Medal Of Honor escrita por mah_veh


Capítulo 5
Último Adeus




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Boa madrugada, ou bom dia, dependendo do ponto de vista hehehe.... Insonia é algo triste, mas emfim...

Brenda Sr, May Swan Vip (obrigada de novo pelo vídeo =D), Thalitaes, Cammy, Tammytelles (acho que a solução pra você e a May, é tirar no palitinho rsrsrs) e Kaah, muito obrigada pelos comentários garotas, eles são a minha inspiração, principalmente quando eu estou dominada por um bichinho mal, chamado preguiça, ou outro também muito mal, que atende pelo nome de TV... Filmes são minha perdição...

Tammy, obrigada +1 pela indicação, adorei ^.^ Thank you só much =D

Então gente, vim postar mais um... Espero que agrade vocês e que vocês continuem ai, firmes e fortes acompanhando...

Agora que eles estão literalmente na guerra, as coisas complicam um pouco, é mais complicado você escrever sobre uma coisa que só vê for filmes e coisarada, então se o próximo capitulo demorar um pouco mais, vocês já sabem o motivo, certo?

Ok, vou entender isso como certo rsrsrs...

Ahh e antes que eu me esqueça, Feliz pascoa para vocês, repleto de felicidades, paz e chocolate também...

Vamos lá...

— Ah, você sabe, se a montanha não vai a Maomé... - Ela não conseguia largar o sorriso ao vê-lo ali.

Aquele uniforme branco da marinha, que fazia contraste com sua pele morena, o deixava ainda mais gostoso, e aquele sorriso cafajeste, a lembrava de certos momentos.

Bella colocou sua arma no chão e tirou o capacete o jogando no chão também. Em seguida eles se prestaram continência, como costumavam fazer desde que ela entrou para o exército e ele para marinha. Aquilo não durou mais de três segundos, sem dizer nada, Bella jogou-se para cima do primo.

Eles se esmagaram, e se apertavam por uns bons cinco minutos.

— Nunca vai aprender a ficar, não é? - Jacob murmurou a pergunta, ainda sem afrouxar os braços dela.

— Você sabe que seria estranho, no outro dia quando acordássemos... - Aquela sempre era a desculpa que ela dava.

— Você sabe que eu acho que não. Não acredito que veio para cá sem se despedir Bella. - Por fim eles se soltaram.

— Despedidas não são meu forte. Dar as costas para tio Billy me faria chorar e você sabe... - Ele sorriu e resolveu acabar a frase.

— Você odeia chorar. - Ela balançou a cabeça negativamente ainda não acreditando que ele estava ali. Aquilo só podia ser obra de Carlisle, mas ela jamais perguntaria algo e muito menos agradeceria.

— Exatamente. Então, muito trabalho?

— Agora está mais calmo. No começo foi uma loucura, os caças não paravam. Chegavam e saiam o tempo todo, pensei que fosse ficar maluco.

E você, o que tem feito? - Ela riu do tom abusado em que ele perguntou aquilo.

— Ah você sabe, estou aproveitando para por a cor em dia. Estendo uma toalha no sol, e fico lendo. - Jacob riu alto.

— Ah, por que eu não consigo te imaginar fazendo isso, branquela? - Ela fez socar o braço dele.

— Vai ver porque você sabe o quanto eu adoro gastar meu tempo torrando no sol. - Isabella disse aquilo de forma irônica. - O moreno e exibicionista da família atende pelo nome de Jacob.

— O que eu posso fazer se sou gostoso? - Ela rolou os olhos do jeito que ele amava. - Senti sua falta magrela. - Murmurou sem tirar os olhos dela.

— Também senti a sua Jake. - Ele não conseguia abandonar o sorriso, desde que pôs os olhos nela.

Jacob gostava de Bella desde sempre, até tentava dizer aquilo para ela, mas ela se recusava a ouvir. Ele sabia que ela também gostava dele, mas a diferença é que gostava como amigo, não como outra coisa. Por aquele motivo ela nunca ficava e nem falava sobre o acontecido no dia seguinte.

Eles perderam a virgindade juntos, no dia em que ela completou dezesseis. Desde então, quando eles acabavam ficando juntos, Bella sempre acabava fugindo enquanto ele dormia, e nunca tocava no assunto no dia seguinte.

— Não acredito que manda nesse bando de cueca, eles te respeitam? - Ela riu da preocupação dele, e da cara amarrada com a qual ele olhava para os soldados nos jipes.

— A maioria das vezes. Hoje eu quase enforquei um, mas a maioria das vezes, eles são meu orgulho. - Jacob riu alto ao ouvi-la dizer que quase enforcou um.

Ele ainda não acreditava que ela era uma capitão, nunca a viu trabalhando, então não a imaginava brigando com alguém, ou pior, dando um pescoção em um soldado.

Na verdade ele temia e muito por ela. Ela era mulher, frágil e muito mais quebrável do que um brutamontes daqueles, mas não teve santo que a fez desistir da carreira no exército, e graças aquilo ela estava ali.

— Eu preciso ir Jake, já estamos atrasados. - Parker quase foi enforcado por desrespeito e atraso. Agora quem estava atrasando tudo era ela.

Seus soldados que observavam a tudo atentamente, não tinham nada haver com a vida pessoal dela.

Bella soltou um longo suspiro, encarando o primo. Por aquele motivo ela foi para a guerra sem se despedir. Não gostava daquilo, não gostava de dizer tchau, de dar as costas para os que conhecia. Fazer aquilo era difícil, porque ela não sabia se podia dizer até mais, ou vejo você.

— Atras do Cullen? - Jacob questionou, fechando a cara.

Ele sabia que era atras do Cullen, foi Carlisle que conseguiu que ele fosse parar ali naquele dia, e explicou o que aconteceu com o filho e aonde Bella iria.

Ele tinha vontade de socar aquele homem por ordenar que ela fizesse aquilo. Esse era era o plano inicial, ver Bella e depois socar Carlisle, mas ao chegar ali e ver a cara do general completamente machucada, ele viu que alguém, que tinha noção de quem, tinha feito aquilo antes.

O Cullen sempre foi uma pedra no sapato de Jacob, era com ele com quem Bella ia casar. Era com ele, com quem ela se preocupava quando caía. Era por ele que ela sempre voltava correndo, quando ele se machucava. Era com ele que ela fazia planos, planos de crianças, mas mesmo assim planos. E era o nome dele, que estava gravado na arvore, junto com o dela.

E algo em Jacob dizia, que com Edward ela ficaria, não iria embora no meio da noite. Ela passaria a noite, o dia seguinte e o próximo.

Jacob sempre teve aquela duvida, mas nunca pode dizer nada a ela, já que ela ameaçava não falar mais com ele, toda vida que ele tocava no nome de um dos Cullen.

— Atras do Cullen. - Ela repetiu.

— Sempre atras do Cullen. Você sempre trapaceou para ajudar ele. Sempre perdeu para ele ganhar. - Jacob falava sobre as brincadeiras de criança.

Bella sempre foi a mais rápida e esperta dos três. Quando eles brincavam de esconder e Jacob contava, ela dava um jeito de distrai-lo, sempre que ele estava perto de encontrar Edward.

E quando era a vez de ela contar, mesmo quando via Edward, ela fingia não ver para ele se safar.

— Só que isso não é mais uma brincadeira.

— Eu sei. - Ela soltou em um suspiro. - Não se preocupe comigo Jake, vou ficar bem.

— Por que está fazendo isso? Por que vai atras dele? - Discutir com Jacob era algo que não estava nos planos dela.

— Aqueles dois ali, são o Major e o General. Eu sou uma capitão. Já ouviu falar em hierarquia? - O Major e o General estavam bem perto dos dois, eles tentavam disfarçar que conversavam, mas tanto Bella quanto Jacob sabiam que eles estavam ouvindo tudo.

— Então me diz, me diz que se não fosse uma ordem você não iria. - Ela voltou a suspirar e o encarou.

— Se não fosse uma ordem, eu não iria. - Ele balançou a cabeça negativamente.

