É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 39
Capítulo 39 - É só por isso


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, obrigada pelos reviews, eles me deixam muito feliz mesmo!
E 300 comentários!! Agradeço muito a vocês por isso!
E UM RECADO IMPORTANTE:
Esse sábado,(dia 08/10/2011) vou viajar para os Estados Unidos e passar quase duas semanas lá, então esse é o último capítulo que vou postar nesses dias, tá?
A próximo só sai depois do dia 18, mas por favor, não me matem, eu não vou esquecer a fic. :)
Enfim, espero que leiam e gostem!
E o Mickey que me aguarde! ♥



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"O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente."

                                    Mario Quintana

- Griffin! - Grito.

As pessoas estão olhando, e já o perdi de vista. Dou alguns passos apressados na direção em que Griffin desapareceu, mas é inútil.

O sinal toca, e o final do recreio é anunciado. Tensy vem falar comigo, a boca aberta, provavelmente pensando na melhor palavra de consolo. Por fim, ela fecha a boca e não faz perguntas, me acompanhando até a sala com a mão acolhedoramente sobre meu ombro, aparentemente se esquecendo de sua sina de fugir de David.

                               ○                             ○                            ○

Ele não voltou. A sala de aula parece infinitamente mais vazia sem ele aqui. Eu quero saber onde ele está, o que ele está fazendo.

Eu pisco com força. Griffin é meu namorado. E eu tenho direito de saber onde ele está.

- Sr. Priddy? - Chamo.

O professor de álgebra interrompe seu monólogo desinteressante sobre uma matéria da qual não conheço nem o nome, e me olha, os óculos escorregando pelo nariz comprido demais.

- Sim. - Ele responde, a voz distante e monótona de sempre.

- Posso ir ao banheiro?

Sr. Priddy me analisa com os olhos enormes, como se pretendesse ver se minha bexiga está realmente cheia. Depois de alguns segundos em silêncio, ele faz uma careta que interpreto como "sim" e caminho rapidamente pela porta.

Corro para o banheiro quando saio da sala, o celular apertado na minha direita.

Bato a porta com força quando entro, e encosto minhas costas na parede. Tento digitar o número de Griffin, os dedos tremendo.

Grudo o celular na orelha com mais força do que o necessário, os dentes batendo de nervoso.

Ele não atende. Chamo de novo. Ainda sem respostas.

Sinto minhas costas escorregando pela parede fria, até eu me sentar completamente no chão. Eu encosto a minha cabeça no azulejo e sinto alguma lágrimas finas caindo.

Eu sou muito burra. Demoramos tanto para finalmente nos entendermos e agora está tudo de volta à estaca zero. Se bem que, parando realmente para pensar, não é possível que nada daquilo, o baile, e as mensagens no celular de madrugada não tenham significado nada para ele. Afinal, Griffin disse, com todas as letras, que está apaixonado por mim.

Mais lágrimas caem quando percebo que talvez todas as coisas pelas quais passamos desde o baile sejam falsas, ilusões que minha mente criou.

Porém, parando para pensar de novo, acho muito pouco provável que minha mente tenha imaginado cada beijo, cada toque, cada palavra. Griffin é apaixonado por mim, então. Isso - penso, apesar de saber que o pensamento tão determinado pode ser apenas uma consequência do auge do meu desespero -  Griffin é apaixonado por mim.

Disco o número dele de novo, chorando mais do que nunca.

Vamos, penso, se você me ama, atenda. Atenda.

O celular dele está desligado, agora. Encosto minha cabeça de novo no azulejo nojento da parede, tentando abafar as lágrimas.

A porta do banheiro se abre e Tensy entra. Ela não diz nada, apenas se senta ao meu lado, e coloca um dos braços à minha volta. Eu deito minha cabeça no ombro dela, quase sorrindo ao pensar o sacrifício que está sendo para ela sentar no chão sujo do banheiro.

Tensy dá um beijo na minha testa.

