Anjo da Saudade escrita por Ana Carol M


Capítulo 4
Capítulo 4




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"As decisões mais difíceis podem ser as que trarão coisas boas no final" 

-Mary calma não seja precipitada - disse ela, percebi o medo dela em sua voz.

Sophie tinha um gênio extremamente forte, mas não conseguia guardar seus sentimentos, ela sempre acabava demonstrando o que sentia nas palavras ou no seu jeito.

-Pedi a Beatrici para ela convencer meu pai a me dar liberdade e não me incomodar no colégio, fazendo visitas surpresas. Ela é legal.

-Pelo menos você consegui isso- disse ela tentando me consolar.

-Oi garotas- falou David alegre.

-Oi- falamos.

-O que você foi falar com sua mãe?- perguntou Sophie.

-Convenci a minha mãe a me colocar no Gen junto com vocês- disse ele feliz.

-Que ótimo, pelo menos vamos ficar juntos- falei mais feliz.

-Como você a convenceu?- perguntou Sophie.

-Ela queria me colocar num colégio militar, então a convenci que o Gen é melhor e ela vai me matricular lá.

-Vamos todos segunda que vem?- perguntei.

-Sim.

-Nessa sexta depois da aula, vocês podem vir me ajudar ?

-Eu posso- falou David.

-Eu Também- disse Sophie.

-Obrigada. Bom eu vou dormir. Até mais.

-Até- disseram os dois.

 Desliguei o fone. Minha voz estava rouca de tanto falar.

De repente, ouvi um barulho na janela do meu quarto, fui ver o que era e levei um susto quando Miguel apareceu sentado na soleira.

-O que você está fazendo aqui?- perguntei assustada.

-Desculpe, eu só passei pra... te ver – disse ele gaguejando

-Como você chegou aqui, como está parado na minha janela sendo que moro no segundo andar?- acho que tava tendo alucinações.

-Do mesmo modo que você vai para seus sonhos- falou ele com um sorriso angelical em seu perfeito rosto.

-E como eu vou para meus sonhos?

 Ele desceu da soleira da janela e tapou meus olhos só depois respondeu com um sussurro em meu ouvido – Sonhando – fazendo-me arrepiar.

 Quando abri meus olhos eu estava deitada na minha cama e já era meia-noite, ele havia desaparecido. Eu tinha quase certeza do que vi, senti e ouvi ou estava sonhando, ou ainda pior tinha enlouquecido?

- Você não esta sonhando. Nem é louca, eu subi pelo cano- Soou a voz dele ironicamente, mas ele já estava saindo pela janela

-Ta bom - Ouvi uma risada baixa depois, o silencio tomou conta de meu quarto.

 Olhei pela janela e ele corria pela rua até a casa do lado.  

Tentei não pensar muito no assunto e me lembrar que só iria arrumar as coisas daqui a dois dias. Felizmente a historia de me mudar para um colégio interno estava ocupando minha cabeça e eu não pensava em Miguel. Acabei pesquisando na internet e vi como era o colégio do qual iria, os quartos femininos eram separados dos masculinos. Eram mais para apartamentos. Dentro dos apartamentos haviam mais 6 quartos duas alunas ficavam em cada, no total 12 meninas por apartamento. Tinha uma cozinha que parecia ser bem grande e uma sala com uma televisão bem grande mesmo.

Nos quarto as camas ficavam mais afastadas para cada uma ter seu espaço próprio.

  Os uniformes deste ano, não eram tão feios, os tradicionais como estava frio, tinha calça colada ao corpo com o jeans escuro, blusa de seda que parecia com as que empresárias usavam, suéter vermelho e blazer azul marinho, todos com o emblema do colégio. Mas o que mais gostei foi dos sapatos. Para os uniformes tradicionais tinha três tipos: bota cano longo e salto alto, sapatinho que parecia aqueles de boneca e um tênis idêntico ao que eu usava, todos eles preto. Os uniformes para esporte eram um tênis obviamente de esporte, e um abrigo com a cor azul marinho. Também com o símbolo do colégio. Pesquisei mais algumas coisas e descobri que nos finais de semana poderia usar a roupa que quisesse.

Miguel não saia da minha cabeça, eu tinha acabado de conhecê-lo e ele já tinha invadido meu quarto. Ele era engraçado.

 Já era tarde e fui me arrumar para poder me deitar. Logo que sai para ir escovar os dentes meu pai fechou a porta de entrada da minha casa e subiu as escadas, vendo a luz que saia do banheiro ele foi ao meu encontro.

-Mary?- chamou ele.

-Estou aqui, pai- coloquei apenas a cabeça para fora do banheiro.

