# Matheus

  Eu nunca havia passado tanto tempo me arrumando. Já havia horas que eu procurava alguma roupa que servisse. Eu tentava em vão ajeitar meu cabelo, mas não tinha jeito, ele sempre voltava para sua forma bagunçada de sempre. Eu já estava cansado daquilo, na verdade, estava cansado de tudo. Eu queria acaba e desistir daquela maldita aposta, mas Otavio não iria aceitar. Eu estava sendo o vilão de historia e ele o mocinho. Bufei com possibilidade de Otavio ganhar de mim, até que não seria tão ruim, era só a primeira vez que ela ganhava de mim em alguma coisa.

 – NÃO! – Eu disse com raiva jogando todas as minhas roupas na cama. Eu não poderia deixar Otavio ganhar de mim. Ele ia ficar se achando e tals, e esse gostinho eu não daria a ele, não mesmo. – Não importa o que eu tenha que fazer para conquistá-la. – falei encontrando uma camisa que achava que estava perdida. Eu adorava aquela camisa...  E as garotas também. Eu iria bomba nessa festa e deixar a Helena doidinha por mim. Ri já imaginando a cara dela quando me visse.

  Depois de mais alguns minutos eu já estava quase pronto. Olhei-me no espelho e senti firmeza... Otavio nunca estaria tão bonito quanto eu!

  Desci rapidamente as escadas encontrando minha mãe na sala. Ela estava assistindo uma de suas novelas preferidas.

 – Mãe! Já vou indo. – disse me aproximando dela.

 – Tudo bem... E não volte muito tarde. – Ela indicou com o dedo uma de suas bochechas. Eu hesitei, mas a beijei. – Tenha cuidado. – Ela me alertou enquanto eu saia de casa.

  Fui até a garagem para escolher com qual dos meus carros eu iria. Meu pai não era o homem mais rico da cidade, mas chegava bem perto. Eu tinha uma coleção de carros antes mesmo de poder dirigir. Eu gostava de um carrinho de brinquedo e meu pai simplesmente o comprava em tamanho real para mim. Minha mãe não gostava muito de me mimar. Ela sempre fora uma pessoa simples e, parti disso, era que ela vinha de uma família pobre... O resto eu não preciso nem falar... Meu pai se apaixonou por ela e tals... E agora ela é rica, mas gosta de ser simples.

  Escolhi uma BMW preta que chegava a cintilar. Eu tinha uma paixão obsessiva pelos meus carros e acabei criando nomes para eles. Esse se chamava Tina, pois tinha sido uma das meninas mais bonitas que eu já tinha ficado... É eu tinha isso mesmo. Colocava o nome de ex ficantes minhas nos meus carros, pelo menos era um jeito bom de lembrá-las. Entrei no carro e disparei em alta velocidade, a festa era um pouco longe da minha casa.

  Enquanto dirigia tentava buscar uma forma de ser mais conquistador possível. Eu iria olhá-la com o meu olhar fatal. Ri. Todas as meninas caiam de amores quando eu as olhava daquele jeito... E com ela não seria diferente, afinal ela tinha caído na conversa do Otavio que era um otário e não sabia enrolar nem uma galinha morta. Mas ele estava agindo diferente, estava usando truques diferentes. Juro que eu não esperava por aquilo... Ele tinha a defendido me enfrentado. Eu tinha que admitir que ele estava jogando muito bem, pelo menos, muito melhor do que eu, mas não por muito tempo. E Helena? Ela estava tão diferente... Eu tinha que admitir que ela estava consideravelmente mais bonita. Toquei meu rosto com as mãos geladas bem no lugar onde ela tinha me dado uma tapa, isso fez uma raiva súbita surgir dentro de mim. Ela só poderia está querendo brincar comigo com aquele pedido de desculpas repentino. Ela era orgulhosa demais para fazer algo como aquilo sem segundas intenções. Mas se era brincar o que ela queria eu iria brincar com ela.

 – Só espero que ela agüente minhas brincadeiras. – disse sorrindo chegando a festa. Ainda não estava muito cheio, então foi fácil arrumar uma vaga no estacionamento. Sai do carro indo em direção a casa já escutando a música alta que vinha dela.

  Quando entrei todos olharam para mim, inclusive as garotas, para minha alegria. As pessoas passavam por mim me cumprimentado, mas eu não as dava muita atenção. Eu só queria achar uma pessoa. Rodei a casa toda, mas ela não estava em lugar nenhum. Vi-me parado na porta quando uma campanhinha tocou, a música estava alta demais e, provavelmente, ninguém alem de mim havia escutado. Abri a porta por impulso. Arregalei os olhos e abri a boca ao ver que a garota mais bonita da festa estava na minha frente. Era Otavio... Acompanhado da Helena. Ela também parecia bem surpresa ao me ver. Ela estava... Estava completamente linda, na verdade, perfeita. Com certeza superava, e muito, a Tina. Eu nem acreditava que uma garota toda “largada” pudesse esconder uma beleza tão peculiar.

 – Oi cara. – Falou Otavio me dando um abraço forte, mas eu não consegui tirar os olhos dela. Ela estava deslumbrante.