É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 22
Capítulo 22 - Eu prefiro que seja assim


Notas iniciais do capítulo

Boom, aqui estou eu atrapalhando a leitura de vocês de novo... ;)

Desculpem, eu sei que é um capítulo crítico, mas eu não podia esquecer de falar isso de jeito nenhum.
Quero agradecer muito, muito mesmo à Izabel17 e à KarenReyel por recomendarem a minha história. Sério, quatro coisas já me fizeram dançar na frente do computador - e foram as quatro recomendações. Eu sei que digo isso o tempo todo, mas realmente me faz feliz saber que vocês estão gostando, principalmente porque elas são duas leitoras novas. Então, de verdade, o meu sincero obrigada.
Quero agradecer também a todas pela minha primeira centena de reviews. Eu sei que eu nunca devia falar uma coisa assim publicamente, mas vou dar uma de Bellie e falar que sim, eu fiquei vinte minutos olhando para aquele "100" nos meus reviews. Por favor, finjam que não leram. 'rsrsrsEnfim, muito obrigada a todas mais uma vez. Mil beijoos e boa leitura, espero que gostem! ;D



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"Quem revela o segredo dos outros passa por traidor; quem revela o próprio segredo passa por imbecil."

                                    Voltaire

A diretora me olha, completamente paralisada. Depois de um minuto silencioso, sra. Mckingdom surpreendentemente bufa e solta um risadinha.

- Ah, tudo bem, querida. Não precisa começar a se acusar. - Ela fala, sorrindo. - Bellie Harper, imagine. - A mulher completa, em voz baixa, para si mesma.

- Sra. Mckingdom, estou falando sério. Fui eu.

- Bellie, acho muito notável que queira ajudar seus amigos, mas mentir para mim não vai tirar a responsabilidade de quem cometeu ato tão vândalo e degradante.

Degradante? Já viu sua estátua de cavalo? 

- Diretora, por favor. Estou te dizendo que fui eu. Eu realmente o pichei, porque me desafiaram.

- Por favor digo eu, Bellie. Volte para sua classe. Senhorita Fintter deve estar sentindo a sua falta lá.

Eu não acredito. É impressão minha ou eu realmente estou sendo sincera e ela simplesmente não acredita que fui eu quem pichou a merda do muro?

- Diretora, eu juro. Fui eu. Que sentido teria dedurar a mim mesma?

Ela se interrompe para pensar no que eu disse. Levanta então uma das sobrancelhas grisalhas.

- Sabe no que isso implica, não sabe? Seus pais terão que pagar a pintura do muro, você será suspensa, terei que dobrar seu trabalho voluntário e você será afastada dos jogos de vôlei até o final do ano. Ainda se diz culpada?

Eu abaixo a cabeça. Os olhos enchem de lágrimas, mas assinto, ainda olhando para o chão.

- Sim.

Ela solta um suspiro.

- Bem, ainda não acho que tenha feito alguma coisa contra a escola, mas não me resta alternativas a não ser fazer uma ocorrência sua...

Alguém bate na porta.

- Um segundo. - Ela diz.

Eu me encosto na cadeira e penso no que acabei de fazer. Ser suspensa, pagar o muro, ter o trabalho voluntário dobrado não é nada. O que me deixa realmente mal é ter que abrir mão dos jogos da Liga.

- O inspetor adiantou a visita? - Ouço a voz de sra. Mckingdom exclamar. - Meu Deus, temos que pedir urgentemente uma equipe para pintar o muro...

- Já tentamos. - Janet Phorbe, a secretária de sra. Mckingdom, fala. - Estão todos lotados de trabalho, sabe como é, o negócio dos imóveis está deslanchando... não tem nenhum que possa vir antes de quinta feira...

Tudo está dando errado. Sinto nojo de mim mesma por já ter pensado bem de Griffin algum dia.

- Não é possível! Tem que haver!

- Não tem, sra. Mckingdom. Ligamos para todos da cidade.

- Ah. Esquece, então. Obrigada, Janet. - A diretora agradece, fechando a porta. Em seguida vira-se para mim.

- Bellie, já te disse a certeza que tenho de sua inocência, mas você insiste em se acusar, então, como punição, vou ter que te mandar pintar o muro por si mesma.

Pintar o muro? Eu?

- C-claro, sra. Mckingdom. - Falo, sem pensar.

- Que fique bem claro que não tirarei nenhum dos seus castigos. Você continua suspensa, os gastos com o muro é por sua conta e não jogará vôlei até segunda ordem. O que posso fazer é tentar diminuir o trabalho voluntário, pelo apreço que sinto por você, mas não garanto nada.

- Obrigada, sra. Mckingdom.

- Venha, vamos voltar para a sala, eu te acompanho.

Nós voltamos para a classe, e encontramos uma Sabrinna sorridente. Sento no meu lugar sob os olhares curiosos da turma.

