The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 4
O4.


Notas iniciais do capítulo

Uhuules, muita coisa se explica agora.
Eu sei que acontece tudo muito rápido, BUUT, quem se importa?
eu não me importo, HAHA.
boa leitura.



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 - Miranda

     Não sabia o que estava sentindo, mas estava sentindo tudo ao mesmo tempo.

     Justin entrou. Virei o rosto. Não queria que ele me visse daquele jeito. Ele sentou-se ao meu lado na cama.

     - Ele é um idiota, pelo que eu entendi. – Ele falou.

     - Mas ele está certo. – Escolhi com cuidado o que dizer.

     - Como assim? – Justin perguntou suavemente. Hesitei. – Só me fale se quiser.

     E eu queria, só não sabia se podia ou se devia. Resolvi falar tudo de uma vez. Nunca falei sobre isso com alguém tão “desconhecido”, mas era bom. Justin me passava uma segurança sem medida.

     - Eu sou adotada, Justin. Eu vivi no Brasil até os seis anos de idade, que foi quando... Meus pais morreram. Eu não tinha família, não tinha ninguém que se oferecesse a cuidar de uma menina tão crescida. Foi aí que meus pais adotivos me conheceram no orfanato. Vim para cá e é isso desde então.

     - Sinto muito. Mas não entendi porque o babaca tem razão.

     - Eu era um estorvo para meus pais. Minha mãe havia me dado uma câmera cara. Mas meus pais não tinham condições de pagar. Eles sempre discutiam e o motivo era sempre eu. Fui apenas uma gravidez indesejada, apenas isso e nada mais. As discussões eram comuns, mas naquela noite foi pior. – Limpei algumas lágrimas que rolavam sem parar por meu rosto. – Na hora do jantar eles estavam falando justamente sobre a câmera. Meu pai se descontrolou e... Matou minha mãe. Eu tentei animar ela. Eu a inocente e ingênua Miranda fui reanimar minha mãe já morta. Mas meu pai me afastou com a mão que segurava a faca e me cortou, sem querer. – Puxei o cabelo para trás, mostrando a cicatriz em meu pescoço. – Ele estava desesperado. Minha mãe foi a única mulher que ele amou na vida. Ele ligou para a emergência e depois se matou. E eu? Eu assisti tudo. Lembro-me da cena como se tivesse sido ontem. Sonho com isso quase toda noite. – Quando terminei de falar, meu rosto doía de tanto segurar o choro. Justin não movia um músculo.

     - Foi por isso que você escreveu que havia perdido o interesse na fotografia? – Ele perguntou. Assenti. Ele olhou para mim. – Miranda, pode chorar.

     Ele me puxou para seu ombro. Prendi a respiração por um segundo. Mas depois chorei. Ele me abraçou. Ficamos daquele jeito por um tempo.

     - Obrigada. – Falei, me afastando. – Mas acho que você não merece ficar aqui ouvindo meus problemas, você já tem os seus e...

     - Todo mundo trava batalhas por dentro, lembra? – Ele perguntou sugestivamente.

     Eu ri.

     - Sim, malditas batalhas. – Comentei. – Tenho algo para você.

     Levantei e peguei as fotos do parque. Sentei ao lado dele novamente.

     - Gostei dessa foto. – Eu disse, entregando-a para ele. – Fiz uma cópia, se não se importa.

     - Claro que não. – Disse ele, olhando a foto e sorrindo.

     Ele colocou o braço em meu ombro. Eu deitei, achando que ele iria tirar o braço, mas ele deitou junto comigo e me abraçou.

     - Você é cheiroso. – Comentei de repente.

     Ele riu e eu ri junto.

     - O que você mais gosta de fazer? – Ele me perguntou. – Fora tirar fotos.

     - Gosto de... Ouvir música. Nossa, eu amo música e fotografia.

     - Sério? Vou te levar num estúdio de gravação um dia desses. – Ele falou.

     - Jura? Vou esperar, hein?

     - Certo. E qual seu maior sonho?

     - Acho que... Fazer uma sessão de fotos com alguém famoso.

     - Cor preferida?

     - Verde.

     - Comida?

     - Difícil. Próxima.

     - Mc Donald’s ou Burger King?

     - Burger King.

     - Aqui ou o Brasil?

     Hesitei nessa, mas respondi.

     - Aqui.

     - Desculpa?

     - Tudo bem.

     Nós rimos. Ele continuou o interrogatório.

     - Um animal?

     - Cavalo.

     - Uma qualidade...

     - Fidelidade e honestidade.

     - Você não foi honesta comigo umas três vezes.

     Dei um tapa em seu braço. Bocejei de repente.

     - Quer dormir.

     Fiz que não com a cabeça, mas ele começou a cantarolar algo, bem baixinho e então eu adormeci.

 - Justin

     Fiquei lá com ela por um tempo. Depois de ela ter chorado tanto, era bom vê-la tranquila. Ela comprimiu os lábios carnudos e depois os relaxou. Eles estavam vermelhos. Reprimi um estranho impulso de beijá-los.

     Levantei com cuidado para não acordá-la. Peguei minha roupa e fui me vestir.

     Ao sair do quarto, levei o maior susto com o dono da casa encostado na parede do lado da porta. Ele me olhava.

     - Senhor, não é o que está pensando.

     - Sei que não. Só vim ver como ela estava e ouvi a conversa de vocês. Obrigado. Ela não fala muito neles. Ela parece confiar muito em você, então, por favor, não a machuque mais ainda. O coração de minha filha já não suporta mais sofrer. – Ele quase implorou. Seu tom paternal me fez perceber o quanto ele amava a filha adotiva.

