Uma semana já havia se passado e não havia nenhum sinal de algum No-One na casa dos Some-One – pelo menos era isso o que eles pensavam – Matt, Rose e Indifference já haviam saído da enfermaria, embora tudo estivesse parecendo correr bem a casa ainda estava estranha, não por causa de Aono – que estava cada vez mais se acostumando com a casa – mas sim por Yuu e Fiszpan. Yuu já saia de seu quarto, porém, quando ela saia ninguém sabia para onde ela estava indo, Fiszpan por sua vez não se cansava de pesquisar sobre o “novo Some-One” que aparecera.

Era cerca de meio dia, esse era o único horário em que todos estavam juntos sentados à mesa para almoçar.

A mesa da cozinha era irregular ao número de moradores da casa, cinco lugares viam-se vazios. Ela estava forrada por um longo pano azul-celeste com alguns detalhes em branco, sem contar as manchas vermelhas que emporcalhavam a mesa, manchas que foram causadas por Matt certa vez quando comia macarrão.

- Já faz uma semana que ele está aqui – disse Yuu tentando começar um assunto ao ver o silêncio importuno que tomava conta da hora do almoço – Nós devíamos dar um nome a ele já que ele é um de nós agora.

- Isso é verdade – concordou Matt antes de abocanhar um enorme pedaço de coxa de frango – Mas qual poderia ser? Eu sou péssimo com nomes, já vou avisando!

Fiszpan parava de comer e ficava notando atentamente a conversa.

- Eu gosto de... hum... Michael? – arriscou Rose envergonhada

- Não... – discordou Katty – Michael é um nome muito comum. Qual nome você gostaria que fosse Jin? – Ao dizer isso todos miraram os olhos na direção de Jin, até mesmo Indifference que nem ao menos estava prestando atenção na conversa.

- Poderia ser... – ele parou um pouco e começou a olhar para seu prato já vazio para pensar em algum nome – Ruan?

- Ruan?! – todos na mesa disseram simultaneamente

- Gostei desse nome – disse Aono que estava calado até o momento – O que você acha do nome? – ele dirigiu sua palavra a Indifference

- Também gostei – afirmou ele não tão sincero com um sorriso falso

- Pois bem! – disse Rose – Seu nome agora é Ruan

- Tudo bem – repetiu o mesmo sorriso falso – Vou para o meu quarto – ele levantou e pegou o seu prato ainda cheio na mesa – Não estou com fome

- Ah! – disse Fiszpan levantando o braço para chamar a atenção do garoto – Não se esqueça, hoje à noite vamos continuar as pesquisas sobre a seu Feeling Weapon.

- Ok

Indifference – agora chamado de Ruan – se dirigia na direção da porta da cozinha, mas ao passar por Yuu ele permite que seu garfo caísse propositalmente, para que ele pudesse se inclinar e dizer em tom de cicio “Eu sei o que você anda fazendo, me encontre no meu quarto quando você terminar o seu almoço”, as palavras saíram em um tom tão raso que nem ao menos Yuu conseguira entender completamente o que ele havia dito; em passos fortes ele volta ao seu curso e sai pela porta.

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Logo depois que Yuu terminou o seu almoço ela se dirigiu até o quarto de Indifference curiosa, embora ela soubesse o que ela andava fazendo a pergunta “como ele sabe?” não saía de sua cabeça.

Chegando ao terceiro andar – que era praticamente igual ao segundo – ela chama por Ruan, pois não soubera qual era o quarto correto. Logo em seguida uma porta ao fim do corredor se abre, e de lá de dentro uma cabeça emerge dizendo “por aqui”. Yuu caminhou até o quarto.

- Você veio rápido – disse Indifference com um tom meio irônico voltando a ter os olhos inexpressíveis

- V-você vai contar para alguém? – perguntou ela assustada como se acabasse de ver um fantasma

- Não, é claro – disse ele levando sua mão até o queixo de Yuu para acariciá-lo – Eu sou seu amigo, estou aqui para lhe ajudar – disse ele soltando o queixo da garota.

- Me ajudar como? Você não tem como me ajudar – disse ela ainda um pouco alarmada

- Você anda treinando escondida, certo? – perguntou ele sentando-se em sua cama

- Sim, eu vim aqui por que você sabia disso – disse ela confusa.