- Gostaria de dar um aviso, senhorita Fintter, se me permite.

- Claro, diretora, fique à vontade.

- Obrigada. - Ela me lança um olhar meio estranho e encara os alunos. - Bom, como creio que tenham conhecimento, ano passado nosso muro frontal foi pichado... e encontramos um culpado... a colega de vocês, Isabelle Harper, se acusou para mim hoje.

Todos olham para mim assustados e um grande "oooooh" percorre a sala. O mais alto vem, é claro, de Megan. Eu daria tudo para que pudesse matar Griffin agora. Ele ficou com raivinha porque o tratei mal e resolveu me dedar mais uma vez.

- Como assim? - Tensy sussurra para mim.

- Griffin. - Respondo simplesmente.

- Filho da puta. - Minha amiga diz, e não poderia estar mais certa.

- Bellie estará fora de todas as competições esportivas futuras, o que inclui, obviamente, o time de vôlei...

A turma protesta. Hannah e Helaina arregalam os olhos.

- Sra. Mckingdom - Hannah fala. - Bellie é nossa capitã. Não podemos jogar sem ela...

- Tenho certeza que acharão uma substituta. - Ela sorri. - E conseguirão jogar sem ela, se treinarem e permanecerem unidas.

Os alunos bufam com a resposta. Está ficando pior a cada segundo. As pessoas me encaram como se eu tivesse planejado um ataque terrorista ao nosso querido muro frontal. O que foi mais ou menos o que eu fiz, eu sei.

- Bellie, por favor, passe na minha sala depois para vermos como resolveremos isso, tudo bem? Tenho que fazer o orçamento das tintas e materiais para você. Tenho ainda que notificar seus pais. Sua suspensão será de cinco dias, aliás.

Certo, agora eu tenho que me segurar para não cair no choro. Eu sei que o que eu fiz foi errado, mas ele não precisava me dedar dessa forma. Até porque eu tenho certeza que uma hora eu ia acabar contando isso para a diretora. Mas isso é uma coisa que eu tenho que fazer por mim. Não ele. E eu aposto qualquer coisa que ele não contou isso a ela porque está preocupado com o que o inspetor vai pensar se vir o muro. Griffin contou isso à sra. Mckingdom pelo simples prazer de me derrubar. Ele tentou fazer isso com a cola e o vestiário e não foi lá muito bem-sucedido, mas dessa vez ele conseguiu. Só sei que nunca mais quero olhar na cara dele de novo. Talvez seja até bom que eu não possa mais frequentar os treinos de vôlei.

- Por que fez isso, Bellie? - Escuto alguém perguntar, mas não identifico o dono da voz.

Mais e mais comentários se seguem. Sinto que todos estão olhando para mim e, quando levanto a cabeça após uma breve certeza de que vou conseguir olhar para a sala sem chorar, vejo que é verdade. Alguns até apontam.

- Não foi Belle quem pichou o muro. - Uma voz masculina se pronuncia.

Olho em volta procurando quem falou.

- O que está dizendo, senhor Carmichael? - A sra. Mckingdom pergunta, com interesse.

- Que Bellie não tem culpa de nada. - É Griffin. Por que ele está fazendo isso?

- E como o senhor pode ter tanta certeza? - A diretora continua questionando-o, a voz subindo algumas notas por causa do interesse. Interesse que ela compartilha com o resto da sala, que agora encara Griffin com curiosidade.

- Porque fui eu que pichei.

Mais um "ooooh" de surpresa se segue.

- Ora, senhor Carmichael, não seja ridículo. - A sra. Mckingdom dá uma risadinha descrente. - Você nem estudava aqui na época.

- Exatamente. Estudava no West High. O rival daqui, não é?

Todos param de falar, porque o que ele diz faz muito sentido. Pelo menos para mim, mas estou tão desesperada que é melhor não confiar no que eu falo. Os amigos que estavam comigo no dia sabem que Griffin está mentindo, mas não dizem uma palavra. Me impressiono com a capacidade que ele tem de jogar a mentira para cima da diretora com a maior tranquilidade. Ele mente tão bem que até eu estou quase acreditando no que ele fala. 

- E então nós viemos aqui à noite - Pego a história que Griffin conta na metade. - e pichamos o muro.

A diretora parece meio desconcertada. Com certeza não esperava nada desse tipo.

- Por que mentiu para mim, Bellie? - Sra. Mckingdom me encara.

É agora. Posso ferrar Griffin mais ainda. Posso continuar a ser honesta e insistir na minha culpa. O que eu faço?

- Eu não menti. - Opto pela verdade. - Fui eu. - Completo, olhando para Griffin, que retribui o meu olhar.

- Não é possível. Esse jovens de hoje são estranhos, não? Antes não tínhamos nenhum culpado. Agora temos dois. - A diretora fala, olhando para Sabrinna.

