Depois de sua viagem até Mystic Falls para resolver alguns assuntos pendentes com Stefan, Damon retornara cabisbaixo com a cena metódica que havia presenciado. Elena e Stefan casados. Também fosse esse assunto que o irmão caçula dos Salvatores precisava esclarecer. Seu conversível preto cortava as estradas secundárias próximas a fronteira do país com o Canadá.

– Qual é Damon, você a abandonou. - vociferou Stefan.

As palavras de seu irmão caçula eram cortantes, sabia que tinha errado em deixar Elena em maus lençóis, era prudente senão acabaria morto com uma estaca enorme de madeira cravada no peito. Será que durante todos aqueles anos ela também o interpretara mal? Será que falhara em ver através da lengalenga dramática de Elena e não percebera o quanto se importava! Com Damon? Aquilo era surreal.

Logo os ares se modificaram, já eram visíveis as altas montanhas canadenses. Não tirava Eloise de seu pensamento. Por um instante, Damon se esquecera de seu desafeto amoroso, Elena. Tinha que aceitar que a jovem agora estava vivendo feliz com Stefan.

–Mas que droga. - praguejou enquanto fazia uma curva acentuada para a esquerda.

O céu estava com um tom de azul intenso, ele tamborilavam os dedos sobre o volante enquanto os óculos escuros protegiam seus frágeis olhos. Levantara o dedo mediano para admirar o anel Lapis Lazuli que fora presente de Katherine, permitindo que o vampiro andasse na luz do dia sem ser prejudicado. Aquelas colinas continham um ar bem familiar para o vampiro era como se estivesse novamente em Giuseppe Salvatore, onde nascer em 1844. Em toda sua vida mortal disputava com Stefan, o que não se modificou quando ambos se tornaram vampiros, mordidos pela bela jovem Katherine Pierce. Causando uma guerra entre os irmão Salvatores pela atenção da jovem.

Mas estava tudo diferente, Stefan não iria intervir em seu caminho novamente. Agora deveria se preocupar com a segurança de Eloise Johansson, durante as duas semanas que se ausentara, muitas coisas aconteceram em St. John's.

–Damon você não tem o direito de torná-la uma vampira, pense nas conseqüências. Só por que Katherine roubara lhe a alma. - disse Bonnie enquanto terminava de tomar seu café.

Bonnie tinha absoluta razão, seria muito egoísmo de Damon, mas Eloise não o impediria se isso fosse ficar com ele para sempre. Procurou afastar seus pensamentos. Estavam indo por um caminho um tanto sombrio. Morder ou não morder? Essa maldita questão permanecia grudada em sua mente. Na conversa anterior com a jovem, Damon havia sugerido que poderia aceitar o pedido de Lise. Transformá-la em uma vampira.

As palavras de Stefan ecoavam em sua mente: “Pense antes de fazer essa atrocidade com a pobre menina." Ele estava inteiramente certo. Ela mordeu os lábios tentando se concentrar na estrada a sua frente. O dia correu igual ao anterior. Não conseguia tirar Lise de seu pensamento.

Já podia ver a placa com o nome da cidade. Sentiu certo alivio.

Fez uma conversão para entrar na cidade, as folhas das copas das arvores balançavam de forma graciosa, o tom amarelado anunciava inicio de um inverso rigoroso, Damon presumiu que deveria estar um gelado, já que não sentia se quer alguma sensação. O conversível preto cortava a pequena e estreita estrada coberta de folhas.

Mas uma voz soprava em seu ouvido. "Sua vida é um vazio só, e você está tentando preencher com distrações. Está perdendo uma coisa muito importante. E ela é a mulher que pode ajudá-lo a encontrar." Com uma freada brusca que fizera o veiculo dançar sobre a pista, Damon procurou o dono daquela voz um tanto familiar. Descartara Klaus. Era bem, mas intima como se um velho conhecido.

Respirou profundamente e deu a partida, com habilidades rápidas colocou o veiculo novamente no rumo da cidade. Algo dentro de Damon estava alertando de perigo eminente. Lise estava sozinha. Seu pé apertava com força o acelerador enquanto o ponteiro parecia surtar no painel.

