É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 35
Capítulo 35 - Pense duas vezes


Notas iniciais do capítulo

Minhas liindas, só passando pra agradecer a todas os votos de feliz aniversário que ganhei no último capítulo, fico muito feliz, tá?

Também passando pra agradecer à Flavia_Gabriela. Flavinhaa, muito obrigada por recomendar a minha história!!! Foi um ótimo presente, amei. ;)

E também muito obrigada, Brendy, por colocar o meu nome no seu perfil, ok? Fico realmente contente em saber que vocês gostam da "É Segredo"! Obrigada de coração.

Ah, e caso alguém se interesse:


Vestido da Bellie:

http://1.bp.blogspot.com/_pFxYkZQMQOY/SnL6OdQXwII/AAAAAAAAA7I/jmn9IO3P5zk/s1600-h/ImageScaling.aspx+10.jpg


Vestido da Tensy:

http://3.bp.blogspot.com/_pFxYkZQMQOY/SnL6aXnRBAI/AAAAAAAAA7o/0PxbNHUjFgc/s1600-h/vestido+perfeito.jpg


Vestido da Megan:

http://4.bp.blogspot.com/_pFxYkZQMQOY/SnL5vAzfomI/AAAAAAAAA5Q/_RfTToXj8r4/s1600-h/11.jpg



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“Nós vivemos dentro de um grande conto de fadas, do qual ninguém faz realmente ideia”.

                   "A garota das laranjas", de Jostein Gaarder

- Oi. - Diz Jason.

Eu sorrio (ou pelo menos tento) para ele.

- Oi.

Depois de hesitar por um segundo, Jason me dá um abraço e um beijo no rosto meio desajeitado. Certo, isso foi estranho.

Um trovão barulhento corta o céu. Vai chover, com certeza. As pessoas apressam um pouco mais o passo para chegarem às tendas.

Meu Deus, Tenho sorte que Tensy, que me alcançou ao lado de David, me dá uma empurradinha para andar mais depressa, porque praticamente paro quando vejo a decoração interior.

Nunca pensei que ia falar isso sobre qualquer coisa relacionada ao colégio, mas está tudo perfeito. A tenda é muito maior do que parece ser quando vista por fora. O trio de cores é o mesmo: branco, rosa e violeta, embora alguns pequenos detalhes recebam piceladas azuis.

Há um palco enorme mais à frente, e uma mesa grande com algumas comidas e bebidas chiques à esquerda dele. Garçons flutuam por aí parando ocasionalmente para oferecer coquetéis de cores tropicais às pessoas. Sem álcool, espero.

Os alunos ainda estão chegando, parecendo muito mais animados do que eu achei que estariam. Algumas meninas do primeiro ano soltam gritinhos animados toda hora que reparam em algum detalhe decorativo que não tinham reparado antes. Algumas, ainda, comentam as bundas e os braços do garçons com as amigas não se importando que seu par por obrigação esteja a centímetros de distância, ouvindo tudo.

Eu e Tensy corremos para uma das mesas com enfeites delicados no canto do salão e deixamos nossas bolsas lá, para marcar lugar. David e Jason nos alcançam no mesmo instante em que a chuva que previ começa a cair com força lá fora.

Sra. Mckingdom, usando um vestido verde-água e um chapeuzinho meio estranho, sobe no palco com um microfone na mão.

- Bem vindos ao décimo sexto Baile de Outono do nosso colégio. A tradição de fazermos bailes nessa estação próvém de tempos mais remotos, quando...

Ela continua, contando a história chata sobre bailes que todo mundo já conhece, tentando se fazer ouvir por causa do barulho da chuva. Comenta também sobre quando era da nossa idade e ia a bailes também, que deviam ser sempre em lugares cobertos, porque os dinossauros atrapalhavam e comiam a cabeça de um aluno ou outro de vez em quando.

Tá, a parte dos dinossauros não tem.

A diretora conta também sobre sua grande vontade de ser rainha do baile, e sobre seu fracasso ao tentar concretizar o sonho, perdendo a coroa para uma menina mais magra, mais bonita, mais popular, e mais loira. A partir daí, seus olhos começam a lacrimejar e ela repentinamente resolve que a cor das gravatas dos garçons é um assunto melhor.

Depois de mais alguns minutos de discurso, ela desce do palco tropeçando, ainda abalada pela perda do posto de rainha do baile anos atrás.

