O Rei das Trevas escrita por Cdz 10


Capítulo 40
Capítulo 040: As equipes começam a se mover...




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Capítulo 040: As equipes começam a se mover...

       O pequeno Bour Diell permanece sentado na base do Furor, olhando para o chão, aparentando não estar pensando em nada, ainda que isso não seja verdade. As lágrimas que foram derramadas vários momentos atrás agora ainda molham um pouco as suas bochechas, porém não escorrem mais de seus olhos. A sua expressão é de tristeza e nervosismo, como de costume desde que saiu de perto dos seus pais quando estes foram enfrentar o Logru Ryumann. Com a sua mão direita, ele mexe em algumas pequenas folhagens de mato colorido que recobre o solo daquela floresta de Furors da cidade de Roul, entretanto, o seu coração continua batendo muito rapidamente, semelhante ao que acontece quando se está em uma situação de perigo.

            Diell (pensando): Droga... já faz um tempo que o Krink se foi para espalhar os pedaços dos quatro cadáveres... eu achei que ele fosse fazer isso mais rápido. Se bem que, ele está tão preocupado em garantir que não sejamos descobertos que é provável que ele coloque cada um dos fragmentos bem longe um do outro aqui dentro desta floresta...

            Os seus olhos não se mexem, eles continuam encarando o chão colorido, até que ele ouve um ruído de passos vindos à suas costas, o que o faz parar de mexer na folhagem na mesma hora. Ele apenas fica em silêncio, seu coração agora bate ainda mais rápido, sentindo-se ligeiramente acuado.

            Diell (pensando): Essa não... eu só espero que seja o Krink, porque se não for...

            O ruído vai se tornando um tanto mais alto e também, cada vez mais próximo do jovem Bour, até que, por detrás do tronco de Furor em cuja base ele está recostado, começa a se projetar uma sombra pequena; Diell olha para ela, há uns dois metros ao seu lado direito e fica observando-a por praticamente uns cinco segundos: a cada segundo que se passa, a sombra vai se aproximando e se tornando maior.

            Diell (pensando): Vai me achar! Por favor, Krink! Que seja você!

            O pequeno se ergue rapidamente e decide então sair de uma vez detrás do tronco de Furor, afinal de contas, o ser, quem quer que fosse, o acharia em questão de poucos segundos. As suas suspeitas estavam certas: um ser vestido de um manto amarelado com a cabeça coberta de um chapéu muito esquisito de penas que vão até quase a altura do nariz, agora está andando em sua direção, há poucos centímetros dele. Diell respira aliviado quase que instantaneamente e corre para abraçar o seu amigo Krink, que retribui o gesto do menino e o abraça fortemente também.

            Krink: Agora sim... eu já acabei, Diell!                    

            Eles se abraçam bem forte e ficam assim por alguns segundos até que se soltam e, logo em seguida, Krink se ajoelha rapidamente a fim de encarar o rosto do seu jovem protegido de frente.

            Krink: Agora, nós já podemos sair daqui, Diell...

            Diell apenas acena positivamente com a cabeça, sorrindo um pouco.

            Diell: Certo...

            Krink então se ergue, voltando a ficar de pé e começa a andar poucos passos para frente, ficando por uns instantes, de costas para Diell, que, por sua vez, o acompanha fixamente com o seu olhar.

            Diell: Nós... já vamos, Krink?

            Krink: Acho que sim, não há mais nada que tenhamos de fazer aqui no oeste de Roul... eu só preciso pensar um pouco...

            Diell: Pensar...? Sobre o que?

            Krink agora se vira para Diell novamente.

            Krink: Sobre a região para qual devemos seguir a partir de agora. Eu preciso analisar qual das duas está mais perto de nós, o norte ou o sul.

            Diell: Ah, certo, entendi... e você sabe qual seria a melhor para nós irmos?

            Krink fica com uma expressão que mistura dúvida e pensamento.

            Krink: Bem, Diell, eu tenho absoluta certeza de que aqui é a região oeste da cidade, quanto a isso não há dúvidas. Mas, você se lembra de que, quando estávamos nos aproximando daqui de Roul, eu virei o barco para a direita, a fim de que viéssemos para o oeste, onde há menos habitantes?

            O jovem Bour acena rapidamente com o seu rosto em sentido positivo. O seu companheiro então continua falando.

