Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 36
Capítulo 36 - Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

É, eu demorei novamente.Já adianto que a fic está terminada e vou postar ela toda essa semana. Vai ter continuação, e já tem nome. Que será "Vento no Litoral", inspirada na música do Renato Russo. ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136679/chapter/36


Estávamos no supermercado. Igor olhava confuso a sessão de produtos de limpeza. Não fazia ideia do que fazer, muito menos o que comprar. Tínhamos chegamos há alguns minutos ao mercado vazio. Já tínhamos comprado leite e derivados, mas ainda faltavam os perecíveis e os produtos de limpeza.

– Não podemos pular essa parte e irmos pra sessão de bolacha? – Igor perguntou pra nós dois, fazendo bico.

– Pergunta pra sua mamãe, filhinho. – Pablo disse, rindo depois. Então olhou pra mim. – Eu to me sentindo um pai largado com um filho de seis anos no supermercado.


– Nem me lembre. – bufei, olhando a expressão infantil de Igor. – E sim, Igor, é rápido comprar as coisas. Você que exagera. Logo vamos comprar bolacha, relaxa.

– Não vejo diferença entre amaciante e água sanitária além da embalagem. E qual a diferença do sabão em pó com o sabonete líquido?

– Vou te colocar pra tomar banho com sabão em pó e lavar suas roupas com Johnson e Johnson pra você ver a diferença, ta?

– Eu prefiro Dove, tia. – Vi Pablo rindo e me esforcei pra continuar séria.

– Como você sobrevivia sozinho? Fala sério. Até eu que sou terrível sei comprar mais coisas que você. – murmurei para mim mesma. Incrédula. Nunca me imaginei fazendo isso, compras, com Igor de quebra. – Bem, faça algo de útil. Pega lá xampu, pasta de dente, sabonete e etc.

Igor foi, enquanto eu e Pablo pegávamos o resto das coisas. Ajeitando no carrinho. Igor voltou, trazendo os braços carregados de coisas. Entre eles um xampu Johnson e Johnson. Eu mereço... Compramos algumas frutas e legumes, assim como arroz, feijão, açúcar, leite, café e Toddy. Compramos uns 15 miojos, precaução, e algumas massas instantâneas.

– Onde fica a sessão da bolacha? Sério. Preciso de chocolate, besteiras, doces. Eu fiquei em um hospital, pô.

– E logo, logo ta voltando pra lá. Por causa de diabetes.

– Você se preocupa demais. Ta mesmo parecendo uma mamãe.

– Eu nunca serei uma mamãe. – fechei a expressão. Era absurdo pensar nisso. Eu não tinha paciência com crianças.

– Uma mamãe velha e chata.

– Velha um cacet...

– Olha o palavreado! – Ele parou o carrinho e eu olhei para ele confusa. Ele revirou os olhos.

– Vamos? – Ele continuou parado. Apoiado no carrinho. –  Pensei que você queria ir pros doces.

– Eu quero. Mas e aí? Quer uma carona... tia? – Ele me olhou sugestivo. Olhei em volta, estávamos no supermercado vazio. Mentira, havia algumas pessoas. Elas me achariam ridícula e... Quer mesmo saber? Dane-se!

Corri e subi no carrinho, cautelosamente. Empurrei alguns pacotes de açúcar pra lá e me ajeitei. Me sentindo uma criança feliz. Igor começou a correr comigo no carrinho, eu comecei a rir e controlei o impulso de gritar.


– Só pra constar, eu não conheço vocês! – gritou Pablo ao longe. Igor continuou correndo comigo até o próximo corredor, até começarmos a deslizar. Infelizmente, para nosso constrangimento, e para acabar com nossa diversão, dois funcionários do supermercado nos pararam. Sorri amarelo.

– É proibido fazer isso nos corredores, senhores.

