Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 3
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Só demorei para postar porque era feriado e eu estava na casa do mue pai. Então vou colocar dois.



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Capítulo 3 – Dinnie Ray

Aqueles olhos cinzas, aqueles cabelos negros. Era ele mesmo. Vinte e um anos mais velho, mas o mesmo garotinho que eu ajudei a criar. O filho do meu amor.

E quando o encarava incrédula, pudia ver a sua confusão. Então eu dei lugar a minha confusão. O que ele estava fazendo aqui? Não no meu quartel general, mas sim na minha área. Eu deixei bem claro para Barão que não o queria perto da área sul. Não o queria perto de mim.

Mas enquanto olhava em seus olhos, via medo , surpresa. Mas não tanto quanto a minha. Me recompus, porque eu não queria assusta-lo. Não de novo. Mas naquele momento, quem estava mais assustada era eu.

“Diga o seu nome”, eu ordenei.

Ele me encarou como se estivesse me estudando, então virou o rosto e bufou. Tão rápido que nem mesmo eu percebi, já estava parada a um passo dele e segurando seu rosto com força pela mandibula, obrigando-o a olhar para mim.

“Escuta aqui.”, eu assobiei de modo bem assustador e vi seus olhos se arregalarem. “Eu não gosto de repetir as coisas duas vezes, porque sei que ninguém é surdo e odeio que se façam de idiotas comigo. Agora. Responda.”

Soltei seu rosto e o vi abrindo e fechando a boca para que massageasse a parte que eu quase esmaguei. E quando me encarou, vi seus olhos se estreitando um pouco de raiva. Eu não queria te feito isso, mas ele havia me obrigado.

“Gonzales. Daniel Gonzales.”, ele disse e cuspiu no chão.

Gonzales. Agora eu tinha certeza. Era ele. Eu não era muito religiosa, mas, Meu Deus, eu rezei para que esse dia nunca chegasse. Mas sabia que teria que chegar, só não sabia que seria desse jeito. Ele preso e eu quase quebrando seu rosto.

Ele era a mesma criança de antes. Só que com as maçãs do rosto mais duras, um rosto mais forte, um corpo mais desejável e definido por baixo das calças jeans desgastadas, uma blusa branca que estava cinza e uma camiseta quadriculada vermelha.

O cheiro dele também havia mudado. Não era mais aquele cheiro doce de bebê, mas sim, um cheiro másculo. Rodeei-o enquanto observava cada uma de suas mudanças aparentes. Os ombros largos, a boca bem desenhada, os olhos amendoados com o mesmo tom de cinza que seu pai e seu avô tinham, a postura reta.

Ele tentava ao máximo ver aonde eu estava indo. Estranho. Quando eu entrei, o vi nem dando bola para os vampiros que estavam ali com ele, mas porque comigo era diferente? Será que ele estava se lembrando? Não, impossível.

Fui muito cuidadosa ao me aproximar dele quando era jovem, assim como seria agora. Seus cabelos negros brilhavam mesmo na luz macabra daquele quarto. Minha inspeção silenciosa foi interrompida por sua voz. Ela também tinha mudado, era um pouco rouca e convidativa.

“Se você vai me matar, faça-o logo, mas não me deixe nessa agonia.”, ele tentou me olhar, mas eu estava nas suas costas.

Matá-lo? Não, nunca. Seria como tirar um pedaço de mim. Eu gostava de ser temida, mas sentir o medo que irradiava dele me magoou tão fundo que não tinha explicação coerente.

Me aproximei de suas costas e o vi ficando tenso. Então me ajoelhei tão perto que eu sabia que ele podia sentir a minha respiração em sua nuca. Comecei a desatar os nós de suas mãos. Ouvi um arfar de surpresa saindo de sua boca , mas seu corpo continuou tenso.

Quando fui para a sua frente para desatar os nós de seus pés pude ver a surpresa estampada em seu rosto. Tentei ao máximo não encarar seus olhos, mas pude vê-lo massageando seus pulsos. Eles foram amarrados com muita força.

Tentei ser o mais rápida e carinhosa possível. Assim que terminei, me afastei para ver o meu trabalho acabado. Se meus guardas estivessem aqui, eles iriam delirar comigo. Um caçador de vampiros e uma das vampiras mais valiosas no mesmo espaço, era suicido.

Ele me encarou confuso e ainda surpreso. Acho que soltá-lo era a última coisa que ele pensava que eu ia fazer. Então eu iria surpreende-lo ainda mais.

“Vamos.”, gesticulei para que ele se levantasse e ele o fez sem hesitar ou zombar. “Vou leva-lo até a divisa”

Vou lhes contar. Ser uma rainha as vezes era um saco. Luanne e Noah não achavam apropriado eu levar Daniel a divisa sozinha. Meu Deus , eu sabia me cuidar sozinha. Convencê-los disso que foi realmente difícil.

Mas no momento que usei minha voz de Senhora Sulina, eles não puderam se opor. Mas , vendo a preocupação em seus olhos, deixei que Luanne me acompanhasse.

Ela ia em um silêncio invejável atrás de mim e Daniel. Desde que saímos do quarto ele não havia dito uma palavra sequer, então eu fiquei surpreendida quando ele disse algo enquanto caminhávamos pelo beco em frente a saída. Se olhássemos para trás veríamos três vampiros guardando a porta de saída. Os três inquietos por causa da minha proximidade com o caçador.

