POV Luana

Acordei com o sol no meu rosto. Sorri com os olhos ainda fechados ao relembrar a noite passada. Tinha sido muito bom, ou pelo menos era o que parecia.

Abri os olhos e o que vi me chocou. Se eu estava nua na cama de Hermes, como é que agora eu estou vestida no meio de uma floresta próxima ao acampamento?

Levantei-me num salto e olhei ao redor. Não havia nenhuma trilha, nada que me levasse ao acampamento. E nenhum sinal do deus. Percebi no chão um pequeno bilhete. Peguei-o e li.

“A noite foi maravilhosa, Luana, e espero repeti-la em breve. Creio que essa foi uma das melhores transas da minha vida. Só espero que não fique grávida.

Hermes.”

Eu não tenho palavras... Meus olhos se encheram d’água e eu cai de joelhos no chão. Então tudo não passou de simples sexo? De uma transa casual? Era apenas isso que os deuses queriam de mim: sexo, sexo e mais sexo?

Malditos, é isso o que eles são. Desgraçados. Agora eu percebo quão tola e idiota eu fui me iludindo ao achar que possuía o amor deles. Eles falaram coisas bonitas e eu me deixei levar, mesmo com a minha mente gritando o contrário. Porém isto não era tudo.

No meio de toda essa confusão houve uma pessoa que me entregou seu coração e me amou incondicionalmente. Um homem que tentou me proteger sem jamais me enganar. Homem esse que eu trai e esqueci nesses dias. Esse homem que comigo era tão carinhoso era o meu irmão: Luca.

Eu me sinto suja, imunda. Sinto-me como uma qualquer. Ao dormir com três deuses eu trai a mim mesma e, pior, trai o Luca. Eu não tinha esse direito.

Andei aos soluços pela floresta até chegar a uma clareira. Já estava no final da tarde e logo a lua apareceria. Desta vez eu rezava para que Selene tentasse me matar.

Luca, nesse momento e nos que se passaram, sentiu o mesmo que eu, o que me fazia chorar mais, afinal ele sabia que havia sido traído.

Nesse instante tive um pressentimento ruim, muito ruim. Olhei ao redor. As árvores eram altas e poucas eram as folhas que estavam no chão. O cheiro de terra molhada devido à recente chuva ainda estava presente. Não havia nenhuma flor à vista e o silêncio era assustador, dando ao local uma aparência sombria. Era final de tarde, a hora do crepúsculo, e logo a lua estaria no céu.

Olhei para os lados novamente e peguei meu arco. Uivei, porém não obtive resposta. Rixon, meu lobo, não estava por perto. Suspirei, derrotada.

Passos foram ouvidos e eu me posicionei, flexionando o arco, na direção do som. A coisa vinha correndo, até que eu pude distinguir sua forma entre as árvores. Assim que ele entrou na clareira eu caí com um grito. A lua já estava no céu. Então eu liguei os fatos e soube que ela havia planejado tudo. Ela queria, definitivamente, a minha morte. E, dessa vez, ela seria bem vinda.