            Krink: Então... antes, nós estávamos indo em uma direção na qual chegaríamos na cidade de Roul pela frente... eu só não sei se aquela “frente” é o norte ou o sul da cidade...

            Diell levanta levemente as suas sobrancelhas, indicando claramente um leve sentimento de dúvida.

            Diell: Ah, sim... bem, se, por aquele ângulo em que nós nos encontrávamos logo que começamos a ver a cidade, indo para a direita era o oeste...

            Krink completa o raciocínio.

            Krink: Se avançássemos pela esquerda, seria o leste... agora, a localização exata de norte ou sul, nós não sabemos. Naturalmente que isso não vai fazer muita diferença, já que, se nós não avançamos tanto aqui na região oeste, apenas percorremos o pedaço pelo qual os Ports nos trouxe, então não devemos estar muito longes do local onde chegamos, o que significa que podemos chegar ao nosso barco mais ou menos rápido, é o que eu espero, pelo menos...

            Diell: Então... devemos voltar para o mesmo local onde encontramos os Ports, pegar o nosso barco e irmos para aquela parte da “frente” da cidade, onde pode ser o norte ou o sul, certo?

            Krink: Exatamente, é isso o que vamos fazer, com certeza será o caminho mais rápido, porém, não conseguiremos saber se a região será o norte ou o sul... eu estava pensando para ver se lembrava de alguma coisa, talvez alguma pista que pudesse identificar aquela região, mas não me recordo de nada...

            Diell: Mas se nós vamos para lá mesmo, não importa se é norte ou sul, não é verdade? Seja qual for, terá muitos turistas e então poderemos achar ótimos disfarces para nos apresentarmos ao dono de algum aposento, certo?

            Krink confirma rapidamente com a sua cabeça.

            Krink: Sim, naturalmente, mas mesmo assim, seria ótimo se nós soubéssemos onde estamos nos hospedando, não acha? Isso também, de certa forma, é importante para que nós consigamos manter os nossos disfarces... imagine, nós chegamos lá com estas roupas, que acaba nos identificando como habitantes de Roul, então, se alguém vier falar conosco ou não sei, se algo acontecer, e alguém ser perceber que nós não sabemos se aquela região é norte ou sul... seria algo estranho para quem vive na cidade, não seria?

            Diell balança lentamente a sua cabeça em sentido positivo, tentando, em sua mente, acompanhar o raciocínio de seu amigo, algo que, por sua vez, ele consegue fazer em questão de poucos segundos.

            Diell: Ah, certo, agora eu entendo o motivo de você estar preocupado com isso...

            Os dois Bours ficam em silêncio durante alguns breves momentos, nos quais ambos ficam com expressões pensativas e duvidosas, mas isto não dura muito: Krink se vira de costas para Diell e começa a andar lentamente.

            Krink: Venha, vamos indo, Diell. Se tivermos sorte nós vamos conseguir descobrir se é norte ou sul no momento em que chegarmos lá... vamos parar o nosso barco em algum porto e alguém deve comentar alguma coisa... o que não podemos no momento é continuar parados aqui, é como eu disse antes, já contamos demais com a sorte de apenas aqueles três Ports terem nos visto e esses últimos quatro seres que eu matei... temos que ir o mais depressa possível e seguir adiante com o nosso plano.

            Diell parece que desperta de um sono ao ouvir as palavras de seu protetor e então, imediatamente começa a seguir os seus passos.

            Diell: Certo!

            Os dois então vão andando lentamente pela floresta de Furors, rumando o caminho de volta pelo qual eles vieram com os Ports.

            Enquanto isso, na parte oeste da Morada dos Logrus, Herrz continua junto dos dois jovens irmãos Dolken na planície de mato relativamente elevado. O comandante permanece sentado no solo, enquanto os outros dois continuam ajoelhados, um de cada lado.

            Dolken: E então, senhor Herrz? Nós estamos na sua equipe de busca, não é mesmo?

            Herrz ainda está com uma expressão de espanto e que se mistura também com um pouco de medo e nervosismo, afinal de contas, a força daqueles dois Logrus o deixara extremamente espantado. Ele fica olhando um pouco para o chão.

            Dolken: Hein? Vamos lá, senhor Herrz, por favor, nos responda.

            O outro irmão se apressa a falar também.

            Dolken: Nós já curamos todos os seus ferimentos, senhor Herrz, o senhor já deve ser capaz de nos responder facilmente, vamos lá...