— Duvido. No começo até acredito que negaria, mas você iria para o seu quarto, iria pensar sobre aquele idiota, e mesmo não querendo, iria lembrar de quando eram crianças e de como se divertiam. Você se mandaria com quem quer que fosse atras dele. Duvido que ficaria aqui esperando noticias dele, sabendo que ele está desaparecido. Você iria atras dele Bella, eu sei que iria.

— CHEGA JACOB. - Ela não queria ouvir, não queria admitir para si, que talvez ele tivesse razão. - Chega, eu vou embora. - Ela tentou abaixar-se para pegar suas coisas, mas Jacob foi mais rápido e a puxou para um abraço. No começo ela permaneceu imóvel, magoada por ele começar com aquela história, mas por fim retribuiu.

— Edward cresceu Jake, assim como nós dois. Qualquer idiotice de criança ficou para trás. Sei lá o que se passa pela sua cabeça, mas não é por isso que vou atras dele. Devo isso a Esme, vou buscá-lo para ela.

— Ok. - Jacob sabia que não era só aquilo e sabia também que provavelmente nem Bella soubesse, então resolveu não dizer mais nada. - Tome cuidado, você não é a prova de balas. - Ele a apertava cada vez mais, desejando a prender ali para sempre.

— Vou me cuidar, pode deixar. Cuide-se também. - Ele assentiu sem dizer nada. Se fosse abrir a boca acabaria chorando.

— Olha, sei que já deveria ter dito isso mas por algum motivo não disse. - Bella começou meio sem jeito.

— Dizer o que? - Ele se concentrou para fazer a voz sair firme.

— Desista Jake. Desista de mim. Eu te amo, sempre te amei, mas não do jeito que você quer que eu ame. - Ao ouvir aquilo ele deixou uma lagrima escapar.

— Está terminando comigo? - Bella constatou que ele estava chorando. Era também por aquele motivo, que ela não gostava de despedidas.

— Nós nunca começamos Jake. Pare de chorar homem, quer que eu chore também? - Questionou ele já com a voz embargada. - Você é um homem, ou um saco de batatas Jacob? - Ela tentou imitar a voz do tio, e os dois acabaram rindo.

— Sou um menino. - Respondeu o que sempre respondia ao pai. Ela suspirou e o largou.

— O menino mais chorão que eu conheço. - Com os polegares ela limpou as lagrimas do primo.

— Olha só, caso algo de errado, diga ao tio... - Ela não pode continuar falando, Jacob tapou sua boca.

— Não fale, nada vai dar errado. - Ele não queria ouvir, não queria sequer pensar sobre aquilo.

Bella suspirou e tirou a mão dele de lá.

— Seja homem e me ouça. Falar ou não falar, não vai mudar o que está me esperando lá fora, então me ouça. - Jacob deixou mais lagrimas caírem.

— Caso algo de errado, agradeça ao tio Billy por tudo que ele fez por mim. Diga para ele que eu fiz o que eu queria fazer, e que eu estou aonde deveria estar.

Você sabe que eu nunca fui muito boa com sentimentos, muito menos em demonstrá-los, mas diga que eu o amo, que ele foi meu segundo pai, e eu tenho muito orgulho de termos sido criados por ele.

Caso eu não volte Jake, diga a ele que eu matei muitas pessoas, eu perdi a conta de quantas. Diga que um dos motivos para eu ir atras do Cullen, é que pela primeira vez em quase três meses, estão me ordenando que eu vá salvar uma vida e não tirá-la.

Tio Billy vive insistindo que Deus existe e que eu tenho uma alma. Eu sei que todas as pessoas que eu matei, eu matei em vão. Então diga a ele que se eu tenho mesmo uma alma, talvez eu a salve, se salvar Edward.

Se eu tenho uma alma, com certeza ela vai ficar em paz, se conseguirmos devolver Edward com vida.

Pode dar esse recado a ele por mim? Pode fazer isso Jake? - Ele já não podia mas a enxergar, as lagrimas nublavam sua visão.

Ele chorava copiosamente, e Carlisle ao ouvir tudo que a mulher tinha acabado de dizer, se controlava para não fazer o mesmo.

— Por que está fazendo isso comigo? - Ele murmurou entre as lagrimas. - Você está se despedindo, eu não quero que morra. Você não pode morrer, o que eu vou fazer se você morrer? - Jacob parecia uma criança que havia descoberto o que significava morrer.

— Vai seguir sua vida horas. Jacob, pelo amor de Deus, eu vou morrer um dia, na guerra ou fora dela. O mesmo vai acontecer com você, com seu pai, com todos nós. Essa é a coisa mais certa do mundo, as pessoas morrem Jake.

— Tá falando assim porque não é você quem vai ficar esperando noticias.

Você sabe como é. Sabe como é perder alguém, você não aceitou quando seu pai morreu, acho que ainda não aceita. Por isso odeia Carlisle.

— Charlie prometeu que voltaria, me fez ter esperanças e esperar todos os dias. E ele estava vivo, quando o General o abandonou, é um pouco diferente não acha? De qualquer maneira, isso não vem ao caso agora.

Vamos fazer assim, caso eu não volte, não pense que eu morri, só pense que eu fui fazer uma longa viagem, e esqueci o telefone em casa.

Pense que eu estou por ai, e que um dia sem menos você esperar, se seu pai e você estiverem certos, você vai me encontrar.

Se existe mesmo céu Jake, nem que eu precise enganar o diabo, mas eu prometo a você que eu apareço para um ultimo abraço. Combinado? - Ela estendeu a mão para ele, como fazia quando eles faziam algum trato sem importância.

— Volte Bella. - Foi tudo que ele pediu ao apertar a mão dela e a puxar para junto de si.

Sem que ela esperasse ele a beijou. Um beijo urgente, repleto de medo e saudades.

Mesmo sabendo que não deveria fazer aquilo na frente dos seus soldados, mesmo sabendo que era proibido, e mesmo sabendo que já estavam atrasados, ela não fez nada para impedi-lo, pelo contrario, suas mãos mergulharam nos cabelos negros do rapaz, fazendo com que seu quepe fosse ao chão.

Os soldados do Jipe assistiam a tudo boquiabertos, completamente sem reação. McCarty peguntava pelo radio que estava acontecendo, mas todos estavam sem voz para dizer alguma coisa.

Mesmo todos tentando ouvir a conversa da capitão e o sortudo da marinha, a única coisa que conseguiram ouvir, foi quando por algum motivo, ele a irritou e ela o mandou calar-se, tirando aquilo, não conseguiriam ouvir mais nada. Mas perceberam que aquilo era uma despedida, primeiro por ele chorar copiosamente, segundo por eles estarem se beijando daquele jeito. E mais uma duvida sobre a misteriosa capitão surgiu, seria aquele o namorado da capitão? Ou ele era só mais um na multidão?

Emmett ficou boquiaberto, quando resolveu ele mesmo por a cabeça para fora do tanque e ver o que diabos estava acontecendo. Ele queria saber quem era aquele mané, e porque diabos a boca dele, devorava a boca de sua Delicinha?

O Major e o General tinha ouvido quase toda a conversa. O Major que as vezes tinha vontade de matar aquela mulher irritante, suspirou e pediu a Deus que ela não tivesse o mesmo destino do pai.

O General engolia o choro vendo aquilo, e se segurava para não abrir a boca e ordenar que ela não saísse dali. Ordenar que Jacob a levasse para casa, a tirasse dali, a tirasse da guerra.

A promessa que fez a Charlie martelava freneticamente na cabeça dele, ele tinha prometido cuidar dela, mas fazia ao contrario a estava empurrando para sabia-se lá Deus o que.

Como Jacob não daria fim aquilo, Bella resolveu fazer. Ela lhe deu mais alguns beijinhos e largou-se dele, para em seguida voltar a secar suas lagrimas.

— Eu te amo Bella, eu sempre amei você. - Ela sorriu fraco e juntou o quepe dele do chão, devolvendo para sua cabeça.

— Eu sei Jake, acho que sempre soube. - Ele tirou aquele quepe e pôs na cabeça dela a fazendo sorrir fraco.

