Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 37
Capítulo 37 - Amizade




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Sentei no sofá, vendo meu lado na tarefa praticamente cumprido. Igor tinha me ajudado com a sala, enquanto Pablo fugia para seu apartamento. Agora ele estava arrumando o quarto e eu fiquei encarregada da cozinha. Eu havia conseguido transformar a cozinha em algo limpo, uma façanha e tanto. Caminhei para o quarto, me deparando com Igor numa posição meio... diferente. Estava ajoelhado, tentando tirar uma mancha do chão. Tinha uma cara de pesar enquanto esfregava. Uma perfeita Izaura.

– Igor... Isso não sai. – controlei o riso.

– Hãn?

– É um dos desenhos do piso. Vai ficar a vida toda tentando tirar isso. – Ele sentou no chão, esquecendo que estava molhado e soltou um palavrão baixo. Acabei rindo da sua expressão aparvalhada.

– Que droga. Preciso de uma empregada. – disse, me olhando sugestivamente.

– Não olhe para mim! Essa é a última vez que faço uma faxina. – Ele bufou, me dirigindo uma cara de infelicidade. – Está com fome? Pois eu realmente estou.

– COMER!!! – Ele praticamente gritou, levantando-se. Caminhou para a cozinha, indo a minha frente. Olhei para a mancha molhada em sua bunda e controlei o riso. Ele andava rapidamente, alheio ao quanto ele estava ridículo. Parou no meio da cozinha, me olhando. – E agora?

– Agora você faz algo pra comer. Não acha que a comida vai se materializar a sua frente, acha?

– Seria interessante... – revirei os olhos.

– Pega os hambúrgueres e uma frigideira. Quero um sanduíche. – Ele pegou o que precisava, e começou a passar maionese no pão enquanto eu tentava fritar os hambúrgueres. Eu sempre fui péssima na cozinha, e junto com Igor tornou-se tudo pior. Coloquei o óleo na frigideira e tirei os saquinhos do hambúrguer. Os dispondo na enorme frigideira. Então, para meu azar, o óleo começou a espirrar. Soltei um gritinho, que chamou a atenção de Igor, que veio tentar me ajudar.

– O que tá acontecendo? – Ele se posicionou arras de mim, segurando o cabo da frigideira. Me tornei consciente dele, de seu rosto próximo ao meu pescoço, tentando me manter imóvel, só mexendo o hambúrguer com o garfo na outra mão. Então, o óleo espirrou nele, nos fazendo pular. – Porra, isso dói!


– Você acha? – Eu ri baixinho,e ficamos os dois soltando palavrões, enquanto fazíamos os hambúrgueres. Depois de algumas queimaduras, muitos xingamentos e risadas. Estávamos sentados no sofá, a Tv ligada, e Igor se apoiando em mim enquanto colocava o prato no colo. Totalmente folgado. Então, encontrou uma posição agradável para ele, com a perna praticamente em cima de mim. E começou a comer.

– Isso, impressionantemente, ta bom...

– E queimado. – completei, o fazendo rir de leve. Enquanto Igor comia direitinho, enquanto eu comia igual uma criança. E sabia que devia estar suja de catchup.

– Ta sujo. – suspirei, limpando o canto da boca. Igor me ajudou, passando o dedo abaixo do meu lábio. – Pronto, porquinha.

– Chato. – Comemos normalmente, e depois de estarmos satisfeitos, acabamos decidindo assistir um filme. Uma comédia romântica. Me sentei, abraçando as pernas. Já me preparando para o tédio dos romances. Percebi, que Igor não era o tipo de cara que assistia filmes sentados e a distância. Antes dos créditos acabarem, ele correu até o quarto e pegou uma pequena coberta, com seu próprio cheiro característico. Sentou no sofá e me puxou pelos ombros, determinado, me fazendo deitar em seu peito, enquanto ele deitava-se, o tronco levantado pelos travesseiros.  Jogou a coberta sobre mim soltou um suspiro de satisfação e se concentrou no filme. Ainda abraçado a mim. Como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Éramos amigos, sim. Amigos íntimos no momento; que gostavam da companhia um do outro e que sentiriam muita falta dos momentos juntos. Amigos, só amigos. Provavelmente estávamos confusos sobre nós mesmos e tudo o mais. Mas isso era o que Igor pensava. Eu ainda tinha as memórias do passado em minha mente. Lembrava exatamente de tudo, de minhas mágoas, que me assombravam. Dos momentos românticos e intensos. Me lembrava das brigas, de como me senti traída. Eu estava ferida, irremediavelmente ferida, mas nesses momentos com ele era como se a dor não existisse. Cutucava, machucava, é claro, mas meu sorriso se tornava maior com ele por perto. Gostava disso, desse companheirismo. Embora fosse igualmente assustador. Estava tudo tão diferente, tão... esquecido por parte dele, mesmo involuntariamente.

