É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 38
Capítulo 38 - Quando se precisa da coragem


Notas iniciais do capítulo

Minhas lindas, minha semana de provas começa amanhã então resolvi postar esse capítulo agora, que eu terminei de escrever nesse minuto, só para não dizerem que eu sou irresponsável...
Mas eu sou.
Enfim, continuando, não sei quando postarei o próximo, mas tentarei manter minha imaculada e perfeita pontualidade de sempre, ok? Até parece, eu sei.
Mas que eu vou tentar postar em breve, eu vou. ;)
Aí está o capítulo, espero que gostem.
Enjoy (:



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                "Pois a coragem cresce com a ocasião."

                              William Shakespeare

Estou rolando na cama já tem um bom tempo e não consigo dormir.

Quero dizer, aquilo foi real? Griffin Carmichael pegando na minha mão, dançando valsa comigo como rei do baile e me pedindo em namoro?

Namoro. Estou namorando com Griffin Carmichael. Ele é meu agora. É difícil acreditar que com todas as outras garotas do mundo ele foi escolher justamente a mim.

Um barulho no meu celular me desperta totalmente. Me levanto e vejo que há uma mensagem nova.

                         "Durma bem, linda. - Griffin" 

Sorrindo, me deito de novo e fecho os olhos.

                                ○                   ○                   ○

- Você vai se atrasar.

Eu viro de lado. Obrigo meus olhos a se abrirem, e eles demoram um pouco para colaborar comigo.

- Anda, Bellie, levanta. - Escuto a minha mãe falando de novo.

Rolo na cama, ainda sonolenta. Ligo meu celular e abro nas mensagens que Griffin me enviou no fim de semana que passou, e suspiro quando releio.

- ISABELLE, não vou falar de novo!

Quase pulo da cama com o susto, mas me levanto rápido e arrumo meu cabelo, que parece ter decidido virar um ninho de passarinho durante a noite.

O Baile foi anteontem, no sábado. Não tenho coragem de contar para minha mãe que estou namorando, ainda não. Nem Tensy sabe, ainda.

Eu olho para mim mesma no espelho e respiro fundo, sorrindo. E então penso com todas as letras:

Não estou encalhada.

Começo uma dançinha da vitória. O que é uma má ideia, porque Heath abre a porta do meu quarto neste exato momento e vejo, pelo espelho, seus olhos se arregalando.

- Esses adolescentes... - Murmura, fechando a porta.

Não ligando para ele, me jogo de costas na cama. Abro meu guarda-roupa e pego a primeira blusa e a primeira calça que vejo. Faço uma careta quando vejo que não combinam, e decido que investir mais alguns minutos na escolha de meu figurino não fará mal. É isso que a convivência com a Tensy faz.

                             ○                  ○                   ○

Eu desço do carro com ar de vitoriosa e caminho em direção à escola. Algumas pessoas olham e apontam para mim enquanto ando, mas não me importo.

Encontro Tensy e Hannah na frente do colégio conversando. - Helaina não está com elas, e agradeço muito por isso.

As duas me recebem com um sorriso quando chego e Hannah diz precisar fazer algo na biblioteca, nos deixando sozinhas.

- E aí... me conta. - Fala Tensy, enquanto chegamos aos nossos armários.

- Contar o quê? - Me faço de boba, embora não consiga evitar um sorrisinho.

Ela revira os olhos.

- O que você acha? O baile, claro!

Eu conto a história toda a ela - que Griffin é inocente de todas as coisas que nós já havíamos lhe acusado de ter feito, e Megan era a verdadeira fofoqueira por trás da história.

- Megan? - Ela repete, um pouco alto demais. - Eu vou matar aquela vadia...

- Não, não vai. - Seguro o braço dela. - Melhor deixar isso quieto por enquanto.

Ela não responde, os olhos azuis formando duas fendas.

- Mas então, e você e Griffin? - Muda de assunto.

Eu sorrio maliciosamente.

- O que foi que vocês fizeram, Bellie, sua louca?

- Nada demais. Ele me pediu em namoro.

Ela dá um pulinho de felicidade.

- E você aceitou, não aceitou? Foi, não foi? Ele dançou valsa com você, pelo amor de Deus. Se você não namorar com ele, eu namoro!

