Em frente a casa estava um caos. Cheia de viaturas e bombeiros.

Entrei correndo e encontrei um Edward sentado no sofá com a cabeça entre as mãos e chorando feito criança. Eu o entendia,  afinal ele perdeu a família.

Aproximei-me dele e o abracei pelos ombros. Não agüentei e comecei chorar também.

-Bella. Alice, Kelsie e Anne se foram e me deixaram. –Ele soluçava tão forte que eu estava com medo de ter algum ataque do coração.

Minha ficha ainda não tinha caído, então fui eu quem organizou o enterro de Alice e das meninas.

Sabia que ela era muito querida, mas com o tantos de pessoas que estavam presentes percebi que ela era muito mais que querida ela era muito amada.

Perdi vários amigos praticamente na mesma data. Meu Deus que vida era essa? As pessoas que tinha mais contato partiram de um modo semelhante.

Fui forte até que jogaram o primeiro punhado de terra, então não agüentei e desatei a chorar.

-Bella. –Edward disse no final do enterro. –Obrigado por tudo.

Não tinha palavras para responder nada, ele me deu um beijo na testa e se afastou tirando o paletó do terno negro.

Olhei para o lado e levei um susto. A lápide estava escrito Michael Colton. Meus olhos já encharcados pelas lágrimas se tornaram um dilúvio.

Cai de joelhos na grama fria e molhada. Eu amava Michael, tínhamos nossa vida planejada, e por um acidente nos separamos. Mas por conta disso, o destino me colocou Alice e sua família em meu caminho. E o mesmo destino a tirou de mim, da mesma forma.

Senti braços se estreitando a minha volta e depois seu perfume tomando conta de minhas narinas.

-Desculpe não lembrei que hoje faz cinco anos. Não agüentei ver você ajoelhada aqui e não desejar novamente meus pêsames.

-Você nem tem cabeça hoje para lembrar. E o que me deixa mais triste é que foram duas tragédias com diferença de um dia. –Me virei e afundei o meu rosto em seu peito. –O que precisar de mim pode ligar.

-Obrigado Bella.

Soltamos-nos do abraço e ele foi em direção novamente a saída do cemitério. Logo depois fui em direção ao meu carro.

Não tinha trauma de carro. Pelo contrário, velocidade me fazia esquecer dos meus problemas. Eu sei que isso estava errado, mas na hora que metia o pé no acelerador tudo da minha cabeça desaparecia e eu só conseguia prestar atenção na estrada.

Corri até a praia mais próxima. La push ficava a menos de 20 km de onde eu estava.

A praia estava deserta. Sentei-me na areia e comecei a observar o mar.

Vi o crepúsculo começar e terminar, a lua entrar em contato com o manto negro e seus pontos brilhantes. Olhei no relógio e já se passavam da meia-noite.

Na hora de voltar, peguei mais leve com o acelerador.

Quando cheguei no meu apartamento e abri a porta, percebi que havia um envelope cor de areia no chão do hall de entrada.

Abri com cuidado temendo o que seria.

Imediatamente reconheci a letra. Era de Edward.

“Bella,

 não posso superar a dor que sinto estando perto de tudo que me lembra Alice, Kelsie e Anne.

Viajarei por algum tempo.

Deixei uma procuração em seu nome para tomar conta do novo hospital e de meus bens. Manteremos contato por e-mail.

Venda a casa e meu carro.

Qualquer problema contate-me.

Não fique preocupada.

Edward Cullen”

Como não ficar preocupada? Ele era louco?

Peguei meu carro e fui em direção a sua casa. Estava vazia. Fui à clínica e me disseram que a última vez que o viram, ele tinha acabado de receber a notícia da morte da esposa e das filhas.

Liguei então em seu celular. Tocou até cair.

Fui para minha casa, não tinha mais nada a fazer a não ser esperar. Mas se ele não mandasse notícias em uma semana, acionaria a polícia e a equipe de buscas atrás dele.

Tudo estava estranhamente frio e triste, perder uma grande amiga perto da morte de seus outros amigos, tinha me esgotado. Tudo o que eu queria era tomar um banho e relaxar meus músculos em minha cama.

Acordei com o sol batendo em meu rosto e meu celular tocando. Olhei o número no visor e marcava a palavra “casa”.

-Olá filha. Acho que todos na cidade ficamos sabendo o que aconteceu com a Dra. Cullen. Eu sinto tanto, mas que tal você vir almoçar em casa para distrair essa cabeçinha?

-Ok mãe. Eu vou. Que horas são?

-Dez.

-Ok, onze ou onze e meia estou ai. Tchau mãe e obrigada pelo convite.

-Acha minha filha. Até.

Não estava no clima, mas sabia que seria bom para mim.

