A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 18
Capítulo 18 - Temores


Notas iniciais do capítulo

Muito feliz, curtindo à bessa cada comentário feito *-*



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Sua pele contrastando com o crepúsculo do dia, fazia meu corpo ferver em chamas, ele permanecia dormindo incesantemente, se mantendo imóvel, de bruços e totalmente despido, tentei observar um pouco mais a figura daquele homem, antes amedrontador, agora indefeso. Aos poucos consegui me vestir, meu coração batia num ritmo forte e acelerado, minhas pernas pesavam a cada movimento que eu fazia dentro daquelas ruínas, eu precisava correr, mas por que eu estava fugindo? Se hoje eu havia passado pela melhor experiência da minha vida! Minhas lágrimas prosseguiam incansávelmente, o véu preso em meu rosto me ajudaria a escondê-las em meio ao bairro comercial: 

- Querida por onde estava? Ficamos preocupados!

- Eu me perdi nas ruínas!

- Você enlouqueceu, sabe que dentro daquele prédio existe um labirinto.

- Desculpe mamãe, não vai mais acontecer! – segui em direção ao meu quarto.

- O noivo de Ranya esta conversando com seu pai, ele veio organizar alguns protocólos do matrimônio, sua irmã esta nas alturas. – meus lábios formaram um pequeno sorriso.

- Eu fico feliz por ela. – mamãe me abraçou.

- Nós temos boas notícias para você também! – ela saiu carregando um ar de mistério em sua face.

A porta se fechou detrás de mim fazendo minhas pernas desabarem, eu havia sonhado? Então porque o perfume dele estava no meu corpo? Porque ele era tão real? Minha consciência me dizia para esquecer, esse casamento já tinha o seu ponto final, ele tinha uma família que precisava da sua dedicação, então porque eu me sentia assim? Triste, era certo o que eu fazia? Não aceitar viver este sentimento?

Era um vez, a menina que tornava-se mulher, que entregava seu coração, no entanto ela precisava continuar, quando tempo ela poderia suportar, em saber que irá viver apenas para respirar?

* * *

Por que ela fugia? Por que ela se escondia de mim? A batalha não acabou, entretanto hoje percebi que eu nunca a perdi, que nunca deixou de ser minha, mesmo quando me fez acreditar do contrário, mas por que mentir? O que levou Safia a dizer aquelas palavras?

- Parece que você andou trabalhando muito? – Said pegou um pequeno pedaço de capim seco preso em meu cabelo – você mudou de perfume? Sinto cheiro de mel e lavanda, que me faz lembrar de uma certa jovem filha de um comerciante jóias.

- Onde o senhor pretende chegar? – Said parecia um cão farejador.

- Chegar? – ele gargalhou – depois de tudo o que eu falei, acredito que já estou no terminal principal, não acha? – olhei para tela do meu computador buscando me distrair – me parece que você conseguiu o que tanto procurava naquela cidade.

- Subir meia dúzia de degraus não significa alcançar o topo.

- Para que ir de escada se você pode ir de elevador? Apenas deixe seu coração onde ele merece esta – gentilmente ele apertou sua mão enrugada pela idade na minha, senti um objeto frio e sólido – seu coração precisa do calor dela para voltar a funcionar. – respirei profundamente, quando me deparei com aquele diamante novamente.

- Pensei que o tivesse perdido.

- Você perdeu a cabeça, não o coração – ele se sentou em uma poltrona grande couro, ficando de costas para mim, seus olhos estava fixos na grande janela de vidro – me diga o que você pretende fazer?

- Sobre o que?

- Não espere por uma crise, para descobrir o que é importante em sua vida.

- Seus provérbios não ajudam, apenas me deixa confuso.

- Até que o sol não brilhe, acenda uma vela na escuridão. – ele batia os dedos das mãos no couro da poltrona – uma mulher ou ama, ou odeia, com ela não há uma terceira hipótese, pense nisto, pense aonde você deixou seu coração e vá buscá-lo.

- Naíma ligou – quem esta fungindo agora? – que tal passar esta noite conosco? Esta em família às vezes não faz mal a ninguém.

O percusso para casa foi tenso e constragedor, Said não parava de falar nos meus pais, e eu não precisava de lembranças, principalmente por encher minha cabeça com a maldita pergunta: e se eles estivessem aqui? Será que tudo seria diferente?

- Marido! – Naíma me beijou gentilmente – como foi seu dia?

- Tranquilo, Said esteve comigo.

- Não na maior parte do tempo – lancei meu olhar de reprovação para ele - Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos, bem pensado! – como eu odiava esse seu jeito de falar.

- Sabe o que os ocidentais fariam com senhores de idade, como você?

- Felizmente aqui a idade ainda tem o seu devido valor – ele piscou para mim – e você Naíma como esta?

- Bem... – ela parecia incomodada – o senhor irá dormir aqui?

- Estou pretendendo – ele jogou as mãos ao lado do corpo – espero que esse pobre velho doente, possa ter cama para dormir esta noite.

- Sim, claro! – o sorriso de Naíma aparentava ser falso e hostíl.

Se eu pudesse jamais tomaria este banho, eu queria sentir seu perfume em meu corpo para sempre, se eu pudesse ler seus pensamentos? E saber o que ela sente por mim, suspirava a cada gota de água que levava seu perfume de mim, mas não as memórias, embora eu quisesse agir por impulso e roubá-la, simplesmente teria de esperar pelo próximo encontro, eu à veria de novo? Eu arranjaria um novo encontro, moveria aquele bairro de ponta a cabeça para reencontrá-la.

- Que eu me lembre Said tinha um casa! – Naíma se equilibrava na porta do banheiro, fazendo meu corpo contrair pelo susto.

- Que susto, você me pegou desprevinido!

- Desde quando eu assusto você? – ela abriu a porta do box, suas mãos tocavam meu corpo nú – você esta lindo! – peguei a toalha que estava pendurada.

- Vamos comer? Estou morrendo de fome!

Por que eu fugia dela? Isso não era natural, eu não costumava fugir de minha esposa, enquanto me vestia eu podia sentir, seu olhar intensificando a cada roupa colocada, Naíma assemelhava-se a um fera, que a qualquer momento poderia me devorar, e eu sentia cada musculo petrificar diante daquela cena.


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