            Ambos ainda sustentam os seus estranhos sorrisos simpáticos em seus rostos. Herrz então tem a sua atenção despertada e rapidamente olha de um irmão para o outro e, logo depois, volta a olhar para o chão.

            Herrz: Sim... naturalmente, vocês estão mesmo na minha equipe de busca.

            Os Dolken riem baixinho ao ouvirem isso.

            Dolken: Haha! Eu tinha certeza absoluta de que o senhor não iria se decepcionar com a gente, senhor Herrz!

            Dolken: É! Eu também!

            O comandante coloca rapidamente as palmas de suas mãos no chão e faz um pouco de força para então colocar-se de pé. Os Dolken também se erguem enquanto Herrz dá leves tapas pelo seu corpo para remover a poeira proveniente do solo.

            Herrz: Eu só gostaria de saber... como é que vocês dois conseguiram obter um poder deste tamanho! Que tipo de treinamento especial receberam?!

            Os irmãos se olham rapidamente como de costume, mas logo depois voltam a encarar Herrz.

            Dolken: É como o senhor mesmo disse... recebemos um treinamento especial.

            Herrz faz rapidamente uma expressão que demonstra um tanto de impaciência.

            Herrz: O que eu estou querendo dizer é com quem vocês dois fizeram este treinamento? E, além disso... este alguém, quem quer que seja... que tipo de métodos ele utilizou?

            Por mais uma vez, os dois jovens Dolken se olham e assim ficam por quase uns cinco segundos, até que então, voltam a olhar na direção do Logru comandante.

            Dolken: O senhor sabe muito bem que nós estávamos viajando durante a última missão de caçada aos Bours, não é mesmo?

            Herrz acena positivamente com o seu rosto.

            Herrz: Sim... na verdade, eu vim analisá-los por ordens do senhor Ternetts, o líder dos Logrus... ele me contou que, para a última missão, procurou por bons membros que, eventualmente, poderiam fazer parte das equipes de busca e, nesta procura, ele encontrou a família de vocês, só que os dois estavam viajando... eu só não esperava que, sendo tão jovens, pudessem ter tanto poder assim!

            Os dois Dolken permanecem sorrindo levemente.

            Dolken: Pois então... estávamos viajando justamente para que conseguíssemos este treinamento, entende? Os nossos pais sempre foram muito rigorosos para que pudéssemos nos tornar fortes... e assim, eles nos mandaram para uma região distante, muito distante, para treinarmos com um antigo amigo deles... bem, mais amigo do nosso pai do que da nossa mãe.

            Herrz faz uma rápida expressão de estranhamento no rosto.

            Herrz: Um antigo amigo de seus pais, é o que vocês estão dizendo? Significa então que é este tal amigo deles o ser responsável por esse grande poder de vocês?

            Os irmãos confirmam rapidamente com a cabeça.

            Dolken: É. Pelo menos em parte... nós também já temos uma considerável força dentro de nós, acho que o que o nosso mestre fez foi apenas estimulá-la a fim de que ela se tornasse mais poderosa dentro de nós.

            Herrz: Mas, até este ponto, é normal... quero dizer, todos os Logrus que existem já nascem com uma considerável quantidade de energia dentro de si. Agora, este ser... vocês disseram que foram para uma região distante para este treinamento... me respondam, qual o nome deste ser e que região é esta?

            Os Dolken agora se olham um pouco por um período um tanto mais demorado, porém, depois de alguns segundos, voltam a olhar para o comandante Herrz.

            Dolken: Senhor Herrz, qual é o motivo de tanta curiosidade, hein?

            Herrz: O simples fato de ser um absurdo que vocês dois tenham um poder deste tamanho, sendo provavelmente os mais fortes Logrus que existem hoje... eu preciso saber exatamente como conseguiram toda esta energia... agora, por favor, me respondam esta pergunta!

            Os irmãos deixam de ter aqueles leves sorrisos em seus rostos, adquirindo quase que instantaneamente uma expressão um tanto mais séria.

            Dolken: Bem, senhor Herrz, creio que o senhor não vai nos deixar em paz em relação a este assunto enquanto não nos contarmos sobre isso, não é verdade?

            Herrz: Podem acreditar nisso... agora, vamos, comecem a falar de uma vez.

            Dolken: Pois bem, então, parece mesmo que não vamos ter outra opção. Escute, senhor Herrz, a região para a qual nós viajamos é uma localizada ao norte da nossa Dimensão de Luk... mais especificamente em uma das dez grandes cidades, a cidade de Fuhy.