Assim que desliguei o telefone fui tomar um banho rápido, ainda queria abrir meu e-mail para ver se teria notícias de Edward.

No banho não pude deixar de derramar algumas lágrimas, já que hoje faziam cinco anos da morte de Michael e nem fazia um dia da morte de Alice. E para piorar a situação, Edward havia sumido e apenas deixado uma carta.

Não sabia se ficava aliviada ou preocupada quando vi que tinha um e-mail de Edward na minha caixa de entrada. Resolvi obviamente ler, afinal se fosse coisa ruim ainda daria tempo de socorrer.

“Bella cheguei ao meu destino.

Não fique preocupada, mas não sei quando voltarei. Poderei ficar anos afastados, assim como poderei ficar meses.

Agora sei o que você sentiu com a morte de Michael e seus amigos. Mas a diferença é que não  posso me indicar uma psicóloga de minha confiança.

Obrigado por tudo.

Edward”

Era curto o e-mail, mas suficiente para eu ficar mais aliviada e saber que ele estava bem.

Partiu-me o coração quando ele falou sobre a psicóloga de confiança dele. Mas sabia que depois dessa viagem ele voltaria recuperado.

Mas a parte de poder ficar anos afastado me deixou intrigada. Peguei o celular e tentei mais uma vez ligar para o dele. Inútil, estava desligado.

Resolvi responder ao e-mail.

“Edward, fiquei preocupada com você. Liguei diversas vezes em seu celular, mas você não atendeu.

Hoje irei fazer as coisas que você me pediu e depois te mando notícias de como as coisas ficaram.

E pelo amor de Deus, sempre me mande notícias. Fico com o coração na mão, pensando que você possa cometer uma besteira e não contar para ninguém.

Lembre-se sempre que tem alguém aqui que gosta de você e sempre irá querer seu bem.

Bella”

Fui terminar de me arrumar e logo em seguida fui para a casa de meus pais que me receberam com um bombardeio de perguntas e insistiram para eu passar alguns dias na casa deles. Tudo isso porque tinham medo de eu entrar em uma profunda depressão. Mas avisei a eles que ficara tudo bem, e por incrível que pareça o almoço correu tranquilo.

-Tchau mãe, tchau pai. Já vou .Ttenho que resolver algumas coisas em pendência.

-Filha, me contaram que o Dr. Cullen foi embora ontem da cidade. Isso é verdade?

-Sim, pai. E é sobre esse assunto que tenho que resolver. Ele é meu amigo, então deixou pequenas tarefinhas para eu resolver para ele. E no final da tarde ainda pretendo dar uma passadinha na clínica. Tchau.

Antes de qualquer coisa, tive de passar na casa de Alice. Não contive as lágrimas.

Ali a menos de três dias atrás vivia uma família feliz.

[...]

Em uma semana havia feito todo que Edward me pedira.

Dr. Cudemore, me ajudou a ficar a par da direção do hospital. Ficaria como coordenadora até Edward voltar. Terminei as coisas que tinha que fazer e fui para meu apartamento.

Cheguei, tomei banho e comi um macarrão que eu mesma havia preparado. Depois resolvi checar meu e-mail.

Havia uma mensagem de Edward de poucas horas atrás. Nem preciso dizer que meu coração foi parar na boca né!? Sempre estava com medo de abrir minha caixa de entrada e vir algum e-mail do Edward avisando que iria cometer alguma besteira (diga-se de passagem: suicídio).

“Bella, desta vez estou escrevendo para avisá-la que a frequência de e-mail irá diminuir, pois irei para um lugar que não possui internet.

A dor de ter perdido Alice, Kelsie e Anne ainda não diminuiu. E eu tenho medo de que não diminua nunca.

Conseguiu resolver as coisas que te pedi? E o hospital como que vai?

Espero a resposta

Edward

P.S. Joguei meu celular fora.”

Respondi tudo o que ele me perguntou e lamentei sua dor. Achei típico de Edward jogar o celular fora.

Meu celular começo a tocar. Olhei no visor e não acreditei quem era.

-Jake....saudades sua.

-Olá Bella, saudades também de ti. Fiquei sabendo o que aconteceu com a Alice. Eu sinto muito.

-É...eu também sinto.

-Mas liguei para tentar te animar e te convidar para sairmos no final de semana. Eu entendo se você disser que não.

-Não. Quer dizer ok. Alice iria querer que eu me divertisse. Me liga na sexta a tarde para combinarmos. Ok?!

-Ok. Tchau Bella.

Por mais que a morte de Alice tivesse acontecido há um pouco mais de uma semana atrás, eu estava feliz por Jacob Black, um grande amigo que me ajudou a recuperar do acidente, tinha me ligado.