É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 41
Capítulo 41 - Tudo nas mãos


Notas iniciais do capítulo

Minhas lindas, desculpem a demora, tenho estado realmente muito ocupada. Cheia de provas, deveres e segundas chamadas que essa autora irresponsável perdeu.
Me desculpem também por não ter respondido aos reviews, eles estão no meu coração e eu dou muito valor a eles, tá? Só não tenho tido tempo MESMO.
Enfim, aí está o capítulo, espero que gostem. E pela primeira vez vou sugerir uma música para vocês ouvirem enquanto leem: ALL IN HAND, DO LOWRIDER.
Acho que encaixa bem, não sei. Se alguém ouviu, por favor me avise. rsrs :)
E às leitoras que escrevem histórias que eu leio, mil desculpaaaas, mas eu realmente não tenho conseguido arrumar tempo. :(
Me desculpem também se tiver algum erro de digitação. Capítulo dos "me desculpem", né? rsrsrs
Boa leitura ;D



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"Podemos passar por isso, ou podemos nos separar. Como eu disse para o homem por trás da posição, você tem que correr. Se alguma vez houve uma chance para comprovar que você conhece a si mesmo, o tempo é quando suas mãos estão livres." 
                                          All In Hand (Lowrider)

Sei exatamente com o quê estou lidando. Meus sentimentos colidem, estranhamente desorganizados demais para se deixarem ser identificados. Sinto tudo começando de novo.

Foi ele quem contou, e isso é óbvio. Megan, considerando o jeito como está chorando e soluçando a vinte metros de mim,  como queria essa vitória e como gosta de Peter e todo o resto, não se entregaria dessa forma. Mas Griffin me disse que não tinha contado nenhum dos meus segredos para ninguém.

Só que acontece que não posso mais confiar nele. O que aconteceu, então, porra?

Eu sento no chão. Não sinto mais minhas pernas, e meus pensamentos já deixaram de ser meus há muito tempo.

- Bellie. - Alguém me chama.

É Tensy. Ela está com os olhos azuis colados em mim, as sobrancelhas levantadas, uma fina linha de suor cortando a lateral do rosto.

- Prometa que vai ficar calma. - Ela fala.

Eu me levanto imediatamente. O que ela quer dizer com isso agora?

- O quê? - Falo, o desespero subindo e o calor de meu corpo voltando.

A expressão dela não muda. Os olhos parecem mais nervosos do que antes.

- Prometa.

Não respondo. Minha atenção e o pouco de paciência que restam se voltam para a cabeleira cor de chocolate se movendo entre a multidão, para fora dela. Eu encaro Tensy por um segundo.

- Não. - Ela sussurra.

Não a escuto. Sinto meu corpo se impulsar em direção à pessoa causadora de tudo isso, as pernas correndo de um jeito que nunca pensei que podiam correr. Empurro algumas pessoas desavisadas para fora do caminho e me atiro para fora do ginásio.

Sigo a sombra na minha frente com toda a força que tenho.

- Griffin! - Grito, com todo o ar restante em meus pulmões.

Ele vira-se para mim e é incrível como seus olhos causam um arrepio dentro de mim mesmo agora. Griffin não responde. Parece ser capaz de dar tudo que tem para não precisar estar cara a cara comigo agora.

Percebo que sou eu quem deve falar alguma coisa, se eu quiser que essa conversa vá para frente.

- Por quê? - Pergunto, abrindo os braços cansados pela corrida, o peito arfando.

- Por que o quê? - Ele devolve, o rosto duro.

- Por que contou tudo aquilo? Você sabe o quanto eu esperei por esse dia!

- Bellie...

- Não comece! Não tente se explicar! Você contou, é a única explicação. E foi exatamente isso que aconteceu.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Quando descobri que na verdade não foi Griffin quem contou meus segredos antes, me senti acordando de um pesadelo, mas agora parece que mergulhei mais fundo em um pior.

- Só quero te dizer... - Ele tenta começar.

- Cale a boca! - Berro. As lágrimas são substituídas pela raiva. A expressão dele continua intacta. Será que ele não sofreu esse tempo que ficamos separados e brigados, mesmo que tenha sido curto? - Não tem jeito de consertar nada disso agora.

