A conheci quando por pilha dos meus colegas da escola prestei vestibular. Eu tipo, não tava nem aí, se eu passasse passei, então a vi, tremendo, suando, passando mal com a pressão de ter que sair bem naquela prova, como se aquilo decidisse toda sua vida.

Uma formação superior é supervalorizada, com se fosse a garantia de uma vida boa, uma estabildade e segurança financeira...como se sua felicidade dependesse de um ensino superior, até parece, lá na obra tem médico trabalhando de eletricista junto com meu pai.

Ela tava linda, como sempre e minha ansiedade não deixou por menos.

-Oi.

-Oi. -respondeu super nervosa.

-Fica calma, cara, é só uma prova.

-Não, não é. Me desdobrei o ano todo, estudando o dia inteiro pra isso.

-Meu nome Caio, e o seu?

Ela respirou fundo, acho que pensando se respondia.

-Luciana. - respirando fundo mais uma vez. - Olha Caio eu to muito nervosa, prefiro ficar na minha tá bom.

-Depois a gente sai, e voce relaxa. 

Abusei lhe dando um beijo na testa. Fiquei louco nela, olhando em seus olhos  cor de mel, um olhar que parece enxergar através de voce, não tinha aquele desdenho normal de quem está sempre na defensiva, era muito doce e meiga, não conseguia prestar atenção em mais nada, a vontade era de cuidar, pegá-la no colo e cair fora dali.

Saimos algumas vezes, eu me apaixonei pela intensidade com que ela faz tudo na sua vida, se joga, cai de cabeça e faz dar certo. E ela pelo meu jeito de deixar rolar que eu levo minha vida, por muitas vezes nos deixamos levar pelo momento, e perdemos o que temos de mais valioso, nosso tempo.