Eu não podia dizer que o dia com Nahuel não estava sendo bom, porque seria uma mentira, na verdade meu dia com ele estava sendo ótimo. Nahuel era o único que me fazia, mesmo que por poucos minutos, esquecer de Seth.

                O sol do meio dia brilhava intensamente lançando seus raios sobre a terra, era um ótimo dia para ir à praia, e foi o que fizemos. Eu, Anthony, Nahuel, Ephraim e meu pai fomos à praia, papai não ficou muito, disse que tinha muito o que fazer e prometeu por as fotos que tiramos no computador.

                Quando ele foi embora eu e os garotos resolvemos jogar um pouco, jogamos futebol, e eles até tentaram me ensinar a jogar beisebol, mas não deu muito certo, digamos que esse jogo não é pra mim, mesmo Ephraim me dizendo que eu seria uma ótima lançadora.

                Brincamos mais um pouco na água, tentei ensinar Ephraim a nadar, mas ele tem alguma coisa contra água, papai me disse que quando ele era pequeno ficava semanas sem tomar banho, rimos muito deles depois disso, o que fez que ele ficasse emburrado por um bom tempo.

                Estávamos agora em uma discussão sobre nomes.

-A Sarah tem um nome enorme.- Nahuel disse. Mostrei-lhe a língua.

-Sarah Marie Isabella Cullen Black nem é um nome tão grande assim.- eu disse fazendo beicinho, Anthony riu.

-Se você diz.- ele respondeu rindo.

-Está bem, Ephraim Anthony Cullen Black, meu nome é maior que o seu por apenas um nome.- eu respondi fazendo graça.

- Nossa, sua mãe se superou, e eu que achava o meu nome estranho.- Ephraim riu.- Isso quer dizer que temos dois “Ephrains” na família.- Rimos mais.

- Qual é seu segundo nome, Ephraim?- perguntei curiosa.

-Daniel.- ele disse envergonhado.

-Vou começar a te chamar de Dani.- eu cantarolei sorrindo. Ephraim fez uma careta e se levantou.

-Quando eu te pegar você vai ver.- ele afirmou desafiador, levantei-me num salto e comecei a correr pela areia, parecíamos duas crianças, corri até a água, mas ao contrário do que eu pensei Ephraim me seguiu até lá, comecei a nadar para o fundo.

-Sarah, volta.- ele gritou. Eu ri pensando que era apenas uma tática dele para me pegar, mas, infelizmente, não era, e eu só soube disso quando uma onda gigante me engoliu. Voltei à superfície com dificuldade e logo outra onda veio, senti a água enchendo meus pulmões e me desesperei, eu queria gritar, mas sabia que ali não poderia.

                Ninguém naquela praia sabia nadar, eu estava perdida. Acho que bati a cabeça numa pedra, pois, mesmo embaixo d’agua, pude sentir o cheiro de meu sangue, a água ao meu redor tornou-se vermelha. Comecei a perder calor e logo veio a agonia, fechei meus olhos esperando por meu fim.

                Mas ele não chegou, bem , não antes de eu ter uma visão.

Eu estava do mesmo jeito que estou agora, porém não fiquei tanto tempo assim embaixo d’água, pois braços quentes me puxaram para fora.

                Assustei-me ao ver que quem havia me puxado era Seth, um pouco diferente, mas tinha o mesmo rosto, suas roupas eram antigas, quase medievais, e, devo admitir, aquilo me assustou.

- Luna, está bem?- ele perguntou quando eu já estava deitada na areia. Eu fitei seu rosto encantada.- Responda-me, meu amor, está tudo bem com você?

                Eu vomitei um pouco de água e voltei a fita-lo, ele havia me chamado de Luna, eu devia estar sonhando. Assustei-me ao ver que eu usava um longo vestido, ele não parecia um bolo, como eu pensava que pareceria, na verdade ele era liso e negro, que fazia um ótimo contraste com minha pele clara.

-Estou bem, John.- eu disse tocando seu rosto. Ele aproximou seu rosto do meu e tocou nossos lábios, um beijo apaixonado.

                Quando abri meus olhos eu estava na areia, Seth me encarava.

-Que susto, Sarah!- ele gritou, a dor em sua voz era notável.- Por favor, nunca mais faça isso novamente.- ele pediu. Levantei-me e rapidamente me afastei, ainda doía ficar perto dele.

-Obrigada!- eu disse antes de correr e me aninhar nos braços de Nahuel, ele me apenas me olhou e sorriu fracamente.

                Eu e Nahuel começamos a caminhar na direção de meus irmãos, olhei para trás e o vi lá, por um momento ele parou de ser Seth e tornou-se o John de minha visão, quem ele era não importava. Ele estava lá, não sabia como ele havia chegado aqui, mas a verdade é que ele salvou minha vida, eu estava em divida com ele.

- Nossa, Sarah!- Ephraim exclamou quando nos aproximamos.- Você é mesmo neta de Isabella, Desastrada como só.- ele disse rindo e me abraçou. Seth passou correndo por nós e eu fiquei olhando-o por cima do ombro de meu irmão, que não pareceu notar.- Nunca mais faça isso.- ele disse, assenti sem olhar para ele, quando Ephraim virou-se para ver para onde eu olhava Seth entrou na floresta.

                Sorri fraco.

-Vamos embora.- disse.

                Eu realmente briguei para que me deixassem ir como loba, mas Nahuel conseguiu me convencer a não fazê-lo, como resultado eu tive que ir em suas costas durante todo o percurso.

-Como Seth chegou lá?- perguntei quando começamos a correr em frente a meus irmãos.

-Não sei, Mabel.- Nahuel respondeu confuso.- Ele chegou lá totalmente desorientado, parecia desesperado com algo, eu juro que não falamos que você estava na água e, mesmo assim, ele sabia onde você estava. Foi muito estranho. Eu só vi isso uma vez, e foi com a sua mãe e ,bem, seu pai.- ele sorriu fraco.

                Logo chegamos em casa, meus irmãos haviam chegado na frente, então eu já sabia o que me esperava.

Suspirei e entrei em casa.

-Nunca mais faça isso.- meu pai disse após um discurso de meia hora. Assenti e fui para meu quarto. Fui diretamente pela janela e vi Seth no jardim, ele e Sally pareciam discutir.

-Eu a amo, Sally, tente entender. Você sente isso por Nahuel também. Por favor.- Seth implorava.- Juro que não foi culpa minha, não posso ficar longe dela, por favor, não me peça isso.

                Sally sorriu.

-Te chamei para pedir desculpas.-  ela disse.- Agora vejo que eu não tenho o direito de separá-los. Sei o que a fiz sentir. Me arrependi, tio.- ela disse com a voz chorosa. Seth a abraçou, ele olhou em direção à minha janela e nossos olhos se cruzaram, pude jurar que o vi sorrir. Acenei para ele e logo fui me deitar.