Eu analiso o rosto de Griffin. Ele está abandonando a máscara fria, transformando-a em uma furiosa.

- E você? Não venha gritar comigo como se você estivesse certa! Você não merece a minha confiança.

Doeria menos se ele tivesse me batido.

- Não mereço sua confiança? Que pessoa horrível eu sou, então. - Ironizo. - Eu não gosto de Jason, Griffin, você sabe disso. Não banque a criança à essa altura.

- Não gosta dele? Por que o beijou, então?

- Ele me beijou, Griffin! Ele!

- Ninguém beija sozinho, Bellie. E você sabia que eu estaria lá.

Não acredito. Será que esse menino louco, esse menino doente, pensa que eu fiz aquilo de propósito? Eu me assustei demais para ter uma reação, meu Deus! Porque a primeira que coisa que eu penso quando vejo Jason não é que eu tenho que perguntar a ele "Ei, está pensando em me beijar? Porque, se estiver, me avise antes para eu poder mirar meu chute de indignação com mais precisão".

- Griffin, ouça bem o que vou lhe dizer, está bem? Você enlouqueceu. Não sinto nada por Jason, eu juro. Talvez um pouco de afeto demais, a única coisa que me impede de dar um fora decente nele. Ou talvez eu só me identifique com a situação dele, de gostar de quem não devia.

Ele levanta as sobrancelhas com desdém.

-  Eu não pedi a você para gostar de mim.

As lágrimas voltam com muito mais força desta vez.

- Eu sei que não. - Digo, a voz embargada. - Lamento então que você tenha um fardo como eu para carregar.

Griffin dá de ombros. Sinto vontade de matá-lo. Acho que só não o mato agora mesmo porque gosto dele demasiadamente para isso.

- Não se faça de desentendida, Bellie. Se você gostasse realmente de mim você não teria beijado outro cara.

Eu pisco. Enxugo as lágrimas em silêncio. Juntando todos os pedaços de minha dignidade, encaro os olhos azuis faiscantes dele e digo, com a voz fria:

- Eu não te devo nada.

Ele permanece com a mesma expressão desinteressada que sustentava antes.

- Tem razão. Você não me deve nada.

Dizendo isso, Griffin me dá as costas e vai embora. E eu sei que acabou, desta vez.

                                 ○                   ○                   ○

Perdi muito tempo ajoelhada na grama sem conseguir me mexer, ou me obrigar a me levantar. Agora estou correndo, o rosto molhado, em direção ao ginásio. Minha cabeça lateja de raiva. E pensar que ele ainda tentou se explicar...

- Ah! Aí está você, Harper!

Peter me olha com alívio. Eu gostaria de poder sentir isso também.

- O que aconteceu com você? - O rosto dele altera um pouco de expressão. - Bem, não temos tempo para isso agora. Vá lavar seu rosto, vamos jogar.

Seco as lágrimas caindo com as costas da mão direita e finjo não perceber os pares de olhos curiosos voltados para mim.

- Vamos? - Repito. - Como?

- Não temos muito tempo. Vá. - Ele ordena, e acho melhor obedecer.

Atravesso a quadra de cabeça baixa, as bochechas queimando. Ao chegar na porta do vestiário, escuto vozes tensas vindas lá de dentro. Acho melhor não entrar e ir embora, mas a curiosidade é maior. Colo meu ouvido na porta e tento entender a conversa.

- Você não devia ter feito isso. - Diz uma voz nervosa.

- Que pena. Parece que agora é tarde demais. - Soa outra, mas esta desdenhosa.

- Tínhamos um acordo.

- Tínhamos, Megan? Então me diga, qual era sua parte no acordo?

Megan. Megan está lá dentro. Aperto ainda mais meu ouvido contra a superfície gelada da porta.

- Tirar Bellie do time. - Ela responde, obediente.

- Hum... interessante. E por que ela ainda está aqui?

- Porque eu não consegui.

Alguém ri. E não é Megan.

- Então não temos mais um acordo, querida.

- Mas você não podia ter feito isso, Blake. Você prometeu.

Blake? Blake Carmichael?

Alguém ri de novo. Com certeza é Blake.