— Convencida. - Ela tirou o boné que estava pendurado em seu uniforme, o pondo na cabeça do primo.

— Cuide do tio Billy, e pelo amor de Deus Jacob, arrume uma namorada. - Os dois riram juntos. - Tchau.

— Tchau. - Ele tentou não chorar mais. - De um soco no banana irresponsável do Cullen por mim. - Ele a fez rir.

— Deixa comigo, assim que eu o encontrar, meu cumprimento vão ser dois socos. - Carlisle sorriu sabendo que um daqueles socos seria o dele.

Ela abaixou-se, pegou seu capacete e sua M4, para depois dar uma ultima olhada para o primo.

— Adeus menino manhoso. - Ele tentou sorrir, mas era impossível. Bella lhe beijou a bochecha e virou-se para os dois metidos ali do lado.

— Eu entro em contato se tiver alguma noticia. - O Major assentiu.

— Boa sorte. - O homem desejou do fundo do coração, na verdade ele nem tinha dormido direito a noite pensando na conversa que eles tiveram na manhã anterior.

— Entre em contato todos os dias quando puder, mesmo não tendo noticias. - Bella se surpreendeu ao perceber que a voz de Carlisle estava embargada. - Isso é uma ordem. - Ela assentiu.

— E tome cuidado. Isso é outra ordem, mais importante do que qualquer outra.

— Meu pai gostava de Edward, general. - Foi tudo que a capitão disse, antes de dar as costas para eles e seguir para o jipe.

— VOU TE PEDIR EM CASAMENTO QUANDO VOLTAR. - Jacob gritou a fazendo sorrir e virar-se para trás.

— Jake, desse jeito não me resta alternativa a não ser me render para os Iraquianos. - A resposta dela acabou fazendo todos rirem.

Ela sentou-se atrás, junto com Whitlock e Frank. Tirou o quepe do rapaz e pôs o capacete, para depois virar-se para Jacob.

— NÃO TERIA GRAÇA NENHUMA SE SEMPRE FOSSE EU A GANHAR. POR ISSO EU PERDIA PARA ELE GANHAR, ASSIM COMO EU PERDIA PARA VOCÊ GANHAR TAMBÉM. - Ela teve que gritar, já que os carros e tanques já estavam ligados. - VOCÊ NUNCA FOI MAIS VELOZ QUE EU JAKE, NUNCA. - Ela ria travessa ao admitir aquilo ao primo, que sempre pesou que pelo menos na corrida, conseguia competir e as vezes ganhar dela.

— Vamos embora. - Ela passou por radio, aos seus soldados.

— SUA BANDIDA. - Foi a ultima frase que ela ouviu do primo, o que a fez gargalhar.

A gargalhada dela ainda era algo estranho para seus soldados. Aquilo fez com que eles prendessem os olhos nela, e Clapton acabou não vendo os carros que já se moviam.

— Algum problema com nosso carro, soldado? - Ela parou de rir e encarou Clapton.

— Não senhora. - Respondeu sem entender.

— Então por que ainda estamos parados, enquanto os outros já estão andando? - O soldado tirou os olhos dela e pôs o carro em movimento, sem dizer mais nada.

Isabella não olhou para trás, não queria ver Jake ficando para trás, porque algo nela dizia que aquela tinha sido a ultima vez que via o primo.

Ela suspirou e concentrou-se, guardou os sentimentos, os receios, os medos e seu apelido, e voltou a ser a capitão Isabella Swan.

Os primeiros quinze minutos foram feitos em silencio, tudo que se ouvia era o barulho do motor do jipe trabalhando.

Ao entrarem no centro, ou no que sobrou do cetro de Tikrit, a atenção que eles tinham em tudo redobrou.

Whitlock não conseguia nem piscar, seu coração não parava de martelar, cada vez mais frenético.

Ao ver a cidade destruída e marcas de violência por todos os lados, ele teve vontade de gritar pela mãe.

A capitão mesmo atenta estava tranquila, aquela cidade estava repleta de soldados americanos, e ao menos que fosse um homem bomba, nenhuma outra pessoa tentaria algo.

O caos daquela cidade parecia cada dia maior, eram muitas pessoas nas ruas, chorando, xingando, rezando, implorando, por cima de corpos ou destroços.

— Meu Deus. - Jasper murmurou horrorizado, vendo tudo aquilo.

— Bem vindo ao inferno soldado. - Isabella o saudou. - Preciso de alguém na cinquenta. - Cinquenta era a metralhadora do jipe.

— Eu pego senhora. - Frank logo se pôs de pé, no centro do carro.

O ruim de ficar na cinquenta, é que você acabava se tornando o alvo mais fácil, já que mesmo protegida, sua cabeça ainda fica vulnerável a ataques.

— Está calmo hoje. - Clapton comentou, sem tirar os olhos da estrada.

— Ainda é cedo. - A mulher murmurou.

— Isso para vocês é calmo? - Whitlock não achava nada daquilo calmo.

Cada vez que ele ouvia algo que lhe lembrava tiros, ele pensava que iria enfartar e sentia uma enorme vontade de se jogar no chão do carro.

Corpos que ele via pelo caminho, só faziam piorar as coisas. Além da gritaria de muitos, que enfurecidos, xingava aquele comboio e os americanos. Eram tantos xingamentos e ameaças, que Whitlock desejava não entender aquela língua.

— Muito. Você deveria ter visto Bagdá no dia em que derrubamos a estatua. - Clapton comentou sem tirar os olhos da estrada.

Não, Jasper se contentava com o que estava vendo. Soube que um dos dias mais sangrentos daquela guerra, foi o dia em que a estatua de Sadan foi derrubada em Bagdá.

As tropas de Sadan ainda não tinham sido vencidas, e eles tinham apoio dos resistentes. Então definitivamente não, Whitlock não queria ter visto tal coisa. Agradeceu a Deus, estar longe dali naquele dia.

— Bem que esses jipes poderiam ter um som. - O comentário de Foster fez a capitão rolar os olhos.

Claro um som seria uma boa arma para os iraquianos, já que distrairia os soldados americanos.

— Eu trouxe meu MP3, quer emprestado? - Whitlock, resolveu conversar e tentar esquecer aonde estava, antes que começasse a chorar.

— Você o que? - A capitão não pudia mesmo ter escutado aquilo.

Não, era demais para sua cabeça. MP3? Seu soldado tinha levado um MP3? Era tanta falta de noção que ela estava até sem palavras. Se perguntou mentalmente o que mais o soldado Whitlock teria dentro da mochila.

— Trouxe meu MP3. - Ele respondeu já meio acuado, não sabendo o porque de a capitão estar lhe olhando de cara feia.

— Por um acaso você cursou o exercito online, ou algo do tipo? - Ela bufou ao ver confusão no rosto do rapaz. - Música soldado, ela tira a sua atenção e sua concentração. Esse é um dos principais motivos para os nossos carros, não terem som.

As músicas vão te fazer cantar, vão te fazer ter lembranças e vão tirar sua concentração e atenção da estrada. Quando você menos esperar... BUUM - Ele pulou pela mulher ter berrado a ultima palavra, e ela se questionou quanto tempo ele duraria.

— Desculpe senhora, eu não tinha pensado sobre isso. - Ele não a contrariaria, mas a verdade é que ele sabia que provavelmente não duraria muito, então preferiria morrer ouvindo música, do que tiros, mas ficou quieto.

— Cade esse mp3? - Ela questionou ainda indignada.

— No meu bolso. - Ele tirou o aparelhinho do bolso, mostrando para ela.

— Me dá, quando eu achar seguro te devolvo. - Ele suspirou e fez o que ela pediu sem ao menos questionar.

Ela balançou a cabeça negativamente enquanto colocava o aparelho no bolso, os outros soldados riam do desengonçado.

Eles voltaram a fazer silencio e se concentraram inteiramente na estrada. Estavam quase abandonando aquela cidade, quando Johnson fez contato por radio.

— Problemas logo a frente. Soldados americanos estão nos mandando parar.