            Herrz arregala os olhos no mesmo instante.

            Herrz: Fuhy?! Mas essa cidade é muito longe mesmo...

            Dolken: O senhor deve saber, ela está situada praticamente ao lado da grande cidade de Trok, onde vivem os famosos construtores Coobalts. Bem... foi lá em Fuhy que nós tivemos o nosso treinamento especial.

            Herrz balança a cabeça lentamente em sentido positivo, tendo um pouco de uma expressão de dúvida e pensamento.

            Herrz: Entendo, treinaram em Fuhy... com quem? Qual é o nome do ser, digam.

            Os dois irmãos se olham por um brevíssimo momento, e depois encaram Herrz no fundo de seus olhos.

            Dolken: Sentimos muito, muito mesmo, senhor Herrz, mas, quanto a isso, nós não podemos falar... não é por questão de ser um segredo ou algo assim... é simplesmente porque... nós não sabemos.

            Herrz se mostra impaciente e fecha os seus punhos, sentindo um pouco de raiva dentro de si, afinal, mais parece que esses dois jovens Logrus estão apenas brincando com ele.

            Herrz: Deixem de serem ridículos! Como é que vocês dois não sabem o nome do seu próprio mestre?!

            Lentamente, os dois Dolken fecham os seus olhos, com uma expressão de intensa seriedade em seus rostos e, depois de praticamente dez segundos, eles os reabrem, voltando a observar Herrz.

            Dolken: O senhor... não entende, senhor Herrz. Você não o conhece... ele é extremamente misterioso, severo... até hoje não entendemos o motivo de ele ser um antigo amigo dos nossos pais.

            O outro irmão se apressa a falar também.

            Dolken: É isso mesmo. Qualquer um que olhe para aquele ser, diria que ele seria incapaz... completamente incapaz de manter qualquer tipo de amizade com quem quer que seja.

            Herrz fica bastante duvidoso, pensativo, estranhando tudo aquilo que, a cada segundo, está entrando pelos seus ouvidos.

            Herrz (seus olhos fitando de uma maneira lenta e intensa os dois irmãos à sua frente): Estranho... muito estranho... um ser misterioso que é amigo dos pais de vocês... bem, creio eu que este ser seja ainda mais poderoso do que vocês dois, certo?

            Os irmãos acenam com a cabeça.

            Dolken: Sim, naturalmente.

            Herrz fez esta pergunta, mas, no fundo já sabia a verdade, afinal, se eles obtiveram todo este poder com este tal ser, seria mais do que natural que o mestre fosse bem mais forte do que esses dois Logrus parados diante dele. Entretanto, mesmo perguntando quase que já sabendo a resposta, é inevitável que Herrz, ao ouvir isto, sinta um enorme calafrio por todo o seu corpo, ao mesmo tempo em que o seu coração dá uma rápida palpitada.

            Herrz (pensando): É um absurdo! Este ser... ele ainda é mais poderoso do que esses dois Dolken, que já são extremamente fortes!

            Dolken: Bem, senhor Herrz, sinto muito, mas não podemos dizer mais nada... podemos ir agora nos reunir com o restante da sua equipe?

            Herrz: Só mais uma pergunta antes de fazermos isso.

            O local fica em silêncio durante alguns poucos segundos até que o comandante volta a falar.

            Herrz: O que este ser fez para despertar este poder em vocês? Qual foi o método de treinamento que ele usou?

            Dolken: Não tem como explicar exatamente, senhor... mas é fato absoluto que foi um treino intensivo até demais e ele conseguiu nos ensinar a manipular muito bem a energia que existe dentro de nós, sem contar que ele também conseguiu nos ensinar muito bem inúmeras técnicas de combate... acho que isso o senhor mesmo pôde conferir na batalha que acabamos de ter, não é mesmo?

            Herrz concorda com seu rosto.

            Herrz: Sim... claro. É só isso mesmo que vocês têm a me dizer?

            Os dois Dolken apenas confirmam com um rápido movimento de cabeça.

            Herrz: Certo, então... apesar de não ter sido nada muito esclarecedor, mas de qualquer maneira, creio que nós já perdemos tempo demais... temos que reunir toda a equipe e partirmos o quanto antes rumo ao Porto Turístico.

            Os dois Dolken acenam com a cabeça.

            Herrz: Vamos indo.