- Então, seu treino seria inútil se você não soubesse onde aqueles dois estão – deu um meio sorriso com o lado esquerdo de sua boca.

- Como você sabe dos dois? Você nem estava aqui... – ela desviava seu olhar de Indifference e olha para a parede amarelada do quarto; de certa forma ele a assustava.

Ouve uma pequena pausa.

- ... Fiszpan me disse – mentiu

- Então eu entendendo... – Ela tentou olhar para Indifference, mas alguma coisa fazia com que ela não conseguisse completar tal ato – Você ainda não me respondeu... – a sua voz estava sibilante, resultado da mescla de sua timidez com o certo medo (medo que ela nem ao menos sabia por que sentira); então ela prosseguiu - Como você acha que pode me ajudar... Ruan – ela engoliu a seco involuntariamente ao dizer o falso nome do garoto.

- Eu sei onde está o portal – os olhar do garoto se assemelhava com o de uma serpente prestes a dar o bote

- O p-portal para o mundo de Darkness? – ela se assustou

- Obviamente, eu posso lhe explicar exatamente onde ele fica – ele esperava ansiosamente a reação de Yuu.

- Mas eu pensei que ele já estivesse fechado há tempos – seu olhar continuava a evitar Indifference vagando lentamente para os móveis de madeira envernizada do quarto.

- Sim ele está fechado, porém – ele passou a mão na testa para tirar os seus cabelos rosados que ficavam um pouco na frente de seu olho que estavam atrapalhando ligeiramente a sua visão – Existe um lugar, ele é antigo, porém, ele ainda deve estar funcionando – ele foi interrompido ao perceber que os olhos de Yuu não paravam de vagar pelo quarto – Algum problema? – perguntou

- Não, não, nenhum problema – ela estava tão distraída com os móveis do quarto que ao ser chamada se assusta.

- Então está bem – ele continuou a explicar – O lugar é velho e não fica nem à quinhentos quilômetros daqui, mas antes que eu explique mais preciso saber se você realmente quer ir para lá, se você realmente quer derrotar Happi e Lukke – ele cometeu um deslize grave ao falar o nome dos gêmeos, mas Yuu aparentava estar tão nervosa que nem percebeu que Indifference havia dito o nome dos gêmeos.

- Eu preciso de tempo... Coisas assim não se pensam de uma hora para outra

- Você está treinando há uma semana, ou até mais, pensei que tivesse se decidido já – ele fala fingindo um tom de desapontamento – Bem, então continue treinando – Na medida em que ele falava Yuu já voltava para porta pela qual havia entrado um tanto cabisbaixa – Afinal... Você é fraca de mais para um No-One – um malvado sorriso é estampado na cara de Indifference, porém, Yuu que estava de costas não consegue enxergar e se vira; ele desaparece com o sorriso em instantes.

- Eu não sou... – ela perdeu o foco do que iria dizer então Indifference completa a fala dizendo:

- Fraca? – ele tentou não rir – Então você vai aceitar ou não?

- E-eu aceito – disse ela ainda sem muita certeza

- Muito bem eu vou te explicar como você pode chegar lá – ele olhou em volta procurando alguma coisa até que para olhando para parede sul de seu quarto – Yuu olhe para essa parede – ele apontou com o dedo indicador enquanto caminhava até a parede.

- O que tem essa parede? – Yuu ficara tão confusa, que ao falar, sua voz produzira um ruído estranho; Indifference deu uma risada inaudível por causa do som que a voz de Yuu produziu.

- Apenas preste atenção – ela passa de leve a mão na superfície fria da parede. Yuu confusa apenas fica observando a cena – Orbis Inanis – ele diz cerrando os seus olhos vagarosamente.

Ao mesmo tempo em que ele passa a sua mão pela parede a pintura amarela se dissolve gradualmente dando o lugar para uma fina camada de um espelho. Na mão esquerda de Indifference surge um anel de prateado com detalhes dourados, e em seu centro, uma pedra lapidada de uma cor tão neutra que parecia ser quase invisível se não fosse os pequenos raios de sol que entravam pela janela fazendo com que a pedra brilhasse.