“Qual é o seu nome?”, ele disse tentando soar tão neutro quanto eu era. Mas era óbvio que havia interesse por baixo daquelas palavras. Troquei um olhar rápido com Luanne e a vi balançando a cabeça de um lado para o outro, sinalizando para que eu não contasse. Mas eu queria. Queria ver se ele lembraria de mim.

“Ray. Dinnie Ray.”, eu disse e o encarei par ver se havia algo de estranho. Mas nada. Apenas interesse e entendimento. Paramos ao chegarmos no final do beco. A noite de Seattle era tão deserta que chegava a me dar náuseas. Me coloquei na frente de Daniel, olhando o por cima do ombro e o convidado a subir nas minhas costas.

“Suba”, ordenei. Luanne se pôs ao meu lado ao mesmo tempo. As vezes ela era tão preocupada que me dava no saco.

“Senhora, não precisa fazer isso. Deixe que o leve.”, ela disse começando a oferecer as costas a Daniel.

“Não”, eu disse firme e dura. Um pouco mais dura do que queria. “Eu quero leva-lo”, então olhei-o novamente e estreitei meus olhos. “O que eu lhe disse sobre eu não falar duas vezes?!”

Sem hesitar , ele literalmente pulou nas minhas costas. Então , comecei a correr. Luanne corria bem mais rápido do que eu. Não era minha falta de prática, ela era apenas mais treinada do que eu.

As vezes me perguntava como era a vida dos meus vampiros fora dali. Algumas eu sabia , como de Luanne, Abigail, Mikael e Noah. Mas outras como a de Luke, eu não tinha a menor ideia e interesse.

Luanne , se não me enganava , tinha sido transformada nos anos 70, era bem mais nova que eu. Ela dizia que não se arrependia do que fora transformada, mas eu sentia que ela queria algo melhor e que para compensar a sua vida desperdiçada com futilidades e coisas do tipo, ela se formou e agora era veterinária. Ela me contou que na sua casa tinha dois gatos e três cachorros, mas agora eu não lembrava o nome de todos.

Abigail estava terminando a escola e queria ser médica. Talvez ela curasse os vampiros e nos transformasse em humanos de novo. Claro que não, mas sonhar não fazia mal a ninguém.

Mas a profissão que mais me fazia ter vontade rir era a de Mikael e Noah. Eles eram advogados. Cuidavam dos casos vampíricos entre a realeza. Esse era outro motivo por eu sempre mantê-los por perto. Cada um tinha um toque especial em minha vida.

Mas, e minha vida?

Bem , ela era resumida em vadiar na rua e ir ao quartel quando anoitecesse. Enquanto eu fosse Senhora Sulista, tinha poder sobre todo o tesouro possuído ao longo dos anos e podia usufruir dele o quanto quisesse. Claro que eu não usava a toa. Apenas para pagar minhas contas e para comprar algo quando fosse preciso. Mas tinha que ser algo muito importante para me fazer sair de casa. Odiava me sentir vulnerável a luz do sol.

Luanne e eu paramos assim que vimos dois vampiros parados em um tipo de pedágio vampírico. Ali você não precisava pagar, era preciso apenas ter a permissão do senhor da área que você está saindo e do senhor da área que você está entrando. Mas para Daniel seria fácil entrar. Ele era humano.

Os dois vampiros ficaram, obviamente lisonjeados em ver a Senhora do Sul tão de perto. Eles se curvaram em sinal de respeito e perguntaram se eu precisava de ajuda.

“Oh, não.”, eu disse depressa. Daniel estava parado ao meu lado e Luanne no outro. “Queria apenas deixá-lo aqui na divisa para que ele pudesse ir para casa sem problemas.”

Daniel deu um passo a frente e se deixou ser revistado por um dos vampiros. Era óbvio que , ou Noah ou Mikael tinham lhe tirado a estaca quando o capturaram, o que era um alívio naquele momento. Não estava com paciência para lidar com assuntos burocráticos a essa hora.

Ele virou o pescoço de forma que os vampiros puderam constatar a falta de uma tatuagem , ou seja, que ele não pertencia a minha área e nem era vampiro.

“O que aconteceu, Senhora?”, o que estava parado perguntou. “Ele não era tão bom quanto a Senhora achou?”

Os dois soltaram uma risada. Era óbvio que eles estavam perguntando sobre eu te tomado o sangue de Daniel. Ao meu lado, vi Luanne corando em meu lugar. Daniel ficou tenso de novo, fazendo-os rir cada vez mais. Mas eu me mantive firme e coloquei a mão por dentro do meu corpete.

Logo eles calaram a boca e apenas observaram, até demais, o que eu estava preste a fazer. Quando eu senti a correntinha em meus dedos puxe-a , revelando um colar com uma meia lua vermelha de pingente.

Era o colar da proteção. Quem o recebia, poderia entrar e sair com liberdade de acordo com a cor da área. Isso servia tanto para vampiros quanto para humanos, mas enquanto eu o colocava em volta do pescoço de Daniel, vi os olhos dos vampiros porteiros se arregalando de espanto. Daniel continuava com a expressão neutra, mas eu podia ver o seu choque.

“Ele não era o meu lanche. Mas agora é meu protegido.”

Eu sabia o que isso significava. A partir daquele momento eu teria que protegê-lo de qualquer um e de qualquer coisa. Parecia que eu estava vendo o mesmo filme novamente. Mas tinha prazer em fazê-lo.


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