            Dolken: Certo.

            Os dois irmãos se viram e começam a andar lentamente para frente, sendo seguidos a poucos passos atrás pelo Herrz. Este, por sua vez, ainda sente o seu coração saltitando mais ou menos rápido, afinal, ele ainda não tem pistas concretas de quem são realmente aqueles dois irmãos Dolken.

            Herrz (pensando enquanto caminha): Hum! Não sabem o nome do mestre... e ele é amigo dos seus pais... não sei se vai adiantar muito falar com os pais deles, mas de qualquer maneira, eu irei tentar. Acham mesmo que eu engoli essa história?! Não saberem o nome dele seria ridículo... estão mentindo ou escondendo alguma coisa, ou os dois! Eu tenho certeza! Mas por que?! Quais serão as reais intenções desses dois jovens?!

            Eles permanecem caminhando em total silêncio, os Dolken não emitem nenhuma palavra, nem mesmo um para o outro.

            Herrz (pensando): Seja lá qual for o objetivo deles, duvido muito que estejam tramando alguma coisa contra os Logrus, principalmente porque... eles são tão bondosos, é muito esquisito. O comportamento simpático e divertido desses dois não é apenas algum tipo de fingimento, eu pude sentir na energia deles enquanto estávamos lutando... de qualquer maneira, se estão escondendo alguma coisa, não podem ser de cem por cento confiança, mas por hora, é melhor colocarmos os dois nessa missão, certamente serão de grande ajuda, mas todos nós, principalmente eu, que sou líder da equipe... temos que ficar de olhos abertos, muito abertos. Até porque...

            Mais uma vez, uma sensação de calafrio intenso toma conta do corpo de Herrz e seu coração acelera mais um pouco.

            Herrz (pensando): Isso tudo está acontecendo muito repentinamente... eu sempre vi o senhor Ternetts como um ser excepcionalmente poderoso, apesar de saber que, naturalmente, existem raças mais fortes do que nós, Logrus, pelo mundo afora, até mesmo aqui na nossa Dimensão de Luk... mas não imaginava que pudesse existir um ser com um poder tão grande quanto o poder desses dois irmãos... e pensar que existe alguém ainda mais poderoso do que esses dois... sinceramente, eu nunca cheguei a imaginar que pudessem existir padrões como esses! É quase que inimaginável!

            Os dois Dolken também se sentem um tanto apreensivos, algo, que, por sua vez, as suas expressões faciais não deixam esconder.

            Dolken (pensando): Nos desculpe, senhor Herrz, mas não podemos lhe contar nada agora, pela sua própria segurança e, também, de certa forma, pela segurança de toda a nossa Morada. Afinal de contas... tudo isso que está acontecendo é muito mais do que um simples interesse da CIV por uma pedra preciosa e poderosa... muito mais mesmo, o senhor nem tem noção. E, por agora, é melhor que nem a tenha...

            Os três Logrus permanecem caminhando lentamente para frente, percorrendo a ampla planície de matagal médio no qual eles se situam. Passam-se mais uns quinze minutos enquanto que, a partir de um certo ponto do caminho, o mato vai começando a reduzir de tamanho, até que a visão deles é invadida por tendas e alguns sons de Logrus gritando há vários metros deles. Pela primeira vez em todo o percurso, um dos Dolken se vira, agora, mais uma vez, com um simpático sorriso em seu rosto.

            Dolken: Veja, olha lá, senhor Herrz! Parece que já estamos bem próximos...

            Herrz: É...

            A expressão do comandante agora está um tanto carrancuda e, de uma certa maneira, impaciente, mas, em seu interior, o nervosismo ainda o domina.

            Herrz (pensando): Não pensem que isso acaba aqui, irmãos Dolken... eu ainda vou investigar a fundo quem vocês dois são realmente.

            O Dolken percebe que Herrz não está aparentando ter uma conversa relativamente amigável, então, ele volta a se virar para frente, continuando a caminhar.

            Os segundos vão se passando enquanto eles se aproximam cada vez mais das tendas e os sons ficam cada vez mais audíveis. Quando se tocam, já estão passando por algumas poucas tendas e em seguida por várias. Logo estão no meio de uma grande quantidade de tendas com todos gritando bem alto. Os três passam por ali bem rápido até que chegam à região em que há o piso semelhante a concreto, de cor cinzenta, e, logo que pisam seus pés nela, conseguem avistar os outros vinte e oito Logrus, agrupados, conversando volumosamente na parede da grande construção feita com o material de coloração levemente marrom.

