A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 2
Capítulo 2 - Matrimônio




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Os dias se passaram, estive trabalhando muito no hotel e cuidando dos preparativos para a nova casa da minha futura esposa, Naíma estava intolerável com a notícia do meu casamento, do jeito que ela estava, não seria difícil deixá-la, não preciso de uma esposa desobediente, hoje havíamos marcado uma visita com Nabih para fechar todos os proclames da minha união com Safia, quando cheguei à casa de meu futuro sogro, sua aparência parecia um pouco rígida, mas ao me ver sua face suavizou:

- Seja bem vindo Badi Fadel!

- Obrigado! – sentei-me em uma poltrona de tecido vermelho aveludado.

- Safia sirva seu futuro marido! – ela parecia ainda mais bonita, cabelos trançados, olhos marcados, um medalhão de ouro prendia minha atenção na região do seu colo, suas roupas discretas e ao mesmo tempo de muito bom gosto.

- Chá? – fiquei perplexo com sua voz sussurrando para mim.

- Sim! – no primeiro gole, senti um truque usado por algumas jovens que fui visitá-las buscando casamento, devido a isso eu desisti do matrimônio, pois não queria uma esposa desobediente, mas dessa vez seria diferente – o sabor esta delicioso!

- Mais um pouco? – ela parecia disposta a jogar, e eu entraria a fundo.

- Claro, eu beberia este chá para o resto da vida! – sorri estendendo a xícara para ela.

- Nabih apesar da aparência jovem – aparentava ser dez anos mais velho que eu, poucos rugas, uma família bastante jovem sua esposa muito recatada, pouco aparecia, Ranya não se aproximou, eu a vi bem longe, somente observando, o filho mais novo Rafiq sorria a todo o momento, e às vezes chegava a me contagiar. Safia não sorria seu olhar sempre distante, isso me intrigava, quando ela encontraria outro marido como eu? Tenho trinta e dois anos, sou jovem, administro meu próprio negócio em Dubai e em outros países, minha aparência foi sempre elogiada por todos, Naíma costuma me descrever como “belo, como a noite no deserto” eu gostava da sua comparação, as noites no deserto são aconchegantes, tudo meio que parece uma pintura que Ele fez para os bons apreciadores das belezas do mundo, esse desprezo que eu estava recebendo me deixava irritado, mas eu saberia contornar, isso não deveria me preocupar logo, logo eu teria um herdeiro em meus braços, isso sim é importante para mim.

* * *

- Safia você viu? Seu futuro marido não tirou os olhos de você.

Eu não me importava mais, eu havia perdido a luta, até Rafiq se encantou por tal figura, quando tempo duraria até minha morte? Quanto tempo eu viveria ao seu lado? Algum dia eu seria feliz novamente? Eu precisava fugir ou ao menos fazer que ele me entregasse.

* * *

Assim como os grãos de areia descem pela ampulheta, os dias se passaram, assim como a nossa cerimônia matrimonial, Safia já estava morando em uma grande e confortável mansão que eu havia comprado para nós dois, era um bom lugar para se esta eu gostava de visitá-la e apesar de todo o espaço interno e externo que havia, ela sempre estava junto de Ester na cozinha. Ester era uma de minhas funcionárias de confiança do meu hotel, ela tinha uma mãe portuguesa e um pai paquistanês, tínhamos algo em comum em relação aos nossos pais, mas eu gostava de tê-la trabalhando para mim, ela aparentava ter mais de cinquenta anos, sua sabedoria era indiscutível, falava pouco, mas sempre dizia as palavras certas e na medida, Ester me fazia lembrar minha mãe:

- Onde esta Safia?

- Em seu quarto senhor!      

- Quando ela vai entender, que esta casa precisa ter alguém morando nela?

- Senhor ela é jovem, aos poucos saberá apreciar o quanto o senhor é um bom marido e que só deseja seu bem estar.