– Ops. – ri sem graça, saindo do carrinho. O funcionário, mais jovem, me ajudou a descer. Segurando minha mão. Olhei para cima, enquanto me ajeitava. Olhei para o garoto segurando minha mão. Devia ter uns vinte anos, no máximo. O uniforme azul do supermercado marcava, e demais, seus atributos físicos. Ele era bem... ui. Ouvi um pigarro de Igor e soltei minha mão, sem graça. Qual é? To apaixonada, não morta. Olhei para Igor, que estava com a expressão fechada. Sorri infantilmente pra ele.

– Você e seu namorado não podem sair por aí correndo pelos corredores. – O funcionário mais velho e gordo falou. Puxando a calça. Controlei o impulso de rir.

– Ér... Ele não é meu namorado. É meu...

– Marido. – Igor disse sério. Engasguei junto com o bonitinho ao meu lado. Engasguei com o ar, fazer o que. Olhei para Igor, super sério. Que me mandou um super sorriso, me puxando pra perto e me dando um beijo estalado na bochecha. – Né amorzinho? Casamos faz um ano, já.

– Que... Legal. – O bonitinho disse, meio amarelo.

– Não se preocupem, não vamos mais correr por aí. – Igor empurrou o carrinho com uma mão, enquanto me puxava/arrastava pela outra. Olhei para trás, vendo o bonitinho se afastar e tendo uma boa visão de onde ele guardava seu pagamento do dia. Não, eu não estava olhando para a bunda dele, e que bunda!, mas sim para o bolso. Não pensem bobagens.

– Marido?! – bati em Igor quando eles sumiram no corredor. – Enlouqueceu?

 – Aquele abusado tava de olho em você, caramba. – Ele continuou empurrando o carrinho, agora carrancudo.

– E você me fez perder a chance de ganhar um número de telefone? – Certo, nem fazia tanta diferença. Mas senti a necessidade de provocar Igor. – Ah, fala sério, Igor.

– Estava só cuidado do que é meu.

– Seu? O que é seu, Juvenal? Além do dove no carrinho?

– Bem... Ér... – Ele passou a mão no cabelo. Aparentando estar confuso. – Caralho, tu é minha amiga!

– Ah, deixa eu ver. Então pra eu ser sua amiga tenho que ser encalhada?


– Tecnicamente você não precisa ser minha amiga pra ficar encalhada, porque né... – O olhei indignada e ele pareceu ter percebido a merda que ele tinha feito. Cruzei os braços, sorrindo irônica.

– Ah é? Falou então. – Virei as costas, andando pelo corredor. Gritei enquanto andava. – Ô GOSTOSINHOOO.

– Ta doida? – Igor me puxou pelo braço.

– O que? Vou conseguir um numero de telefone. – mordi o lábio, irônica. Igor me empurrou pra perto da prateleira, quase me fazendo encostas nela. Seu corpo perto demais e eu não poderia ir para trás, senão derrubaria tudo.

– Ok, entendi. Eu sei que você pode conseguir um telefone. Eu... Só... – Ele me olhou nos olhos. E nós dois perdemos o fio da meada. Ficamos só nos encarando. Então eu entendi, percebi como era ser desmemoriada. Eu tinha esquecido praticamente tudo naquele instante, e olhando naqueles olhos, eu tinha a sensação de conhecê-lo. Arfei, voltando a mim. Igor olhou para meus lábios e eu senti o perigo se aproximar. Por puro instinto, procurei palavras que fizessem sentido na minha mente.

– V-você só? – Ele suspirou, passando a língua nos lábios. E piscando. Olhando para mim novamente.

– Minha babá não vai me deixar, vai? – demorei alguns segundo pra responder, me concentrando em qualquer outro ponto, menos seus olhos. Me recuperei, soltando um riso fraco.

– Não... bebê. – sorri para ele, o empurrando e indo até o carrinho. Me ajeitando, e sentindo o rosto, corar.  Olhei para Igor, estava na mesma posição. Tão desorientado quanto eu. – Vai ficar parado aí o dia todo?