— O que está acontecendo? - A capitão questionou com Johnson.

— Não sei senhora. Muita gente aglomerada. - Ela bufou. Odiava muita gente aglomerada. Muita gente aglomerada a maioria das vezes significava encrenca.

— Pare. - Ela ordenou. - Pare o jipe Clapton, temos problemas ali na frente.

— Vê algo ai de cima Frank?

— Não senhora, muita gente reunida. - Ele disse o mesmo que Johnson.

— Ok, vamos descer. - Jasper engoliu em seco ouvindo a palavra descer.

Todos do jipe desceram, menos Clapton que ficaria por ali, cuidando do carro.

A regra era que quem estivesse dirigindo, nunca abandonasse o carro. Uma bomba poderia ser muito bem implantada nele, se o mesmo ficasse sozinho.

— Fique com ele Frank, e você Whitlock, sai logo dai. Você vem comigo e com Foster. - O soldado covarde ainda estava no carro e não fazia menção de se mover.

— Por que eu? - Isabella rolou os olhos e pôs as mãos nele, o puxando para fora.

— Porque eu mando e você me obedece. - Foi a resposta dela.

— O que está acontecendo capitão? - McCarty questionou por radio.

— Provavelmente alguém querendo explodir. Um soldado nos mandou parar.

Vou ver o que está acontecendo. Mantenha a mira do tanque nas casa a minha esquerda, tem muitas pessoas em cima delas. - A mulher ordenou, antes de voltar a puxar Whitlock.

— Fique de olho Foster. - Ela parou ao lado do primeiro Jipe de seu comboio. - Você vem comigo Ryan. - O soldado abandonou o jipe e juntou-se aos três.

Ryan e Foster, davam cobertura a capitão, que ia na frente, puxando Jasper que se recusava a se mover sozinho.

Ao alcançarem alguns soldados americanos eles pararam.

— Bom dia capitão Green. - A capitão estendeu a mão para seu companheiro.

Ela e o capitão Green, sempre acabavam se encontrando nas missões. Green conhecia muito bem o grupo de Isabella, que sempre dava apoio ao seu grupo.

Já Isabella até tentava conhecer o grupo de Green, mas as constantes baixas do mesmo, não a deixavam memorizar os nomes.

— Bom dia capitão Swan. - Ele apertou a mão da mulher e abriu um sorrisinho.

— O que está acontecendo aqui? - Ela questionou sem muita paciência.

— Um homem bomba arrependido. Quer que desarmemos a bomba. Estão trabalhando nisso agora e nós estamos tentando manter as coisas no controle. A área está isolada. - Homens bomba, ah Isabella amava eles.

— Quanto tempo?

— Cinco minutos até explodir, sinceramente acho que não vai dar tempo. O homem está desesperado o que não ajuda em nada. - Ela rolou os olhos. Só naquela maldita guerra, pessoas morriam voluntariamente, aquilo era tão estupido.

— Nos deixe passar, meu soldado fala Árabe, quem sabe consiga tranquilizar o homem. - Jasper arregalou os olhos em sinal de puro medo.

Ela não queria mesmo lhe levar até um homem bomba, queria? Era aquela hora que ele deveria correr para longe dali.

— Ok, venham comigo. - Como Jasper empacou, ela teve de novo que rebocá-lo.

Ao passarem pela multidão e ao ver o homem cheio de bombas presas ao corpo, Whitlock petrificou, ele não conseguia mais andar, não queria se aproximar.

— Damon e Ryan, fiquem aqui com os outros soldados, de olho nas pessoas em cima das casas. - Os dois assentiram sem nada dizer.

A capitão voltou a caminhar, mais ao perceber seu soldado covarde de novo empacado, parou e ficou frente a frente com ele.

— Você tem duas opções soldados. A primeira é andar por conta própria. A segunda é ser carregado por mim. Qual vai ser?

É tradutor não é? Vai fazer o que veio aqui para fazer, então sugiro que respire fundo e se livre do medo. Seja homem e me acompanhe com suas próprias pernas. - Ele queria falar tantas coisas, mas o medo era tanto que não conseguia dizer nada. Ele queria também um saquinho para respirar muitas vezes até se acalmar. Mas como não tinha um saquinho, respirou fundo tentando fazer o que a capitão sugeriu. Depois de respirar fundo quatro vezes ele a acompanhou.

Ao alcançarem o homem suicida, o soldado todo equipado, muito bem equipado para quela função, diria Jasper, tentava desarmar a bomba, enquanto falava rapidamente com a capitão. Mas os gritos do iraquiano não deixavam ele fazer aquilo direito.

— Manda esse idiota calar a boca e diga que assim ele não ajuda em nada. - A mulher ordenou a Jasper que precisou respirar fundo de novo, para lembrar como falar aquilo em Árabe, mas por fim ele fez.

Funcionou, o homem continuava pedindo para que o salvassem mas já não berrava mais.

Enquanto o soldado trabalhava tentando desarmar a bomba, Jasper tentava acalmar o homem, e a capitão tinha os olhos no reloginho que mostrava que faltavam menos de dois minutos.

Quando seu olhos bateram em cinquenta e nove segundos e ela percebeu que não daria tempo, resolveu sair dali.

— Vamos embora Whitlock, não vai dar tempo. - Ordenou a Jasper e começou a andar em passos largos para longe dali.

— Só mais um pouco, talvez eu consiga. - O soldado que tentava desarmar pediu.

A mulher negou e quando olhou para trás, viu que seu soldado ainda estava lá. O iraquiano segurava as mãos dele, voltando a berrar desesperado.

— Merda. - Praguejou antes de correr até lá.

Vendo o iraquiano grudado das pernas de Whitlock, ela o xingou, e ordenando que soltasse seu soldado. Percebendo que ele não entendia e não faria aquilo, Isabella socou o homem, puxou Whitlock, o colocou nas costas e começou a correr. Eles precisavam chegar até a área segura, antes da explosão.

— NÃO OLHE PARA ELES. - Ela ordenou ao seu soldado.

— ELE DESISTIU, TAMBÉM ESTÁ CORRENDO. ELE VAI DEIXAR O HOMEM EXPLODIR. - Tinha pavor na voz de Whitlock.

— NÃO OLHE. FECHE OS OLHOS. - Ela ordenou de novo.

Assim que acabou de por os pés na parte considerada segura, Isabella ouviu a explosão atras de si. Areia ainda resvalou neles.

A capitão respirou fundo e pôs seu soldado covarde no chão. Depois virou-se para aonde tinha acontecido a explosão.

Não havia mais vestígios do iraquiano, mas o soldado americano, estava no chão a poucos metros dela.

A capitão caminho até ele, e abaixou-se para verificar se ele estava ou não morto. Se sentiu bem ao ver ele abrindo os olhos.

Como ele estava dentro de uma roupa para lá de pesada, ela teve que ajudá-lo a se por de pé. Depois que ele tirou aquele enorme capacete, ela resolveu falar.

— Quer morrer soldado? Não sei a quem é subordinado, mas sugiro a você que quando o relógio mostrar um minuto e não tenha conseguido desarmar, corra, ou vai acabar explodindo junto.

Não tente bancar o herói soldado, tente permanecer vivo, vai ser mais útil assim. - Ela não esperou resposta, deu as costas para ele e foi até Jasper.

Whitlock estava completamente em choque, o que fez Isabella concluir que ele viu o homem indo pelos ares.

Como ele não tinha forças para se manter em pé, teve que sentar-se. Mesmo não querendo chorar, ele chorava. Ele viu o homem explodindo, viu o homem virar nada, o homem que segundos antes falava com ele.

— Levante-se, vamos embora. - Isabella o ordenou, mas ele não ouviu.

Depois de xingar mentalmente o Major, a mulher abaixou-se na frente de seu soldado.

— Vamos embora soldado, levante-se, precisamos ir. - Ele levantou os olhos azuis, e encarou a capitão.

— Ele tinha uma família, três filhos pequenos. Ele não queria morrer, só queria voltar para casa. - Ela rolou os olhos e suspirou. Santa paciência.