- Ei. Tira o olho do meu namorado. - Digo, fingindo uma cara de brava.

Tensy pula outra vez, dessa vez acompanhada de um grito agudo.

- Estão namorando, então? Own, que fofo! Juízo, agora, então, dona Bellie.

- Sou ajuizada, Tens. E você e David?

Ela franze a testa e faz uma careta.

- Não sei. Quer dizer, ele é legal, mas não sei se quero namorar com ele...

Eu reviro os olhos para ela e entramos na sala de aula.

Griffin já está lá, conversando com uns cinco meninos que reconheço do time de futebol.

Ele sorri quando me vê e caminha na direção.

- O-oi. - Digo. É a primeira vez que nos falamos, sem ser por mensagens ou telefonemas, depois que começamos a namorar.

- Oi. - Ele fala, apresentando a imensa tranquilidade que ele tem e eu não tenho, enquando se inclina para me dar um beijinho no rosto.

- Oi, Tensy. - Griffin diz, enquanto abraça e beija a bochecha de uma Tensy muito congelada, da mesma forma que fez comigo.

Minha amiga também parece ter dificuldade para respirar quando ele se dirigiu a ela, mas tenho que dizer que entendo totalmente.

- Escolheu muito bem. - Ela diz, movendo apenas os lábios de forma exagerada, por trás de Griffin.

O garoto de vira para mim.

- Bellie, será que posso falar com você um minuto?

Tensy dá um sorriso malicioso, e vai para seu lugar.

- Claro. - Respondo.

Eu e ele andamos até um canto da sala.

- O que foi? - Pergunto.

- Nada. Só queria saber se você está bem. - Ele fala, os olhos azuis causando faíscas dentro de mim.

Eu assinto sem conseguir dizer mais nada e Griffin coloca uma das mãos na minha nuca, aproximando-me dele. No instante em que nossos lábios se tocam eu escuto um barulho atrás dele e abro os olhos.

Helaina, pelo que me parece, jogou a mochila com força no chão e agora nos encara com raiva. Percebo que não é só ela que olha para nós - os outros alunos correm os olhos por mim e Griffin, não por estarmos perto demais ou de mãos dadas, uma vez que todos estavam presentes no baile, e sim por causa da cena que Helaina acaba de fazer, completando-a agora, com uma saída dramática e corrida da sala, os olhos vermelhos.

Hannah corre atrás dela, e eu olho para Griffin, sem saber o que fazer.

Sra. Nichols entra na sala, parecendo ter visto Helaina saindo chorando daqui, e claramente está debatendo consigo mesma se tem que fazer alguma coisa ou não. Por fim, ela opta por mostrar mais uma vez o desprezo típico e característico para com os alunos e dá de ombros. Colocando os livros que carrega na mesa, ela olha para nós, agora sentados e quietos e dirige à classe um frio "Bom dia".

Poucas pessoas a respondem. Completamente indiferente ao fato, ela não nos pergunta se deixamos a educação em casa como faria normalmente, e cruza os braços.

- Pelo que ouvi se divertiram no Baile de sábado. - Ela fala, e sem nenhuma cerimônia ou discrição, crava os olhos em mim.

Os alunos a acompanham e focam o olhar em mim também. Eu coro ligeiramente, mas tento não me intimidar com isso. Por que sra. Nichols não olha da mesma maneira para Griffin, que também estava fazendo exatamente a mesma coisa que ela aparentemente está me condenando por fazer?

- Mas agora quero que lembrem - A professora continua, ainda sem desgrudar os olhos de mim - que agora voltamos às aulas e não podemos deixar que nada - nada - nos distraia agora. As provas estão chegando, então não pensem em Bailes e competições esportivas.

Eu suspiro. É claro. A final da Liga Municipal de Vôlei. É amanhã. Não parece que está tão próximo. Muito menos que estamos nela.

Sra. Nichols comenta mais alguma coisa desinteressante e meus olhos vagam pela sala. Eles se estreitam quando percebo que estou procurando Megan, mas ela não está aqui. Faltou à aula, com certeza.

Sorte dela.

                                  ○                   ○                   ○

O sinal do intervalo toca. Eu me levanto e procuro meu namorado.

- Griffin. - Chamo, apesar de não saber bem o que dizer. Só quero passar um tempo com ele, mas não sei direito como dizer isso.

