Lótus Negra escrita por Remmirath
—É… você mesmo? – perguntou a jovem, com a voz embargada, começava a chorar. Estendeu a mão para ele, que estava em choque. – Kan…da?
—Kanda? – repetiu a elfa, não entendendo nada, e olhando para o rosto dele, que parecia estar com o olhar perdido. Colocou a mão no ombro direito do moreno, tentando despertá–lo.
Mas ele estava em um conflito interno. A cabeça explodia com imagens, rostos e cenas agora familiares, começando a assimilar tudo. Mas era muito… doloroso. Segurou a cabeça com as mãos, ficando de joelhos. Aquela mão quente continuava segurando seu ombro. O que era aquilo? Não podia ser verdade… ele nem mesmo acreditava em reencarnação. Ainda mais… como fora parar ali novamente? E aquele sonho voltou… aqueles mesmos pensamentos Se ao menos… pudesse ter uma última chance.
Ultima chance. Era isso? Mas onde estava essa… pessoa?
—AAAAAAAAAAAAAARRRRRRRGGGHHH! – gritou agoniado, não aguentando mais tanta pressão daquelas memórias. E então, tudo ficou escuro, novamente, igual daquela vez.
— Kanda! – gritou a jovem, ainda com a mão estendida, não entendendo mais nada. Quem era aquela com o Kanda, que parecia emitir uma luz prateada e a olhava reprovadoramente?
— O que você fez com ele? – definitivamente não era só o olhar que era reprovador.
— Eu… nada… só… – atrapalhou–se a jovem, não sabendo o que dizer. Mas foi salva pela voz que vinha de um olho negro com asas, pairando logo acima. Lenalee–chaaann! (gritava alguém irritante) O que aconteceu Lenale–chaaannn? (e uma outra voz perguntou) Você viu uma assombração do Yuu, Lenalee? E a jovem, Lenalee, falou para a coisa voadora.– Lavi… venha aqui onde eu estou, você não vai acreditar!
— Ei, não adianta chamar reforços. – avisou a elfa, segurando e protegendo o corpo de seu guarda-costas, e apontando uma espada curva para a jovem. – Seja lá o que vocês querem com o Dagor, não vou deixar vocês o levarem!
— Dagor? –repetiu Lenalee, se aproximando. – Não, não! Espera! – falou ela, acenando negativamente com as mãos. – Ele é meu amigo!
— Desde quando? – Inquiriu a outra, com a sobrancelha levantada, apontando a espada para o pescoço da jovem que havia chegado perto, perto demais. – Você deve estar confundindo ele com um humano.
— Confundindo… humano… – aquela garota não ia parar de repetir tudo o que ela falava? E ainda ficava falando com aquela voz ameaçadora – Talvez… o Kanda, era para estar morto… há muitos meses. Mas, eu tenho certeza. Não importa o nome, eu sei que é ele!
— Lennaaleee! – a outra voz da coisa voadora surgiu de cima das árvores, junto com o dono, um ruivo de tapa olho e roupa negras como a da outra. Por um momento, olhou para a cena: Lenalee com uma lâmina apontada para seu pescoço e a moça que empunhava a espada para Lenalee, protegendo alguém. Mas esse alguém… parecia ser… semicerrou o único olho verde, reconhecendo imediatamente e gritando. – YUU!
— Mas que droga! – gritou a elfa, emanando uma aura negra e raivosa. – Dá para vocês pararem de desabar no chão e me explicar o que está acontecendo, ou vou ter que arrancar a resposta de vocês?
Esse ai é o Kanda falando? Por que ele está com voz de mulher? Perguntou a voz irritante, saindo do olho voador. Fazendo a paciência da elfa estourar. Ela fincou a espada no chão e atirou uma adaga no mecanismo voador, acertando em cheio e o deixando cravado em uma árvore.
— E então… – continuou ela, apontando novamente a espada para os humanos. – Quem começa?
— Você não faz a mínima ideia do que está acontecendo, não é mesmo? – perguntou, sério, o ruivo, se afastando junto de Lenalee, que retornara a lacrimejar. Talvez de felicidade. – Lenalee, vá buscar a enfermeira.
— Tsk.— Estou pegando a mania dele, pensou. Embainhou a espada ao não perceber nenhuma ameaça vindo dos humanos, e examinou o estado de seu guarda-costas inconsciente, apoiando-o em uma árvore. Olhou enviesado para o ruivo, indicando com a cabeça a jovem que saia. – Ele entrou em colapso e desmaiou, depois que a viu. Isso não é normal do Dagor. Nem um pouco.
— É assim que você o chama? – inquiriu a voz séria do ruivo, que também havia aproximado para examinar se era realmente seu amigo. Sim.
— Esse é o nome dele. Desde que o conheço.
— Quanto tempo?
— Desde que era pequena. – e ao perceber a única sobrancelha do ruivo se levantando, emendou. – Não me olhe assim, não é como se eu pudesse ter escolhido. Ele é meu guarda-costas.
— Você é alguém importante, para o Yuu? – acrescentou ele, com a sobrancelha quase sumindo por entre a bandana que prendia os cabelos avermelhados.
— Sou só a obrigação dele. E no momento, ele a está ignorando. – disse a morena, batendo de leve no rosto do desmaiado, que começava a dar sinais de consciência. – E como você o chama?
— Yuu Kanda. É bom ver que ele está de volta, mesmo sem saber o que está acontecendo. – disse o ruivo, com um sorriso. – E pode me chamar de Lavi!
— Serenhiel. – disse ela simplesmente, dispensando apresentações. – Lavi… será que isso tem algo a ver com aquela placa branca que nos trouxe aqui?
— Ahn? – exclamou o ruivo, não acreditando. – Vocês vieram por um portal da arca?
— Não faço a mínima ideia do que você se refere, mas provavelmente sim. – e bateu novamente no rosto de Dagor,Yuu, Kanda ou seja lá quem ele for, dessa vez mais forte. – Anda, eu sei que você está acordado, abre os olhos!
— Giiiiiiii.... – Lavi ficou olhando estranhamente para a cena em que Serenhiel estapeava o rosto de um Kanda semiacordado. E para comprovar as teorias que rondavam sua mente, gritou. – YUUU NO PATSUUUU![1]
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P.S. Yuu no Patsu: expressão para garotinha loira, trocadilho do Lavi para importunar o Kanda.