— Se ele não queria morrer, não deveria ter se disponibilizado a homem bomba, não acha? Fizemos o que foi possível, não deu, paciência.

Agora vamos embora.

— Ele estava arrependido. Ao prenderem tudo nele ele pediu para que tirassem, mas não fizeram.

A senhora nunca se arrependeu de nada? - Jasper não conseguia se livrar das palavras do homem e nem da imagem dele explodindo.

— Não, eu nunca me arrependi de nada.

Estou perdendo a paciência soldado. Levante-se já desse chão. Está chamando atenção, se tiver algum rebelde por aqui, ele está vendo isso e vamos ser alvos fáceis. - A mulher levantou-se bufando. - Levante-se agora. - Ordenou com a voz alterada.

Ele respirou fundo e não fazia ideia de como, mas se pôs de pé. Limpou as lagrimas e encarou a capitão, que tinha o mesmo semblante serio de sempre.

Ela não parecia abalada pelo acontecimento, parecia era irritada com ele.

— Agora me ajude a dispersar essas pessoas para seguirmos adiante. - Os soldados americanos que por ali estavam, tentavam fazer as pessoas circularem.

Muita gente reunida não era bom para os americanos. Pudia muito bem ter outro homem bomba infiltrado ali no meio.

— Mande eles circularem. - Ordenou.

Whitlock começou a murmurar para as pessoas que não lhe davam o mínimo atenção. Isabella bufou e deu três tiros para cima, calando todos ali presente.

— EU ADORO, QUANDO VOCÊS ME OUVEM. - Ela comentou com um sorriso irônico.

Como ela não entendia uma palavra daquela maldita língua, resolveu se comunicar por mimica. Primeiro colocou o dedo frente a boca, pedindo silencio. Depois ela levou o dedo ao ouvido, querendo que eles ouvissem.

— Eu vou berra com eles e você vai traduzir. Alto e claro soldado, você tem que ser alto e claro. Impor respeito, está me entendendo?. - Jasper assentiu.

— QUERO TODO MUNDO CIRCULANDO, AGORA.

NÃO QUERO VER NINGUÉM PARADO, NEM AMUNTUADO, OU EU VOU ATIRAR E DESSA VEZ, NÃO VOU MIRAR O CÉU. - Funcionou, os iraquianos entenderam perfeitamente a mensagem, e viram pelo estresse da mulher que ela não estava para brincadeira.

Ao ver de relance um homem em cima de uma das malditas casa, falando no celular e de olho neles, a mulher resolveu sair logo dali.

— Ryan, Damon, vamos embora. - Chamou seus soldados e puxou Whitlock.

Ela caminhava sempre com a arma apostos em uma mão, já a outra nunca largava do soldado.

— Vamos. - Ela ordenou ao passar pelo primeiro jipe do seu comboio.

— Homem bomba? - Damon questionou por radio.

— Era. -Limitou-se a responder.

Isabella jogou Whitlock para dentro e em seguida entrou.

— Vamos seguir. - Passou por radio a todos.

Ao saírem da cidade, as coisas se tornaram mais tranquila, sem gritaria ou barulhos de tiros, bombas ou gente explodindo. Era só o maldito deserto. A capitão temia muito mais o deserto, do que as cidades cheias de caos.

Ela sabia que mesmo não vendo ninguém por ali, tinham iraquianos ali, os espiando.

O silencio, ele sempre foi pior do que o barulho. Você sempre espera algo do barulho, já do silencio, você não espera. Aquele era o perigo, porque ao não ver e não ouvir nada, eles acabavam relaxando, e não, relaxar ali, não era nada interessante.

Bom, mas eles não estavam em silencio total, já que fazia quase uma hora que Jasper chorava e fungava sem parar, ainda pensando no homem que foi pelos ares.

A mulher puxou forte o ar, e encarou aquele aprendiz de homem. Acabou se assustando ao ver o quanto as mãos dele tremiam, e não tremiam pelo mesmo motivo que as vezes a dela tremia. As dele tremiam por puro medo.

— Jasper? - Ela o chamou pelo nome o fazendo levantar a abeça e encará-la.

— Desculpe senhora, me desculpe. - Ele se desculpava por estar chorando e com certeza irritando ela e os outros, mas não conseguia parar.

— Eu sinto em lhe dizer isso soldado, mas o que viu lá atras, não foi nada em comparação a coisas que ainda vai ver.

Olha, sinceramente eu não sei como você veio parar aqui, você não combina com esse lugar. Mas está aqui, e se quiser voltar para casa, vai ter que se ajudar. Eu não posso te ajudar se você não se ajudar.

Estamos no meio de uma guerra soldado, são coisas que acontecem constantemente todos os dias.

Acha que só aquele homem tinha família? Acha que só ele que se arrependeu por se voluntaria a explodir?

Você não pode entrar em panico toda vez que ver alguém morrendo, nem toda vez que tiver que sair desse carro. Se algum desse rebeldes perceber seu medo, você vai ser a primeira vitima.

Se permita sentir medo enquanto estiver aqui dentro desse jipe, deixe o medo dominar você aqui, mas a partir do momento em que por os pés para fora desse carro, domine o medo, o transforme em coragem e determinação. O transforme em vontade, vontade de sair logo desse inferno e ir para casa. Faça isso e concentrasse. - Ele assentiu, sabendo que ela tinha razão e secou as lagrimas com os braços. Depois respirou fundo algumas vezes.

— Obrigado por me carregar. - Ele queria ter agradecido antes, mas não conseguia se pronunciar. Ela o salvou duas vezes. Primeiro ao socar o iraquiano, para que ele o largasse.

Segundo quando ela o carregou, percebendo que o medo o paralisava. Com toda certeza ele teria explodido também, se ela não intervisse.

Aquela foi a primeira vez, de outras que viriam, que ela o salvou da morte.

— Da próxima vez, você corre. - Ele assentiu pedindo aos céus que não tivesse uma próxima vez, só de pensar naquilo ele tinha vontade de voltar a chorar.

Isabella quase acabou sorrindo. Balançou a cabeça negativamente e tirou o MP3 dele do bolso, estendendo ao soldado chorão. Tudo que ela queria era que ele parasse de chorar.

— Pega. Ouça isso e se acalme, seu choro nos desconcentra. - Ele olhou para ela sem entender. Não era o MP3 que tirava a concentração de um soldado? - Eu vou ficar de olho por mim e por você. - Ela explicou vendo a confusão no rosto dele.

Jasper acreditava na capitão de olhos fechados, e se ela estava dizendo que ficaria de olho por os dois, não tinha porque não acreditar. Então ele pegou e ligou logo, tentando se acalmar um pouco.

Eles passaram o dia viajando, deserto, morros e deserto, umas vaquinhas e mais deserto, esse era o resumo do que viram durante o dia.

Tirando as vaquinhas, não viram mais nenhuma sombras de algo vivo, mesmo os instintos da capitão lhe dizendo que sim, tinham pessoas os observando, mas até aquele momento, sem ataques.

Eles quase não conversaram durante o percurso, e só pararam para esticarem as pernas, fazerem xixi e trocarem de lugares.

Como eles estavam no deserto, precisavam se hidratar frequentemente, o que os deixava com vontade de fazer xixi frequentemente. E como tinha uma mulher no meio de dezesseis homens, aquilo era meio desconfortável para ela, mesmo ela não dizendo nada, eles sabiam daquilo. Então eles sempre lhe devam privacidade e em momentos como aqueles. Todos iam para frente e a deixavam lá atras, só saiam de lá, quando a viam de pé.

 

Depois de ganhar seu MP3 de volta, Whitlock ficou mais calmo, foi escutando músicas Contry durante o caminho. A capitão as vezes o olhava pelo canto dos olhos, e tinha vontade de sorrir, por ver que ele parecia uma daquelas crianças assustadas, que se acalmava ao ver seu brinquedo preferido.

As músicas dele estavam em um volume tão alto que até ela acabava ouvindo, mas não reclamava, tudo que ela queria era que ele permanecesse calmo.