            Herrz: Ei, vocês dois.

            Os Dolken, que estavam prestes a começar a ir na direção dos demais Logrus, param de caminhar na mesma hora e se viram para trás.

            Dolken: Sim, senhor Herrz?

            Herrz: Nós sabemos muito bem que... que vocês dois são extremamente mais poderosos do que eu, mas mesmo assim, obedeçam a todas as minhas ordens, entenderam? Apesar de serem mais fortes, diria que não têm tanta experiência em missões e tudo mais...

            Os Dolken sorriem simpaticamente.

            Dolken: Ora, ora, não se preocupe com isto, senhor Herrz! Naturalmente que o senhor é o líder da equipe, não fique com medo de que nós, por sermos mais fortes, queiramos controlar o time, nunca faríamos isso!

            Herrz: Certo... vamos seguindo, então...

            Os três começam a caminhar na direção da grande construção, porém, no caminho Herrz desfere uma rápida olhadela para a direita, na direção das moradias que existem ali, observando em especial, a dos irmãos Dolken, mas, no segundo seguinte, já volta a olhar para frente. Em poucos segundos alcançam os outros vinte e oito Logrus que, ao perceberem a chegada do comandante, param de conversar imediatamente e assumem uma postura semelhante à de soldados, porém, não tão rígida assim.

            Herrz: Atenção, todos vocês! Eu lhes disse que estava indo testar esses dois aqui para ver se seriam capazes de fazerem parte da nossa equipe... e, como podem ver, eles foram aprovados! Eles são os irmãos Dolken!

            Os dois jovens Logrus andam uns dois passos para frente e fazem uma leve reverência.

            Dolken: Muito prazer em conhecer vocês!

            Dolken: Eu digo o mesmo!

            Os outros vinte e oito apenas acenam com a cabeça, expressões bem sérias em seu rosto: definitivamente, expressões faciais simpáticas são características muito peculiares pertencentes aos irmãos Dolken.           

            Herrz: Eles dois são extremamente fortes, poderosos mesmo! Eu posso dizer que eles superaram e muito as minhas expectativas.

            Um Logru então se manifesta.

            Logru: Maravilha então, certo? Quero dizer, se eles são assim tão poderosos, então serão de ótima ajuda para a nossa equipe!

            Herrz apenas concorda com a cabeça.

            Herrz (pensando): Hum... poderosos até demais para o meu gosto... os Logrus da minha equipe são bons, habilidosos, mas se eu contar a eles que o poder desses dois é tão grande que deve superar e muito até o do senhor Ternetts, eles podem começar a tratá-los como aberrações e isso vai acabar prejudicando o desenvolvimento da nossa missão de busca, o trabalho de equipe agora é o mais importante de tudo! Mas, mesmo assim... eu ficarei de olhos mais do que pregados nesses dois! E, logo depois de tudo isso acabar... alertarei a todos os outros sobre esses irmãos, inclusive aos atuais capitães... eu gostaria de falar com eles sobre isso agora mesmo, entretanto, devemos nos apressar ao Porto Turístico neste momento!

            Os Dolken agora já estão meio que mais misturados com os demais Logrus naturalmente, todos fazendo as devidas apresentações e tudo mais, porém, isto não dura muito tempo, apenas alguns segundos, quando Herrz recomeça a falar em um tom de voz alto e penetrante a fim de que todos ali pudessem ouvi-lo.

            Herrz: Prestem atenção! Calados!

            Obedecendo a esta ordem, todos cessam o falatório no mesmo instante.

            Herrz: Muito bem... como todos sabem, a região que nos foi designada é a região mais distante do Porto dos Pescadores, pelo qual o Bour foragido escapou... a nossa região é a do Porto Turístico. Segundo as informações que me foram passadas pelo nosso senhor Ternetts, a região do Porto Turístico é rodeada por floresta e mato, mas no ponto da fronteira, o matagal é menor e há uma zona extensa recoberta de moradias dos mais diversos tipos! Se o Bour foi para esta região, certamente estará escondido em uma dessas moradias!

            Um dos Dolken se manifesta.

            Dolken: Então vamos investigá-las uma a uma, certo?

            Herrz concorda.