 Eu e Igor ficávamos um bom tempo juntos, mas nunca assim... tão... companheiros. Tão cientes de nossas necessidades, não tão íntimos, não sozinhos em um apartamento, não... Desse jeito. Eu não sabia como lidar com a presença de Igor e nem com seus toques despreocupados, fazendo carinho em meu braço, sem nunca desviar o rosto do filme. Soltando risadas leves, me fazendo estremecer. Podia sentir seu coração batendo tranquilamente em minha orelha. A vibração natural e pacífica. Em paz. Fui sentindo o sono chegando, com o cansaço, e fui fechando os olhos. As preocupações de dissipando.


Pov. Igor


Por puro impulso, naturalmente, puxei Malu para deitar em meu colo e ela nada fez contra. Só resmungou baixinho, um ato típico dela. Comecei a assistir o filme, me distraindo, até notar Malu tranquila e calada demais. Olhei para a menina deitada confortavelmente no meu peito. Ressonava, a respiração tranquila. Continuei acariciando a pele macia de seu braço, sem me conter. Me sentia maravilhosamente bem com ela por perto, gostava de sentir seu cheiro e o modo como seus olhos brilhavam intuitivos a cada frase minha. Gostava de rir junto com ela, aproveitando a sua risada estranha, mas agradável. E me sentia enciumados com os olhares que ela recebia. Não era por menos, era ela linda. Com um corpo que me deslumbrara desde o primeiro momento e com aqueles olhos grandes e castanhos amendoados, que pareciam escurecer de acordo com seus sentimentos.  Ela é linda e intensa, todos ao seu redor notavam isso e, antes de tudo, a queriam. Queriam-na só de sentir sua presença. E eu sentia ciúmes mesmo, de uma forma quase dolorosa, era um ato quase involuntário. E ter ciúmes, era normal, eu acho... Melhores amigos se sentem assim por suas amigas, certo?

Minha vida andava tão bagunçada, mas não conseguia pensar em melhorá-la ainda mais. Não me importaria em ficar o tempo todo sem a memória, contando que continuasse me divertindo assim. Gostava de Malu, gostava de ter ela por perto. Mas eu sabia que tinha algo errado. Quando a pegava me olhando especulativa, esperando algo. Podia ver a mágoa em seus olhos, que ela logo trata de esconder, com alguma piada. Eu sabia que eu tinha feito algo ou que acontecera algo. Sabia que devíamos estar afastados em algum momento e me sentia feliz por ela estar aqui comigo.

Acariciei seus cabelos e ela se aconchegou mais a mim. Exausta. Desliguei a Tv. O filme era um saco. Gostei de ouvir a respiração de Malu, ressoando pelo cômodo, limpo e arrumado. Ao modo de Malu, é claro. Era estranho olhar para alguém, saber que gostava dela, que tinha vivido muitas coisas com ela e não se lembrar disso. Era estranho se lembrar de coisas aleatórias e era frustrante ter que saber de sua vida pela boca de outras pessoas. Paciência, era do que eu precisava. Paciência e que meus amigos não me deixassem. Bocejei, relaxando os músculos. Antes que eu pudesse perceber, tinha adormecido. Minhas mãos presas nos cabelos macios de Malu.



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Notas finais do capítulo

Eu gosto do final desse capítulo. Obrigada por lerem. *-*