Em segundo estacionou o belo veiculo em frente à velha pensão Bouchard. Saltou do veiculo com tamanha precisão, seus passos eram ágeis. Ao adentrar a pensão notara que estava vazia, caminhou na direção da escadaria, precisava certificar se que Lise estava segura, mas para sua surpresa o quarto da jovem estava organizado e vazio. Vazio!

Droga! A preocupação nos olhos de Damon triplicou.

–Senhora Bouchard! - chamou parado no corredor.

Sem demoras a velha proprietária caminhou na direção de Damon, sua expressão estava amena e distante. Ela parecia cautelosa.

–Onde está, Lise?- questionou afoito.

A velha Julie Bouchard ficou cabisbaixa e murmurou. Algo indecifrável, como se estivesse se remoendo por dentro, prometera a jovem que não falaria para Damon de sua partida.

–Esses dias eu disse a ela que sou vampira. - pausou bruscamente, deixando Damon boquiaberto. Logo prosseguiu - Contei toda a verdade, pois a menina merece saber. Ela me pediu para não lhe contar, mas partiu na segunda passada com um sujeito nada confiável. - murmurou.

Ela havia partido? Com um estranho, Damon sentiu suas entranhas se retorcerem de raiva, como poderia ter feito isso.

–A senhora sabe o nome? - quis saber.

Maldição. Sua boca continuava desgarrada de seu cérebro. Eiii! Não era para continuar se torturando daquela forma, descartara Klaus no começo por causa da voz que ouvira a pouco, e segundo informações de Elena que o tal havia partido com Caroline para a Itália.

– Ela não disse, mas ouvi Robert comentar sobre o sujeito. - anunciou.

Damon não esperou nem se quer, mas um minuto, virou se na direção da saída e com movimentos ágeis se deslocou até o bar de Robert. Precisava saber que era o sujeito e onde ficava seu paradeiro. Lise corria perigo. O local estava fechado, mas havia uma placa anunciando que seu funcionamento só ocorria depois das 18 horas. Não poderia esperar, voltou se na direção da praça e caminhou até o prédio que fica de frente com o local. Robert saberia? Talvez.

–Quero falar com Robert. - avisou Damon na porta.

A jovem de cabelos levemente ruivos o encarou com desdém, o vampiro sabia que sua presença não era bem vinda, mesmo assim arriscou. Ela ligou para o apartamento de Robert, informando o que tinha visitas. Não demorou muito para ele descer, parecia abatido.

–Venha comigo. - disse antes que Damon o questionasse.

Ambos caminharam para uma pequena saleta privada que ficava nos fundos do prédio, Robert fechou a porta dando privacidade para ambos, Damon estava ficando impaciente. Já Robert continuava com sua expressão pálida, o que não lhe era normal.

–Onde ela esta e com quem? - questionou.

Robert coçou o queixo.

–Deveria saber que é um dos seus, meu caro. - anunciou com desdém - Um velho conhecido local que não é bem vindo por essas bandas.

Lise estava sozinha com um desconhecido, que pela expressão de Robert era perigoso e desleal. Todos de St. John's temia o, até mesmo do clã dos Blacks preferiam contornar quando o assunto se tratava dele por causa do acordo selado com os antigos vampiros. Robert mostrou para Damon um pequeno pedaço de papel já gasto pelo tempo.

Jornal - Trevo de Toronto - 17/07/1901.

Um terrível ataque na pequena vila conhecida como St. John's no Canadá, jovens camponesas foram encontradas decapitadas em uma viela escura, um jovem forasteiro conhecido como Sebastian Vacher, nativo de Bourg, França, é suspeito dos tais ocorridos devastador.

Aquele nome não lhe era estranho, reconhecia aquela voz a quilômetros, conhecera Sebastian nas noites Boêmias de Paris. Damon amassou o pedaço de papel e socou a mesa com toda sua fúria, despedaçando. Praticara muita maldade com Vacher, e sabia do que ele seria capaz. Saiu batendo a porta com força.