Subi as escadas, buscando fazer o mínimo de barulho, no final do corredor estava nosso quarto, onde futuramente eu poderia passar a noite junto dela, quando entrei a encontrei sentada e de costas para mim, parecia esta escrevendo:

- O que há de tão importante para escrever? – subitamente ela se levantou e tentou esconder o papel em suas costas – mostre-me! – estiquei minha mão para pegar o papel.

- Não é nada! – ela dizia com a aparência assustada.

- Sou seu marido me obedeça!!!

- Já disse, não é nada! – ela estaria a brincar com a minha autoridade? Brutalmente puxei o papel de suas mãos e para meu constrangimento, se tratava apenas de um belo desenho do deserto a noite.

- Desculpe! – por que eu estava me desculpando? – você gosta de desenhar?

- Sim! – seu olhar encarava o chão.

- Gostaria que você apreciasse mais esta casa, sempre que venho para visitá-la ou esta na cozinha ou esta nesse quarto, isto deixa irritado!

- Perdão se não tenho sido uma boa esposa, teria sido melhor se o senhor tivesse escolhido minha irmã invés de mim!

- Safia você é minha esposa, eu a escolhi, não existe “se” para mim! – a segurei forte em meus braços e beijei o topo de sua cabeça, seu perfume me inebriava, exigi alto controle – eu gostaria que não ficasse apenas aqui nesse quarto!

- Mas eu estou bem! – ela olhou pela janela a vista da cidade, e os gigantescos prédios modernos que Dubai ostentava com grande orgulho.

- Vim aqui para lhe avisar que ficarei uma semana longe, vou a Paris...

- Paris? – seus olhos brilhavam como diamantes – passear?

Não – fiquei um pouco atordoado com a sua interrupção, isso era raro vindo dela – vou resolver alguns negócios ligados aos hotéis.

- Hum... Boa viagem!

- Vou viajar em dois dias, antes disso venho lhe visitar.

- Obrigado!

* * *

Quando ele se foi puxei o papel dobrado que hava enfiado junto ao cós de minha saia, eu estava escrevendo para Rafiq, sorte ter começado a desenhar pensando no que de repente escreveria para ele, agora esta viagem seria um calmante para meus nervos que sempre se alarmam, quando ele esta perto de me visitar, apesar de que Paris é capital da arte, sempre foi meu sonho estudar arte, mas eu ainda estava feliz, logo Abdul chegaria com as compras, e eu entregaria minha carta para Rafiq para ele colocar no correio.

- Badi reclamou mais uma vez, sobre você se manter enclausurada.

- Esqueça! Ele ficará uma semana fora e não escutaremos mais seus resmungos pela casa.

- Sabidinha! – Ester sorriu e eu a abracei.

- E essa felicidade assim de repente?

- Nada demais, apenas estou feliz – dei um rodopio – vou dançar para você!

Fui para sala, colocar uma música, hoje eu estava leve eu podia comemorar, quem sabe o avião dele caísse durante uma tempestade e eu estaria livre – gargalhei para mim mesma ao menos desfrutaria da liberdade, pediria Ester para me deixar ligar para minha família, sairia com ela durante suas compras, seria divertido, Badi costuma me manter presa, não me deixando sair para lugar nenhum desde nosso casamento, não seria difícil convencer Ester de que um passeio me faria bem afinal fazia muito mais de um mês desde que cheguei aqui eu precisava ver gente me animar.

* * *

Quando cheguei a minha casa com Naíma percebi que ela não estava em nenhum cômodo próximo, onde sempre costumei encontrá-la – seria possível que minhas esposas viveriam trancadas em seus quartos? – ela sempre estava aqui para me receber:

- Cande, onde esta Naima?

- Senhor, sua esposa esta com fortes dores na barriga, eu não sei como isso aconteceu, mas ela não esta muito bem. – sua voz parecia tão nervosa.

- Onde ela esta?

- Em seu quarto, já fiz um chá, mas as dores não passam.

- Chame Lion ele virá cuidar de sua saúde, rápido!!! – fiquei bastante nervosos, eu me preocupava com Naíma, minha jovem e bela esposa, que não parecia esta saudável há um bom tempo.

