Brooke pelo braço antes que ela pudesse estendê-lo para ajudar a morena.

- Jack! – advertiu a ruiva.

- Você não muda nunca, seu porco. – sibilou Angélica, levantando-se.

- Viu, ela está bem. – o pirata apontou para ela com um sorriso zombeteiro.

- Calem a boca os dois. – disse Brooke. – Primeiro: onde está Barbossa?

     Jack piscou, só percebendo a falta do capitão naquele momento. 

- Deve ter caído em algum outro lugar. – ele deu de ombros. – Aliás, onde estamos?

     As três olharam em volta. Não havia nada ali além de pedras e um pequeno lago, cujo brilho refletia nas paredes graças aos pequenos raios de sol que escapavam de onde a cratera havia surgido. 

- Tem que haver alguma saída. – disse Angélica de mau humor. -  Vamos procurar por aqui.

     As duas outras assentiram. Jack sorriu com malícia ao observar aquela cena.

- Três mulheres... apenas eu... Vamos ver o lado bom da situação, para variar. – ele deu de ombros, seguindo-as com seu andar esquisito.

     Brooke estreitou os olhos, que ainda não haviam se acostumado à escuridão do local, para ver se havia alguma passagem por entre as paredes igualmente negras às pedras da praia.

- E então, senhoritas? – Jack passou os braços pelos ombros de Brooke e Catherine, puxando-as para si. – Encontraram alguma coisa?

- Se você ajudasse a procurar seria bem mais rápido. – cortou a ruiva, desvencilhando-se dos braços dele sem muita vontade.

- Ora, não fale assim, love. Eu as estava guiando até Zeref, não estava?

- Sua bússola estava nos guiando. – corrigiu.

- Sim, mas porque eu desejo isso.

- Todos nós desejamos. – ela o encarou, brava.

- Tem certeza? – ele sorriu, acariciando o queixo dela com delicadeza.

     Angélica pigarreou, ao lado de uma Catherine exageradamente corada.

- Acho que encontrei alguma coisa. – disse a morena com frieza, chutando uma pilha de pedras soltas escondidas nas sombras.

     A pilha desmoronou, mostrando uma pequena passagem redonda.

- Como vamos passar... por isso? – perguntou Catherine, cética.

- Se o traseiro da sua colega não bloquear a nossa passagem, será bem fácil. – disse Angélica, ignorando o olhar flamejante da ruiva. – Você é pequena, o Jack é praticamente feito de ossos e eu chego um pouco perto disso.

- Está me chamando de gorda? – grunhiu Brooke.

- Eu não disse nada. – ela sorriu, dando de ombros. – Mas se é o que você pensa...

     Com um rosnado, a ruiva a empurrou e agachou-se para entrar pela pequena passagem. Jack particularmente apreciou aquela posição, mesmo que em silêncio.

- Algum problema? – provocou Angélica quando a garota encaixou o quadril na passagem.

- Não, Angélica, eu já passei. – sibilou Brooke, e o som saiu engraçado por ter ecoado pelas paredes.

     O pirata riu, olhando para Angélica por um minuto. Lembrou-se que o temperamento da morena fora uma das coisas que o fizera gostar tanto dela...

     ... o que não era diferente com Brooke, que tinha a língua ainda mais afiada e era tão temperamental, se não mais, que a morena.

     Perguntou-se se depois de tanto tempo, estava começando a criar um padrão.

- Minha vez. – disse ele, adiantando-se quando Catherine deu um passo para entrar também.

     Não foi difícil para ele entrar, pois Angélica não estava errada ao dizer que ele era apenas ossos. Era uma trilha úmida e abafada ali dentro, e depois de alguns minutos percebeu que já estava suando. Alcançou então Brooke, arregalando os olhos.

- Oh, bugger. – ele piscou. – Não havia reparado que a sua bunda era tão...

- Jack! – berrou a ruiva, fazendo a voz ecoar novamente. – Cale a boca.

- Desculpe. – murmurou ele num tom infantil, fazendo-a rir.

     Engatinharam por mais alguns minutos até que Brooke parar.

- O que foi? – perguntou Jack, espremendo-se para ficar ao lado dela. – Maldição.

     Os dois olharam para baixo. Era uma queda de pelo menos uns 15 metros, e tudo o que estaria lá para amortecê-la seriam as congelantes águas do Atlântico.

- Agora f...

- Vamos ter que pular. – disse Brooke.

- O quê?! – Jack arregalou os olhos delineados.

- Tenho claustrofobia. Vou morrer em cinco minutos. – ironizou a ruiva. – É a única saída, não é?

- Pode ser, mas...  Eu já disse, e acho que a psicopata ali atrás se lembra: eu nunca fui fã de pulo em queda livre. – ele fez uma careta, olhando para baixo.