O DJ olha a sra. Mckingdom como se ela fosse louca, por chorar por uma coroa de plástico e lantejoulas que na verdade não vale nada. Ou talvez ele só tenha visto aparecendo o durex que a diretora usa para colar a peruca. Bom, de qualquer forma, ele se recupera do susto e coloca uma música animada.  

Tensy puxa David para o meio da pista de dança, e eu olho em volta, procurando Jason para fazer o mesmo. Certo, não estou procurando Jason. Estou olhando o salão inteiro à procura de Griffin, só para ver o que ele está fazendo. Não o acho, então volto à minha segunda opção.

Encontro Jason sentado de braços cruzados na mesa que eu e Tensy pegamos antes. Eu solto um palavrão em voz baixa. Ele não vai ficar parado igual a um idiota, vai?

Caminho decidida até ele para tirá-lo dali e tentar fazer com que ele pareça um pouco menos com um morto social.

- Ei. - Chamo. - Vamos dançar.

A música está tão alta que acho que preciso chegar mais perto. Respiro fundo tentando manter a calma, calma que não tenho, e digo de novo.

- Vamos dançar.

Jason desprega os olhos do chão.

- Eu não sei dançar.

- Ninguém liga se você não sabe dançar. - Respondo.

A verdade é que ninguém sabe dançar. Por isso todas as festas são no escuro.

Estico a mão e ele levanta. Encosta em mim quase como se tivesse medo de me tocar, e me acompanha à pista de dança, visivelmente duro.

Me coloco diante dele, a música alta me ensurdecendo e as pessoas pulando animadas, cantando a mesma canção em tempos diferentes. Alguns já estão até suando e perdendo a voz.

Assinto para Jason para encorajá-lo e começo a dançar para ele ter algo para imitar. Ele começa a dançar também.

Sabe, as pessoas têm talentos para determinadas coisas e simplesmente não têm para outras. Quero dizer, eu jogo vôlei, mas não sei desenhar. Eu danço, mas não consigo tocar gaita. Jason pode ser um gênio em todas as matérias, saber todas as fases da Revolução Francesa, os nomes de todos os gases nobres, e quantas sílabas tem a palavra paralelepípedo, foda-se. Mas não sabe dançar. Nem um pouco. Meu Deus, isso é uma trágedia. Façam ele parar. Por favor.

Sinto que estou corando por baixo da maquiagem. Que vergonha, que vergonha. Coloco a mão de leve no ombro dele e forço-o a voltar para a mesa.

Eu e ele nos sentamos lado a lado e eu observo, com uma mescla de raiva e desejo, Griffin e Megan dançando com elegância e sincronia à nossa direita. Vão ser coroados rei e rainha do baile, com certeza.

Mais duas músicas animadas se passam. Três. Quatro. Jason e eu permanecemos na mesma posição, meus pés tentando inutilmente fazer algo parecido com dança, acompanhando a batida com o salto do sapato.

Tensy já me olhou de longe e me chamou algumas vezes, mas não quero pagar o mico (mais do que já paguei) de dançar sem um par, então prefiro ficar aqui e aceitar a realidade: que estou amarrada a um garoto que dança tanto quando um pedaço de brócolis. E acabou.

Uma música lenta começa. Os casais, mesmo que sejam forçados a permanecerem juntos, se abraçam e dançam agarradinhos como se o mundo fosse acabar amanhã.

Jason se levanta e estica a mão para mim, como eu fiz para ele antes. Considero dizer a ele que dançar, tipo assim, não é uma das coisas que ele nasceu para fazer, mas aceito logo, para poupar saliva.

Chegamos na pista de novo e me obrigo a colocar minhas mãos ao redor do pescoço dele. Começo a mexer devagar para guiá-lo e acho que estamos indo bem. Algumas luzes estão acesas agora e posso ver do outro lado Griffin dançando com Megan, como se fossem profissionais. Vê-los dançando me faz sentir extremamente desajeitada. No entanto, não posso exigir mais de Jason do que ele já está fazendo. Quer dizer, eu não tocaria gaita melhor que isso.

- Bellie... - Jason fala.

- O quê? - Digo, um pouco mais alto, por causa da música.

- Eu... - Ele se interrompe.

Meu Deus, o que está acontecendo. Jason balbucia "eu" mais umas três vezes, até que eu perco a pouca paciência que me sobrou e falo, com a voz muitas notas acima que o normal:

- O que foi?

- Eu gosto de você.

Ok, isso eu escuto com clareza. Sei exatamente o jeito que Jason "gosta" de mim, e não é o tipo que te faz dividir balinhas com a pessoa. É o outro jeito. O pior jeito.