Lion chegou e me disse que as dores de Naíma se tratavam de uma infecção, lhe receitou alguns remédios e que ela repousasse por algumas semanas, então “nada de viagens à Paris”, eu pude sentir sua expressão de desapontamento, ela estava muito contente por ir a uma viagem comigo, afinal nunca à levei a nenhuma viagem de negócios que fiz, mas sempre lhe trouxe presentes, voltei ao hotel para resolver uns pequenos problemas e deixar tudo em ordem para minha viagem de uma semana:

- Senhor Fadel, telefone para o senhor na linha três!

- Obrigado!    

- Badi Fadel, querido sócio como esta?

- Bem! Eu estou bem Juan, preparando tudo para minha viagem!

- Ótimo, nossas esposas também estão ansiosas para conhecer a sua.

- Minha esposa? É que Naíma esta doente e não poderá viajar, é uma lastima.

- Mas você tem duas esposas, será possível que nunca conheceremos nenhuma delas? – esses orientais realmente me pegavam de surpresa apesar de morar em Dubai e viver com toda essa modernidade, eu costumo manter alguns laços perante as minhas tradições, nunca gostei de levar esposa para tratar de negócios, mas eles sempre levavam as suas esposas e isso me parecia até um desfile de jóias, todas querendo mostrar-se como a mais bonita e elegante.

- É, vou ver aqui!

- Ótimo! Nós iremos buscá-los no aeroporto, nos veremos em breve até logo!

- Até logo!

E agora? Sai às pressas do hotel e fui encontrar Safia, para resolver se eu iria ou não levá-la comigo a Paris, quando cheguei a encontrei sentada em uma poltrona que ficava na sala de estar, lendo um livro, isso pra mim era praticamente uma novidade, tanto por encontrá-la aqui como por vê-la lendo um livro:

- Safia, eu preciso falar com você. – ela se assustou e deixou o livro cair no chão, eu o peguei e vi, ao ler a capa vi que se tratava de um livro que não pertenciam ao meu escritório era um livro sobre arte, pinturas e esculturas.

- Você gosta mesmo de arte. – entreguei o livro em suas mãos.

- Sim, meu pai trabalha com arte, ele cria belas jóias de uma simples barra de ouro, eu passei a apreciar tudo quanto é forma de arte, mas se incomoda ao senhor?

- Não! Não me incomoda! E para de me chamar de senhor como se eu fosse seu pai, sou seu marido – minha convivência com Safia era mínima eu demorava a visitá-la principalmente pelo fato de que ela ainda se tratava de uma criança, mas eu me sentia encantado por sua beleza, seus longos cabelos negros, seu rosto suave cor de avelã, seus olhos do mais profundo negro, eu me sentia enfeitiçado ao encarar sua figura – Safia me responda uma pergunta você possui passaporte?

- Sim!

- Então vá buscá-lo você viajará comigo para Paris, e diga Ester para levar você para comprar roupas novas para viajar.

- Paris? – seu sorriso capturou minha alma e seu abraço forte que nos deixou perfeitamente encaixados, fez meu corpo ferver, seu rosto se iluminou para mim, não sei de onde me saíram forças para resistir à tentação de não beijá-la. 

* * *

Não sei o porque do motivo da minha alegria, enfim eu já estava feliz por não vê-lo durante uma semana. Paris?! Eu iria à Paris! Tudo bem que eu estava feliz por vê-lo viajar e ficar longe de mim, mas isso me deixava extasiada, lembro-me de quantas vezes eu e meu pai vislumbramos viajar a França era nosso país favorito por causa da sua cultura, os museos, as esculturas, os quadros, agora estou tendo minha chance, gostaria que papai pudesse vim comigo, e mesmo sabendo que minhas chances serão muito pequenas de conhecer tudo que gostaria, vou aproveitar ao máximo essa viagem. 


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Notas finais do capítulo

Surpresas virão fiquem ligados!



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