- Sr. Priddy quer você de volta na sala. - Ela informa.

Eu fungo, me levantando do ombro dela.

- Não vou voltar. - Respondo. - Vou para casa.

As palavras saem sem que eu mande, mas percebo que é uma boa ideia. Vai ser difícil voltar e explicar à minha mãe por quê voltei tão cedo, e mais difícil ainda voltar e ficar sozinha. No entanto, não me acho capaz de permanecer aqui mais um minuto.

Por um instante, imagino que Tensy irá tentar me convencer a ficar, mas ela me olha e fala, com a voz doce:

- Quer que eu vá com você?

Eu balanço a cabeça.

- Não. Volta para a sala e me passa a matéria depois, tá?

Tens assente e me ajuda a levantar. Nós saímos do banheiro e ela me pergunta se eu tenho certeza que quero ficar sozinha. Apesar de obviamente eu não ter certeza de nada, tento mentir e dizer que um tempo comigo me fará melhor.

Observo-a andar graciosamente de volta à sala, e empurro a porta de saída com força, ignorando o vento frio que beija meu rosto.

Deixei minhas coisas na sala, mas tenho certeza que Tensy pegará para mim. Eu podia ter ido até lá e inventado uma doença qualquer para o professor, mas não quero encarar as outras pessoas, e nem ver o lugar dele vazio.

Eu suspiro enquanto ando para casa.

Agora acabou mesmo.

                                          ○                    ○                    ○

Não sou nenhuma especialista em nada (a não ser que você conte acabar com a própria vida como habilidade), mas desconfio que passar a tarde toda chorando e comendo não deve ser lá muito bom.

O que é uma pena, porque foi isso mesmo que eu fiz.

Tensy passou aqui em casa tem uns vinte minutos, trazendo minhas coisas e a matéria, cujo nome ainda não sei, já que não tive forças para ver.

Sei que estou dramatizando, mas a situação é tão ridícula que merece drama. Me sinto em uma daquelas novelas mexicanas, onde o mocinho e a mocinha têm de matar e enfrentar Deus e o mundo para ficarem juntos, e quando finalmente conseguem, o mocinho revela sua homossexualidade e seu interesse há muito tempo escondido pelo cara da padaria.

Ok, não acho que tenham feito uma novela assim.

E também não acho que tenha sido isso que aconteceu comigo, mas enfim.

Vou voltar a chorar e a comer que é melhor.

                                 ○                  ○                   ○

- Acorde, Bellie.

Eu pisco. Me remexo na cama algumas vezes e volto a dormir.

- Bellie, não estou brincando. Acorde agora. Tensy já ligou três vezes. Você vai se atrasar.

Meu coração dispara. É hoje. A final da Liga. É hoje mesmo. Agora.

Espera um pouco. Ai. Meu. Deus. Eu faltei ao treino de ontem. Peter vai comer meu fígado. Tensy sabia que haveria treino, então por que não me lembrou? Tudo bem que eu estava cansada, triste e deprimida, mas não interessa. Temos que ganhar dessa vez.

Eu me levanto com ânimo novo. Pego meu uniforme no armário, junto a joelheira que deixei separada já tem uma semana.

Não teremos aula hoje, por causa do jogo, de modo que todo o colégio deve aparecer na quadra esta manhã.

Sinto um aperto no peito e toda a dor de ontem volta para mim. Ele deve estar lá.

O aperto se itensifica quando percebo que, mesmo que ele esteja lá, não será por minha causa. Acho que não tem nada entre nós agora, nada além de lembranças, pelo menos. Ele - não consigo me obrigar a pensar no nome dele - deve estar presente por causa de sua irmãzinha, que estará jogando no time adversário.

Meus olhos começam a arder e lágrimas ameaçam a cair, mas eu as limpo antes que cheguem à minha pele.

Nada, nada irá atrapalhar minha vitória hoje. Estou esperando por isso há um ano. Nada me importa agora, a não ser ganhar.