Já era noite quando avistaram Kirkuk, cidade em que as tropas americanas tinha dominado e na qual eles parariam para descansar.

Isabella passou por radio que iria na frente, e acelerou, passando pelos outros.

Ao se aproximarem da digamos, entrada da cidade, viram seis soldados americanos, sinalizando para que diminuíssem a velocidade, e foi o que ela fez.

— Boa noite. - Parou ao lado de um deles, sem desligar o carro. - Sou Isabella Swan, capitão da 13ª brigada. Viemos da base Red Dawn. Quem está no comando por aqui?

— Boa noite senhora. O capitão Mars é quem está no comando. Vieram nos reforçar? - Ele perguntou esperançoso.

— Não. Estamos indo para Tall Afar. Estamos passando para procurar alguém e descansar.

Pode me levar até o capitão? - Pediu educadamente ao soldado.

— Sim senhora. - O soldado se pendurou pelo lado de fora do jipe. - Eu já volto, fiquem de olho. - Pediu aos soldados que estavam por ali.

— Pode seguir senhora, no cruzamento vire a esquerda.

Depois de dez minutos e de entrarem em algumas ruas, quebradas, e outras ruas, finalmente eles tinham chego.

Aquele lugar não lembrava em nada uma base. Era uma cidade, ou o que restou de uma. Praticamente abandonada, sem muita proteção e com pouca iluminação.

Segundo o soldado, o capitão estava naquele casa abandonada, na qual eles pararam em frente.

— Eu já volto. - Disse ao seus soldados ao sair do carro.

Ela seguiu em silencio junto com o soldado para dentro do lugar. A casa pelo menos tinha luz, e estava inteira.

Isabella rolou os olhos, ao ver que lá dentro estava acontecendo uma jogatina. Claro porque o deserto do Iraque lembrava Vegas, então com certeza aqueles soldados estava matando as saudades que sentiam de casa.

— Capitão. - Isabella voltou a rolar os olhos, ao ver que o capitão do lugar estava jogando poker. - Essa é a capitão Swan, ela esta vindo da base Red Dawn e quer falar com o senhor.

O homem depois de murmurar algo aos seus soldados, levantou-se e veio de encontro a mulher.

— Capitão Tyler Mars, da 23ª brigada. Antes de parar aqui, eu estava na base Diyala Province. - Ele estendeu a mão.

— Isabella Swan, da 13ª brigada. Sou da Red Dawn. - Apresentou-se apertando a mão do homem.

— Você trouxe os reforços que eu solicitei? - Ele perguntou animado.

— Na verdade não. Estou atras de um soldado.

Soldado Cullen, Edward Cullen. - O homem buscou em sua mente por alguém com aquele nome, mas não, ele não tinha nenhum soldado chamado Cullen.

— Não, não tenho ninguém com esse nome. - O homem tirou os olhos da mulher e voltou-se para seus soldados.

— EDWARD CULLEN, ALGUÉM CONHECE ESSE SOLDADO? - Todos balançaram a cabeça negando, o que fez Isabella suspirar.

— Só se ele for um dos que resgatamos ontem. - Ela ficou animada ouvindo aquilo.

— Resgataram soldados ontem? Quantos e aonde?

— Na cidade vizinha a essa. Tinham muito rebeldes concentrados ali, estavam nos dando trabalho. Resolvemos cortar o mal pela raiz e invadimos. Perdemos treze soldados, além do capitão Campbell. Agora estou sozinho com eles.

A parte boa é que encontramos três dos nossos. Quer dar uma olhada neles? - Ele precisava mesmo perguntar? Mas era obvio que ela queria.

— Claro. - O capitão Mars sorriu para a capitão Isabella, ele tinha a achado uma mulher atraente, quem sabe se ele lhe fosse atencioso e prestativo, ela pudesse lhe ajudar com alguns problemas pessoais.

— Venha comigo e você, volte lá para frente. - Ordenou ao soldado que tinha levado a capitão até ele.

Isabella foi atras do homem, analisando aquele lugar sombrio. Muitas daquelas casas ali, pareciam ter pego fogo.

— O que aconteceu com as pessoas desse lugar? - Não tinham muitos iraquianos por ali, os poucos que ela viu, estavam lá no começo da cidade, mas eram poucos mesmo.

Será que os soldados tinham matando todos os iraquianos que um dia existiram ali?

— A maior parte deles foi embora, não sem antes tacarem fogo nas próprias casas.

Os que ficaram estão nas casas lá do começo, eles nos olham atravessado e resmungam muitos xingamentos. - Ele coçou a cabeça. - Pelo menos eu acho que são xingamentos, não entendo nada dessa maldita língua.

Acabamos ocupando as casas livres, ou o que sobrou delas. As que não pegaram fogo, nós transformamos em alojamentos.

Estamos ocupando todas as primeira dez casas do lado esquerdo. A maioria são “quartos”. Tem uma que é meio que nosso “refeitório”, e essa, nós transformamos em uma enfermaria. - Ele disse ao abrir a porta do lugar.

A capitão ficou surpresa ao ver pelo menos dez soldados ali, deitados em camas improvisadas. Pela a rápida olhada que ela deu, a maioria parecia bem, só tinham alguma parte do corpo enfaixada.

— Por que as casas do lado direito estão livres? - Ela questionou.

— Porque foram as mais afetadas, não tem como usarmos. - Respondeu dando de ombros.

— E o senhor não acha perigoso? Caso os iraquianos saibam sobre isso, eles podem se esconder lá, e atacarem de surpresa. - Se ainda restavam iraquianos por ali, eles podiam muito bem informar a outros que podiam planejar um ataque.

— Perigo nenhum capitão. Estamos aqui a mais de dois meses, nunca ouve problema algum com isso.

Eles sabem que se vierem para cá, vão levar a pior. - Ele parou na frente da cama de um soldado e encarou a mulher.

— Acredite em mim, a senhora e seus homens estão seguros aqui, quase tão seguros quanto na base. - Mars sorria abertamente para mulher, tentando lhe passar confiança, mas ela não se sentia nem um pouco segura ali.

O lugar era aberto de mais, cheio de becos, com pouca iluminação e para piorar, o lado direito estava praticamente abandonado. Mas, se ele disse que em dois meses nunca ouve problema, não seria naquele dia que teriam um, seria?

— São esses três. - Mars comunicou ao se virar e apontar três soldados com os rostos bem castigados, no canto do lugar.

Eles pareciam ter levado uma surra e tanto, e por algum motivo, os três tinham as mãos enfaixadas.

Ela se aproximou mais dos três, e os analisou atentamente, mas não, nenhum era Edward.

— Não, ele não está aqui. - Murmurou frustrada.

— Que mal lhe pergunte capitão, por que estão atras dele? - Ela suspirou e cruzou os braços.

— O irmão dele morreu em combate, precisamos devolvê-lo a mãe. - E o pai dele é um general, que nos mandou atras do mesmo. Isabella resolveu editar aquela parte.

— Tantas evoluções nas guerras, mas esse absurdo continua igual. - O capitão soltou com o ar.

— Pois é. - Ela limitou-se a dizer.

— Eu tenho as placas de identificações de todos os soldados mortos, quer dar uma olhada? - A verdade é que ela não queria, porque talvez encontrasse o nome dele por lá, e por algum motivo ela se sentia mal ao pensar que ele podia estar morto. Ela não queria que ele estivesse morto, não queria encontrar só a placa de identificação do soldado.

— Sim. - Respondeu em um murmurio.

— Vou buscar, me acompanha ou espera aqui?

— Vou esperar. - Mars assentiu e saiu.

Isabella viu uma daquelas camas improvisadas vazia e foi até ela, sentiu uma imensa vontade de deitar ali, fechar os olhos por alguns minutos e descansar, mas acabou só sentando-se.

Sua dor de cabeça não tinha sumido, a acompanhou durante todo dia. Ela tirou a cartela de comprimidos do bolso e tirou dois de lá, os engulido. Ela fechou os olhos e massageou as têmporas, tentando relaxar.

— Por quem estão procurando? - Um dos soldados resgatados a fez abrir os olhos.