- Fui eu que pichei e posso provar isso. - Griffin fala.

Provar? Ok, sei que não sou a melhor mentirosa do mundo, e nem entendo muito desse negócio de mentir, mas não é possível que Griffin minta tão bem a ponto de provar coisas que nunca aconteceram.

- Provar? Como pode fazer isso, Griffin? - Sabrinna fala.

Todos esperam. A curiosidade se mostra nos olhos de cada um, principalmente nos meus.

- Abra a mochila de Bellie. - Ele responde.

O quê? Abrir a minha mochila? Tão confusa quanto o resto de nós, a diretora se dirige a mim e, sem ao menos pedir licença, pega minha mochila no chão e a abre. Lá de dentro, ela tira uma lata de spray.

- Eu juro que não sei como isso veio parar aqui! Não é meu! - Já me defendo.

- O que isso está fazendo com você, Bellie? - Sabrinna pergunta, se aproximando.

- Não é meu, eu juro. - Olho da professora à diretora.

Sra. Mckingdom, aparentemente incapaz de falar, se levanta devagar e, sem piscar, diz:

- Senhor Carmichael, terei que afastá-lo do comando do time feminino de vôlei. Você pagará a pintura do muro e perderá cinco pontos de comportamento. Só não vou te suspender porque você não era meu aluno na época. Me acompanhe à minha sala, por favor.

Griffin se levanta de imediato e os dois deixam a sala. O restante dos alunos permanece calado.

Deixe-me ver se nada me escapou: Griffin acabou de se acusar. Acharam uma lata de spray na minha mochila. Aquilo não é meu. Como veio para nas minhas coisas, é algo que eu realmente gostaria de saber.

Espera. Consigo entender tudo agora. O idiota do Griffin me dedou e colocou aquela porcaria da lata de spray para ter uma prova do que estava contando à diretora. No entanto, ele resolveu dar para trás em cima da hora, acusou a si mesmo e falou da lata para provar. Ridículo.

- Você deve uma a ele. - Tensy me sussurra.

- Eu não devo porra nenhuma a ninguém. - Falo, irritada. - Foi ele, Tens. Ele quem pôs esse negócio aqui.

- Mas ele levou a culpa. Fica calma.

- Não tem como.

 Sabrinna tenta acalmar os alunos agitados, mas não consegue muito resultado. Por fim, ameaça mandar fazer companhia a Griffin o próximo que abrir a boca e os alunos se calam. Ela continua a discursar sobre monge filósofo que falava de valores de respeito e união que agora não fazem efeito nenhum.

                            ○               ○               ○

- Precisamos fazer alguma coisa. - Helaina fala, depois de convocar uma reunião do time de vôlei na cantina durante o intervalo.

- Não acredito que Griffin possa ter pichado o muro... - Trishia diz.

- Não foi ele. - Megan o defende, olhando incisivamente para mim.

As outras também me encaram.

- Foi você mesmo, Bellie? - Helaina pergunta.

- Agora não é hora de falar disso. Temos que arrumar um jeito de resolver essa situação. - Tensy a interrompe, felizmente.

- Bom, estou tendo uma ideia... - Começa Helaina. - Coisa pequena, o mínimo que podemos fazer, mas ainda é uma ideia...

                              ○               ○               ○

Alguém - qualquer um - tem que ver o que estou fazendo agora. Sabe, estou tendo algumas certezas esses dias de que sou uma pessoa realmente boa. Você tem que ser um amor de pessoa para estar aqui onde estou agora, às duas e meia da tarde, caminhando em direção a um muro pichado com uma lata de tinta branca na mão preparada para ajudar uma pessoa que, por acaso, quase a suspendeu do colégio (e por pouco não a expulsou).

- Por favor - falo no ouvido de Tensy. - me lembre o que exatamente eu estou fazendo aqui.

- Você está aqui - ela me responde de volta - porque o time decidiu que devíamos vir aqui ajudar nosso treinador e você, sua burra, não se opôs na hora.

- Ei, não me culpe. Você podia ter falado o que quisesse quando Helaina sugeriu que seria uma boa ideia pôr a mão na massa por esse garoto. O que eu duvido muito.

- É, mas agora as duas estão aqui, e vamos, por favor, fazer isso direito.

Nós chegamos perto e Griffin já está lá, encarando o muro, com várias latas de tinta branca ao seu lado.

- Oooooi. - Grita Helaina.

O garoto se vira e, quando nos vê, os cabelos presos em rabos-de-cavalo, pínceis, rolos, tinta e uma expressão animada que só pertence às outras, seu rosto mostra um sorriso perfeito.

 - Viemos ajudar. - Fala Hannah, como se já não estivesse óbvio.

Largo as latas que estou carregando no chão de qualquer jeito. Eu daria tudo para não estar aqui, ajudando uma pessoa que fez de tudo para que eu, por acaso, não pudesse estar aqui agora.


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