A noite estava caindo preguiçosamente sobre o horizonte de St. Johns, Damon estava sentado na velha janela da pensão, observava atento o entardecer.

Elena. – sua própria mente o condenava, era evidente que sentia falta dela, mas não podia mais voltar atrás.

– Tenho que andar, para clarear a mente. – murmurou baixo.

Com um pulo, já estava fora da pensão, podia sentir ainda o sabor dos lábios de Eloise, mas sua mente

estava centrada em outra coisa, tinha sede, desejava uma gota de sangue. Seus passos estavam mais lentos do que de costume, uma rajada de vento trouxe o cheiro de pelos molhados, com seus reflexos lentos, ao se virar, Damon acabou levando um soco.

– Maldito! – praguejou meio tonto no chão, por causa do soco.

Os rapazes se aproximaram dele, podia ouvir risos, firmou seu olhar e viu Bryan encará-lo.

– Acho melhor ficar longe do meu caminho, maldito chupador de sangue. – soou sarcástica a voz de Bryan.

Damon se levantou do chão, ainda tonto, sorriu e limpou a boca, seu olhar rapidamente ficou vermelho.

– Olha quem fala, os vira-latas andam em bando? – sorriu irônico

Bryan deu um passo na direção dele furioso, os outros estavam apoiando o líder.

– Acho que vou ter que tirá-lo com minhas próprias mãos do caminho. – apertou as mãos em forma de desafio.

Damon cruzou os braços e continuou a encará-lo de forma desprezível.

– Pode deixar que eu saberei aproveitar a ocasião. – a forma que Bryan falava, causava ódio em Damon. – A pequena Eloise pedirá muito mais, posso lhe garantir. – deu uma risada irônica.

– Toque em um fino de cabelo dela, e ai sim terá sérios problemas, meu caro. – deu um passo na direção de Bryan.

Bryan se virou para os demais e riu alto, voltou-se para Damon e o insultou novamente.

– Vai fazer o quê?! Me morder, verme chupador de sangue? – os insultos dele estavam aumentando a fúria de Damon.

– Não mordo cachorros sarnentos. – rebateu com ódio.

Ambos ficaram se encarando. Mesmo em desvantagem, Damon ainda era mais forte que Bryan e poderia correr o risco de chamar a atenção de Klaus, como não queria ser descoberto, resolveu engolir as afrontas.

– Que pena, mas eu mordo. – sorriu.

Porém do nada, Bryan e os demais começaram a ouvir um ruído estranho, retorceram. Damon nada ouviu. Por que raios, os garotos saíram dali? Damon continuou parado, encarando o escuro, seria Klaus? Só de pensar, sentiu suas veias arderem.

– Fique calmo. – uma voz familiar soou atrás dele.

Ao se virar, deparou-se com Robert encarando-o.

Você? – pensou ao vê-lo ali, parado na sua frente.

– Sim, você me conhece, claro. – antes de terminar, Damon o interrompeu.

– Você é o dono do bar onde Eloise trabalha. – sua voz modificou rapidamente.

– Sim, sou. – respondeu meio cabisbaixo.

– Então, você é um deles? – arqueou uma sobrancelha.

– Sou, e você é um vampiro. – sua voz era calma.

– S-Sou. – gaguejou por um minuto, mas logo recuperou a firmeza na voz. – Mas Eloise sabe que você é um?

Ele deu um passo na direção de Damon, fazendo-o recuar alguns passos, mantendo os olhos fixos em Robert e seus movimentos.

– Não, claro que não, está maluco?! – sua voz se alterou, mas abaixou a cabeça e respirou fundo. – Lise tem muitos problemas, não iria dizer a ela que sou um lobisomem, ela me acharia louco.

Damon levou a mão na boca, para não rir. Robert encarou-o e perguntou:

– E você, por acaso já disse a ela que é um vampiro?

Damon deu um passo para trás e o encarou. Como ele sabia? Não podia dizer nada a ela, pelos menos não agora.

– Ou acha que não soube quando te vi pela primeira vez em meu bar? – continuou a encurralar Damon com suas perguntas.

Damon coçou a cabeça, respondeu sem ao menos encará-lo.

– Não. – por fim, encarou-o. – Mas aqueles imbecis estão dispostos a machucá-la.

– Bryan? Eu cuido dele. – colocou as mãos no bolso. – Você não está gostando da Lise ou está? – a perguntou soou como uma ameaça para Damon.

Recuou cabisbaixo, não queria que isso novamente acontecesse. Primeiro com Katherine, depois com Elena, agora com Eloise. Ele é um vampiro e como toda lenda contada sobre sua espécie, não amam, porém, era diferente para ele, pois um dia foi humano, um dia amou.

– Não. – soou seco.

– Tem certeza, meu caro? – Robert estava decidido a arrancar uma resposta positiva. – Então não faça mal algum a ela, ok?

Damon sobressaltou com a resposta, quando ele tinha feito mal a ela? Vivia atrás de animais ou algum indigente na rua para saciar sua sede. Encarou-o profundamente e respondeu:

– Não vou beber o sangue dela, se é o que quer dizer, Robert. Se não fiz até agora, por que acha que farei? – sua expressão era fria.

– Não sei, mas o extinto primitivo dentro de você, mesmo que o controle, pode aflorar. – Damon tinha que concordar com ele. – Lise é como minha... Er... – as palavras sumiram de sua mente.

Damon o encarou confuso, ele também gosta dela. Espera ai, então três? Tinha que contar com Noah, o amiguinho que ela vivia protegendo.

– Sua o quê? – indagou.

– F-Filha. – mentiu descaradamente.

– Você gosta dela? – Damon arqueou a sobrancelha. – Ou é apenas impressão minha? – continuou a encará-lo.

– Está maluco?! Ela é quase vinte anos mais nova que eu, nunca a vi dessa forma, meu caro. – sua

resposta o denunciava. Sim, lá no fundo a desejava também, porém, negava-se a aceitar.

– Calma, apenas perguntei, se você gosta dela é problema seu. – respondeu calmamente.

Robert recuou. Se ficasse ali, conversando com Damon, acabaria dizendo a verdade, então, encarou-o pela última vez e disse:

– Espero que continue ajudando ela ou terei que... enfim... – passou bruscamente, mas disse com um tom seco. – Matá-lo.

Damon riu alto e o encarou, balançou a cabeça de forma pensativa.

– Fique sossegado, ajudarei a protegê-la. – um sorriso torto brotou no rosto de Damon.

– Assim espero. – foram as últimas palavras de Robert, que desapareceu na escuridão.

Damon estava descobrindo os sentimentos que Robert cultivava pela garota, mas não queria se envolver novamente com uma mulher, não depois das que fizeram parte de sua vida passada. Amar era um grande perigo para ele, uma cilada mortal. De uma coisa tinha certeza, que as ameaças de Bryan Easton não ficariam ocultas, iria se vingar de alguma forma, esse era Damon Salvatore.