— Cullen. - Respondeu sem vontade.

— Edward? - AO ouvir o soldado pronunciar aquele nome, a mulher deu um pulo da cama e foi até ele.

— Conhece Edward? Edward Cullen? - O soldado balançou a cabeça afirmando. - Você viu ele? Estavam juntos? Ele também foi capturado? - Ela não conseguiu perguntar se ele estava vivo.

O soldado riu pelo turbilhão de perguntas que ela disparou.

— Nos conhecemos no exército da Flórida. Chegamos no Iraque juntos e fomos para a base Steel Curtain juntos. Somos amigos, mas estávamos em grupos diferente.

Acabei sendo capturado em uma missão, não sei mais nada de Edward desde então. - Aquele com certeza era o amigo de Edward.

O amigo desaparecido que Edward estava procurando. Bella não sabia se sorria ou batia no garoto, como estava indecisa resolveu não fazer nada.

— Por um acaso o seu nome é Hudson? - O soldado tinha a impressão de que conhecia aquela mulher de algum lugar, só não conseguia lembrar de onde.

— Sim senhora. - É, talvez ela devesse bater nele.

— McCarty, diga para Frank vir até a enfermaria, agora. - Ela passou por radio.

— Enfermaria? Capitão, a senhora tem certeza que estamos no mesmo lugar? - Ele parecia bem confuso, na verdade ainda nem tinha saído do tanque, estava esperando uma ordem dela para fazer qualquer coisa.

— Diga para ele perguntar a qualquer soldado ai fora, que vão indicar a ele. E quanto aos outros, os mande descansar, vamos ficar aqui hoje, depois eu falo com vocês. - McCarty pensou em perguntar muitas coisas e Isabella sabia que ele estava pensando, então resolveu o interromper, antes que ele começasse.

— Seja rápido tenente, estou com fome, dor de cabeça e cansada, resumindo minha paciência e educação estão no fim. - Emmett resolveu não dizer mais nada, além de um ok.

— Você está bem, ou está muito machucado? - Ela deu mais uma conferida no rapaz, e de novo chegou a conclusão que ele não parecia tão mal. Tirando seu rosto bem acabado.

— Estou bem. Tirando meu rosto, alguns hematomas pelo corpo e todas as unhas que eles me arrancaram. - O soldado mostrou as mãos enfaixadas.

— Mandou me chamar senhora? - Frank veio correndo.

— Mandei. É esse o soldado amigo do Cullen? - A mulher apontou para o soldado deformado e Frank aos poucos foi abrindo um sorriso.

— Fofurinha? - Bom o nome de Frank era William e não Fofurinha, mas pelo jeito que Frank sorria, eles se conheciam sim.

— Gostosura!!! - Foi como Frank o chamou antes de ir abraçar o amigo, ou namorado, Isabella já não tinha mais certeza.

— Cade seu namorado? Nós estamos atras dele. - É, pelo jeito eles era modernos e tinham um caso a três.

A capitão não dizia nada, só observava.

— Olha o respeito rapaz, quer perder os dentes? Você sabe que meu negócio é mulher.

Loiras, peitudas, com uma pernas compridas e uma xo... - Antes que ele pudesse terminar, Frank lhe tapou a boca.

— Respeite a capitão. - Pediu envergonhado.

Isabella já estava acostuma a ouvir tanta pornografia e desejos sexuais dos seus soldados, que já nem se importava mais. Ela entendia muito bem que todos estavam na necessidade, todos inclusive ela.

— Desculpe. - Hudson pediu envergonhado.

Ele ainda tentava lembrar aonde já tinha visto a capitão. Ela não lhe era estranha, mas não, não era uma das mulheres que já tinha pego, ele lembraria muito bem se já a tivesse dado um trato.

Apesar de estar dentro daquela roupa horrível, e seus cabelos estarem presos, ele a achou completamente pegavel. Sim, ele preferia as loiras, mas ele se perderia por aquela morena.

— Sem problemas. - Ela respondeu. - Você não é quem estávamos procurando, mas vais ser útil.

— Edward foi capturado? - De repente não tinha mas humor na voz do soldado.

— Espero que não. - Ela realmente esperava aquilo, espera muito aquilo.

— Então por que estão atras dele? O que aconteceu? - Bella suspirou e encostou-se na cama.

— Ele soube que você foi capturado e resolveu sair atrás de você. Saiu contrariando qualquer ordem, por conta própria.

Agora ele está por ai, em algum lugar desse deserto, procurando por você. E nós estamos aqui procurando por ele.

Pelo jeito estamos brincando de cão e gato, e acabamos achando o rato. Você vai vir conosco.

Procure descansar, partiremos amanhã as seis. - O soldado ainda tentava digerir todas aquelas informações jogadas sobre ele.

Edward, aquele maluco, insano e irresponsável fez aquilo mesmo? Ah, ele daria uns bons socos no amigo quando o encontrasse.

— Frank, não demore muito, você também precisa descansar. - Ela já estava saindo quando lembrou de algo. - Peça a Damon para dar uma olhada no soldado. Vejo você amanhã, as seis. - Ela enfatizou o horário para que não houvesse duvidas.

— Sim senhora. Boa noite. - Boa noite? Boa noite nada, ela foi dormir já era madrugada.

Depois de conversar com McCarty, contar sobre Hudson, e combinar com ele detalhes do dia seguinte, ela foi arrumar um lugar para tomar banho.

Depois do banho, ela passou os olhos por todas as placas de identificação dos soldados mortos, e por fim teve que achar uma casa para dormir.

Como Jasper não desgrudava dela, acabou tendo que achar dois lugares para dormir. Fora que o garoto não largava o maldito MP3 nem para dormir, o que não a ajudava em nada a pregar os olhos.

— Capitão? - Ele a chamou. Ela pensou muito bem em não respondê-lo.

— Oi. - Murmurou por fim.

— Quando eu fecho os olhos, eu ainda vejo aquele homem explodindo. - Quando ela fechava os olhos, ela quase via os carneirinhos do seu sono, lhe desejando boa noite e bons sonhos.

Para terminar o dia com chave de ouro, só faltava Whitlock não a deixar dormir.

— Então pense em outra coisa, e aprenda a me obedecer, eu disse para não olhar. - É, ela disse, ele bem lembrava e se arrependia profundamente em não ter a ouvido.

Se ele tirou uma lição daquele dia a lição foi, sempre ouça a capitão.

— A senhora já presenciou muitas dessas cenas? - Uma parte dela queria muito dar as costas para ele, fechar os olhos e dormir, mas a outra achou melhor responder de uma vez, porque assim talvez ele dormisse e a deixa-se dormir.

— Muitas e bem piores que essa. Todos os dias vimos algo assim.

— E nunca nenhuma delas ficou na sua cabeça? - Ela fechou os olhos e acabou lembrando do primeiro dia ali naquele inferno.

— Lembro de muitas coisas do meu primeiro dia aqui. Bagdá estava um caos, os soldados do Sadan estavam por toda a cidade e contavam com a ajuda dos resistentes. Nós precisávamos dar um jeito neles, em todos eles.

Enquanto os tanques e caças, destruíam o que era possíveis, nós saiamos caçando a pé, por aquelas ruelas e becos.

Acabei me desvencilhando do grupo e quando dei por mim, estava sozinha. O problema é que eu fui parar aonde se concentravam muitos iraquianos e tive que me esconder para não ser pega.

Me escondi em uma casa grande, com muitos cômodos, acabei parando debaixo de uma cama. Mas um desgraçado entrou lá e me encontrou, antes que ele pudesse gritar ou fazer qualquer coisa eu o derrubei.

Se eu atirasse iria chamar atenção e outros viriam, então eu passei a faca na garganta dele.

Essa imagem nunca vai sair da minha cabeça, o sangue dele respingando em mim, ele agonizando. O que eu fiz.

Ele foi um dos primeiros que eu matei. Vendo aquilo eu tive uma imensa vontade de vomitar, pelo o que eu fiz, pelo o que eu via, pelo nojo que eu estava de mim.

