Anjo da Saudade escrita por Ana Carol M


Capítulo 2
Capítulo 2




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“Tem coisas que eu queria ter o poder de apagar da minha mente.”

- E por que tudo isso? - Tudo bem, pais são possessivos e tentam nos manter seguros, mas colégio militar já é demais.

-Ela diz que está tudo ficando muito perigoso, que ela tem medo que eu venha do outro lado da cidade até aqui sozinho- respondeu ele. È fazia um pouco de sentido, atravessar a cidade sozinha não era muito bom. Quem sabe o que poderia acontecer, alienígenas poderiam nos abduzir?Quem sabe, Byons era uma cidade estranha e sempre acontecia alguma coisa cientificamente inexplicável. 

- Eu vou ir para o Gen trimestre que vem- disse Sophie tristemente. O humor foi completamente embora quando as primeiras palavras foram pronunciadas, era horrível saber que quase nunca iríamos nos ver.

Foi quando caiu a ficha, Sophie iria embora e não tinha nada a fazer, isso era sério por que os pais dela cumpriam o que prometiam não importa o que fosse.

-O que? - perguntou David incrédulo. Um aperto passou em meu coração e eu engoli seco.

-Vou embora trimestre que vem- disse Sophie com os olhos cheios de lagrimas e com a voz trêmula. Meus olhos começaram a ficar embaçados e minha garganta mais seca ainda.

-Você não pode - ordenou ele. O tom de David me assustou um pouco. Era como se Soph fosse se suicidar.

-Esse vai ser meu castigo por ter aprontado todos esses anos- disse ela limpando a primeira lagrima do rosto.

David estava incontrolável e juro que vi seus olhos ficando vermelhos, mas quando fui olhar bem ele virou o rosto e voltou normal.

O silencio nos inundou.

-Provavelmente vou ir também, se meu pai decidir se casar. Já desisti de tentar fugir daquele lugar, de tentar espantar as namoradas do meu pai. Cansei - Abracei Sophie enquanto falava. E ela me acolheu em seu abraço.

-Você também?- perguntou David pensativo e realmente triste. Parecia que ele tentava achar uma solução ou tentava achar que aquilo era mentira.

-Sim, depende da namorada do meu pai. Mas estou com mal pressentimento e se ela for “malvada” vou querer ir para o colégio do que aturar ela e servir de escrava. Não sou uma cinderela, e não vou virar princesa a meia noite. È melhor eu ir - respondi fungando junto a Sophie

-Se vocês forem, eu vou junto- falou David nos abraçando fortemente. Me senti em família e mais que tudo, me senti segura.

 Ali ficamos os três abraçados chorando - como idiotas - até o sinal tocar. Mas devo confessar que era bom saber que íamos ficar juntos, ou no mesmo colégio e por um lado até morar junto.

A droga do sinal tinha que tocar, nós nos desgrudamos e também limpamos as lagrimas, logo começamos a rir da situação. Todos que passavam por nós olhavam com caras estranhas meio que assustadas. Mas já estávamos acostumados com olhares estranhos, de acordo com algumas pessoas eu e Sophie éramos as namoradas de David. Mas era pura amizade, da minha parte pelo menos.

 -Vamos, temos provas nos primeiros períodos- falei puxando os dois pela mão.

 -É e vamos parar de chorar não é o fim do mundo – falou Sophie tentando se recompor.

Nós rimos e entramos no corredor um grudado do outro. Colocamos as nossas coisas nos armários que eram um do lado do outro. Se eu fosse ter irmãos eu queria que eles fossem iguais a David e Sophie.

 Entramos na sala onde meu pai aguardava que todos entrassem.

-Bom dia senhor Bold- dissemos os três.

-Sentem-se- ele ordenou. Meu pai não permitia que eu o chamasse de pai no seu local de trabalho, ou seja, minha escola.

 Meu pai era um homem muito bonito tinha olhos negros, eu tinha puxado os olhos de minha mãe que mudavam de cor de acordo com o tempo, tínhamos a pele rosada. Meus cabelos são castanhos o dele morenos. Eu tinha herdado poucas coisas de meu pai. Ele dizia que eu era a cópia de minha mãe, até nas minhas atitudes era teimosa como ela.  Eu não achava, minha mãe lutou muito pra sobreviver, mas não agüentou. Estava completamente distraída atravessando a rua a cinco anos atrás, minha mãe vinha um pouco mais atrás, foi quando um motorista alcoolizado e sem o controle do carro ia bater em mim, a única coisa que lembro com clareza é minha mãe me empurrando para a calçada e a pior cena que vi, ela sendo atropelada e ser jogada a  mais ou menos cinco metros de altura. Mas ela agüentou até a ambulância chegar, não era pra ela sobreviver, a ambulância se meteu em um grave acidente e capotou. Posso dizer também que ela sobreviveu, enquanto todos os outros da ambulância morreram. Ficou em coma três meses foi os piores três meses da minha vida, mesmo com alguns machucados ela ainda estava linda, não era uma boa imagem vê-la desacorda, mas ela ainda estava linda. Em uma tarde que fui visitá-la depois do colégio ela abriu os olhos. E me olhou docemente.

