Eu já estava convencida de que nada iria mudar, estava tudo arruinado. Voltei ao castelo e tentei de todos os jeitos ajudar quem precisava, havia pessoas machucadas, outras sendo descongeladas.  Ver aquelas pessoas sofrendo me lembrou do porque eu havia me sacrificado desde o inicio. Eu fui pro colégio interno achando que só assim meu pai seria feliz e para que Sophie não ficasse sozinha.  Eu deixei uma estranha entrar na minha família e noivar com meu pai. Eu deixei dois garotos embaralharem minha cabeça, uma garota arrogante roubar meu melhor amigo e um garoto sem cérebro levar minha melhor amiga, deixei com que as decisões fossem tomadas por mim e por final acabei morrendo por amor. Aquilo sim não era justo.

 Respirei profundamente. Agora seria a minha vez de tomar as decisões. Era a minha vida que havia estado em jogo todo o tempo. A justiça ia ser feita.

- Cloe, venha comigo – pedi a garota que ajudava um senhor muito ferido.

- Onde estamos indo? – perguntou ela.

- Resolver as coisa. Onde esta Kathrina?

- Resolver que coisas? Esta tudo resolvido. Tudo esta certo – falou ela preocupada.

-Certo pra quem? – falei enraivecida a ela.

Ela suspirou e apontou a uma menina que trazia vários curativos nos braços.

- Kathrina, venha. – chamei ela, a garota me encarou confusa. Deu de ombros, largou as coisas em uma mesa vazia e me seguiu.

Subi até o segundo andar, onde uma mulher saia de uma porta.

- Senhora, por favor, onde fica a sala da rainha?

- Ora, nas portas de vidro subindo estas escadas é claro – ela parecia ofendida e apontou para uma escadaria a nossa frente..

 Subimos uma escadaria enorme e lá estava as portas de vidro. Bati duas vezes e a voz de minha mãe soou – entre.

Abri a porta e ela me olhou surpresa.

- Olá Mary, Cloe e Kathrina, o que as trazem aqui?

- Simples, quero minha vida de volta. Depois de tudo o que eu fiz, você tomou as decisões sozinha. Quero minha vida de volta, isso é a única coisa que eu peço.

Ela me olhou tristemente – Sempre achei que o que você mais queria era viver aqui comigo. Você é uma princesa, tem que morar aqui.

- Posso ser uma princesa , mas não é por isso que não vou ter vida própria. Quero voltar para o dia em que a guerra acabou e não vou ser esquecida.

- Cloe e Kathrina, vocês querem voltar também?

- Sim – responderam elas envergonhadas.

- Tudo bem, vou enviar uma ordem para que Beatrici, Nick, Allan e Thea venham para cá.

Ela escreveu uma carta que logo desapareceu.

- Porque você complicou tanto?  - perguntei a ela.

- Achei que você gostaria de ficar aqui. – respondeu ela.

 Meu peito latejou ao ver a expressão dela, afinal ela era minha mãe e antes de toda aquela loucura o que eu mais queria era viver com ela.  Eu a abracei, eu a veria de novo. Eu tinha certeza.

Quatro pessoas apareceram na sala. Todos imóveis como pedra.  Minha mãe caminhou até uma estante de sua sala pegou  uma caixa com um pó amarelo. Jogou em cima da cabeça de todos eles. Depois pegou um verde e jogou na minha cabeça, na de Cloe e Kathrina. Começamos a tossir e a desmaiar.

 Quando acordei estava em minha cama no colégio. Estava meio confusa, mas eu havia conseguido. Meu cabelo ainda estava rosa, minhas marcas violetas e o colar em forma de coração, e uma menina dormia na cama ao lado. Não resisti e pulei em cima dela.

- Soph, acorda. Soph – chamei ela freneticamente.

Ela me olhou de cara amassada. – Mary, o que foi?

Eu comecei a sorrir, e a abracei fortemente. Depois sai correndo, Thea olhava televisão.

- Thea – gritei

- O que é menina? – ela parecia mais severa ali, mesmo assim eu a abracei fortemente.

Ela ficou sem jeito e me abraçou meio desengonçada.

Depois de beijar a testa dela sai correndo, esqueci que estava de pijama, e fui até o bloco dos meninos, o monitor deles tentou me parar, mas eu não o escutava. Abri o primeiro quarto e lá estava David, arrumando o cabelo.

- Mary?

- David – gritei rindo, e corri para abraçá-lo. – Nunca mais faça isso comigo? Esta me ouvindo?

Ele retribuiu o abraço – Pode deixar – eu senti o alivio dele, o alivio que eu também sentia. As coisas estavam voltando ao normal.

- Me encontre lá embaixo para o café da manha – falei a ele enquanto saia do quarto.

Abri mais um quarto, duas pessoas desconhecidas dormindo, mais um e nada. No quarto Allan estava dormindo como um anjinho.  Cheguei bem perto e o beijei, ele acordou com o susto. E ao me olhar sorriu.  Levantou e me abraçou, depois nos beijamos por um longo tempo.

- Vocês estão encrencados – disse alguém na porta.

- Não importa. Mesmo assim eu estou feliz – falei ao homem, ele devia ser o monitor. Ao sair do quarto, abracei o homem também que ficou me encarando e sai do bloco.

     Corri para o meu quarto, coloquei meu uniforme enquanto Sophie arrumava o cabelo.

- Nós não comemoramos o seu aniversario ainda – falou ela sorrindo.

- Podemos comemorar hoje a tarde- falei a ela.

- Tudo bem, depois das aulas no refeitório.

Eu sorri e fui tomar o café da manha. David estava de mãos dadas com Elisabeth em uma mesa, eu acenei e ele me chamou para sentar na mesa com eles. Procurei Allan, mas ele ainda não havia chegado.

- Bom dia, Elisabeth. Dormiu bem? – perguntei ao sentar na cadeira.

- Bom dia, sim dormi e você? – ela estava sendo educada, talvez um dia ela quem sabe, ela perderia aquela cara de nojo.

- Otima, mas acordar foi melhor ainda, sabe quando você tem um pesadelo que tem partes boas?

- Não, mas deve ser estranho – ela disse confusa.

- Muito.

Allan se juntou a nós, depois e começou a brincar com meu cabelo rosa e fazer piadas com ele. Depois de tanta desgraça até piadas sobre mim eram engraçadas.

Logo  Sophie e Drigo apareceram, ela ficou com vergonha de se sentar com nós, mas o menino parecia ter dado coragem a ela. E por mais que o clima estivesse estranho no inicio, foi se tornando uma conversa cordial e logo depois entre amigos.

   Depois de um adorável café, conversas engraçadas, encaramos um dia de aula. Foi melhor do que eu esperava.  A tarde quando se aproximava do final das aulas comecei a pensar no que faria com Sophie para comemorar meu aniversario.

   No ultimo período eu estava indo até meu bloco quando me surpreendi. Havia uma festa surpresa. Todos meus amigos estavam lá, meu pai e Beatrici e minha mãe que mesmo eu não a vendo eu a sentia.

 Depois de me emocionar, de abraçar todo mundo. Beatrici anunciou: Estou grávida,

Todos nós vibramos e sorrimos.  Foi o melhor dia da minha vida. Da minha nova vida normal.