Eu me sentia enjoada, queria por tudo para fora, mas eu precisava fazer o maior silencio possível.

Por rádio, eu murmurei para o tenente as coordenadas de onde eu estava e dei cinco minutos para eles virem. Eu sabia que não estava sozinha naquela casa, e quanto mais tempo demorasse ali, mas iraquianos me cercariam.

Quando deu os cinco minutos eu sai correndo, atirando freneticamente, com a minha arma e coma arma que eu peguei do iraquiano.

Os outros já estavam lá, me esperando e matando, me dando cobertura. Sinceramente eu não sei como não matamos uns aos outros naquele dia.

Antes de sair da casa, eu acertei um garoto, tenho certeza que não tinha mais de dezesseis. O tiro pegou no estomago, eu não sei o que ele murmurava para mim, mas ele chorava e parecia implorar por algo.

Não sei se fiz certo ou não, mas coloquei a arma na cabeça dele e acabei o serviço. Ele morreria de um jeito ou de outro. De um jeito ele sofreria muito mais, optei por acabar de vez com o sofrimento dele. - Ao fim do relatado da mulher, Jasper teve certeza que sim, existiam coisas bem piores do que ver um homem explodir, e a capitão tinha dando bons exemplos daquilo.

Ele rezava e pedia a Deus para que não precisasse matar alguém, porque ele tinha sérias duvidas se conseguiria fazer tal coisa.

— Não querendo critica, longe disso, mas como a senhora consegue dormir? - Ela sorriu sem humor e encarou o soldado.

— Era eu, ou eram eles. Só tive sorte de ser mais rápida. Eles fariam o mesmo comigo sem sombra de duvidas.

Quando você se vê de frente com a morte, tudo que pensa é em sobreviver, e se sua sobrevivência depende da vida de outra pessoa, então você mata.

Sabe o que é pior? - Ela parecia falar sozinha. - Depois de um tempo, isso começa a se tornar normal, e você já faz automaticamente.

Depois que você mata o primeiro as coisas mudam. Porque você matou, e matar é matar, não importa se matou um ou cem, porque matou. - Ela soltou um longo suspiro.

Talvez entenda sobre isso ao fim dessa missão. Não somos monstros Whitlock, só queremos sobreviver. - Ele ficou sem saber o que dizer, ao ouvir aquilo tudo. Jasper não sabia se um dia sairia dali, não sabia nem se sobreviveria ao próximo dia. Mas se um dia saísse dali, ele tinha absoluta certeza, que não seria mais o mesmo que um dia foi. Ele não encararia mais a vida do jeito que encarava antes de parar ali.

A primeira coisa que ele faria, se saísse dali, seria mandar seu pai catar um coquinho. Jasper se prometeu que jamais voltaria a fazer alguma coisa, só para agradar alguém, era por fazer a vontade do pai, que estava ali.

— Agora vá dormir, pense sei lá, na sua namorada e durma. Acordamos cedo amanhã, e por favor abaixe um pouco o som do seu MP3. - Ele fez o que ela pediu, acabou desligando em vez de abaixar.

— Boa noite senhora e obrigado de novo por ter me carregado hoje. - A senhora é a minha heroína. Pensou em acrescentar, mas talvez ela não se sentisse bem ouvindo aquilo, então resolveu não dizer mais nada.

— Boa noite soldado e um dia você me paga essa ajuda. - Ela murmurou em um bocejo antes de dar as costas para ele e fechar os olhos exausta.

 

Quando acordou, Jasper, Damon e Ryan que também dormiam por ali, ainda estavam dormindo, e um deles até roncava. A mulher despreguiçou-se e levantou-se, procurando fazer o mínimo de barulho possível.

Com a ajuda dos outros soldados, foi até um lugar aonde tinha uma espécie de café, era lá o tal refeitório.

Reforços a base não mandava, mas pelo menos mandavam comida, o que já era um bom começo. Pelo menos de fome, os soldados não morreriam.

Isabella tomou um café preto e amargo, comeu quase um pacote de torradas e afanou mais dois para a viagem, depois seguiu até a enfermaria.

Ela nem precisou entrar, Hudson já estava na porta do lugar, com a mochila nas costas, pronto para a viagem. Ele sorriu ao ver a capitão.

— Bom dia capitão. - Ele parecia empolgado.

— Bom dia soldado. Como está suas mãos? - Ela questionou ao ver que o curativo parecia bem menor.

— Segundo Damon, eu vou sobreviver. - Bella assentiu sem dizer mais nada, enquanto o soldado a ficava encarando, tentando lembrar de onde a conhecia.

Ela bufou ao perceber que ele a encarava na cara dura, era só o que faltava, ela ter que lidar com um soldado tarado, que não conseguia controlar seus pensamentos safados.

— Algum problema, soldado? - O rapaz tirou os olhos dos dela, ao perceber que a tinha irritado.

— Er...Desculpe senhora. - Pediu envergonhado. - Não é o que parece. Só acho que eu conheço a senhora de algum lugar, só não me lembro de onde. - Qual eram as probabilidades de ele ter estado com Edward, quando o mesmo supostamente a viu?

— Não, tenho certeza que não. - Disse séria, sem sombra de dúvidas.

— A senhora não é da Flórida? - Ela rolou os olhos pela insistência dele.

— Não. - Foi tudo que respondeu.

Ele já estava abrindo a boca para fazer outra pergunta, quando Jasper gritou pela capitão e veio correndo atras dela, com o telefone via satélite nas mãos.

— É o general. - Isabella bufou lembrando-se que tinha esquecido de se comunicar com ele no dia anterior.

Ela pegou o telefone da mão do soldado e antes de cumprimentar o general com um, “vai para o inferno”, ela respirou fundo e concentrou-se.

— Oi. - Limitou-se a murmurar.

— Sabe que eu não durmo desde ontem esperando noticias suas? - Oh, aquele era o fim do mundo. As vezes ela desejava ser surda, para não ter que ouvir certas coisas.

— Acabei esquecendo. Mas eu tenho boas noticias, achamos o amiguinho de Edward. - Sua voz saiu com um certo sarcasmo, principalmente na palavra amiguinho.

— Sério? - Já a voz de Carlisle saiu completamente animada, ouvindo aquilo.

— Sim, o capitão Mars e seus homens, invadiram a cidade vizinha a essa que estamos e resgataram alguns soldados. - O general soltou um longo suspiro, e a capitão tinha certeza que ele pensava sobre a possibilidade de o filho estar morto.

— Ouça... - Ela murmurou, nem sabendo porque ia falar aquilo. - Ele não está morto, eu sei que não.

Eu vou achá-lo. - A determinação e certeza com que ela falou aquilo, voltou a animar Carlisle.

— Obrigado. - Ela não queria agradecimento, não estava fazendo aquilo pelo general.

— Eu não faço isso por você, faço por Esme. - E por Edward, foi o que Carlisle pensou, mas resolveu não comentar. Talvez nem ela soubesse que estava fazendo aquilo por Edward.

— Mesmo assim obrigado. - Isabella não teve tempo de dizer mais nada.

Ao ouvir um som que lhe lembrava e muito um tiro, ela levantou a cabeça. Viu um maldito atirador, em uma casa destruída e abandonada do lado direito. Ouve outro tiro e ela viu seu soldado Clapton ser atingido.

— PARA DENTRO AGORA, VAI JASPER. - Ela empurrou seu soldado com tanta força, que ele desequilibrou-se e caiu, para dentro do lugar. - VOCÊ TAMBÉM. - Ela jogou-se para cima de Hudson, e os dois foram ao chão, quase caindo por cima de Whitlock.

— BELLA, BELLA, BELLA. - Carlisle que ouvia os tiros e a gritaria, gritava pelo nome da mulher.

— AGORA NÃO CARLISLE, ESTAMOS SENDO ATACADOS.

 

 

E então? O que acharam? Quem estava com medo do Jake, não se preocupem, ele é inofensivo...

Bom, agora o negócio aperta, salve-se quem puder, no caso do Jasper, salve-se se a Bella puder rsrs...


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