     - Não vou. – Prometi. “Nunca faria isso com ela, não quero ver seu rosto marcado por lágrima de novo... Se bem que seus lábios ficariam vermelhos de novo e...”. Cortei esse pensamento. O homem já havia entrado em seu quarto.

     Meu celular tocou. Atendi no segundo toque.

     - Alô? Ah, oi Scooter... Como assim cancelado? Tá. Que seja. Posso voltar sozinho para casa. Tchau.

     Ele havia cancelado o ensaio por causa do que havia acontecido com os idiotas mais cedo.

    Certifiquei-me de que Miranda ainda estava dormindo... Sim, como o anjo mais lindo que já havia visto.

     Peguei a chave no meu bolso. Eu quase nunca dirigia o meu carro, mas hoje era o dia. Liguei para Victoria.

     - Victoria Justice falando. – Ela tinha essa mania de atender assim, eu não gostava.

     - Oi Vick, estou livre esta tarde, vamos sair?

     - Oi Justin. Claro, mas só estou livre as duas, então... Você me pega?

     - Tudo bem. Beijo.

     - Beijo.

     Ela desligou. Ótimo. Nada para fazer até às duas horas da tarde. Resolvi chamar Chaz para jogar videogame, mas logo apaguei essa ideia.  Ele estava dando em cima da Lizzie. Ryan não atendia, muito menos Chris. Decidi esperar um pouco para ver se Chaz terminava logo com seu momento paquera. Fui dar uma olhada nas fotos.

     Havia foto de quase todos os lugares do mundo. Reconheci alguns: Nova York, Caribe, Paris, Londres, Amsterdã, Bahamas, Moscou, tinha uma do Taj Mahal na Índia, e o... Cristo, no Rio de Janeiro. Parei no móvel onde tinha as fotos menores e onde faltava a foto maior. Reconheci minúsculas Mirandas. Literalmente, eram fotos dela criança até o que é hoje. Sem a foto maior, as outras ficavam sem o centro... Sem os pais, Miranda também ficava sem o centro.

     Os passos de alguém descendo as escadas me assustaram. Miranda desceu e passou por mim correndo. Ela estava vestindo uma blusa, um short e sandália. Ela ia sair.

     - Ei, aonde você vai? – Perguntei antes que ela saísse, mas ela me ignorou e saiu assim mesmo.

     - Não pode dirigir nessas condições! – Falei, agarrando seu braço.

     - Eu preciso sair daqui... Ficar longe por um tempo me ajuda a relaxar. – Ela tentou se explicar.

     - Aonde você vai? – Perguntei de novo.

     - Não te interessa. – Ela falou e depois pareceu se dar conta do que havia falado. – Quer dizer, é um lugar só meu e...

     - Vou com você, é isso ou você não vai. – Declarei.

     Ela tentou protestar, mas desistiu.

     Miranda dirigiu até um lugar todo verde: várias árvores, flores e gramados. Estacionou em um lugar descampado e desceu. Desci também, admirando a beleza do lugar. O barulho de um riacho correndo realmente acalmava. Miranda havia deitado em um gramado que fazia sua pele moreno-clara ficar ainda mais atraente. Sentei ao seu lado, mas um pouco afastado.

     - Que lugar é esse? – Perguntei.

     - É um sítio dos meus pais. Mas eles não fizeram nada aqui. – Ela falou, olhando o teto verde acima de nós.

     - É um bom lugar.

     - É. Venho aqui sempre que esqueço quem eu sou. Esse lugar e a fotografia são o meu jeito de sentir meus pais perto, como se eles nunca tivessem ido embora. – Falou ela, mexendo no cabelo.

     Olhei em volta e fui surpreendido por um abraço dela.

     - Obrigada, Justin. – Ela apertou mais o abraço.

     Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito, mas eu gostei.

     Meu celular vibrou. Já eram duas horas.

     - Ér, Miranda? Posso te pedir um favor? – Perguntei, me afastando dela.

     - Até dois.

     - Podemos voltar para sua casa? Tenho um compromisso às duas horas e...

     - Não vai dar tempo. A menos que não se importe de chegar bem atrasado. – Ela falou, se levantando num pulo. – Onde é o tal compromisso? Eu te deixo lá.

     - É que...

     - Ah, entendi. É um encontro e você quer o seu carro, para você poder dirigir para onde quiser. Bem... Acho que posso resolver esse probleminha. Vamos. – Ela me puxou.

     - É um estúdio montado no parque.

     - Sei qual é. Eles estão fotografando uma tal de Victoria Justice. Ela não é muito fotogênica, mas a equipe de fotógrafos é realmente boa. – Ela comentou.

     Olhei para o velocímetro, estávamos a 100 km/h. Ela só reduziu quando chegamos mais perto da cidade.

     Estacionou do lado esquerdo do parque.

     - Você dirige bem. – Elogiei.

     - Obrigada. Bom encontro. – Ela falou e abriu a porta.

     - É o quê?

     - Fique com o carro e se puder devolver hoje eu agradeço e, se não, devolva amanhã. Ah. – Ela pegou a sua bolsa no banco traseiro. – Tchau.

     Ela saiu e foi andando. Entrou em uma confeitaria e saiu com um café na mão.

     Alguém bateu na janela do carro. Era Victoria. Passei para o banco do motorista e ela sentou no banco do passageiro.

     - O que houve com seu carro? – Ela quis saber.

     - Oficina. Esse é o carro da minha prima. – Respondi rapidamente.

     Liguei o carro e dirigi até um clube qualquer.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Recomendações? - pareibeijos, amores.