- O que está acontecendo a... – Catherine começou a dizer. Esbarrou sem querer em uma das pernas de Brooke, fazendo-a se desequilibrar.

     A ruiva gritou, cravando inutilmente suas unhas na pedra, sem conseguir impedir que seu corpo pendesse para frente. Agarrou o braço de Jack instintivamente e ouviu este gritar quando ambos caíram, seguidos por Catherine e Angélica, que caíram ao tentar segurá-los.

     Brooke fechou os olhos, esperando pela queda que pareceu demorar uma eternidade. Quando seu corpo finalmente tocou a água, o choque atravessou-o dolorosamente. Quis gritar, mas estava submersa, e tudo o que pode fazer foi abrir os olhos e ver Catherine inconsciente, com os cabelos dourados flutuando ao seu redor.

     Sentiu algo envolvê-la pela cintura, puxando-a para superfície. Soltou o ar, tossindo, e estreitou os olhos até conseguir enxergar os dreadlocks encharcados de Jack.

- A Catherine... – tentou dizer, engasgando-se com a água.

     O capitão assentiu, mergulhando para procurar a loira. Brooke olhou em volta, vendo Angélica subir a superfície com uma expressão furiosa.

- Eu. Vou. Matar. Todos. Vocês. – disse ela entre dentes, nadando para até onde a garota estava.

     Brooke a ignorou, procurando por Jack por cima da água. Segundos depois, o pirata irrompeu na superfície com Catherine apoiada em seu ombro.

- Ela está bem? – perguntou a ruiva, preocupada.

- Sim. – Jack sorriu. – Só engoliu mais água do que o necessário.

     Ela assentiu.

- Agora... O que vamos fazer? – Brooke olhou-o em busca de ajuda.

     Jack piscou, olhando em volta. Só havia... água.

- Ah, que ótimo! – grunhiu Angélica, batendo as mãos na água. – Vou morrer aqui com o maior cafajeste do planeta, a tiete dele que se diz uma pirata e uma médium que não sabe sequer nadar! Magnífico!

- Cale a boca, Angélica. – disse a ruiva, jogando água na cara dela.

- Ora, sua... – a morena agitou os braços, formando pequenas ondas na direção de Brooke.

     O pirata observou aquela cena com um suspiro, arregalando os olhos quando sentiu algo atrás de si. Tentou virar-se o mais rápido que pôde sem derrubar Catherine – que ainda estava inconsciente – mas nada viu ali.

- Calem a boca vocês duas. – disse ele, fazendo as garotas pararem de imediato diante da expressão séria do capitão.

     Brooke franziu a testa, tentando seguir o olhar de Jack. Um mau pressentimento tomou conta de si, e ela mordeu o lábio ao se aproximar do pirata.

     Então, Angélica gritou. Um grito tão agudo que fez a sensação de quando Brooke caiu na água parecer brincadeira.

- O que foi?! – indagaram Jack e Brooke ao mesmo tempo.

- A-Alguma coisa passou... por aqui. – gaguejou a morena.

     Brooke franziu a testa, estranhando quando percebeu que Jack não fizera nenhum comentário zombeteiro. Na verdade, ele parecia preocupado, quase... assustado.

     Isso a deixou apavorada.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou, alternando o olhar entre os dois.

     Jack abriu a boca para responder quando Catherine arquejou, debatendo-se tanto que conseguiu acertar um tapa na testa do pirata.

- Ai! – Jack agarrou a loira pelos ombros, tentando contê-la. – Acalme-se, darling. O que há com você?

     Ela arregalou os olhos verde esmeralda, assustada. Os dedos tremiam, agarrando-se aos braços de Jack.

- Tem... alguma c-coisa...

     A ruiva olhou em volta, intrigada. Por que ela era a única que não percebera o que havia ali até agora? Até mesmo Catherine, que estava desmaiada até aquele momento, havia sentido que algo estava ali, mas ela...

     Bom, não demorou muito para ela descobrir, depois daquilo.

     Algo se enroscou em seu tornozelo, puxando-a para baixo. Gritou, mas o som só saiu quando já estava debaixo d’água.

     Pode sentir os dedos de Jack tocarem as pontas dos seus, mas já era tarde demais. Já estava afundando, sua visão ficando turva, e sua consciência, dissipando-se.

     Debateu-se até quando pôde, o que não foi muito. A dor aguda em seu tornozelo só aumentava, e soube que, se sobrevivesse ao que quer que a puxasse, ele estaria quebrado.

     Fechou finalmente os olhos, entregando-se à escuridão das águas.

     “Jack...”.

    


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Notas finais do capítulo

Aeee mais um cap! o/
Mereço reviews? *o*