***


Terminamos a compra, depois de Pablo e Igor carregarem o carrinho de besteiras. A caixa do supermercado piscava pra ele toda hora, então logo no começo, tratei de fazer amizade. Dizendo que ele era meu marido. Foi até engraçado inventar histórias de como nos conhecemos, casamento e tudo o mais. Igor não dizia nada, só sorria. Parecia estar se divertindo, não aborrecido por eu estragar a chance dele com a garota. Para o azar de Igor, o bonitinho lá, veio ajudar a colocar as compras nas sacolas. Olhando para mim. Então, magicamente, Igor começou a contar histórias junto comigo. Absurdamente animado querendo contar da nossa lua de mel, até que eu o cortei com um bom pisão no pé.

Depois de sorrisinhos, muitos beijos na bochecha e Pablo morrendo de rir da minha cara de desgosto. Fomos embora. Igor levando o carrinho para o estacionamento, Pablo tinha pegado o carro de Igor, já que o dele estava na oficina, eu fiquei um pouco para trás. Para a minha surpresa, quando eu estava indo para o estacionamento, ouvi alguém fazendo psiu.

Olhei para trás, o garoto do supermercado estava vindo na minha direção. Sorrindo. Parei, confusa. Olhei para trás e vi Pablo observando a cena. Putz, pressenti a merda.

– Oi. – Ele falou, sorrindo confiante.

– Oi? – Para minha surpresa ele não parou, se inclinou na minha direção e levou a mão ao meu bolso. Tirando minha caneta de lá. Então tirou um pedaço de papel do próprio bolso e começou a escrever. O olhei abismada. Não sabia se o achava abusado ou cheio de atitude. – Meu número.

Esticou o papel com a caneta, peguei automaticamente. Então piscou, se afastando.

– Ei, eu sou casada! – protestei.

– Certo. E eu vou fingir que não te achei linda, interessante e que te daria um beijo agorinha se não fosse seu amiguinho ali. Pra mostrar pro seu ‘marido’ que ele fala muito e pouco faz. Então... Me liga. – arfei, abismada. Ele sorriu novamente e se afastou. Meu Deus. Que bolsos! Eu sabia que era estranho isso acontecer. Mas ele era lindo, e me sentir tão... atraída assim não era errado. E além do mais, ele fora muito corajoso. Mas também, muito sem modéstia. Certo demais que eu deixaria meu ‘marido’. Certo demais que eu ligaria. Onde estava seu senso de desafio? Me acharia assim tão.. fácil? E além do mais mesquinha ao ponto de trair meu ‘marido’? Fiquei absolutamente confusa com esses pensamentos.

Peguei o papelzinho e o abri. Estava escrito Lucas lá. Então era esse o nome do abusado... Pensei um pouco, então comecei a rasgar o papel, jogando fora ali mesmo. Olhei para trás, Pablo ainda olhava. Sorriu irônico ao olhar os papeis picotados no chão.

– Gosta realmente dele, não é? – O encarei por alguns segundo, sem resposta. Uma resposta agradável a ambos. Resolvi me fazer de desentendida.

– Não sei do que está falando. – Fomos caminhando e demos de cara com um Igor impaciente. Ajudamos ele a colocar as coisas no porta-malas e entramos no carro. Então, para minha infelicidade. Pablo contou do episódio do carinha lá. Igor fez caretas e eu pensei que ele sairia do carro pra ir brigar com o carinha. Então Pablo contou que eu rasguei o papelzinho. Igor parou de xingar e me olhou confuso.

– Porque fez isso?

– Oras... Porque sou uma babá casada, é claro. – olhei para ele séria e ele riu alto. Fiquei em silêncio, me sentindo burra. Então Igor me puxou, me fazendo deitar a cabeça no seu ombro.

– Obrigado. Só uma verdadeira amiga faria isso. – Amiga? Af...

– MANO, QUE CARA CEGO E BURRO! – Pablo gritou, e eu ri.

– O que? Quem?

– Nada, Igor. Nada. – Igor insistiu um pouco, até Pablo dizer que foi um homem no transito. Igor acreditou, mas eu não. Eu também concordava. Igor era cego... Só que eu era a burra e idiota também.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Admito, estou com saudades de vocês. *-*