Estou completamente desconcertada. Aqui estou eu, dançando com um menino que gosta de mim, mas não é o que eu queria que gostasse. Ele está claramente esperando que eu diga alguma coisa.

- Que bom. - É minha brilhante resposta. - Vou pegar um ponche.

Desenrosco minhas mãos do pescoço dele e saio correndo dali. Me encosto na mesa com bebidas ofegando e tomo um grande gole de ponche, que quase explode minha garganta.

Tensy aparece ofegando também, mas de tanto dançar. A pele dela apresenta uma linha fina de suor e os cabelos estão um pouco desarrumados, mas ela continua linda.

- E aí, se divertindo? - Ela me pergunta, enquanto se serve de ponche.

- Sim. - Digo, em voz baixíssima para que ela não perceba que estou mentindo. - Como está com David?

Ela me manda um sorriso travesso.

- Ótimo. Ele acha que eu sou uma virgem comportada e estudiosa que diz aos pais aonde vai.

- Coitado. - Digo, sorrindo também.

- Pois é. - Ela concorda. - Quer dizer, "diz aos pais aonde vai"? Acho que eu exagerei.

- Você tem é que parar de mentir.

- Fazer o quê se sou mais feliz na mentira? Isso me ajuda tanto, Bellie. Você devia tentar também.

- Claro que não. Mentir não serve para nada.

Ela me olha como se eu fosse maluca.

- Claro que serve. Vou te dizer uma coisa, Bellie, mentir serve para duas coisas: enganar as pessoas e agradar as pessoas. Irônico, não?

Tensy para de falar para apreciar a própria frase. Em seguida, volta para pista de dança com pulinhos alegres, que combinam com os de David. Eu sorrio.

A pista me lembrou Jason. Onde ele está? Olho em volto procurando-o, mas não o acho. Vejo que algumas pessoas pararam de dançar, também. O DJ abaixou um pouco a música e parece estar olhando algo do outro lado, na parede.

Receosa, sigo a direção do olhar dele e descubro que ele está olhando para a mesa que eu, Jason, Tensy e David estamos dividindo. Há algumas pessoas em volta.

Atravesso a multidão na pista com o coração batendo muito forte e quando consigo chegar mais perto, me deparo com Jason e Griffin trocando empurrões.

Não é possível. Tenho trauma de brigas masculinas. Trauma. Mas não vou deixar essa ir tão longe a ponto de me prejudicar como da última vez. Pisoteando decididamente o desejo doentio que tenho de essa briga ser por minha causa, me coloco entre os dois.

Tentando fazer uma cara autoritária, coloco minha mão direita no braço de Griffin, ignorando o modo que meu coração dispara ainda mais quando sinto os músculos fortes dele, agora contraídos.

- Não faz isso. - Peço a ele.

- Saia do caminho, Bellie. - Ele me responde, a voz dura e o rosto perfeito mostrando uma máscara de ódio e raiva que nunca vi antes.

A grosseria dele não me atinge. Atrás de mim, ouço Jason dizer:

- Não fique aqui, Bellie.

Finjo que não ouvi as advertências.

- Griffin, por favor, vamos embora.

O plural do "vamos" não foi programado. Não sei exatamente o que me fez disser isso, mas sinto Jason se contrair ainda mais às minhas costas.

Griffin não olha para mim. Ele mantém os olhos no outro garoto, os dois demonstrando a vontade que têm de brigar, causar dor um no outro.

- Vou embora se você me ouvir. - Griffin finalmente me responde.

Não importa que só agora ele queira me dizer alguma coisa. Não importa nada, eu vou ouvir. O que importa é evitar essa agressão que parece inevitável. Ambos encaram o outro com nojo.

Ainda com a mão no braço de Griffin, digo:

- Eu vou.

- Então vamos sair daqui. - Ele fala.

Ainda olhando ferozmente para Jason, Griffin tira minha mão de seu braço e a cobre com a sua, apertando-a fortemente e me tirando daqui. Acho que já está na hora de esclarecermos algumas coisas e passarmos um tempo sozinhos.

Só eu e ele.


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Notas finais do capítulo

PA-RA-LE-LE-PÍ-PE-DO. São sete sílabas, Bellie. 'rsrsrs desculpa, não resisti.

Bom, até o próximo capítulo, onde MUITOS mistérios serão revelados. (!!!)

Quem prestou muita atenção na fic, tem MUITA sorte e muito talento para raciocínio lógico pode ter alguma ideia do que ele quer falar com ela... eu deixei uma dica em um dos capítulos.

Mil beijooos ! s2'