- Eu te amo,  e vou estar com você sempre, cuide de seu pai. Eu o amo muito - falou baixinho por sua respiração fraca, mas eu a ouvi, o coração dela começou a bater rápido e parou. Ela faleceu de mãos dadas comigo. Realmente desmontei no quarto.

Era insuportável a idéia que meu pai teria outra mulher, sempre me perguntava se ele tinha esquecido minha mãe, mas tinha medo que se ele se lembrasse dela ele entraria novamente em depressão, como estava poucos meses depois que minha mãe partiu. Fui a mais controlada da família chorei sozinha, e ia fazer o que minha mãe tinha pedido, ia cuidar de meu pai. Sempre me culpei secretamente pela morte dela. E acho que no fundo ele também me culpa. Um dos motivos para incentivar minha ida para o colégio interno é que ele não terá que ver a maior culpada pela morte de sua esposa.

Meu pai entregou as provas, e ficou a nos observar atentamente, logo terminei. A prova estava fácil ele me explicou três vezes a matéria e depois fez repetir o que tinha entendido. Tinha certeza que tinha gabaritado. Quando fui entregar a prova ele me olhou como se fosse me matar. Eu conhecia aquele olhar era do tipo “Se você não passar nessa prova eu corto o seu fígado”, eu apenas sorri.

Eu esperei David e Sophie acabarem para poder conversar com eles. Sophie parecia preocupada e também devia estar esta era à prova que salvaria seu trimestre.

Quando David terminou. Eu sentei de lado para que pudéssemos conversar.

-E ai como foi?

-Estava fácil- ele respondeu sorridente.- A Soph ta nervosa, olha ela balançando a perna- disse ele rindo baixinho.

Sophie terminou logo após.

-E aí, passou?- eu e David perguntamos numa só voz.

-Eu acho que sim- disse ela quase explodindo de alegria.

-Que Bom- sorri

-Maravilha- falou David

  Sophie precisava tirar dezoito pra ter média, e estava com oito apenas, teria que tirar dez numa prova que valia quinze. Eu estava com quinze tinha feito todos os trabalhos então só precisa de três pontos nessa prova. David estava com dez pontos precisa de oito, mas ele era do tipo que estudava, mas não contava pra ninguém.

 Minutos antes de o sinal tocar anunciando o final da aula de meu pai, ele disse as notas. As únicas que prestei atenção foi a minha, a de Sophie e a de David.

-David treze.

-Mary Ann quinze.

Eu apenas assenti sorrindo. E esperei anciosa pela nota de Sophie.

-Sophie...- meu pai sabia que Sophie estava nervosa com sua nota e para deixá-la mais nervosa demorou a falar.

-“... quinze”

-Ah a eu consegui - ela gritou.

 Eu e David fomos abraçá-la.

-Sentem-se - ordenou mais uma vez meu pai, com a voz grossa.

  Nós nos sentamos, mas ainda com um sorriso no rosto.

 O dia passou normalmente. Chegou na hora da saída e eu comecei a ficar nervosa, afinal eu iria conhecer minha suposta nova mãe dentro de poucas horas.

-Calma- disse David.

-Eu tenho certeza que meu pai vai me mandar pro Gen, acho que vou fugir- eu disse.

-Você não vai fugir e pensa positivo, garota- disse Sophie com um sorriso encorajador.

- E isso realmente seria ruim?Digo ir para o Gen. Eu posso convencer minha mãe a me colocar lá invés de um colégio militar. Então nós três ficamos juntos de novo e ainda melhor sem estar nesta –horrível- escola. – Falou David com tom de filosofo.

 Eu dei um grande sorriso e os agradeci.

 Os dois me abraçaram fortemente, então cada um foi para um lado.

Eu estava indo para o metrô até que bati em uma mulher sem querer.

-Desculpe - falei docemente. Mas a mulher com um cabelo ruivo me olhou como se fosse me matar.

-Cuidado,Vê se você olha por onde anda- falou ela muito irritada.

Ela entrou em um carro, eu corei um pouco, fiquei um pouco assustada, mas logo ignorei o que tinha acontecido e fui até o metrô.


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