Lótus Negra escrita por Remmirath
— Estranho, muito estranho. – murmurou Serenhiel, consigo mesma, depois de retirar todas as faixas e olhar para os cortes em sequência, nas costas de Kanda. Por falta de cadeira, a única existente estava com as pernas retorcidas e jogada no canto da janela, ela estava sentada de joelhos na cama, e ele na ponta, as mãos tensas apoiando-se no colchão.
— O que? – perguntou o samurai, virando o pescoço para olhar pra ela. Que tinha interrogações no rosto.
— Não se mexe! Desvira! – brigou ela, forçando ele a voltar à posição original. – Não é nada, não…
— Tsk. Devia deixar isso para os especialistas. – zombou ele, com uma careta de dor ao sentir ela lhe tocar.
— Ah, cala a boca. – bufou Serenhiel. Onde estava mesmo aquela tranquilidade típica dos elfos? Ah, claro, ela se esvaia sempre que ele estava por perto. Fora assim, desde sempre. Balançou a cabeça para espantar os pensamentos e olhou concentrada para as feridas. Que estavam horríveis. – Eii… Yuu?
Ele não a ignorara de propósito. Talvez sim. Mas o nome com que ela lhe chamou trouxe lembranças daquele sussurro em seu sonho. Deixando-o pensativo.
— Tudo bem, retiro o que eu disse. Não precisa calar, não. – falou a morena, revirando os olhos cinzentos. – Agora responde: qual era o tamanho das suas feridas antes?
— Uns… dez centímetros, por que? – perguntou, lançando um olhar sobre os ombros, agora sem se virar.
— Huuummm… – fez ela, muito explicativa. Será que…? E mediu com os dedos o tamanho de cada ferida, onde o sangue vertia aos poucos, e parecia que os pequenos cortes corroíam–se em volta. – Definitivamente isso não é bom, para você, digo. Para mim é ótimo!
— Você quer parar de falar e enfaixar isso logo, de uma vez? – rosnou Kanda baixo. Ela cutucara tanto os cortes em suas costas que o deixara irritado.
— Calma garoto. – falou ela sarcástica, afagando seu cabelo como o de um bichinho. – O que é um pouco de sangue comparado ao que eu acabei de descobrir?
— E o que você descobriu? – perguntou ele, sacudindo a cabeça para tirar a mão dela de seu cabelo.
— Minhas Penas Negras são venenosas. – declarou ela sorridente. – O que é um problema para você, já que suas costas estão sendo corroídas. Então…Você tem duas opções.
— Tsk. Fala logo! – exclamou ele, virando-se para ela.
— Primeira: eu corto suas costas e o outro lado, tirando as áreas afetadas. – declarou ela sadicamente, passando o dedo na lâmina da tesoura. E mudou para um tom sério. – Segunda: você para de reclamar e me ajuda a pensar em uma cura.
— Nada aqui, também. – declarou ela, após vasculhar minuciosamente o conteúdo de uma das prateleiras. Não encontrara nenhum remédio, líquido, bálsamo ou poção anti–corrosões de pele envenenada por uma Inocência, mas isso ela já esperava. O pior era que não havia nenhum medicamento contra a dor, nem mesmo um tranquilizante ou sonífero. Ao menos se ele estivesse apagado ela poderia pensar numa solução, em paz.
— Eu já disse que é inútil. – resmungou Kanda, cabeça baixa. A dor estava o afetando, seriamente. Ele estava com faixas novas, mas elas já estavam manchadas e ficando escuras. É, o veneno podia ser lento mas quando pegava... se espalhava bem rápido.
— Ei! Que sentimento de desistência é esse emanando do seu corpo? – exaltou-se Serenhiel, chacoalhando os ombros dele, levemente. Ele levantou o olhar para ela, órbitas vazias. – Pare de me olhar assim! Cadê aquele ódio e fúria transbordando de seus olhos, em?
— É inútil. – resmungou o moreno novamente, soltando um suspiro.
— Droga, se, pelo menos, aqueles idiotas não tivessem nos trancado aqui! – reclamou a elfa, fulminando a porta com os olhos. Virou–se de costas para ele, pressionando as pálpebras fechadas, em busca de uma solução.
Que devia estar interligada com o veneno, tinha que estar... Asas...Penas Negras... veneno corrosivo... Inocência... costas do Kanda... sangue… elfos... Asas... fadas?... Asas... anjos... Morte... salvação...
— Ah, droga!— praguejou balançando a cabeça, parecia que algo havia tocado as pontas de seus cabelos cacheados, fazendo–a perder a linha de pensamento. Lançou um olhar suspeito para Kanda, mas ele parecia continuar abatido, ou pior. É claro, ele ia morrer, ela também ficaria triste se morresse assim, do nada, por algo tão idiota. Ok, continuando...Asas... anjos... Morte... salvação...ASAS!
— É isso! – exclamou triunfante, censurando-se por não ter adivinhado antes. Mas a solução era tão.... ah não! É.... era adeus Kanda, foi muito bom(?) te conhecer.
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