- O-o que é isso? –gaguejou Yuu dando meio passo para trás

- Esse é um dos poderes do meu Feeling Weapon, Orbis Inanis ou Void Ring, como preferir... – disse Indifference sem desgrudar os olhos da parede – Agora preste atenção – ele apontou o dedo onde estava seu anel para a parede o que causou um efeito de iluminação incrivelmente belo ; a imagem de uma espécie de máquina aparece em pleno o espelho na parede – Está vendo aquilo?

- Sim...? O que tem ela? – disse Yuu apertando os olhos para enxergar mais, pois a luminosidade a atrapalhara.

- Essa máquina é a única máquina capaz de abrir um portal para podermos viajar entre os três mundos: Darkness, Light e o atual onde estamos... A Terra – Indifference se virou para Yuu para certificar-se de que Yuu estava prestando atenção em suas palavras e logo em seguida voltou os olhos para o espelho

- Como você sabe isso tudo? – ela perguntou desconfiada

- Fiszpan me disse, e eu também já conhecia algumas coisas antes... – mentiu

- Então porque o Fisz nunca mencionou essa máquina antes? – ela voltou a perguntar, antes que Indifference respondesse outra pergunta surge a sua mente – Não... Melhor! Por que ele já não a usou há muito tempo para acabar com o mundo de Darkness?

- Provavelmente para não começar uma guerra – Indifference disse deduzindo corretamente - como a que parece estar começando...

- Sim... Claro... – ela ficou corada – Continue a explicar... desculpe interrompe-lo Ruan.

- Continuando... – Indifference revirou os olhos sem que Yuu percebesse – Consegue enxergar um botão azulado na parte esquerda da máquina? –perguntou ele enquanto apontava para o local

- Sim – disse Yuu

- Você irá apertá-lo, logo depois disso a tela irá mudar e vai lhe mostrar uma tela como essa – a imagem do espelho muda e fica com uma enorme tarja branca e um traço vertical piscando incansavelmente, logo acima da tarja estava escrito “coordenadas” – Então você irá digitar as seguintes coordenadas... – ele pausou a fala e pegou um pedaço de papel e caneta em cima da escrivaninha – Anote! – ele entrega o papel e a caneta para Yuu – D-15K0N355. Depois que você digitar isso em um teclado que fica logo do lado direito da máquina o portal se abrirá – a imagem do espelho voltou a mudar mostrando o aspecto do portal - então você só precisará passar, quando chegar lá o resto é com você – o espelho se quebrou e os cacos dissolveram em um pequeno pó amarelado que voltou para a parede deixando-a no estado original.

- Obrigado... é... Ruan – disse Yuu procurando uma forma apropriada de agradecer – Nem sei o que dizer...

- Não diga nada – ele que estava virado ainda para parede volta a olhar para Yuu – Só ganhe deles – Indifference passa a mão levemente no rosto de Yuu, o anel que estava em sua mão se despedaça em cacos que desapareceram em pleno ar como se não passassem de um pedaço de papel queimado – Ah sim! Ia me esquecendo – ele tirou a mão do rosto de Yuu que dessa fez ficou um tanto ruborizada – Quando você irá partir?

- Hoje à noite quando ninguém estiver olhando – ela desviou o olhar e olhou para trás por cima do próprio ombro – Ruan... Eu realmente posso confiar em você? Você não vai contar para ninguém?

- Obviamente não! – disse Indifference – Eu te ajudei isso tudo, por que eu iria lhe denunciar?

- Tem razão... Desculpa, mais uma vez – ela pela primeira vez conseguiu olhar diretamente nos olhos de Indifference.

- Mas é melhor você ir logo – alertou Indifference – A noite já está chegando e você precisa se preparar para ir, trezentos quilômetros são muita coisa... – ele parou para pensar por um segundo – E como você vai fazer para chegar lá? Humanos não podem nos ver...

- Eu dou meu jeito – disse ela sorrindo. Ele retribui o sorriso falsamente – Abre a porta para mim? – perguntou ainda sorrindo

- Ah, sim, claro – os dois foram em direção a porta – Quando você voltar, espero que venha para conversarmos mais vezes – Indifference diz enquanto abria a porta, embora sua palavras fossem essas seus pensamentos pareciam mais com “Vai nessa... Tenho certeza que você não volta pirralha”.

- Pode deixar – ela riu novamente e saiu pela porta em direção ao seu quarto para se preparar para a viagem.

Continua...