… E estendeu o braço, tentando tocar o céu azul.

Tudo que sentia à sua volta eram flores de lótus

Afundando lentamente junto de seu corpo

Naquela poça pútrida de lama

E vislumbrou um sorriso pálido

Sussurrando uma promessa quebrada

E lhe dando as costas

Cobertas de cachos dourados

… Se transformando em pó.

— Não!— gritou, exaltado, levantando de um supetão. Mais um sonho ruim? Um sonho, um presságio ou uma memória? Ecoaram as palavras dela em sua cabeça. E pensando nisso… onde ela estava? Olhou ao redor, não gostando nada do cenário branco e do cheiro de hospital que sentia no ar. – Maldita Enfermeira! — grunhiu entre dentes, arrancando um fio de seu pulso, saindo da cama e colocando os pés descalços no chão. E percebeu que estava com o mesmo pijama azul da última vez. Ótimo, agora onde estavam suas roupas? Procurou por todo quarto mas só achou uma pantufa cor de lavanda com um coelho estampado. Uma veia saltou em sua testa. Nunca usaria aquilo!

— Ah, a bela adormecida acordou! – falou Lavi, irrompendo pela porta sem nenhuma cerimônia. Atrás dele vinham Lenalee, o supervisor Komui e a Enfermeira Maldita.

— Tsk. – E fitou-os seriamente, de braços cruzados, olhando-os de cima.

— Você já teve alta, sua saúde está em perfeito estado, até melhor do que antes. – declarou a Enfermeira, de forma burocrática, analisando uma prancheta. – Exceto por…

— Os exames de sangue não batem. – falou sombrio Komui, ajeitando os óculos. – Mas já esperávamos isso, afinal, este não é o corpo de um humano.

— O Yuu já não parecia humano antes. – sussurrou Lavi para Lenalee, que abafou um riso.

— Vou ignorar seus comentários. – declarou Kanda, fulminando Lavi com os olhos.

— Não disse? – afirmou Lavi, dando um tapinha nas costas do samurai. – Ele está evoluindo!

— É bom ter você de volta, Kanda. – Lenalee sorriu simpaticamente para ele.

— Amanhã faremos uns testes para ver se você ainda é compatível com a Mugen. – avisou Komui, empurrando Lenalee para fora do quarto.

— Espere! – ordenou Kanda, e o cientista estacou. – Eu não sou mais um exorcista. Não vou mais aceitar ordens de vocês.

— Kanda! – falaram Lavi e Lenalee, surpresos.

— Vou informar ao meu superior. – novamente aquele olhar sombrio de Komui. – Mas tenha certeza que o Vaticano não vai aceitar a desistência de um exorcista.

— Vou deixar seu uniforme aqui. – informou Lavi, de costas para Kanda.

— Lavi, onde?

— Ela está na biblioteca. – falou o ruivo saindo, mas antes lançou um sorriso zombeteiro. – Conversando com o velho.