            Herrz: Exato e, sem piedade, me entenderam? Eu dou total liberdade para fazerem o que vocês quiserem com aquelas moradias bem como os seres que viverem dentro delas... naturalmente que, antes, iremos interrogá-los sobre a localização do Bour, apenas se eles não nos disserem é que vamos partir para a força bruta! Afinal de contas, existem seres que só aprendem a cooperar desta forma... estamos entendidos?

            Todos os Logrus dali gritam.

            Logrus: Sim, senhor!

            Herrz: Ótimo! Agora sigam-me! Eu conheço um atalho perfeito para que cheguemos lá o mais rápido possível!

            Logrus: Sim, senhor!

            Depois disso, cerca de uns trinta minutos se passam. Rattara está também à frente de trinta Logrus, na zona retangular localizada ao final da ponte do Porto dos Pescadores. Um enorme barco ergue-se à frente deles, nas águas. O comandante se vira para todos os seus subordinados.

            Rattara: Bem, vamos indo então, pessoal! Vamos seguir a mesma rota que o Bour seguiu... isto é, se ele foi realmente para a cidade de Roul! Este com certeza é o caminho pelo qual chegaremos mais rápido.

            Os trinta Logrus apenas acenam com a cabeça.

            Rattara: E fiquem atentos quanto a tempestades que podem acontecer enquanto estivermos atravessando estas águas, entenderam? Tivemos sorte até agora pelo fato de termos achado facilmente material na Morada e por estarmos em grande número, o que permitiu a nós construirmos este barco bem rapidamente, mas não fiquem animados por isso. Lembrem-se de que a nossa missão é capturar o Bour e ela está apenas começando. Entenderam?

            Logrus (em um tom de voz bastante alto): Sim, senhor!

            Rattara: Muito bem, então! Vamos entrando!

            Guiados por Rattara, todos eles vão saltando da ponte ao barco com pequenos saltos e, em questão de poucos segundos, aquela embarcação está quase que totalmente lotada de seres intensamente avermelhados com diversos olhos espalhados por todos os seus corpos.

            Quando todos já estão dentro, Rattara segue para a extremidade da frente do barco, próximo ao volante e puxa violentamente uma alavanca, criando inúmeros remos nas laterais do barco e, que, por sua vez, começam se mexer freneticamente, o que faz o veículo começar a seguir em uma velocidade razoavelmente rápida pelas águas. O comandante mantém os seus olhos fixos à frente enquanto que os seus subordinados começam a murmurar baixinho.

            Rattara (pensando): Aguarde-me, Bour! Se você estiver na cidade de Roul, eu lhe garanto, lhe garanto... que acabarei contigo, de uma vez por todas!

            Na cidade de Roul, os dois Bours Krink e Diell estão novamente na região extensa recoberta de algo bastante semelhante à areia, porém, de cor alaranjada, onde fortes ventos batem: era a região onde encontraram os Ports e por onde chegaram à cidade de Roul. Os dois agora estão defronte às águas, observando o barco deles.

            Diell: Temos sorte de você conhecer mais ou menos esta cidade, Krink... conseguimos aportar em uma região na qual não há ninguém, só tinha aqueles três Ports... ainda bem que o nosso barco continua aqui, totalmente intacto!

            Krink: Sim, realmente, Diell, eu estava até um pouco preocupado com isto, mas, o nosso barco está perfeito, do exato jeito que nós o deixamos. Mas, vamos logo, é como eu disse, estamos contando demais com a sorte!

            Diell acena com a cabeça.

            Diell: Sim, sim, vamos indo!

            Os dois rapidamente sobem à embarcação com um pequeno salto, e, logo em seguida, Krink corre para frente e puxa a alavanca mais uma vez, fazendo surgir três remos de cada lado do veículo que começa a caminhar lentamente para frente, através das águas, sacolejando levemente.

            Diell se senta mais ou menos na parte central enquanto que Krink se vira e caminha em sua direção, ajoelhando-se à sua frente ao alcançá-lo.

            Krink: Tudo dará certo... vamos achar ótimos disfarces, nos apresentarmos a algum aposento em que possamos nos hospedar e esperaremos pelos seus pais e os outros...

            Diell: Eu também, Krink... não vejo mais a hora de poder reencontrá-los...

            Krink balança levemente a sua cabeça em sentido positivo.

            Krink: Eu também, Diell. Eu também...

            Ele dá um forte abraço no jovem Bour, que retribui o movimento na mesma hora, enquanto o barco continua seguindo.

                         

           

             

                       

             


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