-Amanhã quando nós chegarmos do colégio, vamos fazer sua matricula se você concordar em ir claro.

-vou ir, mas aquilo tá mais pra uma prisão- resmunguei a ele.

-Como você sabe?

-Olhei na internet

-Mas dali você já vai para a faculdade do Gen e depois para um emprego fixo- falou ele todo orgulhoso. Esse era o sonho de meu pai, não precisar estar trabalhando em dois lugares ao mesmo tempo.

-E a faculdade? Você não foi hoje e amanhã também não vai?- perguntei a ele meio admirada. Ele nunca faltava ao trabalho.

-Eles me liberaram hoje e amanhã- disse ele sorrindo.

-Ah, você vai me levar esse final de semana certo?- eu esperava que não

-Claro

-Sexta Sophie e David vão vir me ajudar a arrumar umas coisas.

Antes de sair dessa casa eu iria revistar o sótão, meu pai nunca me deixava olhar as coisas que ele colocava para lá, todas as casas que nós nos mudamos sempre ele arrumava um jeito de não me deixar ver o sótão.

 -Tudo bem, vou estar na faculdade você não vai precisar de mim?

-Não, nós conseguimos sozinhos- disse a ele sorrindo.

-Boa noite- ele disse sorrindo para mim.

-boa noite.

 Logo que eu ouvi a porta do quarto dele se fechando me desmanchei em lagrimas em frente ao espelho. Minha mãe nunca ficaria feliz em me ver longe. Eu sentia tanta falta dela, meu pai tinha mudado muito, desde os últimos anos. Ele sempre era carinhoso e sempre dizia que eu era a vida dele. Ele nunca me deixaria dormir sem comer um chocolate escondido de minha mãe. Quando estava prestes a dormir ele me dava um beijo na testa e saia do quarto.

 Agora o máximo era boa noite. Lembrei de Miguel e dei um pequeno sorriso. Fui para minha cama me encolher entre as cobertas, nunca tinha me sentido tão sozinha quanto naquele dia. Foi quando fechei meus olhos, e pensei profundamente em minha mãe. Senti uma mão quente passando suavemente em meu rosto, achei que fosse novamente Miguel e abri rapidamente meus olhos, era impossível, mas minha mãe estava ali, me olhava e sorria. Ela estava tão bonita, com um olhar tão feliz e tão amoroso. Eu a abracei bem forte e comecei a chorar. Nós não falamos nada por alguns segundos então ela disse: “Eu te amo meu anjo”

 Eu adormeci. Quando acordei, havia cheiro de rosas no ar. E em cima da minha cama tinha pétalas de rosa vermelha. Era a flor preferida de minha mãe. Peguei um pouco e me agarrei a elas chorando, não pensei em nada e quando percebi já estava no mundo dos sonhos.

 No meu sonho estava em um lugar branco e vi minha mãe com a mesma roupa que ela estava com um vestido branco soltinho, ela sorria para mim e depois abanou e se virou saindo ao lado de Miguel que sorria, tentei correr atrás deles porém minhas pernas não obedeciam. Eles desapareceram em uma fumaça, deixando no ar o perfume de minha mãe do qual era o meu preferido.

 Comecei a chorar muito fortemente conseguindo me ajoelhar no chão que parecia ser feito de algodão. Acordei com a luz do sol batendo em meu rosto e o aquecendo muito rapidamente, acabando com meu sonho. Sentei-me na cama e olhei para a coberta, certa que não tinha sido um sonho ter visto e tocado em minha mãe, afinal as pétalas ainda estavam lá e minha mão em vez de ter o punhado de pétalas, estava uma corrente de prata com o pingente em forma de coração, eu o observei até que percebi que tinha algo dentro. Eu o abri cuidadosamente e dentro de uma das partes que era feita tinha uma foto de minha mãe comigo quando eu era bebê, na outra parte  tinha a frase:

 Eu te amo. Eternamente com você. Meu anjo.

Eu fechei o coração e o apertei forte. Lágrimas caíram de meus olhos e escorreram até a peça que demonstrava que minha mãe nunca me deixaria sozinha. Aquilo foi estranho, mas para mim não importava, coloquei a corrente em meu pescoço e me levante, coloquei todas as pétalas em um vaso de vidro ao lado da minha cama. Não me importava o quanto esquisito aquilo era. Eu estava feliz demais para me preocupar.

   Recuperei-me e fui tomar um banho, nem mesmo para tomar banho eu tirei a corrente da qual ficaria comigo sempre. Arrumei-me e organizei minha mochila. Desci com o maior sorriso no rosto, apenas lembrando o sorriso de minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Frase alterada