Ele caminha até mim e, para minha sorte, não preciso completar a pergunta.

- Pode me encontrar ao lado da cantina em uns cinco minutos? Preciso ver uma coisa com os meninos primeiro. - Ele aponta com a cabeça os garotos do time de futebol com quem estava conversando.

- Claro. - Respondo.

Tensy e eu andamos até a cantina, e acho que entendi quando Griffin disse "ao lado". Ele provavelmente estava se referindo a um canto meio escondido à esquerda da cantina, onde poderemos... conversar. É, conversar. Sou uma menina de família.

Arrãn.

Tens para na cantina e pede um suco de qualquer coisa, olhando para todos os lados a cada passo que dá. Ela pode dizer o que quiser, mas sei que ela está se certificando de que não encontrará David em algum momento, o que é praticamente impossível, mas não vou dizer isso a ela, apenas vou deixar que ela continue andando como se tivesse sendo perseguida e dando a desculpa de que só não quer encontrar o sr. Wabell, porque ela esqueceu de fazer o trabalho de geografia de novo.

Eu paro no canto do lado esquerdo da cantina e espero. Não passa nem um minuto que estou aqui e sinto uma mão quente no meu ombro. Eu viro mas quase dou um grito quando vejo que não é Griffin, e sim Jason.

- Jason, eu... - Começo, no mesmo instante em que ele começa a falar também.

- Pode falar primeiro. - Digo.

- Não, pode falar.

- Não. Fale você.

Ele suspira.

- Bellie. Se tem uma coisa que aprendi com as mulheres é que você sempre deve deixá-las falar primeiro. Não importa a situação. Mesmo se você estiver morrendo, deixe-a falar. Às vezes o que ela tem a dizer é um motivo para te deixar vivo.

 Uau.

- Só queria te pedir desculpas por sábado. Foi tudo muito rápido e eu...

Jason ergue dois dedos para me calar.

- Eu sei tudo isso. Minha vez agora.

Eu assinto meio aliviada por não precisar continuar e espero.

Ele respira fundo e olha discretamente para os lados, os cabelos loiros lisos demais caindo na frente dos olhos verdes quando ele faz o movimento. Percebo, de um jeito que não podia perceber antes, que ele é bonito.

- Eu gosto de você. - Ele fala.

Um bolo se forma na minha garganta e me impede de falar.

- Você já me disse isso. - Falo, a voz sufocada.

- Eu sei. Mas acho que talvez eu não tenha sido muito claro.

Jason chega perto de mim, mais perto. Se inclina para mim e, antes que eu possa perceber sua intenção, ele me beija.

Meu cérebro grita para pará-lo, mas minhas mãos não obedecem. Eu quero pará-lo. Eu gosto de outra pessoa. Eu namoro outra pessoa. Por que, então, meu corpo todo está estático, recusando-se a obedecer aos meus comandos?

Ele me beija suavemente, melhor até do que eu imaginaria, a mão no meu pescoço. Jason termina e me olha, os olhos que sempre mudaram de cor agora me olhando com ternura.

Escuto um barulho mínimo do meu lado. Griffin.

Ele está aqui, parado, também tentando entender o que aconteceu. Os movimentos do meu corpo voltam e a capacidade de pensar também.

Ele estava aqui o tempo todo. Sei disso pelo modo como os olhos azuis que eu tanto quero me encaram arregalados.

- Griffin... - Chamo, mas ele não diz nada.

O silêncio é pior. Ele devia ter gritado comigo, me xingado. É o que eu mereço, na verdade. Em vez de cuspir palavrões em cima de mim, ele sai, ainda sem dizer nada.

- Griffin... - Falo outra vez.

Dou dois passos na direção dele e de repente me lembro de Jason.

- Jason... - Digo.

Ele balança a cabeça.

- Eu entendo. Estou no lugar certo, na hora certa, mas sou a pessoa errada. Vá atrás dele.

Eu assinto para ele, os olhos marejados, mas reunindo forças para sorrir minimamente.

Me viro para ir atrás de Griffin e vejo sua silhueta perfeita andando na direção oposta, cada vez mais longe de mim, e sei que não vou conseguir alcançá-lo.


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Notas finais do capítulo

Mil beijoos pra vocês !