- Nós mandamos até mesmo a minha mãe para tirar Bellie do time e não conseguimos. Seu dever era impedir que Bellie voltasse depois do machucado.

Eu engulo em seco. Foram elas quem mandaram Victoria.

- Você também não cumpriu sua parte no acordo, Blake.

- Cumpri por mais tempo do que você. - Blake responde, a voz carregada de desprezo. - Não tenho culpa se meu irmão se envolveu com ela.

O desdém na voz dela me irrita. E a citação de Griffin como irmão dela também me desagrada. Durante todo esse tempo essa foi uma parte da vida dele que preferi esquecer.

- O que você esperava, Megan? Também não tenho culpa se você foi ingênua o bastante para me contar sobre você e Peter. Quando vi que Bellie ia jogar, precisei tomar medidas drásticas.

Foi ela. Era isso que Griffin queria me dizer, então. Eu estraguei tudo de novo. Tiro minha orelha da porta, ignorando quando ela dói devido ao tempo que permaneceu junto à porta dura.

Ignorar a dor é fácil quando tento ignorar tudo o que acabei de ouvir. Blake e Megan no vestiário do nosso time discutindo sobre um acordo que parece existir há muito tempo. Tenho a impressão de que Griffin sabia disso tudo, mas não posso culpá-lo por não me contar.

Corro de volta à quadra, onde Peter está tentando reunir as meninas, que estão chateadas com ele pelo que ele fez. O treinador dá algumas olhadinhas em volta a fim de achar Megan, mas abaixa a cabeça quando vê que está sendo observado.

Eu me aproximo de Tensy.

- Onde você estava, Bellie? - Ela me pergunta, mas não com a voz dura como achei que ela estaria.

Apenas balanço a cabeça, e ela me abraça

- Por que estamos dentro de novo? - Pergunto, depois que ela me solta.

- Falta de provas. Sra. Mckingdom veio aqui conversar com o juiz e ele decidiu nos deixar jogar. Só queria saber quem contou...

- É. - Minto. Tensy percebe, mas olha para o outro lado.

Vejo Megan do outro lado. Peter conseguiu reunir as meninas em volta dele, finalmente. Olho para trás e vejo que Blake já está com seu time.

- Eu devo um pedido de desculpas a vocês. - Peter diz. - O que fiz foi errado e impensado, e espero que sinceramente me perdoem. Todas vocês são jogadoras incríveis e merecem mais do que qualquer outro time estar nessa final. Vocês passaram por muitas coisas esse ano, desde o machucado de Bellie até trocas de treinadores e deram a volta por cima. Joguem com o coração. E sei que será difícil, mas quem sabe um dia consigam me desculpar. Só peço para que não deixem nada estragar esse dia. Hoje é o dia de vocês.

Ele não olha para Megan nenhum segundo enquanto fala. Ela está lá atrás, de braços cruzados, parecendo fazer uma força imensa para não chorar.

- Certo. - Diz Tensy. - Agora diga, quem é você e o que fez com o nosso treinador chato e ranzinza?

Peter ri e abraça Tensy. Logo, o time todo está abraçando o treinador.

Ao final do abraço, Peter olha nos olhos de cada uma e fala:

- Esqueçam meu antigo discurso. Quero que entrem lá felizes. Mas ainda quero que derrubem Puttyn da cadeira se passarem perto dele. - Ele termina, e posso jurar que o vi dando uma piscadinha para mim.

Nós sorrimos.

- O jogo vai começar. - Diz Peter. - Lembrem-se: os vencedores são aqueles que nunca duvidaram que podiam ser vitoriosos.

Ao som dessas palavras, a rodinha se dispersa e ele assume seu lugar na linha lateral. O time do West High ainda está na concentração, todas parecendo ouvir atentamente o que Blake está falando. As jogadoras adversárias se dirigem lentamente para a quadra.

- Não é ganhar ou perder. - Posso ouvir Blake dizendo. - É ganhar ou ganhar. Quem considerar perder como opção, não merece ganhar nada.

Não posso discordar dela. Agora é ganhar ou ganhar.


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Notas finais do capítulo

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O FIM DE "É SEGREDO".
Obrigada por ler ! s2