Lótus Negra escrita por Remmirath
– Ei, Seren... – chamou Allen, desconfiado, e comeu mais alguns mitarashis antes de completar. – Sua capa está se mexendo.
— Hum? – exclamou Lavi, com uma gotinha descendo da testa. – Allen, acho que a comida está afetando o seu cérebro.
— AH! – exclamou Lenalee, após ver o embrulho verde oliva, em cima da mesa em que eles estavam no refeitório, se mexer. – Que estranho!
— Só ignorem. – resmungou Serenhiel, mordendo uma fatia de torta de queijo, e batendo com o braço livre na capa. Que parou, mas após alguns segundos começou a tremer.
— É um fantasma! – gritou Miranda, que passava pela mesa e deixara sua bandeja cair no chão, tropeçara ao ver a capa se mover. Marie Noise, o exorcista dos fones, prestativo, ajudou ela a se levantar.
— Miranda, não existem essas coisas de fantasmas. – disse Marie, ele mesmo não acreditando em suas palavras.
— Heh? Existem sim, Marie-chan. – afirmou Lavi, começando a ficar temeroso pelos movimentos da capa, presa pelo braço de uma tranquila Seren. – Vocês não se lembram daquela vez, quando estávamos fazendo a mudança da ordem?
— E quem poderia esquecer aquilo? – surtou Bookman surgindo sabe-se lá de onde, enquanto acariciava o rabo de cavalo, com seus poucos fios de cabelo.
— Que coisa, fica quieto! – resmungou Serenhiel, agora segurando a capa com as duas mãos. Todos a olharam curiosos, esperando pela explicação. Até mesmo Allen parara de comer para a olhar.
— O que tem ai, Seren? – perguntou Lenalee, corajosa, pelo grupo todo.
— Vejam vocês mesmos. – sugeriu a dona da capa, a balançando. E uma pequena esfera branca com caramelo caiu na mesa. Enquanto todos olhavam confusos, Serenhiel tirou um papel amassado do bolso, o colocando do lado da esfera. – Encontrei no meio das coisas que me enviaram do Setor Asiático.
— Tá... e o que é isso? – perguntou Lavi, tocando na esfera com o indicador, e pulou ao surgir repentinamente pontos pretos brilhantes no meio das duas manchas caramelo.
— Se importa se eu ler? – Perguntou Allen, após contornar sua montanha de pratos, parando ao lado dela e esticando a mão para o papel. Ela só deu de ombros. Após passar os olhos rapidamente pela pequena nota, sendo observado com expectativa pelos outros, arregalou os olhos, em descrença, com o rosto ficando vermelho.
— Eeh, Allen, me deixa ver! – apressou–se Lavi, roubando o papel das mãos de um Allen atônito. O ruivo leu, releu, olhou para a esfera, olhou para o papel, e de Serenhiel para a mesa do lado, em que estava sentado um certo alguém, isolado. Colocou a mão na boca, abafando um riso maldoso.
— Aprendiz imprestável! – rosnou Bookman, empurrando Lavi e pegando o papel, após ler passou para o lado, e ficou a analisar a esfera concentrado.
— Bem... – murmurou Lenalee, sem graça, após ler a coisa. E do nada, apareceu Komui, superprotetor como sempre, e metido como sempre, pegando o papel e o lendo em voz alta, após ajeitar os óculos.
"Cara Seren–chan,
Seja bem-vinda, é realmente um alívio saber que uma garota tão bonita e capacitada tenha entrado na Ordem, eu especialmente sei como é difícil ter poucas mulheres nessa organização. Estou lhe enviando o golem que acabei de criar, Steamcanpy. Espero que você descubra como usá-lo. Ficaria muito feliz em ser o seu mestre. Que tal jantarmos qualquer dia desses? Conheço um ótimo lugar.
P.S. Não diga a ninguém que eu estou vivo."
— O Quê? – gritaram os que ainda não haviam lido.
— Eu não acredito...– murmurou Allen, começando a se abater.
— Hoe!– gritou Kanda, da mesa do lado, enfurecido. Lavi e Komui o olharam, com os olhos semicerrados, tendo ideias estranhas. – Eu estou tentando comer. Calem a boca!
— Aham, sei... – murmurou Lavi, malicioso, recebendo um olhar fulminante de Kanda.
— Lenaleeee–chaaannnn~~ vamos indo! Essas coisas são muito impuras para seus ouvidos! – declarou Komui, arrastando a irmã para fora do refeitório. Serenhiel pegou o papel e o rasgou em vários pedaços.
Apôs os ânimos se acalmarem, todos começaram a olhar mais receosos ainda para o presente, que naquele meio tempo parecia haver ganhado pequenas patas caramelo e orelhinhas mescladas. Timcanpy rodopiava em volta do novo golem, curioso.
— Bom... não deve ser tão ruim assim... parece até bonitinho.– Falou Miranda, com um sorriso encorajador para Serenhiel, que estava sentada com a cabeça apoiada em uma mão, cotovelos em cima da mesa, e cara de paisagem.
— Vindo do mestre? Há! – exclamou Allen, sarcástico. Maldito bêbado! E como ele ficara sabendo sobre a nova exorcista?
— Ei Allen, o Timcanpy também é um golem criado por ele. – opinou Lavi. – E nem é tão ruim assim.
— Você tem razão Lavi. – concordou Allen, sombrio. Timcanpy pousou em sua mão, o encarando. – O Timcanpy nunca me trataria como o mestre, né, Timcammpyyyy?– perguntou o albino com lágrimas nos olhos, e o golem começou a lacrimejar também, fazendo sinais de negativo.
— Argh, quanto drama. – murmurou Serenhiel, revirando os olhos para a cena. E então o golem criou asas minúsculas, e alçou voo desajeitado, para empoleirar–se no ombro dela, emitindo um "Uuuh" e os pontinhos pretos reluzindo felizes.
— Interessante... então esse golem pode produzir sons próprios. – comentou Bookman, escrevendo algo em um caderninho e desaparecendo.
— Allen-kun, onde eu consigo um desses? – perguntou Miranda, olhos brilhantes, encantada com a pequena criatura.
— Até você! – apontou Allen para ela, acusador. – Não vá para o lado negro, Miranda-san!
— Me desculpe! Me desculpe! Me desculpe! – implorou a exorcista, e bateu com a cabeça na mesa, desmaiando.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!