                                    ○                    ○                   ○

- Vamos chegar a tempo para o segundo set com certeza, querida.

- Ok, mãe. - Falo, olhando distraída para a janela. Não sei o que minha mãe acabou de falar, mas tanto faz.

- Tchau, Bellie. Boa sorte.

- Obrigada, pai. - Falo, descendo do carro.

Está frio, e o vento faz meu rabo de cavalo dançar atrás de mim. Minhas pernas, cobertas apenas por um shortinho de lycra que vai até metade da minha coxa, tremem, de frio e de nervosismo.

Eu ando em direção à quadra e daqui dá para ver que todas as meninas já chegaram. Parece que o espírito de vitória se contagiou, o que é excelente.

Eu entro no ginásio e dou de cara com Peter.

- Harper, que bom que veio. - Ele sorri, parecendo aliviado.

Eu assinto.

- Claro, não perderia por nada. E, Peter, sobre o treino de ontem...

Ele balança a cabeça.

- Não precisa de desculpar, Bellie. O que me importa é que você está inteira e vai jogar.

Eu sorrio. As meninas devem ter contado a ele o que aconteceu comigo ontem, e eu me importaria se isso não tivesse me salvado de uma bronca que provavelmente duraria quarenta minutos.

Peter e eu andamos lado a lado, e eu não consigo evitar olhar para todas as direções, procurando Griffin. O nome dele faz a dor ser maior, mas é infantil de minha parte tentar encobriu o que aconteceu.

Meu coração falha algumas batidas quando vejo alguns meninos que, de costas, se parecem com ele. É claro que nenhum deles tem aquela cabeleira brilhante cor de chocolate que eu queria ver aqui.

Me sinto pior quando percebo o quanto que eu gostaria que ele estivesse aqui. Sei que infelizmente, algumas circunstâncias tornaram isso impossível agora. Mas tenho que me concentrar no vôlei agora.

Tento ignorar Jason, que acabei de ver do outro lado, e passo a pensar em algumas estratégias de bloqueio e recepção que andei imaginando no caminho para cá.

Peter continua andando do meu lado, meio perdido em pensamentos, como eu. Deve estar analisando o jogo também. Os dois times já estão aqui, e as arquibancadas estão completamente lotadas, e calculo algumas dezenas de pessoas em pé e sentadas no chão, pela falta de lugar.

Acho que no West High  também não deve ter tido aula, considerando a aparição em massa da torcida rival. Eles têm tanta torcida quanto nós.

De longe, localizo Tensy. Ela estava conversando com o juíz principal junto com as outras meninas do nosso time e as do West High. Agora está correndo ofegante e meio descabelada na nossa direção.

- Perdemos. - Ela anuncia, quando chega perto.

Sinto Peter se contrair ao meu lado. As mãos deles estão fechadas em punhos que tremem. Mas há alguma coisa errada. Como podemos perder, se ainda nem jogamos? Olho para a multidão de jogadoras em torno do juiz para tentar encontrar alguma explicação.

- Como assim, Tensy? - Pergunto.

- Fomos desclassificadas. - Ela diz, e de repente, pelo jeito como ela fala, eu entendo tudo.

Não. Por favor, não. De novo não.

Mesmo já sabendo a resposta, questiono:

- Por quê?

Ela parece desconfortável. Passa o peso do corpo para o pé direito e coça a cabeça, o que ela faz quando está nervosa. Os olhos dela passam de mim para Peter rapidamente.

- Bom... está rolando um boato que... que...

Ela não consegue terminar, mas não precisa.

É por isso que perdemos ano passado.

É por isso que eu e Megan nos odiamos.

É por isso que fiquei com Steve Puttyn.

É por isso que tenho pavor de segredos.

E aí está o pior de todos, me assombrando de novo.

O único segredo que consegui guardar.


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Notas finais do capítulo

UM MILHÃO DE BEIJOS DE ATÉ DIA 18!
Obrigada pela leitura!